segunda-feira, 27 de julho de 2009

O que o Jack Bauer faria?

Nunca dei muita bola para os enlatados americanos. Os únicos seriados que realmente acompanhei foram "Lost" e "Arquivo X". Depois deles, nada mais me encheu os olhos. Bom, até o dia em que dei mole e parei para ver o primeiro episódio da temporada de estreia de "24 Horas".

Desde então, Jack Bauer virou um camarada de madrugadas insones.

- Só mais um episódio...

E quando eu percebia, o relógio já marcava 4 da manhã. Eu, Jack Bauer, Tony Almeida, Nina Meyers e a horda de terroristas que ameaçam a american way of life.

O agente da CTU que resgatou a carreira do Kiefer Sutherland foi a melhor representação do herói estadunidense pós-11 de Setembro. O cara é um líder carismático, persistente, obstinado e sem a menor consideração pelo Protocolo de Kyoto. Ao mesmo tempo, suas medidas brutais trazem consequências igualmente devastadoras.

Este é ponto fascinante da mitologia de "24 Horas": ninguém está seguro. Para cada vitória, há uma ou duas penalidades, que custam dezenas (ou centenas) de mortos. Muitas vezes, a lista de falecidos e mutilados envolve sua família, seus amigos, seus entes queridos, seus aliados, seus parceiros de trabalho, suas namoradas e quem mais estiver por perto. Para piorar, às vezes, ele é o assassino ou torturador das pessoas queridas. O sujeito é um ogro!

Quando parei para pensar em como me viciei pelo seriado, fiquei com um tiquinho de medo – de mim mesmo. Quando eu era adolescente, eu devorava os gibis do Homem-Aranha, o CDF que salvava o dia, mas não conseguia conquistar a Mary Jane, e tinha que se virar para pagar o aluguel. Eu me identificava com ele. Acho que Peter Parker ajudou muito na construção da minha personalidade.

Anos depois, o herói de uma geração é o maluco agente do governo. Jack não tem a nobreza dos heróis que vestem collants coloridos. Ele não é o bom filho nem o bom pai que acredita que "grandes poderes trazem grandes responsabilidades". O seu mote é o "custe o que custar".

O mundo de hoje anda muito estranho.

No fundo, acho que fomos crianças nascidas no olho do furacão e somos adultos muito paranóicos. Sim, eu e você. Não se faça de desentendido. Nossa geração perdeu a inocência de acreditar nas invenções do McGuyver, nas presepadas do Magnum, nas aventuras do Esquadrão Classe A, na fé de Mulder e Scully e até na beleza das Panteras. Farrah Fawcett morreu e levou consigo a sensação de imortalidade dos heróis da telinha.

Digníssimo leitor, se você acha que o Magnum é um picolé de chocolate, vou me sentir uma peça de museu.

Hoje em dia, a banda toca de outra maneira. A gente gosta é de ver o Jack Bauer esculachando os terroristas árabes, o Dexter barbarizando outros assassinos, Capitão Nascimento botando vagabundo no saco e o mundo cão de "Law & Order: SVU".

Ursinho Pooh é o cacete! Capitão Planeta é o escambau! Dadinho é o c@#$%! Meu nome é Zé Pequeno, p$%&!

Isso não te dá um certo medo também? Como escreveu o compositor caipira, "abre porteira, que eu quero entrar. Cidade grande, me faz chorar".

Ah, a vantagem de ser fã de "24 Horas" é um certo alívio em saber que há alguém com um cotidiano mais estressante que o meu.



QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, você anda meio esquisitão. Deixa o Jack Bauer, o primo nervoso do Jairo Bauer, em paz. Vou te reconfortar. Os heróis citados foram criados na redoma do politicamente correto. Era um mundinho de faz de conta em que ninguém sangrava ou sofria. O século XXI não atura mais essas hipocrisias. É impossível esconder as nossas mazelas A arte passou a imitar a vida e mostrar que a vida não é esse algodão-doce todo. A dor da descoberta é assim mesmo. Fica relax e vai ver a quinta temporada de "24 Horas". Amiguinho, saiba lidar com os seus próprios limites. Até a próxima!!!


PS: Magnum, o detetive número 1 do Havaí, foi o personagem que lançou o bigodudo Tom Selleck. Você não sabe quem é Tom Selleck? Danou-se!

PPS: Ok, ok... eis o detetive Thomas Sullivan, vulgo Magnum, em sua primeira temporada.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

A sombra de todos os medos


Assim como o amor sincero, a traição está entranhada na alma do ser humano. Eurípides sabia disso. Shakespeare sabia disso. Nelson Rodrigues sabia disso. Woody Allen sabe disso. Você e eu sabemos disso. Certas pessoas têm mais medo da traição do que da morte.

O assunto veio como tempero de um almoço, em um dia frio do inverno carioca. Chegou depois do prato principal e pouco antes da sobremesa.

- Todo mundo trai, cedo ou tarde. O lance é como você lida com isso – Péricles levantou a questão. Cassandra, minha estagiária com histórias cada vez mais raras, arregalou seus olhos.

Eu não movi um músculo da face. Já ouvi esse tipo de conversa umas 17 mil vezes. Mas lembrei de várias outras frases de efeito relacionadas ao tema. Já que ela despertou minha memória, vamos começar pela própria. Dispa-se de seus preconceitos e pré-julgamentos e vem comigo. Vamos unir nossos achismos e passear por este campo minado:

- Todo mundo trai, cedo ou tarde. O lance é como você lida com isso.

Tem uma parte que é verdade e outra que não é. Não sei se todos estão fadados a trair (ou ser traídos), pois isso ainda não saiu no Discovery Channel ou foi foco de estudo de algum aspirante ao Prêmio Nobel. Mas é real que a tentação vai bater às nossas portas em alguma hora da vida. E aí? Você vai ceder? Se a Angelina Jolie sussurrar no seu ouvidinho: "vem", você vai segurar a onda? Da mesma forma, você perdoaria a sua cara metade, se ela estivesse diante da mesma situação?

- Por mais que eu ame, acho impossível manter a fidelidade.

Conheço gente pra cacete, mas conto nos dedos do Pato Donald (ou do Presidente Lula), as pessoas que nunca deram um derrapada em seus relacionamentos. A maioria já deu uma ciscadinha fora do seu terreiro. O que os infiéis me juram de pés juntos é que foi algo carnal, fisiológico, instintivo. O amor continua dedica à namorada, esposa, agregada ou semelhante.

- Trair várias vezes com a pessoa diferente é perdoável. Trair várias vezes com a mesma pessoa é o fim de tudo.

Na minha terra, isso se chama bigamia. O cara que disse essa frase tem a teoria de que pular a cerca com pessoas diferentes é uma válvula de escape. Só que acertar o mesmo alvo mais de uma vez (duas, que seja) é estabelecer vínculo empregatício. Aí, danou-se.

- Masturbação pensando em outra pessoa vale tanto quanto trair. O que vale é a intenção.

Peraí, por que raios o cara pensaria em você, se ele já te tem? Masturbação é um exercício de imaginação, de criatividade. É realidade virtual em sua essência. E, cá entre nós, se cada pensamento erótico me condenar, estou ferrado. É inviável ficar indiferente a certos estímulos. E se houver peso, as mulheres estão em apuros. O homem se diverte imaginando um par de peitos e uma bela bunda. A mulher fantasia toda uma cena, um contexto.

- Flertar não é traição. É manter o ritmo de jogo.

Olha, eu concordo com esta afirmação de mesa de bar. Mesmo namorando, já flertei. Mais do que manter o ritmo de jogo, esse treinamento mantem o instinto de caçador, treina o sex-appeal. Sejamos sinceros.

- Não tenho medo de relacionamentos à distância. Você pode tomar um par de chifres da sua própria vizinha.

Quando bem administrados, namoros em DDDs diferentes podem ir muito bem, obrigado. Para quem tem uma mente evoluída e espírito superior, o único baque é nas despesas de viagens. Bom, eu não jogo neste time. Sou partidário da proximidade e já perdi excelentes oportunidades por isso. Nem rola medo da traição, pois a frase do meu caro amigo é plenamente real. O que mata é a saudade. Com isso, eu não sei lidar.

Ah, a traição. Sempre será a coadjuvante sombria dos sonhos cor de rosa. No fundo, o medo da traição é a contrapartida ao desejo pelo mais puro amor. É como desejar um carro bacana, mas temer pelo assalto.

E você? Quais são as suas percepções sobre o assunto? Puxa a cadeira e abra o seu coração. Vou ali pegar uma cerveja gelada e já volto.

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, quem lhe deu o direito de finalizar com uma moral da história? Que pretensão a sua. Vou te mostrar como se faz. Saca só: já que você começou citando a mitologia, vamos encerrar com um questionamento da mesma fonte. Quem você prefere ser: Medéia, que pune a traição de Jasão assassinando seus filhos, ou Argos, o cão abandonado, que só morre ao ver novamente Ulisses, seu dono desaparecido há 20 anos? Em Etérnia, na Grécia, em Heliópolis ou em Alphaville, a sensação que um bom par de chifres desperta é a mesma: abandono, que gera sentimentos confusos. Vai da raiva à autocondenação em um estalar de dedos. Amiguinho, agradeça sempre pelas suas conquistas. Pode ser aos outros coleguinhas ou até mesmo ao Papai do Céu. Não custa nada. Até a próxima!!!

sábado, 11 de julho de 2009

A noite em que beijei o meu primeiro amor

O dia em que beijei o meu primeiro amor foi esquisito. Aliás, o beijo foi esquisito. O dia foi legal. Foi estranho, porque não houve qualquer romantismo ou magia. Juro que não ouvi as trombetas dos anjos ou borboletas no estômago. Só lembro do frio da serra e do gosto de cigarro. Ficamos grandinhos e a nossa inocência foi para o beleléu.

Conheci Leocádia aos 10 anos e foi quase amor à primeira vista. Ela tinha 13 anos, morava na mesma rua e estudava no mesmo colégio. Para aumentar o fascínio, ela me fazia companhia nas manhãs glaciais de Petrópolis. Quando não íamos de ônibus, nossos pais revezavam a carona. Um dia minha mãe levava. No dia seguinte, o pai dela assumia a função. O engraçado era que ela quase sempre atrasava. Mamãe resmungava, mas eu adorava vê-la chegando esbaforida. A cada perda de horário, eu me apaixonava mais.

Não acredito em amor à primeira vista. Nunca acreditei. Fazer o quê?

Na volta para casa, parávamos no Bob's para tomar um milk shake de ovomaltine. Às vezes, eu deixava de lanchar no recreio para ter dinheiro e tomar aquele milk shake com ela. Com o tempo, eu a amava mais do que podia conceber. E olha que aos 10 anos, a imaginação pode fantasiar amores colossais.

Cometi o erro de virar um coleguinha. Leocádia e eu viramos bons amigos: eu, o pirralho, e ela, a musa da minha rua. Jogávamos War, Jogo da Vida, baralho e vôlei. Até tentei tocar violão para fazer dueto com a menina. O tempo passou e chegou o inevitável segundo grau. As tardes de jogos foram diminuindo até cessarem de vez. O mesmo aconteceu com as caronas. Crescemos e nos afastamos. Natural.

Anos depois, eu a reencontrei na mesma rua da nossa infância. Leocádia era uma dentista recém-formada e eu ainda estava cursando a faculdade de publicidade.

Leocádia estava deslumbrante, mas não era mais a garotinha de outros tempos. Saímos em grupo e a inocência se dissipou na fumaça azulada do Free Light.

- Quer um cigarro?

- Obrigado. Eu não fumo.

- Te incomoda?

- Só em ambientes fechados.

Estávamos sob a noite estrelada de Itaipava. Fazia frio e ventava muito, enquanto relembrávamos a nossa infância, as partidas de War que nunca acabaram, a turma que cresceu e outras recordações que brotam nesses reencontros. Leocádia ainda tinha os olhos lindos de outros tempos.

Pensei em revelar que ela foi o meu primeiro amor, mas segurei a verdade. Decidi contar apenas no momento certo. Justamente para dar mais dramaticidade à revelação. Coisa de garoto, sabe?

- Você se tornou uma mulher linda, sabia?

- Obrigada.

- Vou agarrar você.

- Espera eu terminar o cigarro, tá?

Esperei. Ela sorriu e finalmente rolou o beijo que sonhei tanto aos 10 anos de idade. O beijo que ensaiei na costa da mão. O beijo que deveria me encher de borboletas no estômago.

Peraí, cadê as borboletas? Nada. Nem uma mísera borboletinha safada.

Não revelei o tal primeiro amor. Nunca houve a cena de filme ou o momento dramático para valorizar a declaração. A verdade ficou guardada em algum caderno da escola, entre as lições de gramática e as redações. Tal verdade não combinaria com as aulas de matemática.

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, que revelação bonita. Aliás, você anda nostálgico. Está com a síndrome de Peter Pan aflorada, não? ´Bom, o caso do beijo e a mudança da Leocádia, você teve uma revelação importante sobre a imagem real e a imagem projetada. Muitas vezes, nossa percepção do verídico fica deturpada por algum sentimo: carinho, raiva, rancor etc. Quando a realidade ganha cores vivas, pode acontecer o que você sentiu na pele. E vamos parando com essa presepada de borboletas no estômago. Amiguinho, saiba dizer não quando necessário. Nem sempre, você poderá agradar à todos. Até a próxima!!!

terça-feira, 7 de julho de 2009

A aldeia global do Papai Smurf #13

Enquanto o Surfista passa por um intenso writer's block, o camaradinha Papai Smurf assume o espaço. Aproveitando o clima de inverno, ideal para um bom DVDzinho, as dicas do dia são três filmes já disponíveis em home video: um musical recente, um suspense dos anos 90 e um clássico dos filmes de detetives dirigido por um diretorzaço. Saca só:

NA TELINHA: A história é mais uma entre tantas outras farinhas do mesmo saco: garoto sai de casa para encontrar o verdadeiro pai e se apaixona por menina loirinha. Percebeu quanta originalidade? O que diferencia este mela-cueca de tantos outros é um certo quarteto de Liverpool. "Across the Universe" narra a história romântica do britânico Jude e da ianque Lucy ao som de uma penca de canções dos Beatles. Muitos clássicos e alguns "lados-Bs" ganharam releituras muito interessantes, cantadas por um elenco praticamente anônimo. A fotografia, os clipes e o clima do final dos anos 60 (hippies, Vietnã, subversão, drogas e outros elementos da época) entram na dança e formam um filme muito divertido. Papai Smurf e a aldeia se amarraram na versão suave de "I Want to Hold Your Hand". Ficou curioso? Clica aqui e confira.

NA TELINHA: como pode um filme noir ser iluminado? Em "Chinatown", esse paradoxo é possível através de uma história sombria ambientada em uma Los Angeles sempre ensolarada. A trama remonta ao cinema americano dos anos 40, quando detetives durões e solitários investigavam casos complicados, enquanto comiam suas clientes e fumavam maços e maços de cigarros. Assim é o personagem de Jack Nicholson, que transita por uma sociedade nociva e repleta de segredos monstruosos. A conclusão do filme é pessimista, parcial, doentia e escura. Após duas horas de sol, Roman Polanski encerra sua viagem no mais puro breu.

NA TELINHA: E já que estamos falando de filmes noir, Papai Smurf relembra um dos poucos clássicos dos anos 90. Criativo, sufocante e estupidamente maligno, "Se7en" apresentou o ex-diretor de clipes David Fincher e o astro em ascensão Brad Pitt como talentos de sua geração. Venhamos e convenhamos, entre todos os bonitinhos com cara de porcelana, Pitt é o mais talentoso, mesmo com suas limitações. Voltando ao filme, "Se7en" reúne dois detetives (um veterano e um novato) na caça a um assassino em série que usa os sete pecados capitais como inspiração. Na habitual trama do "detetive-brilhante-contra-o-bandido-mais-brilhante-ainda", o roteiro de Andrew Kevin Walker guarda reviravoltas, sequências tensas e uma das conclusões mais chocantes do cinema policial. Smurfette ainda pula na poltrona sempre que revê a sequência da punição à preguiça.

PS. Em "Chinatown", o lendário John Huston é dono de uma das falas mais debochadas do cinema: "Claro que sou respeitável. Eu sou velho. Com o passar do tempo, até políticos, prédios feios e prostitutas ficam respeitáveis". Adoro!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Boa de briga

Era uma vez, Antenor, o cavalheiro, e Geraldo, o oportunista...

Tudo começou em uma festa agropecuária em alguma cidade do interior, daquelas em que a população triplica durante o evento. Nesse tipo de ambiente, você tem duas certezas: alguma confusão vai rolar e os banheiros químicos vão ficar imundos.

Salvo algumas exceções, essa é uma máxima.

Enquanto um "Bruno-e-Marrone" da vida cantava a dor de ser corno, um casal decidiu lavar trouxas e trouxas de roupa suja em público. Ele xingava de um lado. Ela xingava do outro. Naturalmente, o clima ficou tenso e todos que passavam por perto sentiam que aquilo não iria prestar.

- Você é uma ingrata, uma babaca e uma... - o moço nem completou a lista de adjetivos. Ele engoliu o que sobrou do insulto com um diretaço na boca. O punho pequeno da menina se tornou um soco justo e técnico com a precisão de Bruce Lee. Surpreso, ele agarrou o pescoço da menina e armou o contra-ataque na mesma moeda.

Com o golpe engatilhado, o rapaz sentiu o braço ser agarrado pelo Antenor, o herói apresentado na primeira linha.

- Calma aí, cara. Não bate na menina - alertou Antenor, que estava com outros amigos. A tropa fez um cerco ao redor do sujeito, que, inibido, baixou o punho e tentou argumentar:

- Vocês viram o que essa cretina fez comigo, ? - o grupo batia boca e a moça bufava de raiva. Ela não dizia mais nada. Só incinerava a todos com os olhos que faiscavam ódio. Enquanto a turma-do-deixa-disso tentava acalmar os ânimos, Geraldo, já turbinado por algumas doses de aguardente na cabeça, sentiu que havia uma brecha para um approach.

- Fica nervosa, não, gata. Ele não vai encostar um dedo em você. Eu não vou deixar - em poucos movimentos ele já estava com o braço esquerdo ao redor dos ombros dela.

E foi se chegando. E foi se querendo...

- Você merece um cara que te respeite, que te dê carinho, que te entenda, que te...

CATAPLAFT!

Outro soco.

Geraldo recuou três passos, enquanto tentava recuperar o equilíbrio. Voltou a si e procurou o tal namorado, aquele que tomou a primeira bordoada.

- Acerta a cara dessa vaca ou eu acerto. Anda! - berrou com a mão no olho que começava a ficar roxo.

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinho, preciso dar o braço a torcer e concordar com as suas duas conclusões sobre as festas agropecuárias: "alguma confusão vai rolar e os banheiros químicos vão ficar imundos". Faz tempo que folia no interior perdeu a inocência e virou, praticamente, sinônimo de micareta. Junte uma cacetada de homens de fora, umas poucas mulheres nativas, muita cachaça de boa qualidade e milhões de decibéis de Vitor e Léo, e o que você vai ter? Pois é, um barril de pólvora em potencial. Aliás, essa situação está toda errada. O que leva um casal a se estapear em praça pública? Como um dos seus amigos aborda uma garota transtornada? Que pessoas estranhas, hein? Amiguinho, estimule práticas de sustentabilidade com o papai, a mamãe e as sua professora. Você não sabe o que é sustentabilidade? Coloca no Google, seu alienado. Até a próxima!!!