segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Meus filmes favoritos :: Safra 2014

1.  I Saw the Devil
Diretor: Kim Jee-woon
2010
"I Saw the Devil" parte de um argumento dos mais clichês. Veja que história banal: agente secreto parte em busca de vingança quando sua noiva é assassinada por serial killer. Poderia ser só mais um filmeco safado do Van Damme. No entanto, a escola de cinema coreana prima pelo sadismo em suas tramas de revanche. Kim Jee-woon dirige com olhar pop e belos enquadramentos uma jornada de crueldade, perversão e violência no qual o vilão é mau e o "herói" é pior ainda. E o roteiro é imaginativo e apresenta várias reviravoltas sensacionais, regadas a litros de sangue e vários ossos quebrados. Um filme forte e inesperado, descoberto sem querer no catálogo do Netflix. 

2.  Moonrise Kingdom
Diretor: Wes Anderson
2012
Ser fofo não é ser bobo. Sem pestanejar, "Moonrise Kingdom" é o melhor filme sobre o primeiro amor que eu já vi. A história gira em torno de um casal de adolescentes que se conhece durante uma peça de teatro infantil. Eles passam um ano trocando cartas e decidem fugir para longe de suas famílias. Aí, entra em ação a habilidade de Wes Anderson para temperar o roteiro. Os dois adolescentes são disfuncionais (ele é um órfão escoteiro e ela é uma problemática filha de excêntricos advogados) e vivem em uma onírica ilha que não tem ruas e há apenas um policial. Mesmo com o foco nos pombinhos apaixonados, os personagens ao redor são explorados com carinho e todos têm participações importantes na trama. Em todo momento, há um tom de melancolia, mas sem tristeza ou pesar. É uma aventura adolescente, com primeiro beijo, sexualidade inocente e cores, muitas cores. Afinal, tirando "Casablanca", toda história de amor tem cores.

3.  Meia-Noite em Paris
Diretor: Woody Allen
2012
Gosto muito da fase europeia do Woody Allen, mas "Meia Noite em Paris" me encantou mais do que imaginava. Nem as saliências de "Vicky Cristina Barcelona" me conquistaram da forma que a lisérgica viagem à efervescente Paris dos anos 1920s. Com humor e reverência, Woody cria uma experiência deliciosa ao colocar o seu nostálgico protagonista (o inusitado Owen Wilson) em um encontro direto com os gênios que frequentaram Paris na primeira metade do século XX.  Realizando o sonho de milhares de intelectuais, Owen Wilson bebe, conversa e vai para a farra com Ernest Hemingway, Salvador Dali, Pablo Picasso, Gertrude Stein, F. Scott Fitzgerald, Man Ray, T.S. Elliot, Luis Buñuel e por aí vai. E diante do seu próprio deslumbramento, Woody Allen reflete sobre a nostalgia e sobre a importância de cada tempo. Já é um dos meus filmes preferidos do Woody Allen. Pensando bem, "Meia-Noite em Paris" assumiu o lugar de "Manhattan" no primeiro lugar.

4.  Fla x Flu - 40 Minutos Antes do Nada
Diretor: Renato Terra
2013
Conhecido como "o clássico mais charmosos do Brasil", o derby centenário entre Flamengo e Fluminense ainda precisava de um filme que retratasse a sua imponência à altura. Para contar a história (e as histórias) do Fla x Flu, Renato Terra resgatou imagens memoráveis das partidas e deixou a palavra com os principais envolvidos no clássico, isto é, torcedores e ídolos. Seja você rubro-negro ou tricolor, não há como ficar indiferente aos depoimentos dos cracaços Zico, Assis, Júnior, Leandro e Romário, além de torcedores célebres como Pedro Bial, Toni Platão, Arthur Mulhenberg e outros "geraldinos e arquibaldos" do Maracanã. Não espere análises ponderadas e diplomacia. Cada torcedor e ídolo tem a sua versão apaixonada e a obrigação moral de sacanear o rival. Estamos falando de futebol e isso afasta qualquer sensatez. Por essas e outras, já diz o hino do Flamengo: "Nos FlaFlus é um 'ai, Jesus!'".

5.  Rush
Diretor: Ron Howard
2013
Já gostei muito de Fórmula 1. Sou do tempo em que Ayrton Senna e Alain Prost disputavam cada curva com sangue nos olhos e faca entre os dentes. Lembro de Nelson Piquet soltando cobras e lagartos contra seus adversários sem qualquer indício do chatíssimo "politicamente correto". Bons tempos em que os homens eram brutos e não usavam creme hidratante. Pois antes de Senna, Prost e Piquet, houve a rivalidade entre Niki Lauda e James Hunt. Nos anos 1970, o automobilismo era realmente um "esporte" perigoso. Os carros eram potentes, não tinham tantos itens de segurança e o risco de morte era frequente. Neste ambiente, quem quisesse vencer tinha que soltar o pé do acelerador no último milésimo de segundo. Esse era o contexto em que competiam o metódico austríaco Niki Lauda e o fanfarrão inglês James Hunt. Com uma pegada crua, mas com ar rock'n'roll, Ron Howard retrata o nascimento e o desenvolvimento da rivalidade que quase culminou na morte de Lauda, em uma das cenas mais chocantes do automobilismo. Divertidíssima viagem aos anos 1970s sob a ótica das corridas e de dois pilotos realmente velozes e furiosos.

6.  Noé
2014
Eis que um dia, Noé estava de bobeira, curtindo a sua vida no mundo pouco povoado, e surge uma missão do Todo-Poderoso: construa uma arca e salve os animais viventes que voam, andam e rastejam, menos os homens. A jornada desse indivíduo e sua tarefa divina são retratadas com competência por Darren Aronofsky, o mesmo diretor visceral de "Cisne Negro" e "O Lutador". No filme, Noé é um ser humano com um projeto que lhe consome anos e anos, afinal uma arca para tantos bichos não se constrói da noite para o dia. E nesse passar do tempo, Darren humaniza a missão de Noé. O herói barbudo vivido pelo gladiador Russel Crowe torna-se um homem consumido por dilemas, angústias e o peso da responsabilidade perante a Deus e à sua família. Através do "vilão", o roteiro também critica a decisão divina de exterminar a raça humana através de um dilúvio, dentre outras teses de que Deus também pode virar as costas para a sua criação. 

7.  Locke
Diretor: Steven Knight
2014
Certamente, este é o filme mais criativo que vi em 2014. Barrou até o silencioso "Até o Fim", com o Robert Redford. Neste filme, a trama toda se passa dentro de um BMW em uma viagem noturna pelas rodovias inglesas. Na noite anterior à entrega de uma obra delicadíssima, o engenheiro vivido por Tom Hardy abandona o seu posto para acompanhar o nascimento prematuro de um filho fruto de uma noite de infidelidade. Durante o percurso, o sujeito conta apenas com um telefone bluetooth para salvar o seu casamento, acompanhar o parto que gera perigo de vida à mãe e ao bebê e coordenar à distância uma crise na obra. A ação se passa quase em tempo real. Tom Hardy, geralmente escalado para filmes de correrias e explosões, segura as pontas com segurança e passa a dose exata de emoção durante o filme. O diretor também é competente ao evitar uma história maçante ou claustrofóbica. 

Menções honorosas:

"Capitão América 2", "X-Men – Dias de um Futuro Esquecido", "Robocop" (do Zé Padilha), "Precisamos Falar Sobre Kevin", "Frozen", "O Lobo de Wall Street" e "Rock Brasília".

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

100 Filmes



No dia 31 de dezembro de 2013, eu tracei apenas uma meta. Não me comprometi a ganhar 1 milhão de reais, perder 5 quilos ou viajar pelos cinco continentes. Meu único objetivo traçado foi ler 20 livros e ver 100 filmes novos (não valeriam reprises) ao longo de 2014. Li apenas seis livros, mas consegui assistir uma centena de longas. A lista (com datas) segue abaixo:

1 Admirável Sonhadora 03/jan
2 O Hobbit - A Desolação de Smaug 07/jan
3 Titãs - A Vida Até Parece uma Festa 11/jan
4 O Mordomo da Casa Branca 13/jan
5 Frances Há 15/jan
6 Platoon 16/jan
7 Dredd 19/jan
8 O Grande Gatsby 21/jan
9 I Saw the Devil 22/jan
10 Detona Ralph 22/jan
11 Os Croods 23/jan
12 O Último Desafio 02/fev
13 Ó Paí Ó 03/fev
14 400 Contra Um 04/fev
15 Metal 04/fev
16 Amanhecer Violento (2012) 05/fev
17 Global Metal 07/fev
18 Doces Bárbaros 11/fev
19 Somos Tão Jovens 13/fev
20 Caçadores de Obras Primas 16/fev
21 Os Homens que Encaravam Cabras 17/fev
22 You're Next 22/fev
23 Sharknado 25/fev
24 More Than a Game 27/fev
25 Diário de Uma Paixão 14/mar
26 A Menina que Roubava Livros 14/mar
27 Robocop (2014) 18/mar
28 Ip Man 19/mar
29 Blackfish 22/mar
30 Mama 22/mar
31 A Mulher de Preto 28/mar
32 Fighting for a Generation - 20 Years of UFC 31/mar
33 GIJOE - Retaliação 07/abr
34 Tenacious D 14/abr
35 João e Maria - Caçadores de Bruxas 17/abr
36 Senhor das Armas 23/abr
37 Hitchcock 02/mai
38 Warrior 08/mai
39 Em Transe 17/mai
40 Capitão América 2 20/mai
41 Colegas 23/mai
42 Capitão Phillips 24/mai
43 O Homem que Sabia Demais 28/mai
44 O Menino do Pijama Listrado 31/mai
45 Meu Malvado Favorito 2 11/jun
46 X-Men - Dias de um Futuro Esquecido 13/jun
47 Ong Bak 19/jun
48 O Verão da Minha Vida 22/jun
49 Caindo na Real 23/jun
50 Rush 29/jun
51 Jogo do Poder 05/jul
52 Rock Brasília 14/jul
53 A Big Love Story 16/jul
54 Como Você Sabe 21/jul
55 Precisamos Falar Sobre Kevin 24/jul
56 RocknRolla 25/jul
57 Guerra Mundial Z 09/ago
58 O Grande Herói 12/ago
59 O Melhor Pai do Mundo 22/ago
60 Meia Noite em Paris 26/ago
61 Ender's Game 27/ago
62 Diana 27/ago
63 O Espetacular Homem-Aranha 2 02/set
64 300 - Rise of an Empire 14/set
65 Godzilla (2014) 14/set
66 The Angriest Man of Brooklyn 14/set
67 Rio, Eu te Amo 18/set
68 Circuito Fechado 20/set
69 Rota de Fuga 20/set
70 NY, Eu te Amo 29/set
71 RIPD 30/set
72 American Muscle 03/out
73 72 Horas 10/out
74 Doce Vingança 2 11/out
75 Sete Vidas 16/out
76 Álbum de Família 17/out
77 Até o Fim 25/out
78 O Conselheiro do Crime 26/out
79 A Testemunha 31/out
80 De Caso com o Acaso 03/nov
81 Círculo de Fogo 09/nov
82 Superman sem Limites 10/nov
83 Frozen 10/nov
84 Cowboys Vs. Aliens 15/nov
85 Philomena 20/nov
86 Jogos Vorazes - A Esperança - Parte 1 23/nov
87 Shooter 28/nov
88 O Lobo de Wall Street 28/nov
89 Fla x Flu - 40 Minutos Antes do Nada 03/dez
90 12 Anos de Escravidão 13/dez
91 Moonrise Kingdom 14/dez
92 O Corvo (2012) 16/dez
93 Thor - O Mundo Sombrio 18/dez
94 47 Ronins 19/dez
95 Locke  20/dez
96 Universidade Monstro 21/dez
97 O Segredo da Cabana 23/dez
98 Nativity 24/dez
99 What If? 26/dez
100 Noé 31/dez

No próximo post, eu apresento o meu Top 5.

PS: Mesmo sem querer, perdi 5 quilos. Já o milhão de reais na conta...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Tinha que ser o Chaves mesmo!

Adianto que volto a escrever justamente sobre um tema que está sendo repetido à exaustão: a morte de Roberto Bolaños (aKa Chaves e Chapolin Colorado). Não tenho a menor intenção de ser original, mas esse assunto me soou tão urgente, tão necessário, que me senti compelido a sair do limbo blogueiro. Eu precisava escrever sobre a forma como a obra de Bolaños se tornou essencial para mim e como sofri ao saber do seu falecimento.

Antes de falar diretamente sobre Chaves, preciso relembrar um anti-herói e uma obra infantil que também moram no meu coração.

Primeiro, o herói.

Ainda lembro como fiquei arrasado quando Mussum morreu. Nossa, como eu adorava o Mussum e o seu comportamento politicamente incorreto! Ele era uma das estrelas de um programa infantil, mas era beberrão, mulherengo, trambiqueiro e preguiçoso. Duvida que a patrulha dos bons modos permitisse a existência de um Mussum hoje em dia. Não como um personagem destinado a crianças, pelo menos.

Agora, a obra.

Adoro “Peanuts”. Quando era criança, eu também adorava, mas não sabia explicar. Hoje em dia, eu sei. Eu me identificava e compreendia os dramas de Charlie Brown de uma forma completamente natural. Assim como ele, eu não era bom em esportes, não levava jeito com as meninas, não costumava ganhar e era sacaneado pelos amigos. Só me faltava o cachorro.

E o Chaves?

Mussum é eterno. O universo criado por Charles Schulz é eterno. Chaves e Chapolin são eternos. Chegaram a esse patamar graças uma característica em comum: a atenção à simplicidade humana.

Assim como Mussum, Chapolin era um herói equivocado, que tinha mais defeitos que virtudes. O coração generoso disfarçado por um caráter duvidoso tornava ambos apaixonantes. Também como Mussum, o moleque Chaves era pobre e malandro. Para conseguir a “biritis” ou um sanduíche de presunto, o único meio dos dois era a esperteza. Acho que Chaves era muito mais João Grilo (de Ariano Suasuna) do que Chaplin.

“Peanuts” surgiu nos anos 1950s. Chaves começou a ser veiculado lá pelos anos 1970s. De uma forma intencional ou não, Schulz e Bolaños criaram universos atemporais. A criança de qualquer geração vai ver outras crianças assim como ela. Charlie Brown, Linus, Lucia, Schroeder, Patty Pimentinha, Márcia e Chiqueirinho jogam bola, brincam no quintal, fazem dever de casa, tomam esporros da professora e enfrentam seus próprios dilemas. A forma como se vestem também é a mesma de qualquer criança de hoje: boné, camisa, bermuda (ou vestido) e tênis. Ninguém sente falta de iPods, computadores ou celulares. E qual a diferença para a vila onde moram Chaves, Quico, Chiquinha e Pat? Tirando que é um ambiente pobre e mexicano, quase nada. Na verdade, esse cenário carente nos aproximou mais ainda. 

Na obra de Roberto Bolaños, havia poesia camuflada no humor. Já reparou que todos os moradores da vila eram solitários? Havia a mãe solteira superprotetora, o professor intelectual e tímido, o pai solteiro malandrão, a senhora de meia-idade encalhada, o proprietário gordo e as crianças sem irmãos. Cada um só tinha o outro como suporte e válvula de escape das suas frustrações. E ainda assim, havia alegria. Papai do Céu, como havia alegria! Eu ria do mesmo episódio repetido pela milésima vez no SBT. Eu assistia a mesma torta na cara ou o mesmo tropeço idiota e ria. Eu ria a ponto de esquecer que aquele programa precário havia sido gravado há tanto tempo. Esqueci que aqueles adultos vestidos de crianças eram mortais.

“Ih, o Chaves morreu.”

Foi assim que recebi a notícia em uma manhã de sábado. Não acreditei. Fui confirmar no Globo.com e lá estava o destaque imenso. Até a Globo se rendeu ao carisma do sujeito. Eu fiquei em um silêncio incrédulo. Tá certo que Roberto Bolaños tinha 85 anos e já estava com a saúde debilitada. Todos sabiam que era uma questão de tempo para que ele nos deixasse. Mas e daí? Estar preparado não é a mesma coisa que aceitar. Eu não queria aceitar que o Chaves tinha morrido. E logo vi que muito mais gente próxima estava comovida. O Facebook foi tomado pelo lamento de uma moçada de diferentes gerações. Vou contar uma coisa, mas não conta para ninguém: eu chorei sozinho. Fiquei com vergonha que vissem que eu estava chorando pelo Chaves. Bobagem, né?

Pois é, o Chaves nos deixou. Criou um legado lindo e se foi. Eu vou continuar rindo das mesmas piadas, mas fica uma dúvida: oh! E agora, quem poderá nos defender?

PS: Durante o segundo grau, eu ouvia dizer que Chaves se vestia como um grunge de Seattle. Pois é, Chaves é assim mesmo: amigo de todas as galeras.






QUAL É A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Viva o herói latino!!!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Gostosa!


Tenho uma opinião formada sobre a profissão de piloto de avião: não pode ser plenamente bom da cabeça o cara que tem a responsabilidade sobre centenas de pessoas por uma, duas ou doze horas. Deve ser a mesma coisa que um neurocirurgião que precisa fazer uma longa operação no cérebro de um paciente. O sujeito deve ter um senso de humor negro como uma chapa de raio-X. Enfim, foi nesse contexto que ouvi esse relato de um veterano piloto de avião.

Era uma vez...

Iniciando a manobra de aterrissagem, comandante Virgílio faz contato com a torre.

- Torre, iniciar procedimento de aterrissagem. Blábláblá. Autorização para prosseguir. Blábláblá.

Você não espera que eu repita exatamente os termos de voo que o Virgílio usou, não é mesmo?

- Afirmativo, aeronave Victor-Golf-Romeu. Blábláblá. Proceder para pista 2. Blábláblá – respondeu uma voz feminina.

Comandante Virgílio ficou em silêncio por alguns instantes.

- Aeronave Victor-Golf-Romeu, copia? – perguntou a voz feminina.

- Gostosa.

Silêncio na operação. Tripulação da cabine explode em gargalhadas, mas é interrompida por uma voz masculina no rádio.

- Aeronave Victor-Golf-Romeu, que absurdo é esse? Que falta de respeito? Blábláblá. A controladora não está aqui para ouvir isso. Blábláblá. Blábláblá. Essa atitude vai ser reportada aos seus superiores. Blábláblá.

Silêncio na cabine.

- Gostoso.

PS. Apurei essa história com uma controladora de voo e ela me garantiu que os aviões são comandados por profissionais altamente treinados e competentes, mas com idade mental de 14 anos.

QUAL É A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, o mundo seria um lugar bem melhor se as pessoas tivessem mais humor nos seus cotidianos. Simples assim. He-Man está sucinto hoje. Amiguinho, hoje é um belo dia para dar um abraço no seu coleguinha ao lado. Faça isso e até a próxima!!!




terça-feira, 19 de novembro de 2013

Mil e uma noites

Para a compreensão total deste drama (verídico, é claro), é essencial mergulhar nas percepções da protagonista. Sendo assim, escrevo em primeira pessoa. Senhoras e senhores, segue o relato de Clotilde, a advogada.

Era uma vez...

Acordei com a cabeça vibrando no nível 6 da escala Richter. É aquele terremoto que derruba prédios, sacou? Levantei assim mesmo e fui à luta.

Cheguei ao trabalho escondida  atrás de óculos escuros de lentes imensas. Como se as lentes escondessem a minha cara de derrotada. Ao longo da manhã, tramei assassinatos passionais a todos que me perguntavam se a noite tinha sido boa. Se tivesse sido boa, eu não estaria com a cara de colombina em quarta-feira de cinzas.

Lá pelas 11 da manhã, meu telefone tocou. Era o maridão.

- Clotilde.

Era meu nome. Quando o maridão liga e me chama pelo nome direto, sei que alguma coisa está errada. Será que vomitei na cama e deixei azedando ao sol?

- Amooooooor.

Tentei prolongar a palavra “amor” da forma mais fofa do mundo. Tática de amansar a fera pela doçura, entende? Às vezes, funciona.

- Clotilde, você fez alguma compra ontem à noite?

Compra? Euzinha? Calma. Concentra. Que compra? Como assim? No meio da noite? E a festa de ontem? Comprei alguma rifa na festa? Concentra mais. Peraí... aimeudeusdocéu!

- Amor, é possível que sim.

Sabe quando o passado volta à sua mente que nem flashbacks de “Além da Imaginação”. As lembranças vêm em fragmentos desconexos e você vai juntando as peças até a vergonha total estar montada diante de você.

Corta para a noite anterior.

Chegamos da tal festa e o maridão foi direto para a cama. Eu fiquei na sala meditando sobre os efeitos dos espumantes na coordenação motora das pessoas. Liguei a TV. Esse foi o meu erro.

Zapeei pelos canais e só encontrei reprises, filmes, programas eróticos com loiras americanas peitudas, seriados, desenhos animados e outras tralhas. Não sei porque cargas d’água, parei em um canal de compras. Aliás, sei sim. Fui hipnotizada por um par de brincos lindos de morrer. Não consegui tirar os olhos daquelas peças brilhantes. Vislumbrei amigas invejosas cobiçando aqueles brincos em minhas orelhas. Peguei o telefone e liguei para o número que estava na tela.

Corta para o vergonhoso momento em que eu era sabatinada pelo maridão impiedoso.

- O que você comprou, Clotilde?

- Talvez um brinquinho. Coisa pequena.

- Coisa pequena?

- Sim, mínima.

- Custou R$ 8 mil.

Aimeudeus!!!

- Repete.

- R$ 8 mil.

Fiquei sóbria. A ressaca sumiu milagrosamente. Adrenalina pura, querida. Pior que a imagem do brinco voltou nítida à minha mente. Era uma coisa breguíssima, imensa, cafona. Todo errado. Bêbada acha cada coisa bonita.

- Aconteceu algum engano, amor.

- Clotilde, você usou o meu cartão de crédito e eles entraram em contato comigo. Avisaram que já estão despachando o seu pedido. Não são burros. Liga e cancela a compra agora.

- Tenho vergonha. Vou dizer o quê?

- Diga que estava bêbada. Use o direito de desistência do código de defesa do consumidor. Você é advogada. Dá o seu jeito.

- De jeito nenhum. Liga você e cancela.

- Tá bom.

Desligou. Fiquei me contorcendo de constrangimento. O raio do brinco era realmente medonho e custou R$ 8 mil. Será que paguei à vista?

Quinze minutos depois, o maridão me ligou de volta.

- Cancelei a compra.

- Você é o máximo. O que eles disseram?

- Disseram que você sofreria a penalidade de ser eliminada do sistema deles e jamais poderia fazer outra compra naquela loja. Aproveitei e pedi para que eles fichassem o seu nome em todos os concorrentes.

- Amooor, poxa.

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, a coleguinha Clotilde nos ensina uma valiosa lição sobre os efeitos da cachaça no senso crítico do ser humano enquanto gente. Nossa heroína foi acometida por uma vertente muito comum da bebedeira: a riqueza etílica. Sim, certas pessoas ficam riquíssimas quando bebem. Nesse caso, a melhor forma de prevenção é afastar bolsas e carteiras da pessoa de porre. Amiguinho, chá de cidreira ou camomila ajuda a relaxar durante a noite. Até a próxima!!!




terça-feira, 12 de novembro de 2013

Hábitos masculinos que as mulheres desprezam (mas não deveriam)


:: Homens têm certas roupas preferidas. Não importa se elas estão gastas, furadas, desbotadas, xexelentas, surradas, rasgadas e insuportáveis à apresentação social. Elas são de estimação e pronto.

:: Horário do futebol é sagrado. Se o cara não gosta de futebol, hora do UFC é sagrada. Se ele não gosta de luta, hora do “Walking Dead” é sagrada. Enfim, sempre haverá alguma programação na TV que exigirá total atenção do seu homem.

:: Camisas de banda de rock, calças camufladas e uniformes de futebol (mesmo que seja o do XV de Jaú ou do Penapolense) têm seu lugar especial no guarda-roupas. Homem não reclama dos seus vestidos verde-musgo, verde-alface, verde-claro, verde-banana etc – que são idênticos ao olho nu.

:: Homens têm um instinto natural de deixar calçados em qualquer lugar da casa. E o pior: virados para baixo. Não bata. Instrua.

:: Homens não entendem comédias românticas. Na verdade, homens abominam filmes fofos com a Meg Ryan, Sandra Bullock, Jennifer Lopez, Julia Roberts e Jennifer Anniston.

:: Mesmo que não seja um hábito frequente, homens se divertem vendo filmes idiotas com explosões, mortos-vivos e super-heróis. Crianças têm a Disney. Homens têm os X-Men e os filmes do Stallone.

:: Quando homens estão reunidos com outros homens, eles fazem uso de um dialeto secreto que só eles entendem. Não tente compreender.

:: Homens não entendem de moda. Homens gostam de jeans, camiseta e all-star. Se o seu homem souber que tons pastéis serão a próxima tendência do verão, desconfie.

:: Homens gostam de dispensar horas vendo as prateleiras de livros e filmes. Mesmo que não compre absolutamente nada. Seja legal e deixe o seu homem lá no mundinho dele e vá passear na Zara ou na Shop 126.

:: Por mais leais que sejam, homens sentem atração pela Angelina Jolie ou pela Scarlett Johansson. Reflita: antes essas musas inatingíveis do que aquela sua colega biscate-piranha-vadia-imunda, não é mesmo?

:: Homens esquecem a toalha molhada sobre a cama. A melhor forma de instruí-los é dar uma toalhada no focinho deles.

:: Homens não sabem cozinhar, mas gostariam de verdade. Valorize o sabor do Miojo do seu namorado como se fosse um prato do Claude Troigrois.

:: Homens gostam de videogame. Respeite. Lembre-se que o videogame é um santo remédio contra a infidelidade. Dê para ele o novo “God of War” e tenha a certeza que ele vai ficar quietinho em casa no sábado à noite.

:: Homens esquecem de lavar o carro ou de fazer a barba, imagine algumas datas.

O samurai que vive dentro de nós

Vou te fazer uma pergunta simples sobre artes marciais:

- Qual a diferença entre um lutador profissional e um amador?

A sua resposta tem grandes chances de ser a mais simplista, rasa, intolerante e míope:

- O dinheiro.

Exato! É isso mesmo.

Pois é, por mais que soe depreciativo, essa é a grande diferença entre um profissional do mundo da luta e um sujeito como eu ou você, que luta apenas para manter a qualidade de vida. Agora, se você me permite, vou puxar a sardinha para a minha brasa.

Quando eu e tantos outros amigos topamos participar de uma competição de luta (jiu-jitsu, judô, karatê, tae kwon do ou qualquer modalidade) nossa motivação vem de um dos instintos mais primitivos e nobres do estranho bicho-homem: a honra competitiva.

Para nós, não há bolsa milionária, prêmios por performance, contratos vantajosos ou patrocínios generosos. Em vez de equipes multidisciplinares (nutricionista, fisioterapeuta, treinador físico e o escambau), temos apenas os colegas dando apoio, a família apreensiva e a crença de que o anjo da guarda vai nos proteger.

Somos pessoas esquisitas que gastam dinheiro com inscrições, perdem um fim de semana, e ainda se arriscam a lesões diversas. Tudo isso para disputar uma medalha sem-vergonha que custa R$ 10,00 no centro da cidade.

Só que aquele pedaço de metal que desbota após alguns meses tem um valor inestimável para quem o conquista. Aquele trocinho mixuruca não pode ser comprado. Para levá-lo para casa, o indivíduo tem que fazer por merecer.

E ao fim do dia, aquela medalha gelada parece que fica colada no peito suado. E mesmo quando ela passa a ocupar um lugar na gaveta, sua presença nunca mais desaparece. Só que dessa vez, fica guardada como uma lembrança ao lado esquerda do peito.

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, você por aqui? O seu camarada He-Man já estava saudoso deste participar desse bloguinho com suas opiniões sempre sensatas e inquestionáveis. A valiosa lição de hoje é sobre cuidados com a sua integridade física. O guerreiro que volta para casa inteiro, pode conquistar mais vitórias. A linha divisória entre a honra e a estupidez é muito tênue. Adoro essa palavra. “Tênue”. Bom, voltando ao raciocínio, a linha é tênue. Defender seus valores vai além de se machucar. Preze a sua segurança e a sua saúde. Seus entes queridos agradecem. Amiguinho, evite comer demais e praticar exercícios físicos em seguida. Até a próxima!!!