quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Participação especial #9

Jogo rápido! Recuperando o tempo perdido, o Caixa Preta tem outro texto do Surfista. Natal? Não, não. O tema é a arte da cantada. Curioso? Então, clique aqui e divirta-se!
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E aliás. Feliz Natal a todos!!!

domingo, 21 de dezembro de 2008

O inimigo interior

Cassandra, a bela estagiária do meu departamento, começou a chegar ao trabalho sem o seu humor habitual. Ela costuma melhorar ao longo do dia, mas suas primeiras horas são sisudas. Como já somos amigos, certo dia, resolvi perguntar:

- O que houve, menina? Tem dormido mal?

- Doug, o anticristo veio morar na minha casa.

Parêntesis: Cassandra é universitária e mora em uma república, na Universidade Federal Fluminense, em Niterói. No seu apartamento, moravam outras duas garotas, que tinham uma relação muito boa com a minha amiga. Uma delas se mudou e abriu uma vaga para outra menina. É aí que começa a ficar legal...

Filomena surgiu dos confins do universo para dividir o apartamento com Cassandra e a outra guria, que não sei o nome. Bastaram dois dias para a mocinha mostrar as garras.

Sem ordem cronológica, pincei algumas pérolas de Filomena, relatadas diariamente por Cassandra. Cada observação forma o perfil multifacetado da nova companheira de quarto:

Filomena, a comentarista de cinema

Cassandra, Filomena e a terceira universitária, que não sei o nome, estavam vendo "Rei Arthur", na TV. Dar pitacos durante um filme é direito de todos, mas dar uma contribuição a cada 5 minutos é um abuso.

- Ih, maluco. Agora a casa caiu para o Arthur.

- Olha lá, mané! Ó o tamanho da espada do malandro.

- Cumpádi, olha o bonde dos invasores; Tudo alemão, aí!

Filomena, a respeitadora

Cassandra chegou em casa lá pelas 10 horas da noite. Estava exausta e se jogou no sofá. Era a primeira vez que conseguia relaxar. Fechou os olhos e quase dormiu ali mesmo. Foi arrancada de seus belos e pacíficos pensamentos por uma cantoria. Abriu os olhos com dificuldade e viu Filomena passando pela sala. A moçoila estava coberta apenas por uma micro-toalha. Atrás dela, um rastro de água e um aroma de desodorante Nívea.

- Ih, tu já chegou? Acabei de sair do banho. Olha, estou de toalha em respeito a vocês, pois na antiga casa eu costumava andar pelada mesmo. Tu se importa?

Cassandra cobriu a cabeça com uma almofada do sofá e preferiu não responder coisa alguma.

Filomena, a devoradora de homens

Em uma conversa informal, casos e namoros entraram na pauta da Filomena, da Cassandra e da guria que não sei o nome.

- Tu tem namorado? - perguntou Filomena.

- Tenho - respondeu Cassandra morrendo de medo pelo que poderia vir em seguida.

- E ele é de onde?

- Madureira.

- É mesmo? Conheço vários gateeeeeeeenhos lá de Madureira.

O "gateeeeeeeeeenho" doeu na alma da Cassandra como se fosse uma faca cega riscando um quadro negro.

Filomena, a sonâmbula


Cassandra e a outra garota, que não sei o nome, acreditavam que a madrugada era o único momento de paz entre elas e Filomena. Até que uma noite...

- Zzzz... vem, meu nego.... zzzz... vem com tudo.... zzzzzzzz... isso, amorzinho... zzzz.

A garota, que não sei o nome, escancarou os olhos, tomada pelo pavor.

- Cassandra, acorda. Cassandra, pelamordedeus, acorda.

- Zzzzz... assim, gostosinho.... vem... zzzzz...

- O que foi, meu Deus do céu? – Cassandra acordou sobressaltada.

- É a Filomena. Ela está sonhando alto.

- E o que você tem com isso?

- Zzzz...ai, ai, ai... ui... dozinho, coisa louca... zzzz...

Cassandra pulou da cama e foi dormir no sofá.

E para encerrar... o grande final!

Filomena, a Adriane Galisteu da UFF

Era uma tarde tranquilíssima. Cassandra chegou em casa mais cedo e jogou a bolsa sobre o sofá. Bebeu um copo d'água e, pelo silêncio, constatou que nenhuma companheira de quarta havia chegado. Tirou o casaco e caminhou de blusinha até o quarto, onde dormem as três universitárias. Passou pela porta do banheiro e sentiu o sangue gelar. Trincou os dentes e arregalou os olhinhos negros tanto quanto pôde. Voltou e olhou petrificada.

Filomena estava sentada em um banquinho e ouvindo música pelo Ipod. Cantarolava baixinho, enquanto se depilava sossegadamente, com a porta do banheiro aberta. A gilete subia e descia em movimentos uniformes.

- Argghhh.... estou cega! Estou cega! Arggggh!


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinha Cassandra, a lição do dia vai especialmente para você. Querida, lidar com figurinhas sem a menor noção tem reflexos espirituais importantíssimos. Através da penitência do convívio diário, você extirpará seus pecados, queimará karma e pavimentará sua estradinha rumo ao Paraíso. Você terá sua casinha própria no Éden com vista para o mar e duas vagas na garagem. Quanto à nossa amiga Filomena, bem, um dia você irá rir disto e contará aos amigos com uma pitada de saudade. Bom, talvez não com tanta saudade assim e nem rindo tanto, mas será uma lembrança curiosa. Amiguinhos, nunca misturem tequila, vinho tinto, whisky 12 anos e cerveja Itaipava. Essa alquimia toda vai depredar o seu dia seguinte. He-Man sabe disso por a+b. Até a próxima!

Esclarecimentos e o copycat

Não fechei a lojinha! Não morri! Não estou fazendo bico como Papai Noel no shopping. Passei por semanas de muito trabalho e não tive tempo para escrever. O máximo que consegui foi aproveitar os intervalos para responder aos gentis comentários que eram deixados por aqui. As coisas estão entrando nos eixos e poderei voltar a escrever com regularidade.

Aliás, vou aproveitar o embalo para buscar tirar uma dúvida que tem me deixado muito curioso. Algum leitor do Surfista Platinado costuma pegar alguns textos "emprestados" e publicá-los no Brasil Wiki. Não acho que seja um plágio ou uso de má fé, pois os textos são devidamente creditados ao blog. Acredito ser uma homenagem legítima.

Só lamento porque lá eu não posso responder aos comentários dos leitores, mas o ibope tem sido legal. Para visitar, clique aqui!

Em todo caso, gostaria de saber quem é o leitor (ou leitora) que leva minhas palavras a rumos distantes. Por favor, identifique-se para receber meus agradecimentos.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Complicada e perfeitinha

WILL: Eu tive um encontro outro dia. Ela é linda, inteligente, divertida. Ela é diferente das outras.

SEAN: Então, ligue para ela, Romeu.

WILL: Por que? Para descobrir que ela não é tão inteligente, que é chata? Ela é perfeita agora. Eu não estragaria isso.

SEAN: Talvez esteja perfeito para você e não queira estragar isso. Isto é super-filosofia. Você poderia viver a vida toda sem se relacionar com ninguém.

(...)

SEAN:
Nós escolhemos quem deixamos entrar nas nossas vidas. Você não é perfeito, amigo. E quer saber mais? Nem essa garota que conheceu. A questão é se são perfeitos um para o outro. Esse é o segredo. Isto é intimidade. Você pode saber muita coisa, mas só vai descobrir tentando. Não vai aprender com um velho como eu. E mesmo que eu soubesse, eu não diria a você.

WILL: Por que não? Já disse o resto, ora. Você fala mais que todos os outros analistas.

SEAN: Eu ensino, mas não disse que sabia fazer.

Você reconhece este diálogo? É um trechinho de "Gênio Indomável", aquele filme com o Matt Damon (Will) e o Robin Williams (Sean). Eis um filme simples, mas legal à beça. Cada vez que o revejo, alguma parte me desperta alguma reflexão. Na última vez que o revi, esta foi a cena que me acertou em cheio.

Fico imaginando quantas vezes encontramos pessoas lindas, inteligentes e divertidas, mas acabamos nos afastando. Eu já fiz isso e aposto que você também já o fez em algum momento de sua existência. É uma questão de idiotice coletiva inconsciente, sei lá.

As pessoas queridas têm defeitos, por mais que transpareçam tanta perfeição. Essa é a harmonia que o Sean mencionou. O que fortalece uma vida a dois é justamente a sintonia, a complementaridade, entre os defeitos e virtudes.

E aí você me pergunta: Surfista, seu pastel, isso não é óbvio?

E eu lhe respondo: sim, evidente. É tão óbvio quanto andar de bicicleta, mas você já viu algum manual para ensinar a andar de bicicleta? Você simplesmente encara a magrela, tenta pedalar, cai, levanta e tenta de novo. Em um belo momento, você consegue. Tudo extremamente espontâneo e inequívoco.


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, ai, ai, ai... você anda muito reflexivo ultimamente. Deve ser a proximidade do Natal. Reparou que, neste época do ano, as pessoas se dividem entre a alegria natalina e a melancolia? Pelo que te conheço, você se enquadra no segundo grupo. Bom, Surfista meloso, você está aprendendo comigo. Seu último parágrafo adiantou o meu trabalho de explicar o bagulho e me fez começar a conclusão mais "enche-lingüiça" da história deste blog. Você não é tão estúpido. Parabéns! Porém, tenho algo para completar o seu raciocínio. Saca só: pessoas legais conhecem pessoas legais, mas o tempo e a convivência são os maiores mestres e juízes. Somente ele, o tempo, pode indicar se toda a perfeição se encaixa na sua desordem ou vice-versa. Para fechar a conta, vou citar outro Will cinematográfico bem maneiro, o Will Freeman, de "Um Grande Garoto". Presta atenção: "todo homem é uma ilha, mas algumas podem viver em arquipélagos". Amiguinho, cuidado com a postura. Ficar esparramado na cadeira pode lhe dar dores nas costas e torcicolos. Até a próxima!!!