terça-feira, 6 de agosto de 2013

Eclipse total do coração

Leitor querido, preciso confessar! Há muito tempo eu queria usar esse título esdrúxulo em uma postagem. Faltava uma história que se encaixasse. Finalmente, surgiu. Obrigado, querida Guadalupe!

Os encontros entre Guadalupe e Serafim  estavam se tornando mais frequentes. Certa noite, nossa heroína aceitou o convite para subir ao apartamento dele, tomar um vinhozinho, ouvir uma música mais relaxante, ficar mais à vontade. Enfim, todas aquelas justificativas molengas para validar que duas pessoas fiquem peladas entre quatro paredes ao som do Kenny G.

Pronta para o combate, Guadalupe entrou no apê e se acomodou no sofá enquanto o rapaz se incumbiu de preparar um drink.

Antigamente, eu achava a expressão “fazer um drink” o ápice da sofisticação. Eu tinha aquela imagem hollywoodiana do sujeito de olhar calhorda preparando um Dry Martini. Hoje em dia, quando eu ouço alguém dizer que vai “fazer um drink”, eu penso “que cafona dos infernos”. Amadureci.

Enquanto isso,  Guadalupe ficou fazendo aquela análise minuciosa e neurótica do cafofo. Checou a decoração,  buscou sinais de bagunça e observou se tinha poeira sobre a mesa e migalhas de biscoito no sofá. Fez o pente-fino com olhos de águia e nível de exigência de recrutadora de executivos. Foi aí que aconteceu. A moça arregalou os olhos e sentiu o coração apertar.

Pausa na cena. Trilha sonora de “Kill Bill” quando a Noiva encara os inimigos. Segue a trama!

Perto da TV, Guadalupe identificou “Eclipse”, o terceiro voluma da Saga Crepúsculo. O marcador de página no meio do livro revelava a leitura em andamento.

- Taquelpariu... – sussurrou.

Quando Serafim voltou, a sala estava vazia. Guadalupe saiu à francesa.

Dias depois, as razões da sua fuga ninja vieram à tona em  um jantar mexicano. Entre amigos, tacos, nachos e algumas cervejas com limão, Guadalupe revelou a origem da sua frustração.

- Ah, não. Homem que lê livro romântico para chorar não é para mim. Se tivesse lido o primeiro livro, eu perdoaria. Se tivesse lido Dan Brown, eu perdoaria com ressalvas. Mas acompanhar a Saga Crepúsculo é demais! Ele já estava no meio de “Eclipse”, terceiro livro da série. Não dava, não.

E não deu mesmo.


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, ouça com atenção essa lição simples e dura: se você é homem, tem mais de 30 anos e ainda lê histórias românticas melosas, fique atento. Você corre o risco de não comer mais ninguém. Essa história de homem sensível é bonitinha e tals, mas com moderação. Leia Bukowiski. Amiguinho, fique atento à sua rua. Se você notar alguma criança perto de estranhos ou figuras suspeitas, procure ajuda. Até a próxima!!!