Todo mundo fica triste em algum
momento da vida. Eu fico triste. Você fica triste. Tirando o exagero do poeta
que acredita que “tristeza não tem fim, felicidade sim”, os momentos em que
estamos para baixo são inerentes às nossas vidas. Óbvio, mas faz parte do show.
Tudo vai dar certo.
Eu fico triste quando o Flamengo perde. Fico triste quando brigo com a namorada. Fico triste quando eu me aborreço com a família. Fico triste quando tenho dor no pescoço. Fico triste porque meu joelho não me permite mais jogar futebol depois da cirurgia. Até dias de chuva me deixam jururu. Em casos extremos, eu faço coro com o Zeca Baleiro e até beijo de novela me faz chorar. Fico arrasado quando pessoas me desapontam, mas nada me deixa mais cabisbaixo do que a frustração de saber que posso falhar com as pessoas ao redor. Esse é o pior sentimento: a angústia de fracassar.
Tudo vai dar certo.
Quando estou nessa vibe, eu não
consigo disfarçar. Fico em um estado estranho de autismo: olhar fixo em lugar
nenhum, boca fechada, movimentos lentos, poucas palavras e frieza de cirurgião
cardíaco. Enfim, uma péssima companhia. Chato pra cacete, melhor colocando.
Tenho andado bem chateado com tudo.
Melancólico. Sem brilho nos olhos. Não reclamo sobre essas coisas. Fui
criado/treinado para segurar a onda e me virar. E assim eu faço, mas é terrível
armazenar a tristeza como um tênis fedido embaixo da cama. Não se vê, mas
incomoda horrores.
Tudo vai dar certo.
Mas aí é que a vida dá o seu
recado e mostra como os seus problemas são pequenos diante da dor verdadeira.
Indo para o trabalho, eu estava ouvindo rádio e fiquei sabendo de um história
de cortar o coração envolvendo a tragédia de Santa Maria. Diante da dor inclassificável
de perder uma filha, um casal ainda não teve a força necessária para tirar do
refrigerador um sanduíche mordido pela garota antes de sair para a Kiss. O
quarto continua arrumado como se ela estivesse viajando. O pão mordido às pressas,
pois ela estava prestes a perder a carona, ficou na geladeira. Ouvi essa
história e outras, como a de um bombeiro que encontrou um celular que tocava
insistentemente no bolso de um rapaz morto. No display: “Mamãe 144 ligações
perdidas”. Fiquei pequetitico, envergonhado pela minha tristeza banal.
Tudo vai dar certo. Eu sei.
QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
#ForçaSantaMaria
3 comentários:
Cara, e o irmão de uma ex-colega de trabalho? Ele trabalhava na Kiss, faleceu dois dias antes de fazer 30 anos e deixou a mulher grávida...
qualquer coisa perto disso é xixica.
Ânimo!
Beijos
=(
Sem palavras.
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