quarta-feira, 22 de maio de 2013

Super-Angelina em ação

Angelina Jolie tinha tudo para ser apenas mais um sex-symbol. Sem muito esforço, ela já cumpre todos os pré-requisitos para a posição: gostosíssima, charmosa, olhos expressivos, personalidade e os lábios mais deliciosos da raça humana. Pronto. Não precisaria fazer mais nada para faturar os seus milhões de dólares, animar os banhos de adolescentes tarados e preencher as páginas de revistas de fofocas. Só que a patroa do Brad Pitt quebrou o protocolo e desceu do pedestal. Angelina se humanizou.

Entre um filme e outro, Angelina teve a audácia de se envolver em temas mundanos. A atriz se embrenhou em cafundós africanos, levantou bandeiras políticas e correu o Terceiro Mundo se envolvendo em causas humanitárias.Ficou ainda mais influente e assumiu o cargo de embaixadora da ONU, matando de inveja muitas musas de porcelana. E não parou por aí. Nas suas viagens, ela poderia trazer um postal ou um imã de geladeira, mas levou para casa bebês  de várias nacionalidades e etnias. Angelina praticamente criou a versão baby dos Black Eyed Peas.

E quanto todo mundo imaginava que a filha do Jon Voight já tinha aprontado todas as suas (belas) presepadas, eis que ela vem a público e declara fez uma dupla mastectomia para reduzir as chances de ter um câncer de mama. Até então, eu nem sabia o que significava a palavra “mastectomia”. Descobri e fiquei estarrecido.

Carajo, rapaz! Angelina Jolie arrancou os peitos. Minha namorada fica bolada quando corta a franja, imagina decepar as tetas.

Pois é, pensei assim mesmo. Minha musa tirou os seios que já deram de mamar a seis filhos e alguns maridos. Rapidinho, algumas figuras sugeriram um golpe da Angelina para aparecer. Caceta, e desde quando ela precisa fazer uma bizarrice dessas para ganhar espaço na mídia? Se ela entrar na fila do açougue, já vira capa de alguma revista Contigo da vida.  

A revista Contigo ainda existe? Quando eu era pequeno, eu conhecia a Contigo, a Amiga e a Manchete. “Aconteceu, virou Manchete”.

Exagero, descalabro ou maluquice, a atitude da nossa heroína foi corajosa ao extremo. Alguém que vive da própria estética se sujeitou a uma mutilação feroz. Sei que ela colocou próteses, mas não deve ser a mesma coisa. Só sei que, mais uma vez, ela fez o que julgou correto.

E você sabe o que eu concluo dessa história toda? Perdoem-me o atrevimento, mas afirmo que Angelina é o maior símbolo feminista desta segunda década do século XXI. É musa, mas arregaçou as mangas e assumiu posições diante de questões internacionais. Mais que isso, foi além dos discursos de ar-condicionado e visitou países que eu não saberia nem localizar no mapa - e ainda arrastou o maridão e a prole nessas peripécias. Foi rebelde, ganhou um Oscar, continuou gostosa, tirou os seios e se expôs como pouquíssimas. Angelina é uma força da natureza e exemplo para mulheres que ainda ficam de mimimi quando quebram a unha.

Mal e porcamente comparando, acho que Angelina está fazendo em nosso tempo um estardalhaço equivalente ao que fizeram Leila Diniz, Simone de Beauvoir, Luz del Fuego, Lady Diana Spencer, Amelia Earhart, Madonna e Carrie Bradshaw em suas respectivas épocas. Que bom!

Ok, ok, Carrie Bradshaw é um personagem, mas, para mim, significou a modernização do conceito de feminismo.


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
SHE-RA?
Amiguinho, diante da sua reflexão sobre o universo menininha, tomei o lugar do meu irmão sarado e naturalmente gostoso He-Man. Aliás, muito me impressiona ficar de fora da sua citação às referências feministas. Logo eu, que sou a líder dos rebeldes de Etéria, tenha uma espada com mais usos que um canivete suíço e uso uma roupa de chacrete. E digo mais, antes de Ronda Rousey ser campeã mundial de MMA, eu já embolachava muito vagabundo que se achava forte. Enfim, apontada a minha revolta, permita-me um rápido e sucinto esclarecimento final: Angelina é foda e o resto é moda. Simples assim. Amiguinho, tenha noção de ocasião e não discuta a relação em eventos dos seus amigos. Espere o melhor momento. He-Man volta no próximo texto. Até breve!!!

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Baixaria

“Senão é como amar uma mulher só linda
E daí? Uma mulher tem que ter
Qualquer coisa além de beleza
Qualquer coisa de triste
Qualquer coisa que chora
Qualquer coisa que sente saudade
Um molejo de amor machucado
Uma beleza que vem da tristeza
De se saber mulher
Feita apenas para amar
Para sofrer pelo seu amor
E pra ser só perdão”

Comecei pegando pesado, hein? Nesse trechinho do memorável “Samba da Benção”, o grande mestre Vinicius de Moraes mostrou que é tipo um Wolverine: o melhor naquilo que faz. E o que Vinicius faz de melhor é transformar o sublime em poesia (e vice-versa).

Sempre me derreti pela mulher charmosa, quase arrogante. É aquela empáfia de plena segurança de quem sabe que é bela, inteligente e maliciosa. Mas essa brincadeira tem um limite muito tênue. Por mais que tenha consciência da sua própria beleza, a moça precisa ter a sagacidade de se fingir comum, trivial. Pelo menos para mim, mulher bonita que se vê bonita, se assume bonita e faz imensa questão de vender uma imagem de perfeição dá preguiça. Simplesmente, cansa logo. Angelina Jolie continua deslumbrante na fila da padaria. Para ela, não há necessidade de forçar a barra.

Já esbarrei com várias meninas desse estilo. A magia dura 30 segundos. Com boa vontade, 45 segundos. A beleza se dissipa e sobra apenas aquele ar antipático, meio pedante. Quando acaba o encantamento, eu me afasto e procuro algo melhor para fazer da vida. Diógenes, amigo menos ético, prefere aplicar uma lição de humildade nas falsas princesas.

Certa vez, uma dessas gurias entrou no bar onde estávamos. Ela parecia se mover em câmera lenta Full HD. Cada passo parecia ter um trilha sonora. Os cabelos serpenteavam. Tudo conspirava a favor dela, mas... mas não rolou. A menina tinha aquele olhar de nojo e a expressão de repulsa, como quem pensa “que infortúnio! Alguém soltou gases ao meu redor”.

Sabe a Kristen Stewart? Pois é.

A moça veio até ao balcão e parou ao nosso lado. Diógenes se virou para ela, inclinou o corpo e disparou com tom de voz cafajeste:

- Gordinha, gordinha... ah, se eu te pego.

A gordinha, quer dizer, a menina enumerou todos os palavrões conhecidos pelas culturas ocidentais desde que Jesus Cristo jogava bolinha de gude na Galileia. Cara, foi poético!


QUAL A MORA DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, a vida é a melhor professora de humildade. Às vezes, as lições chegam na forma de salafrários geniais como o bom Diógenes. Mire-se no exemplo de He-Man, que é belo, musculoso, loiro, usa franjinha e é adorado por milhões de fãs. É muito amor, amiguinho. Ah, a lição final! Amiguinho, fique atendo às agendas de vacinações da sua cidade. Visite um posto médico e evite uma moléstia qualquer. Até a próxima!!!