sábado, 25 de abril de 2009

Coisas que gostaríamos de ouvir antes de morrer

Para muitas pessoas, o local e a situação são pré-requisitos essenciais para uma confissão. Algumas acham que um confessionário é o ideal. Outras preferem o divã de um terapeuta. E ainda há aqueles que revelam suas verdades na cama. Bom, eu gosto desse blog e de uma boa mesa de bar coberta por cervejas geladas e cercada por amigos.

Depois de umas quatro ou cinco rodadas, a verdade surge com extrema naturalidade. Se os ouvintes forem pessoas que moram no lado esquerdo do peito, a tarefa fica moleza.

Lá pela sétima caneca de cerveja preta, eu levantei uma questão para o debate aos amigos:

- Qual foi a coisa mais bacana que uma mulher já lhe disse?

Os comparsas pensaram e buscaram em suas memórias as palavras mais marcantes que já lhes atingiram.

- Eu te amo muito.

Básico demais.

- Você é muito especial.

Raso demais.

- Eu gostaria de passar a vida ao seu lado.

Está ficando bom, mas ainda pode melhorar.

Ribamar virou uma caneca goela abaixo e levantou o dedo. Obviamente, todos voltaram suas atenções para o seu depoimento.

- Certa vez, passei a noite com uma garota. Era a nossa primeira vez juntos. Fomos a um motel lá na Barra. Foi ótimo e na manhã seguinte ela me abrçou e disse algo que eu nunca mais esqueci.

- O que foi?

- Ela disse "ninguém nunca me fez mulher como você".

Bingo!

Fiquei impressionado. Eu e os demais cavalheiros levantamos um brinde ao Ribamar. Certos homens morrem sem jamais ouvir coisa parecida. A conquista daquele rapaz foi extraordinária.

Não entro no mérito dele ser um fenômeno sexual. Já aprendi que tudo é uma questão de química, na qual a sintonia entre os jogadores é fundamental para o bom andamento do jogo. Um participante ativo e outro omisso compromentem a partida.

Eu e minhas metáforas esportivas. Vou falar limpinho para evitar as possibilidades de dúvida: mesmo que um cara tenha a técnica para mandar bem, o bom sexo depende da participação da guria. Essa brincadeira só é legal quando jogada a dois. Pronto! Vamos voltar ao Ribamar.

Naquela noite perdida, Ribamar foi o homem certo, no momento certo, com o perfume certo, com a pegada certa, com o vinho certo, com a lábia certa e a cueca da sorte. Essa conjunção de fatores fez com que a garota fosse levada ao maior orgasmo de sua vida – até o momento. Enfim, ele estava em estado de graça.

Ninguém nunca me fez mulher como você.

Mais do que um conquista pessoal, ele foi além. Meu bom amigo Ribamar fez uma mulher muito feliz. Ele despertou algo bom nela. Talvez tenha descoberto coisas que jamais imaginara. Posso estar pegando pesado, mas e daí?

Ninguém nunca me fez mulher como você.

Ela poderia estar mentindo? Eu duvido. Sou um eterno aprendiz e devoto do universo feminino, mas esse não é o tipo de coisa que se diga apenas por dizer.

Mulheres mentem. Isso é fato. Mas, suas lorotas têm limites éticos. Elas mentem quanto ao tamanho do pênis, aos programos dos seus amigos, à comida da sua mãe, à indiferença quanto aquela sua amiga gostosa e por aí vai. A fêmea tem que ser muito pilantra para mentir seus sentimentos, quando não há a menor cobrança.

Ah, qual foi a minha resposta? Não faz a menor diferença. Daqui para frente, eu quero fazer por onde e ouvir o que o Ribamar ouviu. Inveja branca é fogo.


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinho, lá nas profundezas da alma feminina há uma verdade escondida. É como um tesouro no fundo do mar. Ele não sai de lá por vontade própria, pois tem que ser encontrado e resgatado. E essa expedição não é fácil. O aventureiro que quiser alcançá-lo precisa contar com talento e sorte. Sim, pois o malandro sem sorte não pode nem atravessar a rua. O felizardo que chegar até esse ponto vai ser premiado com alguma demonstração de carinho ímpar. Sejamos francos: quando querem, as mulheres sabem fazer um cara estupidamente feliz. Nossa, como He-Man está poético hoje. Sua sabedoria cósmica está muito melosa hoje. O Homem Mais Forte do Universo anda muito "bonzinho". Amiguinho, evite deixar aparelhos de TV ou de som ligados. Economize a sua energia elétrica. Até a próxima!!!

terça-feira, 21 de abril de 2009

A aldeia global do Papai Smurf #12


Papai Smurf andou meio sumido, mas ainda bate ponto por aqui. Dessa vez, as dicas são de filmes que valem uma conferida no cinema ou no DVD. Saca só:
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NA TELONA 1: Durante anos, Clint Eastwood foi um dos maiores brucutus do cinema. O cara foi o pistoleiro nº 1 de Sergio Leone, fez escola com o policial durão Dirty Harry e barbarizou meliantes de todos os tipos. O lance é que em sua maturidade, o sujeito se revelou um diretor de rara sensibilidade. É como se o Van Damme virasse o Walter Salles Jr. Até a sua interpretação (sempre com ar de bronco) se adaptou à nova fase, quase sempre com homens com passados violentos (um ex-cowboy bêbado, um ex-boxeador, um ex-soldado etc). Em "Gran Torino", Clint esfrega na cara do americano médio algumas características que estão escondidas debaixo do tapete da american way of life: xenofobia, intolerância, racismo e ignorância. No filme, o viúvo e descendente de poloneses Walter não atura a sua vizinhança repleta de imigrantes orientais, os negros do bairro ao lado, o padre novato, suas netas adolescentes e quem mais estiver fora dos seus padrões de normalidade. Uma tentativa de roubo do seu maior tesouro, um Gran Torino conservadíssimo, vai obrigar com que ele se envolva com todos aqueles que despreza. Entre clichês e sacadas geniais, Clint é sutil em todas as lições e cria um soldado veterano cheio de manias e ideias preconceituosas, mas também ensina que sempre há tempo para aprender. Smurf Prático se amarrou. Smurfette chorou no final.

NA TELONA 2: "Watchmen" está na linha dos quadrinhos cults com temáticas adultas (como "V de Vingança", "Sin City", "Do Inferno", "300", "Hellblazer" e "Sandman", dentre outros). Seguindo a onda das adaptações, a história de Allan Moore ganhou as telas com a direção do Zack Snyder (que já havia mandado bem em "300"). Em uma versão dos anos 80 em que os Estados Unidos estão à beira de uma guerra contra a União Soviética, heróis aposentados precisam tirar o collant do baú para investigar uma conspiração que envolve presidentes, ataques nucleares, traições e um genocídio. Os personagens são interessantes, a história é inteligente, mas o filme é longo demais. Cada herói tem uma penca de conflitos e o roteiro tenta amarrar tudo em quase três horas de exibição. O andamento da trama sofre um pouco com o passar do tempo e o filme não é essa revolução toda que se canta. É um cinema cabeçudo, intrigante, que se disfarçou de blockbuster. Smurfette dormiu em alguns momentos, Smurf Robusto dormiu em outros. Cada um teve uma interpretação diferente. Confira e tenha a sua.

NA TELINHA: Quando o assunto é futebol, Papai Smurf gosta muito dos ingleses. Na Europa, poucos povos conseguem transmitir tanta paixão quanto eles. Esse fanatismo saiu do controle quando torcer por um time passou a significar o ódio pelos adversários e a agressividade. "Hooligans", da diretora alemã Lexi Alexander, mostra esse universo de violência feroz através dos olhos de um americano (o Frodo Bolseiro, vulgo Elijah Wood) que vai à Inglaterra após ser expulso de Harvard. Esse distaciamento cultural fica interessante logo no começo, quando o "soccer" vira "football". O filme não vai mudar a sua vida, mas, para quem vive em um país onde o futebol está encruado na cultura, é um divertimento.

sábado, 18 de abril de 2009

Hormônios adolescentes

Lá dos picos do Oiapoque até os cafundós do Arroio Chuí, eu sempre achei que o Brasil tem um fator social em comum: o apetite sexual do brasileiro. A razão é um mistério. Pode ser o clima tropical, a famigerada latinidade, a influência do retorno de Saturno, o carnaval ou a mistura de raças. Eu não faço a menor idéia. Só sei que essa atmosfera saliente chega a ser nociva. Nosso humilde país de terceiro mundo, abençoado por Deus e bonito por natureza, está sempre nos roteiros do turismo sexual. O europeu de olhos azuis e chega por aqui achando que a mulherada está de braços abertos (e pernas também).

Não é bem assim que banda toca.

De qualquer forma, é inegável o apetite sexual do brasileiro. Mas, por que alguns têm mais que outros?

Flashback: Era um vez, 2003...

Em uma noite daquelas completamente despretensiosa, meu telefone tocou.

- Doug, sou eu.

O "eu" em questão era a Rúbia, minha primeira namorada.

- Oi, como você está?

A pergunta bobinha teve uma resposta avassaladora. Rúbia era ruiva, alta, bela e dona de um raciocínio veloz.

- Estou sozinha, vestindo uma camisola nova. Quero que você venha para cá imediatamente.

Ai, ai, ai... como recusar uma proposta dessas???

- Chego aí em 20 minutos.

Nosso namoro terminou e ainda somos amigos. Aliás, nada de "amizade colorida" neste caso.

Fim do flashback.

O lance é que após Rúbia, conheci outras mocinhas com diferentes estilos. Curiosamente, minha ex mais querida conseguia atravessar meses sem qualquer saliência. Ela era praticamente um ser superior, livre das tentações da carne.

Modéstia à parte, eu gosto é muito das tentações da carne. Seja como relaxamento, como passatempo, como terapia, como esporte ou com qualquer outro pretexto menos científico.

- Sossega, menino. Você tem hormônios adolescentes - certa vez, ela me mandou esse diagnóstico quando eu estava "ronronando" no seu colo. Nunca esqueci.

Glossário do Surfista: ronronar é fazer que nem os gatos. O indivíduo vai se "chegando", se "roçando" e demonstrando que está altamente interessado em um vuco- vuco.

O que seriam hormônios adolescentes? Sempre me achei um cara interessado, mas nada de outro mundo. Será que preciso rever meus conceitos? Ou será que a lenda dos brasileiros vulcões sexuais é para inglês ver - literalmente?

E o que leva uma mulher linda a ficar plácida e leve dentro de uma abstinência de meses? O pior é que se eu ronronar para uma garota e ela me cortar por duas vezes, eu fico com dois mil grilos na cabeça. Fico achando que estou sem sex-appeal, que eu não desperto mais a velha chama.

Você não me quer mais, buááááá!

Lidar com expectativas é algo muito complicado. Muitas vezes, o cara está subindo pelas paredes, com o tesão até o talo, mas tem manter a imagem de serenidade. Do mesmo modo, pode ocorrer do cidadão estar com a cabeça na final do campeonato, mas não pode deixar a namorada a ver navios.

O sexo é legal no durante, mas envolve muitas variáveis complicadas nos períodos antes e depois. Eu queria muito que o Einstein tivesse investido alguns dos seus neurônios sobrenaturais ao estudo desse assunto. Viagem no tempo é pinto, perto disso.



QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinho, cada um com seu cada um. Você não pode esperar que toda mulher seja a imagem e semelhança da Catherine Trammell, com todo o seu vigor sexual. Muitas fêmeas humanas são pacatas em públicos, mas no apagar das luzes transformam-se em feras devoradoras incontroláveis. Por outro lado, muitas mocinhas que vendem a imagem de mestras da arte do sexo são de uma timidez absurda. Pode dormir em paz, amiguinho. Ser brasileira, tailandesa, britânica ou marciana não é garantia de uma boa aventura entre quatro paredes. O barato é saber conduzir e despertar o melhor no momento certo. Amiguinho, cuidado com os cadarços dos seus sapatos. Você pode cair e se machucar. Até a próxima!!!


PS. Catherine Trammell é a lendária personagem de Sharon Stone em "Instinto Selvagem". Aquela que fez o Michael Douglas ficar fora de si, lembra? Aposto que sim.





domingo, 12 de abril de 2009

A hora de pagar os pecados

Mais uma história de carnaval que chega aos meus ouvidos com um pequeno atraso. Como este espaço não tem o menor compromisso com a sazonalidade das histórias, qualquer mês serve para relatar aventuras foliãs, de Natal, de Páscoa ou de reveillon. Então, vamos à história de Tibúrcio e Leonora, ou, melhor dizendo, o folião fujão e a invasora.

Ah, adianto que o caso a seguir não é piada. Segundo minhas fontes, rolou mesmo.

Tibúrcio e Leonora eram namorados e estavam enfrentando a crise de fevereiro.

Glossário do Surfista: a crise de fevereiro é aquela em que um dos membros do casal está louco para cair na folia de Momo, enquanto que o outro está querendo um programinha mais light, como um cineminha na matiné ou uma prainha longe de qualquer bloco. Neste momento, configuram-se duas opções: o clássico rompimento pré-farra ou o balão. Para aqueles de fora do Rio, outro glossário: o balão é a clássica mentira do tipo "vou ficar em casa", quando o indivíduo tem tudo programado para se esbaldar. Nossa! Quantos glossários.

Tibúrcio decidiu mandar um balão inofensivo. Queria curtir um bloco com os amigos sem a presença da namorada. Para tal, ele, médico de longa data, alegou que teria um plantão no domingo de carnaval. Como isso é plenamente plausível, ela aceitou, mas adiantou que sairia com as amigas.

- Combinado, mas comporte-se - decretou Dr. Tibúrcio.

No horário previsto para o crime, Tibúrcio encontrou com os amigos e rumou para o desfile de um bloco no Jardim Botânico. Para ficar ainda mais profissa, ele não ficaria na muvuca. Com camaradas influentes, o autor do delito conseguiu um lugar VIP: o próprio trio elétrico do bloco.

Dito e feito, o médico se infiltrou no trio e curtiu a sua clandestinidade escondidinho dentro do trio. Com o desfile a todo vapor e a diretoria do bloco com algumas Skols nas idéias, ocorreu o inevitável:

- Aí, vamos botar umas mulheres para dentro - decretou um dos foliões.

Tibúrcio ficou apreensivo, mas para quem já está um errado, um pouco mais ou um pouco menos não faz a menor diferença.

E a mulherada foi entrando mediante rigoroso critério de seleção, isto é, quanto mais gostosa e mais desinibida melhor.

No entusiasmo do momento, Tibúrcio vacilou e deixou-se ver pela multidão que acompanhava o bloco. Foi um piscar de olhos, mas...

Murphy não tira férias nem no carnaval.

- Eu vi o Tibúrcio! juro que vi - entre as dez mil pessoas que acompanhavam o bloco, Leonora estava no exato momento e no exato lugar nos quais poderia testemunhar a rápida aparição do namorado.

Se algum matemático estiver me lendo, peço a gentileza de calcular a probabilidade disto acontecer. Chuto que deve ser 1 em 76.876.286.785.607.856.375.630.

Indignada, a namorada iludida decidiu invadir o trio elétrico para tomar satisfações do namorado. Como um mulher traída clichê, saiu berrando e exigindo passagem.

- Me deixa entrar! Meu namorado, ou futuro ex-namorado, está aí dentro. Quero entrar agora - berrava na via de acesso do caminhão. O segurança até poderia barrá-la a todo custo, mas queria ver o circo pegar fogo e liberou a entrada.

Leonora entrou berrando o nome do ex-amor e soltando fogo pelas ventas. Tibúrcio sacou que a casa tinha caído e aguardou a chegada da patroa. Tentava buscar em vestígios de sobriedade alguma desculpa realmente convincente.

a) Fui sequestrado e este trio é o meu cativeiro. Você me salvou, amor! ... NÃO
b) Fui abduzido por alienígenas e vim parar aqui. ... NÃO
C) Sou o médico do trio. Estou com cheiro de cerveja e cercado por vagabundas por acaso. ... NÃO
d) Olá. Eu sou o irmão gêmeo e cafajeste do Tibúrcio. Muito prazer. ... NÃO

- Tibúrcio!!!

Danou-se para ele!

Enquanto aguardava e buscava alguma saída, Tibúrcio foi arrancado de seus pensamentos por um comentário perdido, mas muito afiado, de um dos presentes.

- Cacete, com tanta mulher gata, quem deixou essa baranga entrar?

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, He-Man tem a obrigação moral e cívica de lhe informar que é completamente contra qualquer infidelidade ou presepada conjugal. Se o malandro (ou malandra) está infeliz na relação, a porta da rua sempre será a serventia da casa. Simples assim. Bom, quanto ao caso de Tibúrcio e Leonora, faltou um pouco de calma ao rapaz no momento de pressão. ora, ele estava errado, mas ela também não estava acompanhando a procissão do Círio de Nazaré. Ora, ela estava na farra também, e isso poderia ser analisado como uma ótima virada de jogo. Sendo assim, caro amiguinho, nas suas situações de tensão, tente analisar o problema com distanciamento e perceber as perspectivas da parada. Com calma e clareza, você pode descobrir uma saída. Mas, sei que é difícil raciocinar com várias biritas nos cornos. Amiguinho, organize suas contas pagas, documentos importantes, impressos e e-mails. Você não sabe quando eles podem ser úteis. Até a próxima!!!



terça-feira, 7 de abril de 2009

A aposta dos marujos e o presente de grego

Fazer parte das forças armadas é algo muito curioso. Além de toda a disciplina, o sujeito tem que fazer parte de rituais bem peculiares. A cerimônia de casamento de um oficial da marinha é um bom exemplo. Tem a participação da alta patente, espadas cruzadas, uniforme branco e o respeito que isso envolve. Porém, há algo mais divertido que cruzar sabres no casório de um marinheiro. Sim, há a festa de 15 anos.

Ouvi falar que, segundo as regras da instituição, a marinheirada tem a obrigação de estar presente nos eventos em que as filhas dos oficiais debutam. Mais que isso: a moçada de branco tem que dançar a valsa solene com a aniversariante. Não é fofo?

Pois é numa dessas festinhas que se desenrolou a aventura de Bartolomeu e seus quatro amigos.

De saco cheio das dancinhas protocolares, Bartolomeu queria apimentar as festinhas. Então, lançou o desafio aos comparsas:

- Quem pegar a garota mais feia ganha uma caixa de cervejas.

A tropa aceitou na hora.

Ou você acha que nessas festas militares o couro não come também? Doce ilusão a sua.

A aposta era seguida evento após evento. No day after, o quinteto se reunia e democraticamente votava em quem cumpriu a missão com mais valentia. A brincadeira se tornou um aperitivo às festas e acabou reunindo mais e mais interessados na caixa de cerveja.

Na celebração dos 15 anos de Shirley, a filha de um milico cheio de divisas e medalhas, mais de 30 marinheiros entraram na disputa. E nenhum deles estava disposto a perder.

Como mulher bonita na marinha, na aeronáutica ou na marinha é artigo de luxo, a peleja seria disputadíssima. Bom, resumo que cada um fez a sua parte com louvor.

Como sempre, os competidores se reuniram no dia seguinte para a eleição. Durante a deliberação, o marujo Paiva se aproximou do grupo para acompanhar a votação. Como fora visto em tórridos amassos com uma ninfeta, ele imediatamente foi inserido na competição.

Como sócio-fundador da confraria, Bartolomeu tomou a palavra.

- Companheiros, cada um de nós se comprometeu com a vitória. Muitos foram aonde nenhum homem jamais foi. No entanto, só pode haver um vencedor. Sem mais, meu voto vai para o Paiva. Esse sim foi um bravo.

- Eu voto no Paiva também.

- Paiva, sem dúvida.

- Paiva.

- Paiva foi fundo.

A votação foi quase unânime, um acontecimento raro. Paiva faturou a caixa de cervejas com várias cabeças de vantagem. Só que não sorriu. Fechou a cara como se estivesse pronto para entrar em guerra.

- Excelente, Paiva! Ganhou fácil - declarou o Bartolomeu,

- Quem era a beldade que tu fisgou ontem? - perguntou um dos marinheiros.

- Minha noiva.

Silêncio entre a marujada. Todos se entreolharam com aquele ar de "taquelpariu, e agora?". Bartolomeu tomou novamente a palavra.

- Sendo assim, você vai ganhar duas caixas de cervejas.

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, o Homem Mais Forte do Universo está para ver um homem ou mulher que nunca tenha encarado uma, digamos assim, figurinha fora dos padrões estéticos. Por caridade, por loucura ou por excesso de cana nas idéias, todos já fizeram por merecer a caixa de cervejas proposta por Bartolomeu. Aliás, para levantar tal disputa, esse rapaz deve ter largo conhecimento de causa. Cada um com seu fetiche. Então, o que você deve aprender é que há muitas pessoas que se destacam por atributos diferentes da beleza, como o charme, a inteligência, a doçura ou um talento absurdo entre quatro paredes. He-Man está sendo politicamente correto, sim, senhor. E daí? Você quer algo menos diplomático? Ok. Ouvi uma teoria torpe que diz que as feinhas são muito mais eficientes na cama, pois elas não sabem quando vão dar de novo. Faz sentido. Amiguinho, tenha cuidado com as coisas que seus amigos lhe emprestam. Até a próxima!!!