quinta-feira, 20 de outubro de 2011

1 + 2 (Aja como se nada de mais estivesse acontecendo)

Não sei a origem e as razões psicológicas desta fixação, mas é público e notório que a maior fantasia do homem é levar duas mulheres para a alcova. Bom, duas ao mesmo tempo, sendo bem claro. Tobias conseguiu este feito e sem contratar profissionais do vuco-vuco para esta performance.

Como sempre, este blog conta o milagre mais muda o nome do santo. Neste caso, ele bem que poderia liberar, pois isso é mais que uma conquista, é quase um portfólio, um case de sucesso. Enfim, vamos respeitar a privacidade do Tobias.

Era um vez...

Em um papo sem grandes pretensões, Tobias lançou a ideia de um mènage. Jogou o verde ao vento sem qualquer esperança de colher maduro. Falou quase por falar.

- Eu topo - respondeu a moça, seu affair do momento.

Nosso herói não perguntou uma segunda vez nem buscou explicações. Mergulhou no catálogo de periguetes das suas redes sociais para conciliar o evento, à infraestrutura e à agenda das artistas. Prospectou por três semanas e já estava quase entregando os pontos. Esse tipo de "sim" tem validade curta. Mas, ao apagar das luzes, surgiu uma aventureira com as palavras mágicas:

- Eu topo.

Marcou um jantar no seu apartamento e botou na cachola um mantra: "aja como se nada de mais estivesse acontecendo".

Uma convidada trouxe petiscos. A outra trouxe uma garrafa de vinho. Tobias providenciou um macarrão safado para enganar o estômago. O prato principal era outro.

Aja como se nada de mais estivesse acontecendo.

Comeram o macarrão malandro. Beberam o vinho. Tudo como se fosse uma reunião de catecismo. Conversaram sobre trivialidades. Ao fim, Tobias botou um filme para rodar. Escolheu um título ruim. Na verdade, um filmeco horroroso, meticulosamente escolhido para não desviar atenção. No mais, todos agiam como se nada de mais estivesse acontecendo.

Tobias sentou entre as moças. Em 10 minutos de filme, ele colocou a mão sobre a perna da menina da direita com naturalidade de quem bebe um copo d'água. Pouco depois, pousou a outra mão sobre a perna da outra guira como se nada de mais estivesse acontecendo. Nenhuma chiou. Trinta e quatro segundos depois, ninguém era mais de ninguém. Nenhum dos três lembrou do tal DVD medonho. Todos agiram como se nada de mais estivesse acontecendo. Cada uma voltou para sua respectiva casa sem qualquer comoção. Quando ficou sozinho, Tobias libertou o grito de gol.

- Yeeeeeeaaaaaaaahhhhh!

Ninguém é de ferro.

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, hoje aprendemos uma importante lição. Tobias e as suas convidadas tiveram uma experiência baseada na espontaneidade e no conceito semicomunista do "o que é meu é seu. O que é seu é nosso. Eu sou de todo mundo e todo mundo me quer bem". Todos sabiam o que queriam, mas ninguém estava bufando que nem animais no cio. Tudo rolou em ritmo de harmonia. Se rolasse na base da pressão, o climax seria cortado. He-Man está muito Marta Suplicy hoje. Só falta mandar o Maluf calar a boca também. Boa ideia. Cala a a boca, Maluf. Amiguinho, pense duas vezes antes de imprimir e gastar mais uma folha de papel do mundo. Até a próxima e use sempre camisinha!!!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Como um bárbaro ajudou um garoto tímido

Vi que lançaram o remake de “Conan”. Ainda não o vi, mas vou acabar cedendo e me enfiando em alguma sala aqui na Barra para poder falar mal depois. Pois é, não vi e já não gostei. Tenho uma relação nostálgica com o personagem.

Verão, 1985...

Meu primo apareceu com uma fita VHS e anunciou que era “Conan, o Bárbaro”. Eu nunca tinha ouvido falar. “Tem mulher pelada, pô!”, ele justificou e eu me interessei. O começo era sombrio, com 15 minutos quase sem diálogos.Toda a origem do cimério era contada sob uma trilha sonora colossal. Engoli a seco a sequência das mortes dos pais do moleque. Na cabeça de um guri que mal conseguia ler as legendas, aquela matança era algo muito chocante. Amarelei de vez na cena da arena. Era uma violência tão brutalmente explícita que desisti das mulheres peladas. Meu primo idem.

Verão, 1989...

Minha família e eu fomos passar férias na casa de uns amigos deles em Maceió. Os anfitriões tinham um casal de filhos adolescentes, que estavam viajando. Fiquei no quarto do garoto. Curioso e abelhudo como era (e ainda sou), fui fuçar a coisas do moleque. Descobri um baú destrancado. Abri.

Lembra da famigerada mala misteriosa de “Pulp Fiction”? Aquela que emanava uma luz dourada ao ser aberta, mas cujo conteúdo nunca fora revelado? Foi mais ou menos que o que aconteceu naquele baú.

Não havia um tesouro, mas uma cacetada de revistas. Eram várias edições de “A Espada Selvagem de Conan”, com aquelas capas clássicas pintadas a óleo. Geralmente, as artes variavam em três opções:

1) O bárbaro com alguma gostosa seminua aos seus pés;
2) O bárbaro trucidando algum monstro bisonho;
3) O bárbaro posando com olhos ferozes e a espada manchada de vermelho.

Os quadrinhos eram preto-e-branco, o que deixava a revista ainda mais adulta. Os diálogos também eram grosseiros e viris, do tipo “Saia do meu caminho, cão” ou “Por Crom, vou arrancar o seu coração com as minhas próprias mãos”. Eu tinha 10 anos e estava encantado pelo mundo violento de Conan.

Li tudo e continuei lendo por muito tempo. O guerreiro era quase um modelo de conduta torpe: fatiava os inimigos, tinha seu próprio código de honra, traçava todas as mulheres que surgiam e, muitas vezes, se ferrava. Mesmo sendo o (anti)herói, Conan já foi torturado, crucificado, preso, enfeitiçado e espancado, mas sobreviveu a tudo. Anos depois, já adolescente, tomei coragem e consegui ver o filme.

Confesso que tive três filmes que me traumatizaram quando criança: “Poltergeist”, “Tubarão” e “Conan”.

Havia um bloqueio infantil e eu tremia só de ouvir a canção de abertura. Engoli o choro e continuei. Como o cimério, venci meus medos. Adorei! Era uma história de vingança e sobrevivência com roteiro rápido e direção segura. A história foi escrita pelo Oliver Stone, que ano depois se tornaria um dos maiores cineastas do seu tempo. “Conan, o Bárbaro” foi o seu playground. No centro de tudo, estava Arnoldão, uma montanha de músculos com sotaque do leste europeu e os dentes da frente separados. Era quase um Cigano Igor, mas soube driblar as suas limitações e pavimentou o seu caminho para a fama.

“Conan, o Bárbaro” é um dos meus filmes broncos preferidos. Tem gente que venera “O Grande Dragão Branco”, “Robocop”, “Mad Max”, “Cobra” e outros ChuckNorris da vida. Eu acho que... Acho, nada. Eu tenho certeza que Conan faz essa moçada toda chorar abraçadinha com ursinhos de pelúcia.

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, hoje aprendemos uma importante lição. A negligência dos pais pode dar brechas para que pimpolhos pueris possam descolar cópias clandestinas de filmes violentos. Em vez de ver o Dinossauro Barney, os pequerruchos podem se expor a títulos como “Jogos Mortais”, “Serbian Film”, “Game of Thrones” e “Xuxa e os Duendes 2”. É muito para as cabecinhas infantis. Amiguinho papai e amiguinha mamãe, fique de olho no que o seu pequeno tesouro vê na TV e na Internet. Vai que ele vira blogueiro com o passar do tempo. Amiguinho, falsificar carteirinha de estudante é feio, é crime e gera ódio – o meu, por exemplo. Até a próxima!!!

Como mencionar a colossal trilha de "Conan" sem apresentá-la:



segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Lições que aprendi no Rock in Rio 4

Acabou o Rock in Rio. Podemos seguir nossas vidas normalmente, sem perder madrugadas para admirar o Stevie Wonder, curtir o Coldplay ou rir do Axl Rose. No entanto, um evento de tal proporção não passa sem deixar lições. Eu aprendi algumas.

:: É preciso ser muito adolescente, muito deprimido e/ou muito fã de "Crepúsculo" para ouvir um show inteiro do Evanescence e não sentir um desejo intenso de cortar os pulsos.
:: Não dá para botar a mão no fogo pelo Adam Levine, vocalista do Maroon 5 e dublador do Anderson Silva.

:: Após o show da Shakira, constatei que o Piqué, zagueiro do Barça, não tem do que reclamar na vida.

:: O Slipknot e o System of a Down me ensinaram que sou experiente para entrar nas pancadarias da plateia e sair ileso, mas meu fôlego e minha paciência para isso estão menores.

:: Se o Tico Santa Cruz, do Detonautas, quiser abandonar a música, ele pode ser palestrante motivacional.

:: Dinho Ouro Preto, do Capital Inicial, precisa ser alertado que ele não tem mais 17 anos.

:: Pitty é a Ivete do mundo bizarro.

:: Qualquer artista gringo soa amistoso e simpático falando palavrão e abraçando a nossa bandeira.

:: Assim como as verrugas do Lemy, as sobrancelhas do Samuel Rosa estão criando vida própria.

:: Como bem disse um camarada do Twitter (@reallucianogil), Ke$ha não é a Madonna, não é a Lady Gaga, não é a Britney Spears, não é a mamãe. Então ela é o quê? Um equívoco.

:: Em algum carnaval de anos atrás, Daniela Mercury, diva do axé, decidiu experimentar e colocar música eletrônica no seu trio elétrico. As críticas vieram aos montes. E agora, todo mundo acha que a moçada de camisa preta é preconceituosa porque não aturou axé no Rock in Rio. Irônico, não?

:: Claudia Leittttte chiou, esperneou e bateu pezinho após as críticas à sua apresentação. Alegou que os roqueiros se acham superiores. Quer saber? Cientificamente falando, são mesmo. Olha aqui o link: http://super.abril.com.br/superarquivo/2007/conteudo_503351.shtml.

:: Aprendi que eventos musicais também fazem o povo desfraldar bandeiras do Brasil e dos seus estados. No último dia do evento, vi até uma bandeira do Acre. E olha que eu achava que o Acre fosse uma invenção da Globo para fazer minissérie do grande Chico Mendes.

:: Acompanhar o Rock in Rio lendo o Twitter é uma experiência muito enriquecedora.

:: A memória poética de várias fãs outrora teenagers se acabou diante do Axl Rose mais gordo que o Ronaldo e fantasiado de ( ) O Máskara, ( ) Bob Esponja, ( ) Dick Tracy ou ( ) Cheetos Tubão. Escolha a melhor alternativa.

:: O problema do show dos Ganzeirozes nem foi o Axl fofucho, mas o conjunto da obra: a banda sem brilho, a impressão de cover dele mesmo, o excesso de estrelismo sem justificativa. A título de comparação, coloque Red Hot Chili Peppers e o Guns lado a lado. Ambos são contemporâneos.


PS. Eu conheço o Acre. Foi só uma piada, tá? Já Roraima...


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, hoje aprendemos uma importante lição. O importante é nunca ser "velho" demais para curtir eventos de música ou "garotão" demais para topar qualquer perrengue. Eventos musicais são sempre divertidos, mesmo que você tenha que dividir espaço com outras 99.999 pessoas. Isso não é tão legal. Amiguinho, perfume não é vinho para guardar no armário por anos. Comprou, tem que usar. Até a próxima!!!