segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Choque de ordem

Aviso: vou falar sobre o Flamengo. Você pode desistir de continuar lendo agora. A escolha é sua. Bom, se você decidiu continuar, seja bem-vindo, ainda mais porque eu menti. Eu não vou falar diretamente do Flamengo. O time da Gávea é coadjuvante na aventura do meu amigo Procópio.

Era uma vez, 29 de junho de 2004...

Esta noite marcou um dos maiores vexames da história do Flamengo: a derrota na final da Copa do Brasil para o Santo André diante de mais de 70 mil torcedores. Pois é, o Mengo é um time superlativo até no tamanho dos seus fracassos.

Assim como eu, Procópio estava desesperado para garantir um lugar no Maracanã naquela partida. Ele não pensou duas vezes em botar uma pequena fortuna na mão de um cambista por um ingresso. Na verdade, ele e mais alguns amigos. Assim começou uma noite dos infernos.

Após o tradicional empurra-empurra monstruoso e o clássico spray de pimenta da polícia, Procópio e seus amigos conseguiram chegar às roletas do estádio. Eis que os ingressos não foram aceitos.

- Esse ingresso é falso. Não pode entrar – anunciou o segurança.

- Não é possível. Comprei na bilheteria da Gávea. Aliás, todos nós – Procópio mentiu com voz embargada.

- Deixa eu ver estes ingressos – pausa para análise. – Todos falsos. Olha os números de série. Todos iguais.

Procópio sentiu o coração explodir em desespero. O dinheiro perdido não doeu tanto quanto a possibilidade de ficar de fora daquele jogo. Dali para frente, ele poderia assumir a própria falha e sair do estádio como um homem enganado, porém maduro e honrado. Ou então, ele poderia dar um escândalo. Segunda opção.

- Isso é um absurdo. Eu vou entrar. Não saio daqui. Pode chamar a polícia.

Pois é, chamaram a polícia e Procópio ouviu o começo do jogo em um radinho na sala de espera lotada da delegacia especial do Maracanã.

Pode ficar pior? Claro que pode.

Ainda em 2004, jogo grande no Maracanã era uma aventura para os mais valentes. O entorno do estádios e as ruas próximas viravam um caos de carros engarrafados, flanelinhas, cambistas, batedores de carteiras, bêbados, vendedores ambulantes e torcedores perdidos. Deste mar de gente, muitos acabavam fazendo um pit-stop na delegacia, sob acompanhamento dos PMs fofos e treinados para o bem-estar dos torcedores. Uns lordes. Então, imagine como estava o xadrez naquela noite de Flamengo disputando uma final da Copa da Brasil.

O clima era de hospital de Pearl Harbor durante o ataque japonês. Tinha gente "apreendida" por diversas razões, gente que estava prestando queixa e gente perdida. Na muvuca, Procópio procurava achar alguém para lhe atender. Um dos muitos presentes, diplomaticamente tentou contato com o delegado.

- Tio, dá para me atender? Ainda dá para ver o segundo tempo do jogo.

Putz, as veias da testa do tio, quer dizer, do delegado saltaram.

- Tio? Tá me chamando de tio, seu animal? Tá maluco, moleque? Para você, é "senhor delegado". Volta para o seu lugar antes que eu te prenda por desacato, porra!

O sobrinho voltou ao seu lugar. Neste momento o delegado percebeu a loucura que tomava conta do ambiente e resolveu usar o seu treinamento especial para controle de crises.

- Todo mundo calado, porra! Silêncio no recinto! Muito bem. Agora, quem é preso levante a mão!

Milagrosamente, os presos levantaram as mãos algemadas. Não é que funcionou? Vai entender.

Procópio conseguiu ser atendido e usou a sua lábia e retórica de advogado. Ele conseguiu ser liberado e conduzido até às arquibancadas do Maracanã. A partida estava 0x0 e o segundo tempo estava no comecinho. Ainda dava para ver os gols do título.

Dito e feito. Assim que pisou na arquibancada, gol do Santo André. Logo depois, outro gol do Santo André. Por todos os lados, gente incrédula. Homens adultos e barbados choravam que nem crianças. Eu estava lá e chorei também. Um negão desconhecido, suado e frustrado, se apoiou no meu ombro e chorou também. A torcida é uma entidade coletiva e solidária. Todos lamentam juntos. Fenômenos do futebol? Eu boto a culpa no Procópio. Vai ter pé frio assim lá longe!

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, que texto imenso! Ao contrário de você, He-Man será assertivo em sua lição brilhante: nunca compre ingressos de cambistas. Esta raça maldita merece o desprezo dos torcedores! Amiguinho, não misture roupas claras e escuras na sua máquina de lavar. Até a próxima e FELIZ 2012!!!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O medo da chuva

Nas últimas semanas, o Rio anda diferente, inconvenientemente cinza. Mesmo às portas do verão, a cidade ainda está com temperatura amena e chove. Na verdade, chove bastante. Agora, enquanto escrevo estas linhas, chove. Aliás, só escrevo por causa da chuva.

Era uma vez...

Na época da faculdade, eu me interessei por uma micareteira de carteirinha, daquelas que cantam as (!!!) músicas do Asa de Águia com os olhinhos fechados. Vou chamá-la de Ivete, por razões óbvias.

Na verdade, lembro pouco de Ivete. Minha memória residual se limita aos cabelos compridos, às coxas grossas e à sua coleção de shortinhos – jeans, brancos, floridos, rasgados, desfiados, estampados, coloridos, listrados, crus. Enfim, de todos os tipos. E os benditos shortinhos caíam bem com a bunda durinha de moça malhadora de 21 anos. Ah, coloquei a Ivete na minha cartinha para o Papai Noel.

Pausa para reflexão! Amigo daí do outro lado da telinha, você já reparou como os shortinhos despertam diferentes sentimentos? Namorada de shortinho incomoda. A vizinha gostosa de shortinho é legal. Pode ser a mesma peça. É uma forma divertida de ciúme.

Estrategicamente, acionei os amigos em comum e passei a frequentar os mesmos encontros sociais da Ivete. A gente conversava sobre trivialidades e ria. É o primeiro estágio da sedução: demonstrar-se interessante, aberto e compatível.

Parêntesis! Quando eu menciono "frequentar os mesmos encontros sociais", esqueça micaretas. Nem pensar! Como diz o velho amigo Dudu, "aquela alegria toda me incomoda". E eu não quero ninguém mandando eu tirar o pé do chão ou agarrar na corda do caranguejo ou dançar o rebolation. Fecha parêntesis.

Certo dia, eu estava jogando basquete e eis que aparecem Ivete e uma amiga. Caraca! Que providencial. Eu estava em forma, suado e jogando bem. Nos intervalos dos jogos, eu borrifava água no pescoço e fazia de conta que estava em um comercial do Calvin Klein.

Desculpa, outra pausa! Esta história levanta uma série de reflexões pertinentes. Vamos lá. As
outras mulheres do círculo social têm papel fundamental no processo. Acho que ter como aliadas as amigas do alvo representa 20% ou 30% da campanha. Agradar a fêmea-alfa do bando, a líder da patota, tem bônus. Segue o jogo.

Eis que começou a chover. Mais exatamente, cair uma tempestade. Corremos para um abrigo. Aliás, todos, menos Ivete, que ficou paradinha. Caminhei até ficar ao seu lado. Ela estava de olhinhos fechados e sorriso discreto. Os pingos grossos e gelados de água explodiam no seu rosto e nos seus cabelos compridos.

- Tudo bem? – perguntei.

- Não sei por que as pessoas têm medo da chuva.

- Medo de pegar gripe.

- Bobagem.

- E os relâmpagos?

- Fazem parte. Só isso.

Não falei mais nada. Fiquei ao lado dela tomando banho de chuva. Não rolou nada nesse dia. Ficou para depois. Durou pouco. Ivete sumiu e nunca mais tive notícias dela. Talvez ela ainda curta micaretas. Talvez ela ainda tenha uma coleção de shortinhos. Quem sabe? Não importa muito. Ficou a lembrança daquela tarde tempestuosa de verão. A tarde em que perdi o medo da chuva.


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, que fofo! O Homem mais Poderoso do Universo pode te dar um abraço? Então, hoje aprendemos uma importante lição. O nosso dia a dia é lotado de pequenos momentos especiais e significativos. O problema é que muitas vezes, focamos em problemas e acabamos perdendo ótimas oportunidades de contemplar pequenos detalhes que podem parecer tolos, mas são carregados de valor. Abra os seus olhos. Amiguinho, para prevenir gripe, tome frequentemente doses de Vitamina C, em tabletes ou em frutas como laranja ou tangerina. Até a próxima!!!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A vingança de Jorge Vercilo

Ah, o final do ano, aquela época lúdica em que os corações se aquecem e o espírito da confraternização entre os povos reacende. É o tempo das cartinhas para o Papai Noel, dos presentes no dia 24, da ceia em família e até de Rodolfo, a rena do nariz vermelho. Quem não gosta do Natal? Quem? Evaristo, meu camarada dos tempos da faculdade.

Bom, Evaristo até gosta do Natal. O que ele detesta com todas as forças da sua alma é uma ação que a sua empresa realiza no mês de dezembro. Tão certo quanto show do Roberto Carlos é uma viagem que diretores, gerentes e coordenadores fazem para Angra dos Reis. Durante quatro ou cinco dias, os líderes discutem estratégias para o ano seguinte. Seria produtivo e estimulante, se não fosse por um detalhe: Jorge Vercilo.

Para fechar, o evento é encerrado com um show privado do Jorge Vecilo. Evaristo detesta Jorge Vercilo como gato odeia água gelada no cangote. Uma apresentação reservada com duas horas de show é demais para o nosso herói. E o pior que não há como fugir. Como bom ambiente corporativo, a política rola solta. Todo mundo quer ficar bem na fita. Se o chefe gosta de Jorge Vercilo, todo mundo gosta também. Em 2011, essa escrita seria mudada.

Evaristo tramou cada detalhe do plano. Pouco antes do show começar, ele entrou no salão de festas e cumprimentou os colegas. Sorriu, acenou e escolheu uma cadeira no bar, lá no fundo. Ao apagar das luzes, saiu na pontinha dos pés e foi assistir TV no seu quarto. Cronometrou o tempo e voltou antes do fim do bis. Luzes acesas e lá estava Evaristo, todo pimpão, aplaudindo de pé Jorge Vercilo. Foi o plano perfeito.

Mas, como já cantaram os Engenheiros do Havaí, planos perfeitos não deixam suspeitos. Vamos ao café da manhã do dia seguinte.

- Gostou do show? – perguntou Zenóbio, chefe do Evaristo.

- Claro. Como em todos os anos.

- Você não estava lá, não.

- Estava, sim.

- Não estava, não. Vi você saindo no comecinho.

Glup!

- Olha, Zenóbio, eu não queria confessar, mas... tive um desarranjo intestinal horroroso. Passei muito mal. Diarreia medonha.

- Foi mesmo? Desculpa. Eu não sabia disso. Deve ter sido o peixe do almoço.

- Pois é.

Vitória!!!

- Vamos cuidar disso, Evaristo. Vamos ali na ambulância tratar do seu problema.

- Não precisa. Já estou melhor. Juro. De verdade.

- Imagina. Faço questão. Vem comigo – falou já puxando Evaristo pelo braço e o conduzindo até a ambulância do hotel, local onde ficou pela manhã inteira com soro espetado na veia e uma cacetada de pílulas goela abaixo.

- Maldito Jorge Vercilo.

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, hoje aprendemos uma importante lição. Mentir é feio. Mentir para o chefe ou para o seu papai ou a sua mamãe é horrível. Você jamais sabe quando o destino ou o santo do Jorge Vercilo podem aprontar uma para você. Na dúvida, seja sincero e diplomático. Amiguinho, não durma com a TV ligada. Até a próxima!!!



Em homenagem ao Evaristo e ao Jorge Vercilo...

domingo, 20 de novembro de 2011

Gente engraçada

Faz tempo que não escrevo. Juntaram-se a falta de tempo, a escassez de inspiração e uma maldita tendinite. Atualmente, o tempo continua feroz, a tendinite (ou distensão muscular, dependendo do médico) persiste, mas conheci uma figura digna de nota. Se eu não escrevesse sobre Noêmia, seria uma injustiça.

Noêmia trabalha comigo na produção de um evento. Moça de uns 1,65, magérrima. Quase uma tábua de passar roupa com cabelos médios e franja Dia desses, após uma reunião, a gente foi confabular em uma cafeteria no Leblon.

Acho o Leblon muito elegante. Tomar café no Leblon discutindo assuntos profissionais é algo que considero muito chique. Momento “menininha”, eu confesso. Acontece, mas já passou.

Depois de discutirmos o checklist e outros blablablas protocolares, a gente caiu na conversa fiada, que me motivou a escrever. Eis o papo (com pouca licença poética. Por mais absurdo que pareça, a conversa rendeu estas pérolas).

NOÊMIA: Preciso ligar para minha filha. Minha bateria está acabando. Peraí... alô. Sou eu. Olha só, minha bateria está no finzinho. Se você me ligar depois, não vou atender. Beijo. Tchau.

EU: Qual a idade dela?

NOÊMIA: 17. Linda, madura e de nariz arrebitado. Criei com muito orgulho. Muito graças ao Miojo, pois sou uma lástima na cozinha. Até para passar manteiga no pão eu sou terrível.

EU: Tá de sacanagem? Você procriou na pré-adolescência?

Juro que não foi cantada. Noêmia realmente parecia que tinha 30 anos. Com benevolência, dava para chutar até uns 28.

NOÊMIA: Passei dos 40, querido. Sou conservada no vinho. Olha só, nenhuma ruga!

Ela vira o rosto e arregala os olhos para mostrar a pele lisinha.

EU: Impressionante.

NOÊMIA: Puxei meu pai. O namorado dele acha a mesma coisa.

Hein?

NOÊMIA: Esqueci de falar. Meu pai é gay. Pode ficar em silêncio por alguns segundos e escolher o que falar.

EU: Sei lá. Parece coisa de seriado americano.

NOÊMIA: Pois é, as pessoas ficam com aquele ar perplexo. Já me acostumei.

EU: Imagino.

NOÊMIA: E ele já sobreviveu a um câncer.

EU: Porra, garota! Muita informação. Seu pai é gay e já teve câncer?

NOÊMIA: Pois é, menino. Hoje ele vê o caso do Lula e fica todo solidário. Pensa até em ligar e dizer, “Lula, não toma o remédio X. Perda de tempo. Compra logo o Y, que é caríssimo, mas resolve logo”. O câncer une as pessoas.

EU: Nunca olhei por este ângulo.

NOÊMIA: É verdade. Que horas são? Queria ir ao Centro.

EU: De novo? A gente acabou de voltar de lá.

NOÊMIA: Não ao Centro da cidade. Centro espírita. Preciso de um passe. Essas reuniões me estressam e afetam o meu karma.

EU: Como assim?

NOÊMIA: Sabe a fulaninha da produção? Então, sou uma fofa, doce e delicada, mas tenho uma vontade insana de... de...

Procurou palavras gesticulando em círculos.

NOÊMIA: De enfiar a mão na cara dela! Pessoinha petulante, marrenta.

EU: Sério? Ela é escrotinha mesmo.

NOÊMIA: Então, preciso ir. Beijo, querido.

E lá foi Noêmia. Fiquei pensando em quantas outras revelações eu poderia ser apresentado apresentado se ela ficasse mais dez minutos.

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, hoje aprendemos uma importante lição. Olhando de perto, ninguém é normal. Aliás, "normal" é um conceito criado para definir pessoas parecidas com você. Sim, você. Se outra pessoa não for parecida com você ou com características aceitáveis ao seu parâmetro, aí sim, ela é taxada de "anormal". Amiguinho, cuidado com canetas esquecidas na sua mochila. Quando você menos espera, a desgraçada estoura e meleca de azul todos os seus pertences. Até a próxima!!!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

1 + 2 (Aja como se nada de mais estivesse acontecendo)

Não sei a origem e as razões psicológicas desta fixação, mas é público e notório que a maior fantasia do homem é levar duas mulheres para a alcova. Bom, duas ao mesmo tempo, sendo bem claro. Tobias conseguiu este feito e sem contratar profissionais do vuco-vuco para esta performance.

Como sempre, este blog conta o milagre mais muda o nome do santo. Neste caso, ele bem que poderia liberar, pois isso é mais que uma conquista, é quase um portfólio, um case de sucesso. Enfim, vamos respeitar a privacidade do Tobias.

Era um vez...

Em um papo sem grandes pretensões, Tobias lançou a ideia de um mènage. Jogou o verde ao vento sem qualquer esperança de colher maduro. Falou quase por falar.

- Eu topo - respondeu a moça, seu affair do momento.

Nosso herói não perguntou uma segunda vez nem buscou explicações. Mergulhou no catálogo de periguetes das suas redes sociais para conciliar o evento, à infraestrutura e à agenda das artistas. Prospectou por três semanas e já estava quase entregando os pontos. Esse tipo de "sim" tem validade curta. Mas, ao apagar das luzes, surgiu uma aventureira com as palavras mágicas:

- Eu topo.

Marcou um jantar no seu apartamento e botou na cachola um mantra: "aja como se nada de mais estivesse acontecendo".

Uma convidada trouxe petiscos. A outra trouxe uma garrafa de vinho. Tobias providenciou um macarrão safado para enganar o estômago. O prato principal era outro.

Aja como se nada de mais estivesse acontecendo.

Comeram o macarrão malandro. Beberam o vinho. Tudo como se fosse uma reunião de catecismo. Conversaram sobre trivialidades. Ao fim, Tobias botou um filme para rodar. Escolheu um título ruim. Na verdade, um filmeco horroroso, meticulosamente escolhido para não desviar atenção. No mais, todos agiam como se nada de mais estivesse acontecendo.

Tobias sentou entre as moças. Em 10 minutos de filme, ele colocou a mão sobre a perna da menina da direita com naturalidade de quem bebe um copo d'água. Pouco depois, pousou a outra mão sobre a perna da outra guira como se nada de mais estivesse acontecendo. Nenhuma chiou. Trinta e quatro segundos depois, ninguém era mais de ninguém. Nenhum dos três lembrou do tal DVD medonho. Todos agiram como se nada de mais estivesse acontecendo. Cada uma voltou para sua respectiva casa sem qualquer comoção. Quando ficou sozinho, Tobias libertou o grito de gol.

- Yeeeeeeaaaaaaaahhhhh!

Ninguém é de ferro.

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, hoje aprendemos uma importante lição. Tobias e as suas convidadas tiveram uma experiência baseada na espontaneidade e no conceito semicomunista do "o que é meu é seu. O que é seu é nosso. Eu sou de todo mundo e todo mundo me quer bem". Todos sabiam o que queriam, mas ninguém estava bufando que nem animais no cio. Tudo rolou em ritmo de harmonia. Se rolasse na base da pressão, o climax seria cortado. He-Man está muito Marta Suplicy hoje. Só falta mandar o Maluf calar a boca também. Boa ideia. Cala a a boca, Maluf. Amiguinho, pense duas vezes antes de imprimir e gastar mais uma folha de papel do mundo. Até a próxima e use sempre camisinha!!!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Como um bárbaro ajudou um garoto tímido

Vi que lançaram o remake de “Conan”. Ainda não o vi, mas vou acabar cedendo e me enfiando em alguma sala aqui na Barra para poder falar mal depois. Pois é, não vi e já não gostei. Tenho uma relação nostálgica com o personagem.

Verão, 1985...

Meu primo apareceu com uma fita VHS e anunciou que era “Conan, o Bárbaro”. Eu nunca tinha ouvido falar. “Tem mulher pelada, pô!”, ele justificou e eu me interessei. O começo era sombrio, com 15 minutos quase sem diálogos.Toda a origem do cimério era contada sob uma trilha sonora colossal. Engoli a seco a sequência das mortes dos pais do moleque. Na cabeça de um guri que mal conseguia ler as legendas, aquela matança era algo muito chocante. Amarelei de vez na cena da arena. Era uma violência tão brutalmente explícita que desisti das mulheres peladas. Meu primo idem.

Verão, 1989...

Minha família e eu fomos passar férias na casa de uns amigos deles em Maceió. Os anfitriões tinham um casal de filhos adolescentes, que estavam viajando. Fiquei no quarto do garoto. Curioso e abelhudo como era (e ainda sou), fui fuçar a coisas do moleque. Descobri um baú destrancado. Abri.

Lembra da famigerada mala misteriosa de “Pulp Fiction”? Aquela que emanava uma luz dourada ao ser aberta, mas cujo conteúdo nunca fora revelado? Foi mais ou menos que o que aconteceu naquele baú.

Não havia um tesouro, mas uma cacetada de revistas. Eram várias edições de “A Espada Selvagem de Conan”, com aquelas capas clássicas pintadas a óleo. Geralmente, as artes variavam em três opções:

1) O bárbaro com alguma gostosa seminua aos seus pés;
2) O bárbaro trucidando algum monstro bisonho;
3) O bárbaro posando com olhos ferozes e a espada manchada de vermelho.

Os quadrinhos eram preto-e-branco, o que deixava a revista ainda mais adulta. Os diálogos também eram grosseiros e viris, do tipo “Saia do meu caminho, cão” ou “Por Crom, vou arrancar o seu coração com as minhas próprias mãos”. Eu tinha 10 anos e estava encantado pelo mundo violento de Conan.

Li tudo e continuei lendo por muito tempo. O guerreiro era quase um modelo de conduta torpe: fatiava os inimigos, tinha seu próprio código de honra, traçava todas as mulheres que surgiam e, muitas vezes, se ferrava. Mesmo sendo o (anti)herói, Conan já foi torturado, crucificado, preso, enfeitiçado e espancado, mas sobreviveu a tudo. Anos depois, já adolescente, tomei coragem e consegui ver o filme.

Confesso que tive três filmes que me traumatizaram quando criança: “Poltergeist”, “Tubarão” e “Conan”.

Havia um bloqueio infantil e eu tremia só de ouvir a canção de abertura. Engoli o choro e continuei. Como o cimério, venci meus medos. Adorei! Era uma história de vingança e sobrevivência com roteiro rápido e direção segura. A história foi escrita pelo Oliver Stone, que ano depois se tornaria um dos maiores cineastas do seu tempo. “Conan, o Bárbaro” foi o seu playground. No centro de tudo, estava Arnoldão, uma montanha de músculos com sotaque do leste europeu e os dentes da frente separados. Era quase um Cigano Igor, mas soube driblar as suas limitações e pavimentou o seu caminho para a fama.

“Conan, o Bárbaro” é um dos meus filmes broncos preferidos. Tem gente que venera “O Grande Dragão Branco”, “Robocop”, “Mad Max”, “Cobra” e outros ChuckNorris da vida. Eu acho que... Acho, nada. Eu tenho certeza que Conan faz essa moçada toda chorar abraçadinha com ursinhos de pelúcia.

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, hoje aprendemos uma importante lição. A negligência dos pais pode dar brechas para que pimpolhos pueris possam descolar cópias clandestinas de filmes violentos. Em vez de ver o Dinossauro Barney, os pequerruchos podem se expor a títulos como “Jogos Mortais”, “Serbian Film”, “Game of Thrones” e “Xuxa e os Duendes 2”. É muito para as cabecinhas infantis. Amiguinho papai e amiguinha mamãe, fique de olho no que o seu pequeno tesouro vê na TV e na Internet. Vai que ele vira blogueiro com o passar do tempo. Amiguinho, falsificar carteirinha de estudante é feio, é crime e gera ódio – o meu, por exemplo. Até a próxima!!!

Como mencionar a colossal trilha de "Conan" sem apresentá-la:



segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Lições que aprendi no Rock in Rio 4

Acabou o Rock in Rio. Podemos seguir nossas vidas normalmente, sem perder madrugadas para admirar o Stevie Wonder, curtir o Coldplay ou rir do Axl Rose. No entanto, um evento de tal proporção não passa sem deixar lições. Eu aprendi algumas.

:: É preciso ser muito adolescente, muito deprimido e/ou muito fã de "Crepúsculo" para ouvir um show inteiro do Evanescence e não sentir um desejo intenso de cortar os pulsos.
:: Não dá para botar a mão no fogo pelo Adam Levine, vocalista do Maroon 5 e dublador do Anderson Silva.

:: Após o show da Shakira, constatei que o Piqué, zagueiro do Barça, não tem do que reclamar na vida.

:: O Slipknot e o System of a Down me ensinaram que sou experiente para entrar nas pancadarias da plateia e sair ileso, mas meu fôlego e minha paciência para isso estão menores.

:: Se o Tico Santa Cruz, do Detonautas, quiser abandonar a música, ele pode ser palestrante motivacional.

:: Dinho Ouro Preto, do Capital Inicial, precisa ser alertado que ele não tem mais 17 anos.

:: Pitty é a Ivete do mundo bizarro.

:: Qualquer artista gringo soa amistoso e simpático falando palavrão e abraçando a nossa bandeira.

:: Assim como as verrugas do Lemy, as sobrancelhas do Samuel Rosa estão criando vida própria.

:: Como bem disse um camarada do Twitter (@reallucianogil), Ke$ha não é a Madonna, não é a Lady Gaga, não é a Britney Spears, não é a mamãe. Então ela é o quê? Um equívoco.

:: Em algum carnaval de anos atrás, Daniela Mercury, diva do axé, decidiu experimentar e colocar música eletrônica no seu trio elétrico. As críticas vieram aos montes. E agora, todo mundo acha que a moçada de camisa preta é preconceituosa porque não aturou axé no Rock in Rio. Irônico, não?

:: Claudia Leittttte chiou, esperneou e bateu pezinho após as críticas à sua apresentação. Alegou que os roqueiros se acham superiores. Quer saber? Cientificamente falando, são mesmo. Olha aqui o link: http://super.abril.com.br/superarquivo/2007/conteudo_503351.shtml.

:: Aprendi que eventos musicais também fazem o povo desfraldar bandeiras do Brasil e dos seus estados. No último dia do evento, vi até uma bandeira do Acre. E olha que eu achava que o Acre fosse uma invenção da Globo para fazer minissérie do grande Chico Mendes.

:: Acompanhar o Rock in Rio lendo o Twitter é uma experiência muito enriquecedora.

:: A memória poética de várias fãs outrora teenagers se acabou diante do Axl Rose mais gordo que o Ronaldo e fantasiado de ( ) O Máskara, ( ) Bob Esponja, ( ) Dick Tracy ou ( ) Cheetos Tubão. Escolha a melhor alternativa.

:: O problema do show dos Ganzeirozes nem foi o Axl fofucho, mas o conjunto da obra: a banda sem brilho, a impressão de cover dele mesmo, o excesso de estrelismo sem justificativa. A título de comparação, coloque Red Hot Chili Peppers e o Guns lado a lado. Ambos são contemporâneos.


PS. Eu conheço o Acre. Foi só uma piada, tá? Já Roraima...


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, hoje aprendemos uma importante lição. O importante é nunca ser "velho" demais para curtir eventos de música ou "garotão" demais para topar qualquer perrengue. Eventos musicais são sempre divertidos, mesmo que você tenha que dividir espaço com outras 99.999 pessoas. Isso não é tão legal. Amiguinho, perfume não é vinho para guardar no armário por anos. Comprou, tem que usar. Até a próxima!!!

domingo, 18 de setembro de 2011

É fácil se apaixonar no Rio de Janeiro

O que mais gosto nos filmes do Woody Allen é a cumplicidade que ele tem com as suas cidades. Tá certo que Paris e Barcelona falam por si, mas sua fase nova-iorquina foi sublime. A Big Apple era mais que o cenário. Era um dos personagens principais. Em “Sex and the City”, Carrie Bradshaw e suas amigas tiveram a mesma percepção e tornaram Nova York a quinta menina do grupo. Aqui no Brasil, ouso dizer que nenhuma cidade é tão inspiradora quanto o Rio de Janeiro.

O jornalista Ricardo Boechat, argentino por nascimento e carioca por vocação, explicou um pouco desta sedução. “O Rio é uma metrópole onde você pode ver o horizonte”, disse. Não é que ele está certo? Na Vila Isabel ou na Avenida Presidente Vargas, entre prédios ou entre morros, o céu pinta de azul a silhueta da cidade. Da janela, vê-se o Corcovado, o Redentor, que lindo. E em que outra cidade, o beijo do sol na linha do horizonte recebe aplausos dos hippies doidões sentados no camarote das Pedras do Arpoador? Aliás, o que são as Pedras do Arpoador? O que são as praias do Rio?

No Rio, há uma profusão de sal, areia e pele. Peles brancas, sardentas, morenas, negras, mulatas, tatuadas e camaleoas que desfilam soberanas do Leme ao Pontal. É o território delas, musas às dúzias que vêm e que passam a caminho do mar. Nós, testemunhas oculares do fato, admiramos. Da nossa área VIP, tomamos suco de acerola, açaí com morango, água de coco ou um sanduíche natural do Bibi. Para ver melhor os biquínis (e seus recheios), a gente bebe Skol servida em uma garrafa cercada por uma crosta de gelo – a chamada “canela de pedreiro”. Cerveja há em qualquer lugar, mas no Rio o sabor é amplificado. É como tomar um cálice de vinho nos cafés de Paris com uma revista sobre a mesa. Ou tomar um chá em frente à catedral de St. Paul, em Londres. A bebida ganha outro paladar. O ambiente tempera.

Voltemos a elas. Musas. São bocas em todo lugar, além de corpos malhados, sorrisos talhados. Só flerte, só a fé em movimentos circulares na Zona Sul, de bar em bar. Até tomar um porre de felicidade ou explodir o coração na maior felicidade. Onde quer que seja o endereço dos bailes, lá estão elas: garotas de cinema. Luz, câmera e ação!

É fácil se apaixonar no Rio, tanto quanto em Paris. A diferença é aqui, o amor assalta à luz do dia. À queima roupa. Rio de Janeiro, cidade hardcore. E é mais cruel porque ela faz você se apaixonar pela mesma mulher sempre. A fonte da juventude (ou do rejuvenescimento) está nas areias da Zona Sul.

Há poucas semanas, recebi alguns primos de São Paulo em uma primeira visita ao Rio. Eles chegaram em um dia cinzento, com a chuva fina tão comum à Sampa. Do Santos Dumont à Barra da Tijuca, os cenários estavam encobertos. Porém, algo chamou a atenção deles: a movimentação das pessoas nas calçadas.

- O pessoal aqui não tem medo de chuva.

Pois é, o Rio convida as pessoas a saírem das suas tocas, mesmo com a garoa.

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, He-Man está confuso. Não há moral da história para uma resenha turístico-afetiva. Vamos combinar assim, o Rio é maneiro, mas não seja bairrista. Os bairristas não fazem amigos. Amiguinho, não deixe as suas cuecas penduradas na torneira do chuveiro. Até a próxima!!!

sábado, 10 de setembro de 2011

O chocolate e as divagações pós-Dia do Sexo

Já escrevi isso por aqui em algum momento, mas não canso de repetir: sexo é que nem pizza, até quando é ruim, é bom. Mas há uma corrente que atribua os mesmos benefícios terapêuticos do sexo ao chocolate. Alguns cientistas, sem ratinhos para dissecar e sem mais o que fazer, relataram que o chocolate e o sexo ativam as mesmas zonas de prazer do cérebro. Será? Na verdade, o chocolate tem algumas vantagens sobre o milenar esporte do vuco-vuco.

Chocolate não finge orgasmo. Não ligo para o chocolate no dia
seguinte. Como chocolate em público. Não preciso levar o chocolate para jantar. O chocolate não precisa ir para casa no dia seguinte. O chocolate não tem TPM. Posso comer dois (ou três) chocolates ao mesmo tempo e nenhum deles fica com ciúmes. O chocolate não tem crise de carência. Veja futebol com o chocolate e ele não reclama – na verdade, ele pode ser o petisco. Se eu comer um chocolate diferente por dia, eu não serei promíscuo. Posso comer chocolate mesmo sem estar com fome. Posso dividir o mesmo chocolate com os amigos sem que a minha honra vá para a sarjeta. O chocolate tem sempre a mesma aparência, então não corro o risco de traçar um mais ou menos feioso. Meus amigos não vão me sacanear seu eu comer um chocolate feio. Não preciso fazer contorcionismo para comer um chocolate dentro do carro. Posso comer dois ou três chocolates em curtíssimos intervalos de tempo - sem negar fogo. Se eu não conseguir comer um chocolate, ele não vai tentar me consolar. Mesmo nas lojas mais caras, o chocolate ainda é absurdamente mais barato que os sexos mais caros. Posso admitir publicamente que pago pelo chocolate, enquanto não posso dizer o mesmo sobre sexo.

Só que... prefiro sexo.


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, hoje aprendemos uma importante lição. Seja sexo, chocolate, pizza ou qualquer delícia deste mundo cão, tudo deve ser apreciado com moderação. Lembre-se que tudo em excesso faz mal. Até o cara gente boa demais é chato! Amiguinho, enfrente os seus medos com autoestima, mas, se precisar, use um porrete! Até a próxima!!!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Ensaio sobre os elogios

Elogio não paga as contas, mas ninguém recusa. Mais do que uma gentileza, uma palavra carinhosa pode levantar a moral da pessoa e dar aquela injeção de ânimo, que, muitas vezes, é só o que ela precisa.

Essas constatações não vão me garantir o Nobel de psicologia, mas, apesar de óbvias, muita gente esquece. Então, vou fazer uma listinha de dicas batidas e repetidas em inúmeros livros de autoajuda, mas que valem o reforço.

Vem comigo!

1. Elogio é um reconhecimento, uma recompensa
Dar bronca é mole! O cara pisou fora da linha, o esporro é certo. Então, por que não fazer o inverso? O cidadão mandou bem, faça um afago. Assim como os cães, os seres humanos adoram um carinho na cabeça. Pena que nós não podemos abanar o rabo.

2. Mulheres a-do-ram elogios
Todos gostam, mas as fêmeas da espécie humana dão piruetas com triplo mortal carpado quando recebem um elogio no momento certo. Essas ocasiões costumam ser quando vestem uma roupa nova, quando são reencontradas, quando estão de TPM (quase sempre), quando estão do lado da sua ex, quando estão em um grupo de amigos, quando estão na academia... enfim, quase sempre. Só tenha cuidado com amabilidades duvidosas do tipo: “nossa, você está tão bonita que nem te reconheci” ou “uau! Você nem parece a idade que tem!”. Fail!!!

3. Formas inesperadas de elogios têm maior peso
Imagina a situação: você está em um dia tenso de trabalho, tudo parece que vai dar errado, mas seu celular apita com um torpedo. Na telinha está escrito “Já te falei que você é uma pessoa sensacional? Beijo grande”. Pronto! Alguém ganhou o dia.

4. Elogios aos filhos também atingem os pais
Pais são seres babões desde que seus pimpolhos ainda eram projetos de espermatozóides. Então, quer fazer um pai ou uma mãe feliz? Diga que sua prole é linda.

5. Em alguns casos, mentirinhas fazem pessoas felizes
Ah, vai, mentiras sinceras interessam! Cazuza sabia disso e não é de todo mal. Contanto que você não perca a linha no exagero, um elogio fofo, porém não tão verídico, têm o seu valor. Esse é um caso delicado, pois você está na tênue linha entre o gentil e o pelassaco!

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, o recado do dia é simples e objetivo: elogio é sempre bem-vindo. Se você gosta deu receber, então aproveite e faça alguns de vez em quando. Amiguinho, um bom café da manhã é garantia de saúde por todo o dia! Até a próxima!!!

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Como perder amigos sem fazer esforço

História real passada pelo meu amigo Deodoro em uma festa de crianças.

Era uma vez...

Entre um brigadeiro e outro, Deodoro lutava contra o tédio puxando papo com outros pais. Ele estava fazendo o que Tyler Durdeen já descreveu como “amizade descartável”, aquela que você faz na fila, na sala de espera do dentista, no avião etc. Enfim, é aquela que dura apenas o tempo em que os envolvidos são obrigados a conviver.

AMIGO DESCARTÁVEL: Descobri que a minha filha está namorando.

DEODORO: A minha é muito novinha. Não tem idade para isso.

AMIGO DESCARTÁVEL: Pois é, o garoto tem 15 anos. Ele é até gente boa, mas é feio que dói. A fachada dele é toda errada.

DEODORO: Que saco, hein?

Um jovem casal, ambos entre os 12 e 15 anos, se aproxima da dupla. Eles cumprimentam o Amigo Descartável e saem.

DEODORO: Você estava certo. O moleque é muito feio mesmo. Horrível!

AMIGO DESCARTÁVEL: Aquele é o meu filho.

Silêncio constrangedor...

DEODORO: (...)

Mais silêncio constrangedor...

DEODORO: (...)

Silêncio estupidamente constrangedor prossegue....

DEODORO: E o Deivid, hein? Como perde gol esse infeliz.

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, hoje aprendemos uma importante lição. O problema dos "amigos descartáveis" é que você não sabe nada sobre eles. Então, antes de destilar seu doce veneno, consiga mais informações. Aliás, se puder evitar falar mal de alguém, faça isso. Amiguinho, não faça fofoca. Até a próxima!!!

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Retrato dela em pequenas frases

- Você nunca escreveu sobre mim.

Ela comentou com uma pitada de ressentimento e uma tonelada de razão. Eu nunca escrevi sobre ela. Até hoje. Até agora.

Ela perde a compostura quando eu falo mal do Fluminense. Ela faz as próprias unhas - não que ela goste muito disso. Ela me estimula a ir à missa aos domingos. Ela fala um pouco de chinês. Ela tem a ambição de salvar o mundo. Ela já me fez assistir quase quatro horas de uma apresentação de balé. Ela nunca viu "Goonies" nem "Tubarão". Ela chorou quando tirou C em um trabalho do mestrado. Ela ganhou R$ 1.000 no bolão da Copa de 2010, disputando com uma porção de marmanjos metidos a "gatos-mestres" do futebol. Ela evita filmes de terror a todo custo. Ela não come nada que venha do mar. Ela gosta de vinhos adocicados. Ela adora "The Big Bang Theory", "Sex and the City", "Glee", "Grey's Anatomy" e "How I Met Your Mother". Ela rouba o meu travesseiro enquanto dorme. Ela não gosta de usar tênis. Ela fica "altinha" com pouca bebida. Ela adora churrascos ou qualquer tipo de culinária que envolva carne - contanto que seja bem passada. Ela tem um imã para cantadas horrorosas, incluindo as minhas. Ela dirige com o pé enterrado no acelerador e colada nos outros carros. Ela cisma que eu preciso ver "Dirty Dancing" de qualquer maneira. Ela é CDF. Ela não sabe contar piadas. Ela esquece dos filmes que viu. Ela cozinha pratos que ficam bonitos e saborosos. Ela está longe. Ela faz falta.


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, hoje aprendemos uma bela lição. As pessoas amadas têm peculiaridades que elas próprias não percebem, mas são muito nítidas para terceiros. São coisinhas pequenas, mas deliciosas de serem observadas. Cultivar uma visão desses detalhes é uma forma de admiração silenciosa e de descobrir novas razões para amar. He-Man está inspirado hoje! Amiguinho, cuide bem dos seus livros, pois eles são seus amigos. Até a próxima!!!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Coisas que aprendi com Clint Eastwood

Um pequeno tributo a um exemplo de artista persistente e indivíduo "brabo", sem perder a ternura, Aperta o Play e vem comigo!


:: Com Clint, aprendi que posso envelhecer com tesão pelo trabalho.
:: Com Clint, aprendi que barba por fazer deixa o sujeito com cara de mau.
:: Com Clint, aprendi que falar entre os dentes deixa a frase ainda mais temível. Experimente falar "vá em frente, punk. Faça o meu dia" sem descolar os dentes e veja como fica ainda mais amedrontador.
:: Com Clint, aprendi que é possível ser sensível sem perder a macheza!
:: Com Clint, aprendi que é possível chegar aos 80 anos lúcido, elegante, criativo e rabugento.
:: Com Clint, aprendi a adorar filmes de faroeste.
:: Com Clint, aprendi a temer o poder de fogo de uma Magnum 44.
:: Com Clint, aprendi que minhas bobagens profissionais são remediáveis. Clint fez "Rookie" e "Honkytonky Man" antes de conceber pérolas como "Os Imperdoáveis", "Gran Torino" e "Sobre Meninos e Lobos".
:: Com Clint, aprendi que "Um Mundo Perfeito" é um filme subestimado.
:: Com Clint, aprendi que, mesma na melhor idade, eu ainda posso ter sex-appeal para engabelar
a Rene Russo.
:: Com Clint, aprendi que eu posso reverter desastres em coisas positivas. Aos 21 anos, o soldado Clint sobreviveu a um acidente aéreo, nadou 5 km e foi promovido de recruta a treinador de natação.
:: Com Clint, aprendi que é possível fazer um trabalho respeitado por contemporâneos e várias gerações posteriores.
:: Com Clint, aprendi que é possível ser bem-sucedido, mesmo sendo um músico frustrado. Clint queria tocar jazz, mas nunca conseguiu.


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, hoje aprendemos uma valorosa lição. O tempo é inexorável (não sabe o que é "inexorável"? Google it!). A melhor foram que você pode lidar com ele é fazer como o oldmuddafocker Clint Eastwood: amadureça com qualidade. O que eu quero dizer? Quanto mais perto da morte chegar, mas tenha tesão pela vida! Amiguinho, não deixe acumular tralhas no seu quarto! Até a próxima!!!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

A mulher que sempre diz sim

Era uma vez, um padre recém-chegado...

Padre Firmino era novo na paróquia (literalmente) e ainda não conhecia bem os fiéis. Na primeira missa, seguiu uma das dicas de ouro dos comunicadores: “o público é o termômetro do seu discurso. Escolha alguém da platéia e acompanhe as reações”. O sacerdote escolheu uma senhorinha na terceira fila e começou o seu sermão.

Firmino pregava e a velhinha concordava com a cabeça balançando. Ele ia falando, falando e a beata concordava acenando com a cabeça. O padre se empolgou e alongou o sermão, pois seu “termômetro” estava fervendo.

Ao fim da missa, o padre foi conversar com os assistentes;

- Vem cá, quem era aquela senhora na terceira fila? Ela é muito simpática.

- Quem? A dona Angelita?

- Deve ser. Era aquela que balançava a cabeça durante o meu sermão. Ela me deu muita confiança. Até me empolguei e falei mais do que o previsto.

- Ah, é ela mesmo. Que mulher dedicada a dona Angelita. Não perde uma missa nem mesmo sofrendo com o Parkinson.


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, hoje aprendemos uma importante lição. Quando uma mulher concorda com tudo o que você fala e não questiona absolutamente nada, desconfie. Ela deve ter algum problema. Amiguinho, no trânsito, respeite as filas e não tente espertamente furar as filas pegando a contramão. Até a próxima!!!







terça-feira, 19 de julho de 2011

Retrato do blogueiro em pequenas frases

Tomado por um súbito exibicionismo e egocentrismo, decidi escrever sobre mim. Pequenos detalhes, cacoetes e peculiaridades do meu personagem. Nada com sentido ou lógica. Apenas eu. Comecemos.

À noite, quando chego em casa, a primeira coisa que faço é ligar o som e deixar a música invadir o ambiente. Durmo sempre do lado esquerdo da cama. Tenho uma coleção de camisas de futebol. Meus CDs são organizados em ordem alfabética. Tenho TV no quarto, mas prefiro assistir aos programas na sala. Raramente uso o telefone fixo que tenho. Leio mais de um livro ao mesmo tempo e os assuntos são quase sempre diferentes. Só vi "O Poderoso Chefão" depois dos 30. Por mais quente que esteja, sempre saio para trabalhar com uma camiseta por baixo da camisa social, polo ou jaqueta. Não guardo fotos de família ou namorada na carteira. Meus tênis duram uma eternidade. Tenho uma estranha paranoia que me faz evitar sentar de costas para a porta de entrada em restaurantes. Mando postais para os amigos que moram longe. Detesto dar presentes óbvios. Tenho uma pequena pinta sobre o lado esquerdo da boca e cultivo a ilusão de que é sexy como a da Cindy Crawford. As pessoas sentem uma compulsão esquisita de me contar as coisas. Eu já vi fantasmas ou coisa parecida – três vezes. Não tenho intimidade ou vínculo com o meu irmão. Minha mãe adora arrumar as minhas coisas ao seu bel-prazer. Tenho um amigo que é padre. Nunca li uma página sequer de qualquer livro do Harry Potter. Eu me divirto tanto em filmes do Michael Bay quanto nos do Woody Allen. Cancelei o meu Orkut, mas sinto uma falta danada de visitar a comunidade gentilmente criada para este blog. Acho José Saramago muito chato. Eu não entendi "2001 – Uma Odisseia no Espaço". Adoro esportes de luta, tanto para assistir quanto para praticar. Lamento muito nunca ter aprendido a tocar violão. Eu só disse "eu te amo" para sete mulheres em toda a vida (exceto mamãe). Eu canto enquanto dirijo. Sonho em ter filhos e ouvir música com eles. Às vezes, sou meio piegas. Em 1998, eu ganhei uma medalhinha do meu padrinho e raríssimas vezes eu a tirei desde então. Tenho uma vontade de fazer uma tatuagem em homenagem à Irlanda. Eu entendo muito pouco de carros. Eu sou um poço de sensibilidade. Eu gosto muito de parágrafos que acabam com reticências...

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,HE-MAN?Amiguinho, (???). Olha o seu Twitter. DM para você. Mesmo com minha ultrajante sabedoria cósmica, ainda não entendi o texto. Sem mais por hoje. Sem moral também.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Que time é teu?

Daqui a pouco tem jogo da seleção brasileira, a pátria de chuteiras. É o ópio do povo em seu grau máximo. É o momento em que todas as torcidas esquecem as rivalidades e vestem a mesma camisa amarela. Houve um tempo em que eu largava tudo para assistir um jogo do Brasil. Hoje em dia, eu não dou a mínima.

Nem sempre foi assim. Minha história com a seleção começou com a desclassificação para a França em 1986 e se consolidou em 1993, naquele antológico Brasil x Uruguai. Lembra desse jogo? Foi aquele em que o Romário foi convocado sob o clamor popular e fez dois gols diante de mais de 100 mil pessoas no Maracanã. Eu estava naquela partida e foi a minha primeira vez no Maior do Mundo. Foi amor à primeira vista.

No ano seguinte, eu comecei a colecionar figurinhas da Copa e assisti a todos os jogos do Mundial. Lembro até hoje da sequência de partidas que culminou naquele pênalti isolado pelo Roberto Baggio. Eu estava em Salvador naquele dia e me senti o torcedor mais pé-quente do mundo.

Em 1998, comprei a minha primeira camisa do Brasil e a Copa da França foi pano de fundo para uma das minhas maiores aventuras amorosas. Cada jogo da seleção era um encontro com uma vascaína linda e maluca. Quando Zidane e Petit enterraram o sonho do pentacampeonato, eu tomei um pé-na-bunda mítico e chorei em dobro: pela derrota em Paris e pela minha cacetada no Recreio dos Bandeirantes. Superei.

Assim como todo o país, eu acompanhei desconfiado o Brasil se classificar aos trancos e barrancos para a Copa do Japão e Coreia. Enquanto Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho surpreendiam a nação e atropelavam os adversários, minha mãe foi hospitalizada e passou por uma cirurgia muito delicada. Lembro que o dia da operação foi no mesmo daquele clássico Brasil x Inglaterra, no qual o Ronaldinho Gaúcho fez um gol de falta extraordinário e mandou o British Team de volta para casa. Eram jogos na madrugada, mas muito divertidos. Assisti à final contra a Alemanha na casa de um amigo e foi um porre antes das 9h.

Curiosamente, depois daquele jogo, a seleção perdeu o encantamento. Os craques não jogavam mais no Brasil, não havia mais o comprometimento dos jogadores com a torcida. Era um clima estranho. Por mais que o Brasil fosse ganhando as competições internacionais, eu não me sentia mais tão íntimo dos caras. Em 2006, com a eliminação diante da França (de novo), percebi que aquele time de amarelo não me representava mais. Depois, com o início da Era Dunga, aí que é peguei nojo mesmo.

Para você ter uma noção, assisti a Copa da África como se fosse um espectador de ópera: caladinho e sem reação. Em 2010, eu saquei que eu não era mais torcedor. Na verdade, eu torcia para o Brasil prosseguir na competição apenas para garantir os "feriados" e recessos. Sabe como é, né? Dia de jogo da seleção na Copa é ponto facultativo. Quando a Holanda eliminou o timeco do Dunga, minha reação foi de desprezo. Sabe aquela sensação de "dane-se"? Pois é, era eu.

Pois bem, hoje tem jogo do Brasil pela Copa América e vou ver a pelada sem qualquer comoção. Pouco importa. Na real, nada importa. Salvando dois ou três gatos pingados, não sinto qualquer identificação com aqueles caras em campo. Que se explodam o Neymar, o Ganso, o Pato, o Marreco e o Garnizé. Que se arrebente a CBF corrupta e maquiavélica. Para o inferno com os empresários e pseudo-craques-popstars. Que se lasque o ufanismo mentecapto do Galvão Bueno. Triste isso, né? Acho que o garoto que sentiu o coração acelerar vendo o Romário vestir a 11 do Brasil não imaginaria que um dia ficaria apático diante de um jogo da seleção.

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, se tem uma coisa que o Homem mais Poderoso do Universo detesta é espírito de porco. No entanto, eu até te entendo. Seja no Brasil ou em qualquer outra seleção de primeiro escalão, os caras que entram em campo representam mais os seus próprios interesses do que a paixão de milhões de torcedores. Mas, quer uma dica? Veja os jogos das seleções feminina, sub-20 ou fraldinha. Os atletas que vestem a amarelinha são muito mais comprometidos. Eles e elas ainda têm algo a provar e ainda não pagaram todas as prestações do Minha Casa Minha Vida. Eles jogam pelo orgulho e honra. Como diria James Hetfield, "its sad but true". Amiguinho, não misture as roupas coloridas e as brancas antes de botar tudo na máquina. Até a próxima!!!

domingo, 3 de julho de 2011

O mito do melhor amigo

Não acredito nesta história de “melhor amigo”, pois acho que isso é apenas uma invenção estadunidense para temperar filmes adolescentes. Acredito mais na lógica dos “grandes amigos”, aqueles que surgem em momentos importantes e se tornam especiais por alguma bela razão. Como exemplo, vou citar o caso de Nuno, camarada dos tempos do 3º ano.

Bom, naquele tempo, bullying era uma palavra que eu nunca tinha ouvido, mas já conhecia muito bem. Assim como hoje em dia, era difícil tirar notas boas, usar óculos e ser magrinho – o CDF clássico. Além de não pegar ninguém, minha moral estava mais baixa que barriga de cobra. Na maioria das vezes, eu não levava desaforo e acaba revidando as afrontas. Quase sempre, eu apanhava. Eu era todo errado e estava fadado a sair do colégio com a faixa de panaca atravessada no peito. Só que o destino, sempre muito brincalhão, botou o “cara popular” no meu caminho – heterossexualmente falando.

Nuno era um ano mais velho que a garotada da turma, era boa pinta e mandava bem nos esportes. Se fosse uma high school, ele seria um daqueles caras que usam uma jaqueta com número e iniciais da escola. Só que o sujeito era um brutamontes especialmente bacana e calhou de sentar na carteira ao lado da minha. Achei que seria mais um a me enfiar uns tabefes na nuca, esconder a minha mochila e botar as digitais nos meus óculos.

Olha, saiba de uma coisa. Para um indivíduo que usa óculos, poucas
coisas na vida são mais odiosas que alguém enfiar os polegares nas lentes. Da vontade de cometer um homicídio doloso no miserável que faz isso.

Nuno virou meu amigo e fez o meu popularômetro subir consideravelmente. Mais do que isso, foi ele foi o cidadão que me apresentou ao jiu-jitsu. Comprei um quimono Atama e entrei na rotina de treinos. Não é que eu peguei gosto pela coisa?

Em poucos dias, já estava atropelando os outros novatos. Em algumas semanas, eu já dava um calor nos garotos mais graduados. Desenvolvi até um corpo maneiro com rapidez. Para ficar mais adequado ao “brucutu-way-of-life”, raspei a cabeça e comecei a usar camisas de artes marciais. Sim, eu fiz isso. E quando eu ia para as aulas com hematomas no rosto, era a glória.

Bullying? Nunca mais passei por qualquer perrengue. Conquistei o respeito da tropa e consegui até pegar uma ou outra menina da escola. Papai do Céu me botou no sufoco durante todo o período escolar, mas reservou uma vaga em um hotel 5 estrelas no meu último ano.

Nuno foi como um Senhor Miyagi na minha fase pré-vestibular. Depois do colégio, a gente perdeu o contato. Nos reencontramos em poucos eventos da velha turma da escola. Ele parou com o jiu-jitsu e se formou em odontologia. Eu continuei e ainda é o meu esporte favorito, o que me deixa mais feliz. Não raspo mais a cabeça e se tiver que usar uma camisa de lutas, eu visto uma da luta contra o câncer de mama.

Há uns quatro anos, a galera do colégio me contou que Nuno estava com câncer e o caso era sério. Trocamos alguns e-mails, nos quais ele dizia que tudo estava bem, que ele iria passar por tudo numa boa. Em março de 2011, me deram a notícia que ele não tinha resistido. Morreu novo, aos 33 anos, sem filhos ou casamento. Demorei para escrever sobre este assunto, pois não queria contar uma história triste. Nuno não era um cara que combine com memórias melancólicas. Ele foi o melhor amigo em um tempono qual os jiu-jiteiros e os roqueiros Iron Maiden matavam aulas juntos para beber vodka às 9 horas da manhã.


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, muito já se disse ou escreveu sobre o "amigo". De Shakespeare a Didi Mocó, falar sobre os camaradas sempre rendeu pauta. Dentre todas as citações, fico com uma do filósofo Humberto Gessinger, o Engenheiro do Havaí. Segundo ele, "amigo é aquele que você pode abrir a porta de casa vestindo pijamas". Faz sentido. Amiguinho, não seja trapaceiro quando jogar cartas. Até a próxima!!!

domingo, 12 de junho de 2011

Paula Burlamaqui e eu


Infelizmente, mulheres não compreendem alguns comportamentos primários dos homens. Um deles é o apego a certos objetos. Por exemplo, eu tenho um tênis xexelento que me acompanha há anos. Ele está quase furando, mas veste que é uma beleza. Também já ouvi namoradas de amigos meus reclamando de certas camisas que os seus respectivos nunca abandonam. Chegam a fazer terrorismo: "qualquer dia desses, vou botar essa porcaria no lixo sem que ele perceba". Maldade. E neste contexto, há um item cuja relação as meninas jamais compreenderão: as revistas masculinas.

Eu usei a palavra "relação" propositalmente. O homem cria um envolvimento quase afetivo com certas revistas. Vamos combinar, que para certos adolescentes é quase como uma namorada.

Realidade virtual é um conceito muito amplo, especialmente neste caso, não é mesmo? O moleque pode namorar a Jessica Alba, a Feiticeira, a Viviane Araújo etc, sem que elas saibam. A milenar arte do cinco-contra-um é uma densa manifestação do amor platônico em seu aspecto mais lascivo. E ainda tem a vantagem delas não cobrarem presente no dia 12 de junho.

Veja o meu caso. Eu tinha uma edição da Paula Burlamaqui que era tratada com extremo carinho. Tive até um casinho com a primeira edição da Carla Perez (com cabelo ruim e tudo) e uma aventura com a Scheila Carvalho, mas jamais repeti a sinceridade que dediquei à Paula. A única que me balançou foi a Tiazinha. Aquela máscara e aqueles peitinhos honestos estremeceram a minha relação com a "Burlamáquina". Superamos!

Tenho um amigo que lembra com muita saudade da Mara Maravilha e sua Playboy com temática indígena. Confesso que só fui ver o "ensaio" após o advento da Internet. Quando eu era guri, a edição Mara era quase um Santo Graal. Poucos tinham. Aliás, fui criança nos anos 80 e essa década foi cavernosa no quesito capas de revista. Só mesmo um estudo antropológico pode explicar como Yoná Magalhães, Hortência, Lucélia Santos, Elba Ramalho e Rosenery (!!!) Fogueteira (em edição especial (!!!!!!!)) alcançaram o status de símbolos sexuais. Só Luciana Vendramini (que tinha o fetiche de ser Paquita e menor de idade) faria bonito até hoje. Creio que ela está no mesmo nível da Mara Maravilha.

Os tempos mudaram. Assim como música digital, a
garotada não precisamais pedir para alguém maior de idade comprar a revista. A internet está aí para isso. Perdeu a aura de conquista, de vitória. "Caceta, consegui a Playboy da Monique Evans. Saca só!". Além do mais, hoje as capas da Playboy estão muito agressivas, masculinizadas. Tem mulheres com pernas mais musculosas que as minhas. E olha que tenho pernas maneiras. Cadê a inocência dos peitos naturais da Luiza Brunet? E as pernas bailarinas da Claudia Raia (ainda com cabelo armadão)? As coxas da Valeska Popozuda parecem as do Roberto Carlos, ex-lateral do Corinthians e do Real Madrid. Por mais gostosa que seja, Gracyanne Barbosa tem um físico de lutador de MMA. Hmmm... isso desperta certas criatividades. Imagina esta mulher te finalizando no triângulo?

E você, qual foi a sua Playboy inesquecível? Abra o jogo, vote ao lado e comente aqui.

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho de mão cabeluda, o padrão estético e o conceito de gostosura é um assunto muito denso. Veja o caso das musas pintadas na Renascença. Todas "cheinhas", com barriguinhas salientes e braços rechonchudos. Era o tipo de mulher que você só pegaria no fim da noite ou para fazer score no micareta. Vida que segue. A única unanimidade imortal é este que vos escreve. He-Man era, foi e sempre será top e referência de beleza naturalmente esculpida pela natureza. Amiguinho, lave as mãos após usar o banheiro. Até a próxima!!!