domingo, 29 de maio de 2011

A Disney dos adultos

Reencontrei duas amigas neste fim de semana. Fazia tempo que não as via e elas me apareceram com uma historinha que vale a nota.

DÁLIA: Doug, a gente foi na feira erótica.

EU: Ai, ai, a. Estou decepcionado com vocês...

VIRIDIANA: Por que?

EU: Decepcionado porque vocês foram e não me chamaram. Mas contem-me. Como foi a experiência?

A partir de agora, o texto segue os depoimentos de Dália e Viridiana, duas moças comportadas e de família. Abre aspas...

Poucas vezes eu me diverti tanto. Era a Disney de adultos. Vários estandes coloridos com equipamentos que jamais imaginei. Eram fantasias, cremes, gels, óleos e apetrechos. Tinha até uma perereca fake com calor humano e umidade. Meti o dedo para ver se era verossímil e bateu nojinho. Experimentei umas loções e aqueles troços grudam na pele que nem tatuagem. Fiquei com cheiro de motel por horas. Me assutei com o tamanho de alguns... "brinquedos". Alguns não são compatíveis com uma fêmea humana. Digo, o trem é muito maior que o túnel.

Nós vimos brinquedos... aliás, pode chamar de "brinquedo", né? O negócio é para o lazer, então vou chamar de brinquedo mesmo. Então, vimos brinquedos coloridos, fosforescentes, lisos, com texturas e com formatos para todos os gostos. O mais concorrido era o Coelho. Lembra do Coelho, não? Aquele de "Sex and the City". Menino, era um sucesso.

E tinha um trambolho chamado pitbull, que era uma metralhadora com um pênis na extremidade. Você apertava o gatinho e o troço parecia uma britadeira. Uma mulher encaixada naquilo seria destroçada ou viraria foguete. No fundo, bate uma curiosidade sobre a usabilidade do produto e seus benefícios, sabe?

Além dos utensílios para uso pessoal e irrestrito, a gente achou também atrações. Encontramos um touro mecânico em forma de pênis. O anúncio dizia: "quanto tempo você consegue ficar em cima?". Fofo, né? Ah, alguns estandes tinham strippers em ação. A gente viu até o Jason, de "Sexta-Feira 13", tirando a roupa. No final do espetáculo, ele tirou até a máscara e ficou com o facão à mostra. Confesso que ele estava mais interessante mascarado. Vida que segue...

Havia também uma câmara escura. Na verdade, duas: uma para meninos e outra para meninas. Lógico que a gente foi conferir, né? Lá dentro, era escuro e rolava umas mãos mais sapecas com uns tapinhas e tals. Eu tomei uma carimbada na bunda que deve ter deixado as digitais do indivíduo gravadas em mim. O mais engraçado é que dois moços entraram também na câmara feminina e saíram com um sorriso de orelha a orelha.

A gente não encontrou atrizes de filmes eróticos, mas Angela Bismarchi estava lá para divulgar o seu livro. Acho que ela errou e pensou que era a Bienal do Livro. Fiquei na dúvida sobre o que me assombrou mais: Angela Bismarchi lançando uma obra literária ou o físico de lutador de MMA dela.

Ah, Doug... você tinha que ter ido. Na próxima, a gente te liga. Pena que vai ser só no ano que vem. Se dependesse de nós, teria todo mês.

Fecha aspas.

E aí, você foi? Eu não. Dei mole. Teria pauta para uns três ou quatro textos, fora novas ideias marotas.

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, perceba o sinal dos tempos: você fica em casa vendo Manchester e Barcelona, enquanto suas amigas de família estão se esbaldando na feira erótica. E o pior é que o evento ficava a dez minutos da sua casa. Trouxa! Você poderia ter ido para me contar se alguém está comercializando indevidamente apetrechos com a minha marca. A espada do Homem mais Poderoso do Universo faz um sucesso que eu vou te contar. Ah, a melhor parte destes eventos é constatar como as mulheres estão muito mais desencanadas em relação ao sexo e seus brinquedinhos (ou brinquedões). Amiguinha, evite colocar fotos de biquíni nas suas redes sociais. Você pode virar alvo de pervertidos ou de chacotas. Até a próxima!!!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

No meu tempo...

Sabe aqueles emails nostálgicos com breguetes dos anos 80? Tipo "você se lembra da Supermáquina?", "você brincou com o Falcon?", "você viu a Playboy da Luciana Vendramini" e similares. Pois este spam não tem o impacto de um churrasco com os amigos nos dias de hoje. Não captou? Vou fazer um breve comparativo.

Vem comigo, pequeno jedi.

Há 10 anos atrás, churrasco era uma metáfora para encher a cara. O evento era marcado para o meio da tarde, mas só começava para valer quando o sol começava a se por. Os convidados chegavam tarde, mas traziam bem-vindas caixas de cerveja. Às vezes, das marcas mais mulambas. Alguns aventureiros mais ousados apareciam com vodka e suquinhos Tang para experimentos químico-etílicos para botar o fígado para trabalhar. O churrasco em si era revezado por um ou outro presente menos bêbado, o que tornava a qualidade da carne deveras duvidosa. Bem, quando havia carne, pois a linguiça e o franguinho imperavam pela praticidade e pelo preço. O acompanhamento era um pacote de farofa industrializada (geralmente, com gosto de areia e sal) e tá bom demais. Na vitrola, um pagodão, axé ou funk do terror para libertar a cachorra que existia dentro de cada convidada. Engovs eram obrigatórios.

Hoje em dia, os churrascos são marcados para a hora do almoço e são de uma pontualidade londrina. Os convidados idem. A birita é farta e de boa procedência. Em alguns casos, já rolam Heinekens, Stellas e até outras marcas importadas. A vodka é comum e serve de base para caipirinhas bem feitas e até com adoçante. Para evitar o pileque, a carne é farta e tem um churrasqueiro profissional para garantir a suculência do filé. E o que mais me espanta é que tem guarnições e... salada. Caramba! Os churrascos têm saladinhas caprichadas e coloridas. Me explica onde uma saladinha teria vez há dez anos? E o público mudou. As vagabundas habituais cedem lugar às namoradas e esposas. Os pais e sogros não são mais estranhos no ninho e uma nova categoria de convidado surge: crianças. Bebês ou pimpolhos com até 3 anos estão na parada. Ninguém dança na boquinha da garrafa ou vai até o chão, chão, chão. O iPod toca rock e até Maria Gadú.

Quando vou aos churrascos da galera, eu me sinto como... meus pais. Cruzes!!!

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, confesso que eu não conhecia esta faceta do seu complexo de Peter Pan. Pois é, o churrasco é um exemplo muito claro da maturidade. Os amigos crescem. Você cresce. As vadias somem. As mulheres bacanas ficam. Porém, as piadas de duplo sentido e cacófatos quando os amigos se reúnem continuam os mesmos: "se eu compro 1 quilo de picanha, dá para 20 comer?". Amiguinho, respeite a faixa de pedestre. Até a próxima!!!

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Os advogados também amam

Uma frustração que guardo dos tempos do colégio é que nunca tive uma professora gata. A melhorzinha era a de biologia da 6ª série. Ela era até bem gostosa, mas parecia o Slash, ex-guitarrista do Guns n'Roses. Na faculdade, a mesma coisa: nenhuma musa. Fora da predominância masculina, as professoras que restavam na PUC eram velhas demais. Realmente, nunca tive uma mestra para servir de fetiche. Os alunos da minha amiga Marilda não sofrerão deste trauma.

Marilda leciona em uma faculdade de direito. Ela disfarça sua beleza atrás da seriedade acadêmica, de óculos e das roupas comportadas que o clube dos advogados exige. Todavia, alguns jovens causídicos percebem a formosura camuflada da moça. Deste grupo, poucos se manifestam. Na verdade, segundo ela, nenhum deles se manifesta. Tirando uma olhadela mais sapeca, nada. Quer dizer, nada até o fim do semestre.

Com todo o rigor formal dos advogados, eles expressam seus sentimentos de uma maneira bem peculiar: email. Se pudessem, acredito que enviariam uma procuração. Pinçando algumas mensagens, ela me mostrou duas que vou compartilhar com vocês.

Número 1:

"Professora. Outro dia eu vi a senhora na faculdade, quando fui entregar a minha monografia. A senhora continua uma mulher belíssima. Se for possível, com todo respeito, gostaria que a senhora me respondesse esse email para que possamos combinar de nos vermos outras vezes e sairmos para conversar. Beijos do seu aluno, Fulano de Tal."

Caramba! "Senhora"! O garotão chama a professora para sair, porém ele não esquece da educação hierárquica. Confesso que gostei do tom respeitoso, que acaba com um "beijos do seu aluno". Sinto que ele argumenta se vestindo da inocência estudantil. Ardiloso, não?

Número 2:

"Professora, agora que cheguei ao final da faculdade, preciso dizer-lhe uma coisa que guardo só para mim desde a primeira vez que a vi em sala de aula. Sinto uma coisa pela senhora que não sei definir muito bem e nem nunca senti por mulher nenhuma. Assim, se houver alguma possibilidade de que este sentimento seja recíproco, gostaria que me respondesse este email. Mas, se não houver, tudo bem, eu entendo. Beijos do seu aluno, Beltrano de Tal"

Ah, diz aí, amável leitora do outro lado da telinha, você não sentiria arrepios diante de um email tão... tão... apaixonadamente atormentado. O menino se joga conforme a letra do Lulu Santos: "se amanhã não fora nada disso, caberá só a mim entender. Eu vou sobreviver". Ah, aplausos para o moleque! Fico sensibilizado com essa turma que se atira no escuro. Eu era assim.

Vale ressaltar que Marilda não pegou estes adoráveis universitários. Para manter a compostura (para o desespero deles), ela nem os respondeu. Olha, isso foi sádico, porém sensato. Estudante é uma raça linguaruda e a professora gostosa é um troféu inestimável. Marilda é muito mais que isso..

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, He-Man sabe perfeitamente que os professores têm uma aura altamente erótica. Talvez seja a autoridade, o poder, o jaleco branco, os óculos, o conhecimento... sei lá. Saiba que isso acontece até lá em Etérnia. Professores são símbolos sexuais espontâneos. Se ele ou ela for gatinha, como a Marilda, a idolatria fica mais fácil. Amiguinho, não passe tanto tempo vendo porcaria na TV. Até a próxima!!!




domingo, 1 de maio de 2011

O casamento real na real

Às 7h da manhã de sexta-feira, dia 29 de abril, eu estava tomando café da manhã em uma padaria, em Duque de Caxias. A diferença é que neste dia havia uma TV ligada, coisa que nunca vi antes por lá, e uma aglomeração de gente. Em uma das mesas, uma moça sozinha bebia uma xícara de café e observava as imagens da telinha. Esta cena isolada, independente das outras pessoas no recinto, representou para mim o fascínio que o casamento real de Will e Kate tem no imaginário do povo.

A guria assistia em silêncio, com um olhar fixo e um semblante de 7 horas da manhã, isto é, um pouco de sono, um pouco de fome, um pouco de ansiedade pelo novo dia. A diferença era uma pitada de devoção à cerimônia que era transmitida ao vivo para bilhões de telespectadores. Há poucos dias, "twitei" que achava engraçado todo o circo ao redor do casório. Uma amiga querida me censurou: "o mundo precisa de fantasia, Surfista. Deixa de ser ranzinza". Quer saber? Ela está certa!

Passei a considerar esta aura de conto de fadas totalmente saudável e bem-vinda. Acho que muita gente parou de trocar tiros para viajar nas bodas (eu dissse "bodas") do casal real. Era quase uma final de Copa do Mundo, uma noite do Oscar, mas com a magia das palavras "príncipe" e "princesa". Justo! Acreditei que o nosso mundo precisava mesmo de um dia de folga de todas as suas crises. Um anestésico natural contra os problemas diários.

Um dia lotado com casamento pela manhã, recepção real ao meio-dia, banquete do Príncipe Charles à tarde e festança organizada pelo Príncipe Harry à noite. Aliás, no evento todo, Harry é uma figura ímpar. O cara é o que mais se diverte na família. Ele é o irmão caçula que não precisa manter a imagem de comportamento exemplar e dificilmente será rei. Ele é o cara que se aproveita da posição sem ambições maquiavélicas. Não precisa. Harry é rico, prepara festas, passa o carro nas súditas, frequenta os pubs, faz a alegria dos paparazzi sensacionalistas e se tornou um dos solteiros mais cobiçados do mundo. Harry ainda tem uma vantagem significativa: não está careca!

PS. Será que alguém roubou cajuzinho na festa de Will e Kate?

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinho, até você cedeu ao encanto do casamento real? Você é um fraco! He-man foi convidado e esteve lá. Como? Quando não estou de sunga de couro e sem camisa, eu sou o PRÍNCIPE Adam. William e eu temos tudo a ver. O lance é que eu estou no cargo há mais tempo e não estou careca. Foi mal, Will. Enfim, concordo contigo. O seu mundinho conturbado precisa de um pouco de escapismo de vez em quando. Amiguinho, torcer pelo seu time não é arrumar confusão com outros torcedores. Pega leve! Até a próxima!!!