quarta-feira, 31 de outubro de 2007

O homem de Itú

Você lembra da Rebeca? Aquela menina que passou uma noite de cão ao lado do Poderoso Thor? Pois ela me apareceu com outra história que merece registro do Surfista Platinado.

Quando Rebeca me ligou às onze da noite, eu sabia que eu teria pauta para escrever.

- Você não tem noção do absurdo que ouvi, querido - ela começou metralhando.

- Calma, Rebeca. Começa pelo começo. Quero saber os detalhes sórdidos.

- Conheci o Ataulfo e o cara parecia o príncipe encantado. Era bonitão, rico, charmoso, hetero, sem filhos... apetitoso. No que eu bati o olho, pensei: esse morre na minha mão.

- Continua.

- Então, ficamos conversando amenidades e ele me chamou para sair. Combinamos um jantar japonês. Querido, você sabe que jantar japonês é sinal de que o cara está investindo na situação. E eu estava louquíssima para ser investida. Eu queria virar sushi, mas torcia para que ele não tivesse pauzinho. Eu pensei nisso, mas nem imaginava o que estava por vir.

- Rebeca, comporte-se.

- Tá bom, tá bom. Desculpa, machão.

- E o Ataulfo?

- Doug, ele estava com tudo a favor. Não precisaria nem suar a camisa, mas ele mandou uma tão ruim, mas tão ruim, que o castelo se desmanchou.

- Mal posso esperar.

- Olha, nem durou muito. Fomos no Tanaka lá do Joá, e assim que sentamos, ele mandou um petardo que me deixou sem reação. Sabe o que ele disse?

- Conta logo, mulher.

Rebeca engrossou a voz.

- "Amor, preciso que você saiba uma coisa. Meu instrumento é imenso, então é difícil achar uma camisinha que caiba. Precisamos parar numa sex-shop para que eu compre uma tamanho GG". Doug, onde eu enfiaria a cara?

Maluco, nunca ouvi coisa igual. Nem nas crônicas da Bibi, vi um malandro disparar uma imbecilidade dessas.

- E você, Rebeca? Fez o quê?

- Assim que recuperei os sentidos depois dessa estupidez, pedi licença para ir ao banheiro, saí do restaurante e peguei um táxi para casa.

- Mandou bem.

- E o Ataulfo?

- Deve estar na sex-shop comprando camisinhas GG para o seu instrumento descomunal.


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinhas, o papo agora é só para vocês. Como é possível que vocês se iludam com as aparências? Coisa de amadora, hein?! He-Man deveria lhe dar umas espadadas no bum-bum (no bom sentido). Não sou expert nas vivências femininas, mas nunca esqueci daquele ditado que dizia "por fora, bela viola. Por dentro, pão bolorento". Antes de qualquer perspectiva positiva, a dica é que você faça um test-drive no papo do rapaz. Bota ele para conjugar o verbo "ser" no pretérito perfeito, pergunta quem descobriu as Américas, verifique se ele sabe a tabuada de multiplicar por sete e outras coisas. Tenha o mínimo de critério intelectual, pelo amor de Deus! Amiguinha, não fale mal das suas coleguinhas pelos cantos. Isso é muito feio. Até a próxima!

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

A fina arte de espantar pretendentes

Adoro jantares românticos. De verdade. Acredito que valorizam as minhas intenções, a dama, o momento etc etc. Enfim, jantares românticos demonstram que você não está para brincadeira. Se bobear, eu curto mais que a própria convidada, que é a razão de ser do evento todo. O engraçado é como certas moças aproveitam esse sagrado momento para esquecer o bom senso na bolsa que ficou em casa. Como assim? Presta atenção.

Sabe quando tudo conspira a favor? O céu estava tão estrelado que faria inveja à cúpula do Planetário da Gávea. A temperatura amena estava adequada a um bom vinho e soprava um ventinho carinhoso. O local escolhido foi o Turino, restaurante discreto e silencioso localizado no deck do Barra Point. Vale a dica aos amigos aqui do Rio.

Peço licença para um lampejo metrossexual, mas vamos à produção:

1. Camisa da sorte, aquela que causa um efeito sobrenatural nas tchutchucas.

2. Polo Ralph Lauren (verde) no cangote.

3. Sapato tinindo.

4. Barba feitinha e unhas cortadas.

5. Banho tomado.

6. Carro limpo e sem quimono fedido no banco de trás (aprendi a lição).

7. CDs afrodisíacos no player (escrevo sobre os discos vem-cá-neguinha qualquer dia desses).

Ah, é hoje!

Teresa, a convidada, fez por merecer a preparação. Além de perfumada, maquiada e com cabelos finamente tratados, ela usava um vestido preto que reconheci da vitrine da Shop126. Tenho memória fotográfica para roupas femininas, especialmente aquelas que me rendem. Enfim, a mocinha estava com a faca e o queijo na mão. E eu estava ansioso para ser fatiado.

Conversa vai, conversa vem, tudo corria na normalidade. Lá pelas tantas, para minha surpresa, a vaca, lépida e faceira, começou tomar o rumo do brejo. E bem antes da sobremesa.

- Preciso te contar uma parada muito louca que aconteceu comigo - ela deu a partida.

- Conte - uma das regras de ouro do cavalheiro é deixar a dama falar à vontade e ouvi-la com atenção. Se ela quiser discorrer sobre elétrons, nêutrons e prótons, deixe-a livre.

- Antes de ontem fui visitar uma cartomante com uma amiga. Você sabe que adoro essas coisas. Sou vidrada em astrologia, tarô, i-ching e tudo do gênero. Qual o seu signo mesmo?

- Gêmeos.

- E ascendente?

- Não faço a menor idéia. Vou pesquisar e depois te conto.

- Faça isso. Então, visitei a cartomante. Ela falou umas coisas muito sinistras, que batiam com minha personalidade. Fiquei bolada.

- Imagino.

- Mas o mais bizarro estava por vir.

- Mal posso esperar.

- Ela disse que vou me casar.

- Mesmo? Que impressionante.

Peraí, isso é bem óbvio. Vou me tornar cartomante e ganhar uma grana fácil.

- Mesmo. Sabe quando? Em fevereiro.

Eita! Estamos em setembro.

- Fevereiro de que ano?

- Ano que vem.

Ai, ai, ai...

- Continua.

- Ela afirmou que vou casar em fevereiro do ano que vem.

- Logo na época do carnaval? Se eu fosse você, devolveria o abadá do Camaleão - não resisti. Preciso tratar esse meu sarcasmo escroto.

- Escuta só o que vem ainda. Ela disse que eu casaria grávida.

Glup.

- Grávida?

- Grávida. Louco, né? E tem mais: serão gêmeos.

- Gêmeos? Ela adiantou o nome do noivo?

- Não. Só adiantou que ele usa óculos.

Aimeudeus!!!!

- Teresa, que história incrível. Você acredita nas previsões da cartomante?

- Claro.

E em duendes? E na Xuxa e os duendes?

- Vamos pedir a conta?

- Já? Estamos nos divertindo tanto.

- Sabe como é. Amanhã acordo cedo.

- Amanhã é sábado.

- Faço ioga. Segundo minha professora, na manhã de sábado o planeta Terra estará alinhado com Saturno e Marte. Isso canaliza uma energia surreal.

Caramba! Fiquei chocado com a minha capacidade de falar uma abobrinha desse naipe. E assim de improviso.

- É mesmo?

- Sério. Garçom, a conta!

Fomos embora e decidi reencontrar Teresa só em março.


***

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Primeiro, amiguinho, reencontre a moça Teresa só em abril. Considere uma margem de erro para a previsão da cigana Zumira. Agora em um contexto geral, recomendo que você relaxe. O mundo está cheio de malucas. Algumas são até divertidas e rendem episódios como esse. Claro que não vale a pena pagar para ver e correr o risco de seguir a profecia dos gêmeos. Ah, e esqueça esse negócio de "camisa da sorte". Se você usar a mesma roupa em todo encontro especial, não há sorte que agüente. Devo confessar que a estratégia do Polo verde é ótima. Se você estiver otimista, borrifa um pouquinho no seu peito. Vai que a noite rende! Amiguinho, só atravesse a rua na faixa de pedestres e espere todos os carros pararem.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Os cavaleiros da távola redonda

Homens e mulheres são diferentes. Isso é tão óbvio quanto o frio do Pólo Norte. O que pega são os detalhes tolinhos que denunciam toda a imensa distância entre as duas naturezas. Não preciso filosofar muito. Basta apontar uma situação corriqueira de domingo à noite.

Fim do filme. Créditos finais na telinha.

Stop. Vídeo Out. Channel. Channel. Channel.

Beleza! Achei.

ELA: O que é isso?

EU: É uma mesa redonda. Aquele ali é o Gérson, o Canhota de Ouro, e aquele outro é o José Carlos Araújo, o Garotinho.

ELA: Hmpf! Achei que Garotinho fosse o ex-governador.

Opa! Sinto o princípio de uma crise.

EU: Não deixa de ser.

ELA: Que programa é esse?

EU: É uma mesa redonda onde a rodada do campeonato brasileiro é debatida.

ELA: Por quê?

EU: Como assim? Porque sim, ué.

ELA: Qual o fundamento?

EU: Bom, eles são especialistas em futebol e eles analisam os jogos e os jogadores. Não tem mistério.

ELA: Pra quê?

EU: Gatinha, você está criando caso por bobagem.

ELA: Juro que não, gatinho. Só quero entender a razão desses programas. Pra mim, mesa redonda é coisa do Rei Artur, Lancelot, Guinevere e tals.

EU: Guinevere não era cavaleira.

ELA: Era a rainha. Ela sempre estava por lá.

EU: Pois é, dando mole pro Lancelot.

ELA: Seu machista!

Ops!

EU: Esquece, eu mudo de canal.

Mudei para outro programa da crônica esportiva.

ELA: Olha só. Outro programa do gênero. Por que as noites de domingo são infestadas por esses programas?

EU: Tem o Fantástico. Quer que eu coloque no Fantástico? Tem a Glória Maria e o Zé Camargo.

ELA: Zeca Camargo.

EU: Quer ver o Fantástico?

ELA: Não, deixa aí no programa da távola redonda.

O silêncio não durou trinta segundos.

ELA: Foi pênalti?

EU: Foi. Claro que foi. Só o safado do juiz não deu. Olha só o totózinho que o atacante tomou no calcanhar. Bandido!

ELA: Assim fica fácil, né?

EU: Como é que é?

ELA: Com 368 câmeras, 485 ângulos diferentes, câmera lenta e efeitos de computador, até eu. Trabalho fácil o desses caras. Quero ver apitar na hora.

Ai, ai, ai.

EU: Não é tão simples assim.

ELA: Tá bom, que seja. Mas, vem cá, mesmo sendo ou não sendo pênalti, que diferença faz a análise desses gênios? O jogo é anulado por que as 2548 câmeras apontaram o erro?

EU: Não, veja bem...

ELA: Por acaso, o juiz assiste o programa e manda todo mundo voltar e cobrar o bendito pênalti?

Vou perder as estribeiras.

EU: Claro que não, pô. Que pergunta!

ELA: Então esses programas da távola redonda não fazem sentido.

Estava perdendo terreno. Chegou a hora de virar o jogo.

EU: E a novela faz?

ELA: O que tem a ver uma coisa com a outra?

EU: E aquelas revistas que você compra? E os sites que tricotam sobre os capítulos?

ELA: O que tem uma coisa a ver com a outra?


EU: Ler o caderno da TV ou os comentários do Leão Lobo vão mudar alguma coisa? A Leila vai deixar de matar a Odete Roittman?

ELA: Péssima essa.

EU: Responde.

ELA: Veja bem, não é bem assim.

EU: Sou todo ouvidos.

ELA: A novela é... tipo assim... é que... olha só...

EU: Sei.

ELA: Não, não sabe, seu pastel!

Hmmm... levantou o tom de voz. Vitória!

EU: Não, não sei.

ELA: Tem outro filme?

EU: Tenho. Qual você quer ver?

ELA: Um de amor.

EU: Fechado.

Eject. Tira o DVD. Coloca o DVD. Eject. Play.

.

***

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Por que essa mania de procurar sarna para se coçar, amiguinho? As mulheres não entendem porque pagamos R$ 150,00 em uma camisa de futebol, mesmo tendo outras três no armário. E daí? Vai dizer que você entende porque elas pagam R$ 100,00 no cabeleireiro para cortar dois dedinhos de cabelo e anunciar "olha, fiquei careca". Cada coisa no seu lugar. Seja flexível e se comporte direitinho ou você ganha um castigo de duas semanas sem playground. Amiguinho, não maltrate os bichinhos. Eles também tem coração. Até a próxima.


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OBS: Aprendi a escrever cabeleireiro. Cabeleireiro, cabeleireiro, cabeleireiro...

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Lado B e Lado A

Quer saber? Vou falar da "Tropa de Elite" também. Todo mundo fala. Todo mundo comenta. Todo mundo repete as frases de efeito na rua. Ninguém mais pode beber um chopp sossegado sem alguém mencionar o Capitão Nascimento.

Mentira, não vou falar de "Tropa de Elite". Mas vou citar a polícia. Melhor dizendo, vou relatar as duas experiências diretas que tive com a polícia e que, de certa forma, apontam para uma das discussões levantadas pelo Zé Padilha.

As situações aconteceram em uma seqüência rápida de tempo.

Mesmo com todas as suas Ipanemas, Copacabanas e Aterros da vida, a Lagoa é a minha paisagem preferida do Rio. Fico abestalhado quando passo pela Borges de Medeiros. Dia ou noite, eu não me contenho em admiração, devoção e...

Trimmmm.

Sinal vermelho, vai ser rapidinho. É só um recado na secretária eletrônica.

Toc, toc, toc.

- Pois não, seu guarda? - baixei o vidro e taquei o celular para qualquer canto.

- O senhor sabe que é proibido atender ao telefone ao volante? - me pegou no flagrante, o danado.

- Mas o sinal está vermelho. Não tem ninguém se movendo.

- Desculpe, mas isso não importa. O motor está ligado e o automóvel se encontra na via pública. Não posso fazer nada além de registrar a multa – sacou o bloquinho e foi até a frente do carro verificar a placa. Olhou, anotou e voltou.

- Faz o seguinte: pára ali no acostamento.

Encostei.

- Olha, o senhor caiu em um artigo grave do código e, além do prejuízo financeiro, será penalizado em uns bons pontos na carteira. Periga até perder a licença.

Fui ficando aterrorizado. Era minha primeira multa, e diante da primeira multa, eu não sabia o que fazer.

- Mas, a gente pode dar um jeito nisso para facilitar a sua vida e o meu trabalho - o PM continuou e eu finalmente entendi aqueles rodeios todos.

Abri a carteira e vi 20 minguados reais.

Ele não vai topar.

- Só tenho 20 pratas.

- Serve. Coloca dentro do documento do carro e passa pra cá.

Filho da...

Passei o trocado e ele fez um sinal para eu seguir adiante. Me orientou para ter mais atenção e me desejou um bom dia.

Mais ou menos, um mês e meio depois, eu estava voltando de um show no Canecão pelo Jardim Botânico. Era tarde, mas ainda havia um movimento na rua. Percebi o sinal vermelho, e atravessei lentamente.

Quando estava chegando perto da Gávea, um motorista de Kombi fez um sinal para mim.

- Ô, um PM te canetou ali atrás. Volta lá e desenrola com ele, amigo.

Agradeci e peguei o retorno do Baixo Gávea.

Como é que eu não percebi um policial embaixo do maldito semáforo.

Ele estava lá, acompanhando o trânsito com a tranqüilidade de um monge. Estacionei o carro na esquina e fui até o policial.

- Boa noite, oficial.

- Boa noite. Não sou oficial. Ainda sou soldado. Em que posso lhe ajudar? - ele me olhou de alto a baixo.

- Eu passei por aqui há alguns minutos e avancei o sinal vermelho. Percebi que o senhor me multou e gostaria de tentar rever essa situação.

Ele esticou o pescoço e olhou o meu carro.

- Sim, anotei a sua placa.

- Pois é, eu gostaria de argumentar que não fiz por mal. Admito que errei, mas não foi por imprudência. Estou voltando do trabalho e exausto. Quero chegar em casa, tomar um banho e dormir.

- Trabalho?

- Sim, trabalho com produção e eu estava no Canecão.

- Show de quem?

- Gilberto Gil.

Ele balançou a cabeça.

- A razão da multa, senhor, é que foi uma falta de respeito avançar o sinal na minha frente.

- Mas a gente pode dar um jeito nisso para facilitar o seu trabalho e a minha vida.

Repeti as mesmas palavras do PM corrupto. O soldado virou-se pra mim e saiu da postura serena.

- O senhor está equivocado. Vou ignorar a sua multa porque eu quero, entendeu? Não por causa do seu dinheiro. Não aceito esse tipo de proposta. Fui claro, senhor?

Uhhhhh, foi um soco direto no fígado.

- Obrigado. Desculpe. Boa noite.

Ele amassou o papel na minha frente e colocou no bolso da calça. Saí miudinho e com vergonha de mim.

Em um curto espaço de tempo, eu me defrontei com dois opostos da mesma instituição. O bom e o mal dentro da mesma farda e com a mesma autoridade. Testemunhei a humildade de reconhecer a baixa patente diante de um leigo e a astúcia retórica de conduzir a conversa até a extorsão. Já dizia o Tio Ben, grandes poderes trazem grandes responsabilidades. Sobre o mesmo tema, Abraham Lincoln foi mais direto: "se quiser pôr a prova o caráter de um homem, dê-lhe poder".

***

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Lembre-se, amiguinho, pessoas vêm e vão, mas as instituições ficam. O que repercute pelo tempo é a marca que essas pessoas deixaram. Então, saiba que onde há o bem, também há o mal, pois a ambigüidade é natural ao homem. Fazer o quê? Culpar Deus pelo livre arbítrio? Acho que não. Seja crítico do que está ao seu redor, mas evite se resumir a palavras. Você pode bem mais que isso. Aja!

Já que você não falou de "Tropa de Elite" diretamente, o He-Man pode contar uma breve historinha para descontrair? Pode, né, Surfista? Então, tá. O Homem mais Forte do Universo estava nas Lojas Americanas escolhendo DVDs. Essa seção ficava perto das fantasias de Halloween. Enquanto o He-Man escolhia um filme, duas crianças, oito ou nove anos, brincavam com as fantasias.

"Olha, eu sou o diabo e vim te pegar", gritou um garoto

"E eu sou o BOPE. Vem pegar, vem", respondeu o outro.

He-Man responde! #4

BIBI PERGUNTA:

Ai que eu tô super a fim de fazer uma pergunta. He-Man, pq depois que eu pintei o cabelo de loiro passei a ser super mais assediada? Será que tem a ver com o fetiche dos bofes da minha idade pela She-ra e Xuxa, na infância? Beijotchaumeresponde!


HE-MAN RESPONDE!
Querida Bibi, além de ser pau pra toda obra, o valoroso He-Man também atua nas atividades de encher lingüiça do blog e entreter o público nos intervalos das aventuras. Bom, sobre a sua pergunta, adianto que você ficaria bonita com qualquer variação na escala pantone capilar. No entanto, o maior assédio devido aos cabelos loiros é cientificamente explicado. Segundo uma pesquisa da Universidade de St. Andrews, as mulheres das cavernas desenvolveram uma mutação evolutiva para os olhos azuis e cabelos loiros visando chamar a atenção dos poucos machos que sobreviviam às caçadas e aos ataques de predadores. O estudo está aqui, ó.

Por outro lado, Genésio, trocador de ônibus e beque do São Cristóvão, afirma que loira é mais style, pois dá status social. Nas esferas sociais mais baixas, a predominância é da pele morena ou negra. Por essa razão, pagodeiros, lutadores de boxe e jogadores de futebol desfilam com loiraças popozudas para legitimizar a ascensão social e tirar onda com os camaradas. No fim das contas, você não deve se preocupar em manter a cabeleira amarela. Já reparou como os gringos loiros que chegam no Rio ficam babando pelas mulatas?

terça-feira, 16 de outubro de 2007

He-Man responde! #3

PIERKASKY PERGUNTA.

Tenho uma pergunta para o He-man:

No ano de 2005 o Clube de Regatas do Flamengo contratou dois supostos reforços, Fabiano para a zaga e Marcos Denner para o ataque.

Depois de alguns jogos se tornou publico e notório que Marcos Denner, apesar do nome lembrar o famoso jogador ja falecido, era incapaz de acertar um drible sequer! Ao passo que Fabiano era incapaz de roubar uma unica bola do adversário.

Então se faz a pergunta: No treino a tarde a bola sobre livre para marcos denner, que corre sozinho em direção ao gol, entre ele e o goleiro apenas ele.. Fabiano.

Nessa hora o que acontece? Fabiano rouba a bola, ou Marcos Denner acerta o drible?

Talvez a resposta dessa pergunta nos remeta ao paradoxo do Gato com a Torrada com manteiga presa as costas!

Espero um luz para desvendar esse enigma do universo, talvez He-man tenha que consultar a Feiticeira!




HE-MAN RESPONDE!
Amiguinho, essa foi uma pergunta digna da sabedoria milenar de He-Man. Você está de parabéns. Enfim, deixemos de rasgação de seda e vamos à solução do seu problema. Você usa o nome de um polonês que jogou no Flamengo em 1997. O cara era meia e o Renato Gaúcho (em fim de carreira) era atacante. Tempos difíceis... Talvez só não fossem piores que 2005, quando time-base que iniciou a temporada era Diego; China, Junior Baiano, Fabiano e Andre Santos; Da Silva, Júnior, Ibson e Zinho; Dimba e Marcos Denner. Sentiu o drama?

Então, se o inapto Marcos Denner partir para o ataque diante do inoperante Fabiano, teremos um cataclisma no tempo e no espaço. Os dois serão repelidos por um campo de força invisível e intransponível ao redor da bola. Marcos Denner e Fabiano serão atravessados pela sua realidade e remetidos àquele teste vocacional que fraudaram na adolescência. Perceberão que em algum lugar, um excelente defensor é motorista de ônibus e um atacante fabuloso trabalha como vendedor de biscoito Globo.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Caixinha de surpresas

Ah, o que seria de nosso presente sem os carnavais negros do passado? Cada um de nós tem pelo menos uma lembrança sórdida de uma folia em Salvador, Ouro Preto, Diamantina, Búzios, Cabo Frio, Rio de Janeiro, Maresias ou qualquer outro foco das festividades momescas.

Em uma animada rodada de chopp no Cervantes, Felisberto me presenteou com uma história que não pude deixar passar assim gratuitamente. Que venha o flashback:

OURO PRETO, ANOS ATRÁS...


Era madrugada de carnaval e nessa altura do campeonato, Felisberto estava facinho, facinho.

Um detalhe óbvio, porém engraçado, da natureza caçadora masculina é que quanto maior o nível de álcool no organismo, menor será o critério na seleção da caça. Depois de sete horas de blocos com Skol liberada e provas da lendária cachaça mineira, qualquer moça bem mais-ou-menos estava no nível da Michelle Pfeiffer.

Eu usei a Michelle Pfeiffer como exemplo? Putz, eu estou ficando velho.

Felisberto fez a avaliação do terreno e definiu seu alvo. Assim de longe, ela até parecia bonitinha. Tinha um corpinho legal e preenchia os requisitos básicos da presa ideal. Quando sorriu de volta e mostrou que tinha pelo menos 90% da arcada dentária, Felisberto não titubeou.

- É tu mesmo! - e se aproximou da mocinha.

Assim de pertinho, ele percebeu que ela não era tão bonitinha assim. O corpinho seria legal se não fosse por alguns bons quilogramas extras. O sorriso ainda estava salvando a pátria.

Enquanto ia passando a lábia carioca na mineirinha, a sobriedade ia retornando e a consciência aumentava assustadoramente. O pior inimigo do caçador é a consciência.

Diante de dilemas morais e estéticos, Felisberto precisava tomar uma medida drástica: arrastar a tchutchuca para a pousada ou abortar a missão.

- Gatinha, vamos conversar ali no meu quarto. Aqui está a maior barulheira.

Impressionante como o argumento pouco varia. Desde quanto alguém topa ir conversar no quarto de outra pessoa em pleno carnaval? Se ele dissesse "Gatinha, vamos jogar pôquer ali no meu quarto" o efeito embromatório seria o mesmo. O pior é que as meninas se fazem de bobas e respondem:

- Claro!

E lá foram os dois em busca do amasso perfeito. Daqui para frente, a história de Felisberto toma ares de tragédia. Quer dizer, tragédia para ele, porque para mim e todos os demais seres sem escrúpulos, será uma comédia sensacional.

O amasso começou nas escadarias da pousada e foi esquentando. Já entre quatro paredes, sabe-se lá o porquê, Felisberto lembrou-se de que não perguntara o nome da sua vítima.

- Meu amorzinho, qual é mesmo o seu nome?

- Glaulycione.

E eis que a desgraçada da sobriedade atacou. Lá das profundezas do seu ser, veio a dúvida:

"Isso é nome de taveco? Sim, isso é nome de traveco"

Felisberto parou. Ela não.

- O que foi, gostosão?

- Nada.

O folião resolveu ir adiante para checar até que ponto devia acreditar na sua mente. Fez o teste manual e tudo parecia original de fábrica.

"Sei não, esses travecos fazem mágica com sua anatomia"

Enquanto despia a moça, Felisberto avaliava os sinais e fazia um checklist mental:

Tem gogó? Negativo.

Tem perna cabeluda? Negativo.

Tem voz grossa? Negativo.

Tem barba? Negativo.

Tem peitos de silicone? Aparentemente, negativo.

Tem celulite? Positivo.

Tem estrias? Positivo.


A análise indicava que a criatura era fêmea, mas ainda faltava a prova definitiva: a calcinha.

- Espera um minutinho, gostosão. Preciso te contar uma coisa.

A temperatura do sangue de Felisberto foi lá no 0ºC. Que papo era aquele de revelação na hora do pênalti?

- O que tu tem pra me revelar, Glau... Glau... como é mesmo?

- Glaulycione.

- Isso mesmo. Que conversa é essa?

Na cabeça de Felisberto, só vinha a imagem de uma imeeeensa descoberta sob aquela calcinha.

- É que eu sou...

Felisberto levantou já vestindo a bermuda. Era tanta adrenalina que sentiu-se tão sóbrio quanto o dia em que nasceu.

- Sou quase virgem.

"Eita! O que seria 'quase virgem'? Nunca vi um quase aposentado ou um quase gay. Certas situações dispensam o quase", pensou.

- Então você é mulher?

- Claro que sou? Que pergunta idiota - Glaulycione sentiu-se ofendida (com razão). Pegou suas roupas e foi embora.

Os primeiros raios do sol de Ouro Preto já despontavam na janela e Felisberto continuava sentado na cama. Sua mente era um dilema só:

- O que seria uma quase virgem?


***

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinho folião, sua história deixou o He-Man encabulado. E olha que isso é incomum. Vou tentar aliviar a sua barra com uma analogia de futebol: dizem que não existe gol feio. Feio é não fazer gol. Mas, lembre-se: certos gols podem ser feitos longe de tudo e de todos, especialmente, da sua consciência. Você nunca sabe quando poderá ser filmado pelo Band Folia e ser um barangueiro reconhecido nacionalmente. Seja prudente e vai fundo. Amiguinho, não coma doces antes das refeições, pois estraga seu apetite. Reserve as guloseimas para a sobremesa. Até a próxima!

He-Man responde! #2

VULGO DUDU PERGUNTA.


Eu tenho uma pergunta para o He-Man: por que só houve uma vez, em toda a história dos desenhos animados, em que ele encontrou a She-Ra? Todo mundo gostava de ver os irmãos unidos lutando contra o mal. E mais uma: numa porradaria, quem ganharia: Esqueleto ou Zordak?



HE-MAN RESPONDE!
Eu sou muito mais maneiro que a She-Ra, isso é fato. No entanto, ainda era preciso atingir o público feminino, pois meu desenho era mais visto pelos guris. Sendo assim decidiram contar as aventuras da minha irmã, retratada como uma Barbie anabolizada. Só tivemos um encontro porque os dois desenhos foram cancelados logo depois.
.
Sobre a segunda pergunta: o nome é Hordak, entendeu, amiguinho inculto? Os dois são patos para o bom e velho He-man, mas eu apostaria minhas fichas no Esqueleto, pois ele tem uma gargalhada mais malévola, tem o cajado do bode diabólico, dá uns pegas na Maligna e não usa o morcego do Batman no peito.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Tapete vermelho

Há muito tempo, eu li textos do Vinicius de Moraes sobre alguns festivais de cinema da Europa. Foi muito interessante conferir um dos maiores (e mais mulherengos) poetas brasileiros na pele de um mero repórter de caderno de cultura. Pois eu também tive meu momento de Vinicius de Moraes. Não como poeta, evidente, mas como olhos e ouvidos do Portal Terra no Festival do Rio 2004.

Não sou deslumbrado com esses famosos. Vai ser moleza!

Bom, não era Cannes, mas o Rio também quis mostrar glamour. A noite de estréia estava movimentadíssima. Tinha tapete vermelho, cinema Odeon lotado, tietes, jornalista buscando aquele depoimento exclusivo e uma cacetada de fotógrafos querendo registrar a calcinha de alguma famosa. Logo na primeira hora, senti que eu teria problemas. Não acompanho novelas, evito TV no domingo, só leio Caras em sala de espera de médico e nem sei se a Contigo ainda existe. Então, quem eram aquelas pessoas no tapete vermelho?

- Rapaz, descola algumas fofocas sobre os famosetes! - era a orientação da minha editora, gente boníssima, por sinal.

Peraí, e o cinema? E os filmes maneiros? Os diretores gringos que iriam dar as caras no Rio? Vou burlar a regra.

E seguia a questão:

Quem eram aquelas pessoas no tapete vermelho?

No perrengue, defini uma estratégia para descobrir quem é quem: colei no meu fotógrafo, que conhecia Deus e o mundo.

- Quem é aquele ali que está sendo cercado pelos repórteres? - perguntei sem qualquer vergonha.

- É o cara do “Acorrentados” - respondeu de bate-e-pronto.

- Isso é um filme?

- Não, é um quadro do programa do Luciano Huck.

- Na boa, não vou entrevistar um participante de um quadro do Luciano Huck. Quem é o próximo?

- Tem ali a ex-namorada do Rodrigo Santoro.

- Tá de sacanagem? Vou colocar nos créditos “ex-namorada do Rodrigo Santoro”? Pula essa.

- Olha o próprio Santoro chegando! - avisou e correu. Parecia um arrastão de fotógrafos, cinegrafistas, repórteres, parasitas, alpinistas sociais, papagaios de pirata etc etc.

Pergunta se consegui falar com o sujeito? É ruim, hein!

De repente, o Antonio Fagundes apareceu. Ouvi falar que ele é um nojo. Fui lá conferir. Simpatizei com o malandro logo de cara. Todo mundo embecado e ele usava jeans, tênis e uma camisa xexelenta. E olha que era o lançamento nacional do filme dele, “A Dona da História”. Conversou comigo na maior boa vontade. Dali para frente, eu não deixo ninguém falar mal do Fagundes na minha frente.

Em um cantinho do Odeon, identifiquei um rosto conhecido.

- Fernanda, posso ter uma palavrinha com você? - que Fernanda? Que Fernanda? Ora, FERNANDA LIMA, belíssima na telinha e mais ainda ao vivo. Usava um decote monumental e aquele sotaque era de enlouquecer....

- Claro - sensacional! Além de deslumbrante, era atenciosa.

Controle! Respira e inspira. Respira e inspira. Nada de babar.

Fiz lá umas perguntinhas básicas sobre o Festival, projetos futuros, blábláblá. O que me interessava era o decote.

- Você é linda - falei na maior cara-de-jacarandá. Quando eu teria a oportunidade de dizer isso para a própria Fernanda Lima?

- Obrigada - sorriu com cortesia. Sei lá quantas vezes por dia essa menina deve ouvir esse gracejo.

Não olha! Não olha! NÃO OLHA!

Era trabalho, mas era diversão. Olhei para o decote, sim. Ela percebeu e nem esquentou.

Não é que esse negócio de repórter de cinema é divertido. Melhor que meus tempos de repórter musical.

E lá fomos, eu e o fotógrafo, para o próximo famosete.

Essa busca por gente conhecida me rendeu dois momentos dignos de nota. Vamos ao primeiro.

Depois de um tempinho, eu me vendi ao sistema. Nos dias seguintes, conversei com ex-BBBs, capas da Playboy, atrizes-modelos de “Malhação” e uma bateria de gente que nunca vi mais gorda. Em compensação, bati papos ótimos com o Hugo Carvana, Domigos de Oliveira (quando entendia o que ele dizia), José Wilker, Aílton Graça, Fernando Meirelles, Patrícia Pillar e Wagner Moura (com sotaque arretado), entre outras figuras legais.

A melhor de todas foi a Marieta Severo, ainda na noite de abertura do Festival. Depois da projeção de “A Dona da História”, driblei os jornalistas de Rede TV! fui arriscar uma entrevista com ela.

- Parabéns pelo filme, Marieta - comecei.

- Obrigada, você gostou?

Caramba, uma das atrizes mais respeitadas e talentosas da cultura brasileira perguntou se eu, um moleque de 26 anos, gostei do filme dela. E perguntou com interesse, sem fazer média. Putz, achei fraquinho o raio do filme, mas eu não poderia dizer isso. Também não mentiria. E agora?

- Você está maravilhosa em todos os momentos.

Ela sorriu e me deu uma baita entrevista, dentro das condições que tínhamos.

O segundo momento foi em um fim de noite após dois filmes seguidos e várias entrevistas.

- Editora, é quase meia-noite. Fechou minha cota do dia?

- Ah, Douglas, ainda não. Queria que você desse um pulinho lá na estréia do filme do Metallica. A sessão começa na madrugada. Vê se tem algum roqueiro famoso lá.

Ai, ai, ai...

E lá fomos nós, o fotógrafo e eu, para Botafogo em busca de cabeludos da mídia.

Chegamos e o saguão do cinema estava vazio. O filme já tinha começado. Perguntei ao bilheteiro se algum rockstar havia dado as caras.

- Nenhum. Outros repórteres já foram embora.

E agora?

Nesse instante, vejo na calçada três transeuntes de preto e jeitão de fãs do Metallica. Olha que preconceito o meu. Só por estarem vestindo roupas negras, eles tinha cara de metaleiros. Eu gosto de rock pesado e não me visto como uma viúva recente. Pensamento antiquado!

Bom, hora de improvisar.

- Ô, vocês aí! - expliquei a situaçao e pedi para posarem ao lado do pôster da banda. Eles relutaram um pouco, mas usei o argumento de que eles teriam destaque no Portal Terra. Acendi o ego do trio e eles acabaram topando. Todo mundo quer ter seu pedacinho na pizza da fama.

No dia seguinte, o Terra publicou: "fãs comparecem ao lançamento do filme do Metallica".

- Doug, como está o trabalho? - me telefonou a editora lá de Sampa.

- Coisa de cinema, chefa. Coisa de cinema.

E só pra constar: não consegui registrar nenhuma fofoca ou babado das celebridades. Desculpa, editora. Foi de propósito.


PS. Para quem quiser conferir as resenhas de cinema do Vinicius, clique aqui.


***


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Vamos começar filosofando: muito antigamente, as meninas queriam ficar bonitas para desfilar na praia de Ipanema e, quiçá, ser comparadas ou vistas perto da Leila Diniz. Hoje, o barato é ser “artista de novela”. Aí, amiguinho, é uma erupção de famosos instantâneos, marombados, siliconadas e embarrigadas. Parece que eles se multiplicam na água. Isso é bom para sustentar o emprego do Décio Piccinini, Leão Lobo, Sônia Abrão e outros, mas enchem um pouco o saco. Amiguinho, quando magoar um coleguinha, seja humilde e peça desculpas.

He-Man responde! #1

O NOIVO PERGUNTA.

Tenho uma pergunta pro He-Man: Se o Pateta é um cachorro, por que o Pluto não fala? Essa, nem o Marcelo Madureira e o Artur Dapieve, no GNT, decifraram.


HE-MAN RESPONDE!
Amiguinho, sua pergunta começou mal. Esse tom de afronta não vai lhe levar a lugar algum. Como comparar o Homem mais Forte do Universo a Madureiras e Dapieves da vida? Bom, relevo sua petulância e vamos ao que interessa. Segundo o site oficial da Disney, Pateta foi criado com aspectos humanos, enquanto o Pluto seguiu uma linha de animal de estimação. A pergunta mais relevante seria: sendo o Pateta um cachorro, como ele namora a Clarabela, que é uma vaca? Aliás, essa é fácil, né? Vacas se amarram em cachorros.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Deixa minha barba em paz

Um dito popular bem surrado diz que "se barba fosse sinal de respeito, bode não teria chifres". Concordo, em parte. Barba é estilo, mas não dá status nenhum. Até concordo que serve como referência pejorativa. No auge de sua histeria, Heloísa Helena chamava o Presidente Lula de sapo barbudo. Cadê o tal do respeito com os pêlos faciais do sujeito?

Nunca ousei adotar o visual Los Hermanos porque não tenho uma relva facial uniforme. Minha barba tem mais buracos que a defesa da seleção do Congo, mas, particularmente, gosto quando está na fase "por fazer". Uma ex-namorada reclamava quando ela estava nesse estágio de crescimento.

- Você não vai fazer a barba, não? – ela perguntava. Aliás, isso não era pergunta. Já era uma intimação a sacar o Mach 3 e fazer a terraplanagem no rosto.

Eu, bobão, ainda tentava argumentar.

- Você não acha que fica charmoso?

- As outras menininhas podem até achar, mas eu não. Além do mais, isso pinica.

- Depois eu faço.

- Tudo bem. Enquanto você não fizer a barba, eu também não faço.

Monga, a Mulher Gorila dá calafrios!

Com o argumento Claudia Ohana, nada mais justo que o fim de discussão.

O que me deixava chateado era que barba-por-fazer sempre foi um desejo dos tempos de garoto. Quando minha carinha era mais lisa que porcelana, eu olhava o Mickey Rourke nos tempos de "Orquídea Selvagem" e me remoia de inveja.

Anos atrás, fui convidado para uma festa de formatura, mas com a correria do cotidiano, esqueci de fazer a barba. Botei o terno e corri para não perder a hora. Minha mãe estava no evento e fuzilou:

- Meu filho, você não tem vergonha dessa barba?

- Não.

Festas de formatura são uma chatice. A diversão só começa depois de duas ou três horas de birita. Os familiares (leia-se papai, mamãe, vovô, titia solteira, titio lá de Rondônia) se cansam daquela burocracia cerimonial e vão embora. Sinal verde para os formandos se sentirem livres para fazer valer o investimento de meses e encher a lata. Aí sim, o baile engrena.

Como a festa não era minha, eu já estava em atividade etílica desde cedo. Queimei a largada e quando todo mundo começou a ficar animado, eu já estava com as turbinas ligadas há tempos.

No meio da pista de dança, eu vi uma das formandas dançando sozinha com uma taça de prosseco na mão. Mulheres vestidas para festas de gala são arrasadoras. Aliás, uma mulher bem vestida para qualquer tipo de ocasião é um deslumbre. Mas, psiu, não deixa que elas saibam disso, não.

Acompanhei todos os seus movimentos e quando, pelas minhas contas, ela virou a terceira taça de prosseco, eu parti para o ataque. Fui que nem um míssil teleguiado. A tática foi aproveitar o som alto e falar ao pé do ouvido da moça. Perdi o senso de direção e fui quase na jugular da criança.

- Qual é o seu nome? - sussurrei com os lábios coladinhos na orelha dela.

- Você não fez a barba? - imagina o meu susto. Ela nem respondeu e já lançou essa bomba.

- Não. Por quê?

- Ficou bonito.

Vitória, afinal!

Mickey Rourke ficou no chinelo.


***


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinho, quando o Reynaldo Gianechini esquece o prestobarba por alguns dias é cool. Se você ficar um dia sem fazer a barba, é sinal de sujeira ou preguiça. Então, meu caro, relaxa quanto à aceitação. Mas, lembre-se, seu público-alvo é que define se o visual náufrago vale a pena ou não. Se ela gostar de roçar sua pele de bebê nos seus pêlos faciais, seja feliz e aproveite. No entanto, se sua primeira-dama sente alergia à sua pseudo-barba, é bom você manter o rostinho lisinho. Não esqueça de escovar os dentes após as refeições. Até a próxima!

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Estranhas demonstrações de carinho

Ultimamente, tenho escrito aventuras longas. Dessa vez, optei por um depoimento rapidinho, tipo curta-metragem. Parece piada, mas não é. Ah, e dessa vez quero Ibope, quero bombar nas pesquisas do Google. Vou falar sobre safadezas.

Como a maioria das minhas histórias, tudo começou com os três elementos fundamentais da convivência saudável: cerveja gelada, boa companhia e a língua solta. Na verdade, já passava da meia-noite e tanto eu quanto minhas três queridas amigas estávamos quase virando abóbora. Na verdade, a meia-noite já tinha passado há muito tempo.

Enfim, depois de algumas horas regadas ao bom suco de cevada, só os fortes sobrevivem. E como o trio de beldades não tinha a minha resistência, a qual me orgulho muito, só me restou aproveitar.

Verdade seja dita, a bebida é um revelador natural. Depois de umas e outras, a verdade vem à tona e, com jeitinho, você arranca informações preciosas. Claro que isso não funciona em todos os casos, senão todo julgamento seria no bar da esquina e o réu embiritado até o talo.

Você jura dizer a verdade, somente a verdade e nada mais que a verdade em nome do Jack Daniel’s?

Depois de um empurrãozinho, a conversa migrou para a sacanagem. Aliás, nem seria preciso embebedar minhas amigas para levantar essa bola. Esse assunto é o preferido em qualquer reunião social. Depois de discutir as preferências sobre estar por cima ou por baixo, amassos calientes na escadaria do prédio e outras saliências, a alça de mira virou-se para o sexo oral. Minhas três parcerias de mesa estavam entregando tudinho, tudinho. Minha intenção era deixá-las animadas para uma posterior investida.

Manobra Discovery Channel: o mais fraco da manada fica para trás e vira lanche do leão!

Chegou a hora de chutar o pau da barraca.

- Quero saber uma coisa de vocês, minhas flores. Na hora do vamo-ver, vocês cospem ou engolem?

- Eca, cuspo, quer dizer, nem deixo chegar a esse ponto - Janete, morena de olhos cor de ágatas, coxas esculpidas na lambaeróbica e lábios convidativos, declarou sem pestanejar.

- Cuspo, claro - Mirela foi na aba. Visualize: cabelos coloridos, narizinho empinado e uma leve barriguinha de cervejeira. Mirela não era amadora na arte da manguaça.

Arlete ficou em silêncio. Seus olhos negros fitavam cada um de nós enquanto ela mordia os lábios. Ela tinha cabelos loiros com franjas de menininha e corpo de nadadora. Cada ombrão!

- Então você engole? – Janete quebrou o silêncio da espera.

Pausa e momento de ansiedade.

- Depende do cara.

Eita! Isso seria bom ou ruim? Sei lá. Talvez valha mais que uma declaração de amor.


***

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinho, lembre-se que a Manobra Discovery Channel é sempre arriscada. Você, todo se achando, pode passar de leão a gnu em dois tempos. Normalmente, esse ataque só funciona quando você tem o feeling de que seus alvos ainda são calouras na faculdade de cachaça. Se bem que esse negócio de especular é complicado. O único sujeito que realmente se deu bem com Feelings foi o Morris Albert, aquele cantor surgido na virada dos anos 1970 para os 1980 - clássico exemplo de one-hit-wonder. Amiguinho, seus livros são grandes companheiros. Trate-os com carinho. Até a próxima!
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OBSERVAÇÃO DO HE-MAN: Você tem dúvidas? Quer saber mais que a Moral da História? Lance suas perguntas que o He-Man responde. Um marco da interatividade entre o Homem Mais Forte do Universo e seus leitores.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Ataque soviético

Uma das maiores certezas da vida é a influência do inevitável. Aquele fator que ninguém espera, mas acaba acontecendo. Depois de um tempo, ele vira lição, mas na hora pode ser um Deus-nos-acuda ou um motivo de risos. Nesse "causo", foi ambos.

Rebeca me ligou com três dias de antecedência.

- Acho que vou tirar o pé do brejo, Doug. Conheci um descendente de noruegueses alto, forte, gostoso, cabelos loiros compridos. Um deus escandinavo, querido. Eu pedi e Papai do Céu me atendeu.

Eu queria saber o porque as minhas amigas cismam em me contar suas peripécias afetivas. Acho que nunca deixei claro para a Rebeca que não tenho a menor vocação para cabeleireiro.

- É o Poderoso Thor.

- Pois é, espero que o que falte em martelo seja abundante em...

- REBECA! - que abuso. Qual é? Cadê o bom senso na hora dos comentários sórdidos?

Quatro dias depois, convidei a menina para um suco pós-praia no Jungle Juice, lá na Barra. Ela topou e me presenteou com uma história espetacular. Acionei os ouvidos do Surfista Platinado e registrei cada vírgula.

- Cara, fiz um produção de primeira para o Thor, quero dizer, Irineu. Comprei uma calça nova, uma blusinha matadora, enfim, me empetequei toda. Eu estava um arraso, menino. Combinamos de ir a um dos quiosques da Lagoa.

- Boa escolha a do Irineu.

- Pois é, poucas horas antes, ele me avisou que gostaria de levar um casal de amigos, pois o cara precisava de uma força com a pretendente nova. Achei meio esquisito, mas vá lá... Chegamos primeiro e ficamos conversando. Rapaz, Irineu até que tinha bom papo. Cara articulado, mas gesticulava uma grandeza. Parecia um italiano. Numa das gesticuladas, esbarrou na tulipa e chuáááá. Nem Bruce Lee se esquivaria tão rápido. Respingou um pouco na minha calça nova, mas deu para salvar. Brotou um garçom com esfregão, pano, flanela e o escambau.

- Putz, que chato - coitado do Irineu.

- Pois é, ele ficou desnorteado. Pensei comigo "tadinho, está nervoso. Vou dar uma colher de chá para ele".

- Fez bem.

- Calma que você não sabe nada ainda.

Ai, ai, ai...

- Irineu correu atrás do prejuízo e mostrou poder de reação. Eu já tinha até esquecido do chopp voador. Quase duas horas depois, o casal de amigos dele chegou. O cara era até bonitinho e a mulher tinha peitos do tamanho de melancias. Ela usava um vestido preto ultra-mega-justo, daqueles que anunciam em néon: minha dona é uma devassa!

- Ficou com ciúme, garota?

- Nem tive tempo. Agora olha que surreal, quando o miserável do Irineu levantou para cumprimentar os dois: chuáááááá. Outra tulipa voou. Dessa vez, eu não estava mais com os reflexos do Bruce Lee e minha belíssima calça nova ficou encharcada de cerveja.

- Caramba, Rebeca. Tá de sacanagem? - eu estava hipnotizado pela história e morrendo de vergonha pelo Irineu, o deus nórdico estabanado.

- Fui ao banheiro para xingar o desgraçado de todos os palavrões que eu conhecia em ordem alfabética. Voltei furiosa e disposta a ir embora. Que se dane o Thor. Eu iria voltar para o brejo. O amigo gatinho dele pediu para eu ficar, a cavala de vestido colado também. O próprio Irineu pediu mais uma chance. Queria ir embora, mas fiquei. Quando fico bêbada, fico altamente sensível e influenciável.

- Conta mais, Rebeca.

- Ah, mas agora é que fica bom. Eu estava bêbada, molhada e fedendo a Brahma, mas meu último neurônio sóbrio captou a cachorrona toda sorridente para o Irineu. Olha que vagabunda! Dando mole para o meu débil-mental desastrado! Piranha safada, escrota e fura-olho. Com meu debilóide, não!

Eu já estava sem me controlar de tanto rir.

- Peraí, peraí... o ápice da cachorrice dela foi levantar e sei lá por qual razão se curvar sobre a mesa. Os peitos siliconados quase pularam do vestido da Gang. Irineu tomou um susto. E me diz o que aconteceu quando o desmiolado se assustou?

Chuááááááááááá!

- Caraca, maluco! Três banhos na mesma noite deve ser um fato inédito. O desgraçado me tirou do sério. Desci da minha belíssima sandália Nativa e descasquei. "Você não tem coordenação motora, seu retardado? Olha o que você fez comigo!". Dei escândalo digno de vilã da novela das oito.

Nessa altura do campeonato, tinha gente das mesas ao lado espichando as orelhas para ouvir a surreal aventura de Rebeca.

- Doug, peguei minha bolsa e levantei. A cachorrona se ofereceu para ir comigo ao banheiro. Mandei ela catar coquinho, mas a vadia me acompanhou assim mesmo. Saí soltando fogo e quase atropelei os garçons que tentavam me ajudar. Fiquei quase sóbria.

- E aí?

- No banheiro, descobri o nome da sirigaita: Pâmela Suely. Vê se isso é nome de mulher séria.

Palavras da Rebeca. Não tenho nada a ver com isso.

- Pâmela Suely continuou tentando me acalmar. Quanto mais ela falava, mais irada eu ficava. De repente, ela mandou: "tão linda e gostosinha assim, não pode ficar brava por bobagem". Pára, tudo, Doug. Pára tudo! Fiquei triplamente sóbria. Senti meus neurônios se estapeando para que todos acordassem e soassem o alerta máximo. A cachorrona de peitões estava me cantando no banheiro. Olhei para ela com meus olhos deste tamanhão. "Linda, eu preciso te confessar que gosto de meninas e meninos. Eu estava tentando chamar a sua atenção, mas nada".

- Então era pra você que ela estava toda risonha?

- Você ri? Foi a hora de respirar fundo e buscar todo o sangue frio que eu tive ou terei em minha vida. "Pâmela Suely, não rola!". Saí pensando com meus botões: "Irineu, seu filho de uma égua. Socorro!". Saí sem olhar para trás.

- Ele te ligou de novo?

- Você está louco? Deletei o Irineu do meu Orkut. Nunca mais.

Bravo, Poderoso Thor!


***

OBSERVAÇÃO DO SURFISTA: Vamos deixar uma coisa bem clara: eu não sou o Irineu e tampouco estou usando o artifício do "olha, tenho um amigo que se excita com o corpo besuntado de pasta de amendoim". Nada disso!

***

QUAL A MORA DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinho, em todos os momentos de sua linda vida lembre-se que nada está ruim o suficiente para não poder piorar. Quando você perceber que tudo está indo pela vala, tire o time de campo urgentemente. Murphy está no recinto e trouxe a família inteira. Agora, para evitar futuros vexames: evite movimentos bruscos, cuidado com tulipas de chopp (lugares românticos costumam ter mesas pequenas para um clima mais intimista), segura a onda na bebedeira e certifique-se sobre o perfil de terceiros que farão parte da programação. Double-date só funciona quando os quatro se conhecem e estão em comum acordo. Amiguinha, deixe de ser preconceituosa. Dentro de uma calça Gang, 250ml de silicone e de um mini-top PXC também bate um coração. Amiguinhos, não deixe para estudar apenas na véspera da prova. Até a próxima!