quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Simpatia é quase amor

Carnaval é terreno fértil para este humilde blog. Isto é inquestionável. A maior festa popular do Brasil já inspirou a história da "quase-virgem", a busca pelo famoso Baile do Diabo, uma lição de como fugir de um flagrante bisonho e até mesmo as minhas próprias peripécias na folia. Enfim, vamos ao que importa, pois há novas estripulias para relatar. Como bebi menos do que o habitual, consegui registrar alguns diálogos inusitados e situações dignas de nota no meio da farra carioca.

Planejamento estratégico na folia


Na concentração de um bloco, um grupo de rapazes aquece os tamborins com vodka e Red Bull. O Macho-Alfa define o plano assim:

MACHO-ALFA: A parada é a seguinte: vamos atacar as mulheres com mais de 33 anos.
DISCÍPULO: Mas, por que as de 33? E as ninfetinhas?
MACHO-ALFA: Mermão, vai por mim. Mulher entre 23 e 33 quer arrumar casamento. As com mais de 33 querem arruinar o casamento dos outros.

Hmmm... não é que faz sentido?

A cantada irrecusável

Folião cheio de conversinha prepara o bote em cima da garotinha indefesa.

FOLIÃO: Gatinha, saca só, eu estava ali te olhando e te achei linda. Aí, eu pensei que a gente poderia ficar. Se você acha que sim, dá um sorrisinho. Se achar que não, dá um mortal para trás.

Não vi a conclusão, mas acho que ele se deu bem.

Me dá o seu telefone

A mulherada cisma em classificar 99,7% dos machos com uma horda de salafrários. No entanto, ouvi uma pérola da cafajestice vinda de uma doce mocinha.

PIERRÔ: Gatinha, a gente poderia se ver de novo.
DOCE MOCINHA: Talvez... pode ser...
PIERRÔ: Pode ser sim! Qual o seu telefone?
DOCE MOCINHA: Nokia.

Pffffffffff...

Ajuda inesperada

Nádia decidiu encarar um bloco em Ipanema com as amigas. Quando estavam procurando uma vaga, o carro aqueceu e morreu. Por mais independentes e descoladas que fossem, as três sentiram que estava em uma roubada. O carro não funcionava de jeito nenhum. Como o bom e velho Murphy estava de olhos abertos, o problema no motor não seria o único. Logo na esquina, um bloco surgiu e seguiu em rota de colisão.

A multidão saltitante se aproximava e as meninas sentiram o sangue gelar. Três mocinhas formosas dando mole na pista assim de mão beijada eram pratos fáceis para os predadores. Era uma questão de tempo.

- Peraí, tem alguma coisa estranha com este bloco.

- Tem muito homem forte de sunguinha. Muito garotinho de gel no cabelo.

- Ih, até que tem uns gatinhos suados ali.

- Quem? Aqueles dois se beijando?

- Glup!

Do meio do bloco desinibido, liberal e moderninho, uma garota de cabelos curtinhos resolveu puxar assunto com a Nádia.

- Fala, gracinha. Vem com a gente. O bloco está ótimo.

- Errrr... não dá.... o carro morreu.

- Ah, é? Se eu consertar, você me dá o seu telefone?

- Glup!

Nádia pagou para ver.

E perdeu. A garota abriu meteu a mão na massa e fez o carro funcionar. Nádia deu o seu telefone. Até agora, a princesinha mecânica não ligou – até onde eu sei.

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinho, enquanto o vitaminado He-Man está se recuperando da ressaca pós-Carnaval, o valente Príncipe Adam assume o comando. Bom, vamos ao seu caso. Olha, até que seu histórico carnavalesco está melhorando. Dessa vez, não teve assédio às menores de idade ou flerte com travecos. Excelente! Aliás, por que você não colocou algumas das histórias em primeira pessoa? Eu sei que você protagonizou algumas delas. Você está devendo na praça? Não tente enganar o Homem Mais Forte do Universo e o seu alter ego igualmente sábio. Amiguinho, cuidado com os seus segredos. Escolha bem as pessoas de sua confiança. Até a próxima!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

He-Man responde! #15

Essa história foi enviada por uma doce leitora que busca compreender o modus operandi da mente masculina. Como tal conhecimento supera minha vã filosofia, resolvi passar a bola para a inteligência suprema, o ás da verdade universal, o dono de todas as respostas, o Defensor de Etérnia: o primeiro e único He-Man!


MINEIRA DESILUDIDA CONTA (POR E-MAIL):
Combinei de sair com um rapaz que já conheço há quase um ano. Já almoçamos muitas vezes, e ele é um amigo querido, mas sempre ficaram uns assuntos nas entrelinhas. Se é que você me entende. Aí, marcamos de sair, ir a um barzinho e tal. Ele combinou de me pegar às 18h, logo depois do trabalho.

No meio da tarde, ele mandou um torpedo dizendo que iria à Lavras, uma cidade próxima de Belo Horizonte, visitar um cliente. Como já era 15h, talvez ele fosse se atrasar. Prometeu me ligar antes das 18h e tal. Deu 18h, 18h30, 18h45... e eu, boba, fiquei esperando por um sinal de vida. É que nessas horas a gente pensa: "a reunião deve ter atrasado", "o trânsito deve estar ruim", "se ele não ligou desmarcando é porque ainda deve vir" etc. Quanta inocência, pra não dizer burrice...

Puta, eu enviei um torpedo: "E aí?". E ele nada. Aí depois de uns 10 minutos enviei outra: "Não acredito que você não vai dar sinal de vida e me deixar esperando sem notícias. Isso não combina com você. Ainda estou no escritório". E ele... nada. Eu liguei. Ele não atendeu. E logo depois, mandou outro torpedo dizendo que estava na estrada. Como achei a resposta meio evasiva, respondi: "Mas você vem me encontrar ainda?"

Já passava das 19h e ele respondeu: "acho que vou chegar mais tarde. Pode ir pra casa que eu te ligo e te pego lá". Fiquei PUTA da vida, mas fui embora, e sabia q ele não ia ligar. E não ligou mesmo.

Poxa, por que vocês homens (claro, não vou generalizar) adoram dar o bolo nas mulheres? E olha que no meu caso foi o mocinho que ligou querendo sair. Ele podia ter todos os motivos do mundo pra ter desistido do encontro, mas custava desmarcar? Ligar e dizer que não ia dar pra encontrar mais? Eu ia ficar chateada do mesmo jeito, mas pelo menos não ia ficar esperando que nem uma trouxa! O pior é que eu o adoro, sempre nos demos bem, ele sempre se mostrou respeitador, carinhoso, sempre me ouviu, deu conselhos... um amigão. Eu fiquei decepcionadíssima. Deixar alguém esperando sem dar notícias, dar bolo nas pessoas, poxa, eu considero o cúmulo da falta de respeito, falta de consideração e canalhice! Total falta de cavalheirismo!! E posso te confessar? Foi o terceiro bolo que levei no último ano! Todos dessa mesma maneira, eu esperando no escritório e os mocinhos nem aí pra mim. Isso é típico de homem escroto!


HE-MAN RESPONDE!
Querida Mineira Desiludida, que fofo você escolher o humilde pedacinho de web do Surfista Platinado para desabafar. Aposto que você está bem mais leve agora.

Vamos iniciar pela questão dos bolos. Para começo de conversa, quem gosta de bolo é dono de confeitaria, então não se recrimine pela frustração. Agora, quer evitar a espera? Se o cara valer a pena, mande o machismo para o quinto dos infernos e tome as rédeas da situação. Como? Simples: use o seu olhar mais charmoso e diga ao pretendente "eu pego você às 20h. Esteja pronto, porque eu detesto esperar". O vagabundo vai sentir que está diante de uma mulher de atitude. Homem é um bicho que se sente instigado por fêmeas dominadoras. Se o cara não tiver bala na agulha, vai tirar o time de campo.

Sobre o caso do rapaz de Lavras, He-Man percebeu uma porrada de moles que uma morena tchutchuca como você não pode dar. Saca só os mais flagrantes:

Nº 1: O Homem Mais Forte do Universo tem consciência de que a coisa está feia em BH. A explosão demográfica feminina é astronômica e a mão-de-obra masculina não está conseguindo administrar tamanha oferta. Mas, ainda assim valorize o seu passe. Por mais irritante que seja tomar um bolo (ou três), não acuse o golpe. Morda-se de raiva, mas mantenha a classe e a superioridade. Quem perdeu foi ele.

Nº 2: Essa história teve torpedos demais. Parecia uma batalha do Pacífico em plena Segunda Guerra Mundial. Mineirinha formosa, bastava um: "querido, deu mole. Você não sabe o que perdeu". O furão não iria dormir direito por semanas.

Nº 3: Percebeu os elogios com os quais você o classificou? Eu vou repetir: "sempre nos demos bem, ele sempre se mostrou respeitador, carinhoso, sempre me ouviu, deu conselhos... um amigão". Parece que você está descrevendo o seu pai, o seu padre ou o seu terapeuta. E que história é essa de "amigão"? Querida, o cara tem que separar as paradas: amigo é amigo, homem com pegada é homem com pegada. Veja o exemplo do Todo-Poderoso He-Man: as palavras sábias fluem naturalmente, mas a espada de Greyskull está sempre pronta para o combate.

No mais, fique tranquila. Essas cacetadas só te fortalecem.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A estranha noite de Cassandra e suas amigas

Essa é mais um história de Cassandra, minha bela estagiária de humor cáustico. Lembra dela?

Certa noite, Cassandra resolveu sair com as amigas solteiras. Atitude natural para um grupo de universitárias com estrogênio fervilhando em suas veias femininas. As três beldades moram em Niterói e decidiram visitar um boate que estava em alta na cidade. Prefiro não revelar o nome, mas sei que lá a vida é doce.

Mal sabia Cassandra que sua noite não terminaria em Niterói. No fim de tudo, ela agradeceria aos céus por ter ficado na Sprite Zero o tempo todo.

Ao chegar no tal lugar, o segurança fazia questão de tumultuar a entrada para formar fila e parecer que a boate é disputada.

Ó, que novidade...

Elas esperaram na fila, e assim que entraram no ambiente, Cassandra se apavorou: a lotação era para umas 100 pessoas. Para piorar, a impressão era de que quem estava lá era amigo do segurança, ou do barman, ou da promoter. As três fizeram o reconhecimento do terreno em dois minutos e dezessete segundos (um recorde olímpico), pois a boate era do tamanho da sua sala e da sua cozinha.

- Se algum desconhecido faz aniversário e convida os amigos, perfeito! Você está de penetra na festa do fulano. Vamos sair desse muquifo - decretou Cassandra.

- Vamos beber alguma coisa antes - sugeriu Lucrécia, a amiga ponderada. O argumento foi aceito e decidiram aproveitar a promoção de birita da boate. O drink era liberado para as damas até a meia-noite: uma mistura de um líquido azul com outro troço sem álcool. O resultado era uma bebida com gosto de detergente.

Pois é, beber não seria uma opção. Decidiram fazer uma reunião no banheiro. Na porta dos toaletes, uma primeira surpresa: o moço que vendia cigarros no banheiro masculino estava dormindo na porta. Ainda não era meia-noite.

No banheiro feminino, as três amigas descobriram que a senhora que vendia cigarros no banheiro era muito solidária e tinha pena dos mais precisados. A tiazinha ouviu o papo das jovens e sugeriu que elas picassem a mula daquele pardieiro o mais rápido possível. Bom, se a funcionária não recomendava a casa, era melhor sair logo.

As três atravessaram a pista de dança agarradas às bolsas, pois a boate não tinha chapelaria. Pegaram o primeiro táxi que viram e a atravessaram a ponte Rio-Niterói. A noite ainda era uma criança e Cassandra tinha uma última consideração:

- Até que a boate era nostálgica. Parece com bons tempos de infância quando fazíamos festinhas no playground – as três riram.

No centro do Rio, as garotas entraram em outra boate famosa. A madrugada já estava avançada o lugar parecia a mansão erótica de "De Olhos Bem Fechados", aquele filme do Tom Cruise, sacou?

- Deve ter feromônios no ar-condicionado. Todos os caras estão no cio, menina – ponderou Lucrécia.

- Oba! – Samantha era a amiga serelepe de Cassandra.

Quinze minutos depois, Samanta e Lucrécia já haviam descoberto o amor. Samantha percebeu que poderia amar várias vezes naquele local. Pediu licença para ir ao banheiro e deixou o seu primeiro príncipe encantado a ver navios. Cassandra observou tudo e decidiu continuar bebendo Sprites Zeros, pois sabia que havia uma imensa probabilidade de dar merda. Ela estava certa.

Enquanto Lucrécia descobriu um amor mais sincero, Samantha logo encontrou um novo amor: um cara alto e forte, que chamarei de Emo. Você entenderá.

O primeiro Príncipe percebeu que fora trocado e resolveu discutir a relação. Empurra daqui. Xinga dali. Samantha confessou que ficou muito excitada com a confusão instaurada por sua presença morena. Príncipe I e Emo discutiram, mas não chegaram às vias de fato. Cassandra percebeu que o problema poderia crescer e sugeriu que elas fossem embora imediatamente.

Samantha não curtiu a idéia, mas acatou a liderança da minha estagiária. Ela era a única sóbria do trio. No caminho do caixa, Samantha reencontrou Emo e decidiu reviver os momentos de paixão.

- Você viu que aquele babaquinha ameaçou me bater? – Emo puxou assunto.

- Eu vi. Não tem problema. Você se garante.

- Tudo bem, mas se ele me bater, você me desculpa se eu chorar?

Emo revela-se. Aliás, taquelpariu! Que raio de comentário é esse? Como pode? Depois dizem que eu invento as coisas nesse blog. Diante de uma dessas, nem eu acreditaria.

Cassandra e Lucrécia pagaram suas contas e voltaram para reencontrar Samantha. Elas a encontraram chorando. Vou acelerar a conclusão, pois isso aqui está ficando longo demais. Resumo da ópera em 10 tópicos:

1. Príncipe I encontrou Emo e Samantha em plena confraternização bucal, manual, carnal etc. Você entendeu.
2. Príncipe I cumpriu sua promessa e bateu no Emo.
3. Emo também cumpriu sua promessa e chorou.
4. O segurança, que não tinha nada a ver com a história, botou os dois para fora debaixo de sopapos.
5. Samantha perdeu os telefones dos seus dois novos amores.
6. Samantha perdeu o próprio telefone na confusão.
7. Lucrécia anotou o telefone do seu pretendente.
8. Cassandra contabilizou 36 tocos na mesma noite e ficou p. da vida com as amigas, especialmente com a Samantha.
9. As três riram muito da história.
10. As três decidiram sair novamente no próxima sábado.




QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinhas, He-Man admira os homens que assumem suas fragilidades. O Homem Mais Forte do Universo sabe que o macho que pede colo à mulher amada merece respeito e consideração. Ele é um sujeito raro e digno de valor. Mas, um cidadão maior de idade que declara que vai chorar diante de um desafio não conta com a minha benevolência. Esse indivíduo merece um puxão de orelhas e ir para a cama sem Nescau. Onde já se viu uma coisa dessas? Amiguinho, se você quiser demonstrar que é um cara sensível, tudo bem. Mas, não faça uma bestialidade dessas. "Se ele me bater, você me desculpa se eu chorar?". Ai, meu saco eterniano! Maldita MTV e seus emos do inferno. Vou te contar, viu? Amiguinho, jogue o lixo no lixo. Tome conta da sua cidade. Até a próxima!
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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Top #5 - Músicas de fossa

Atendendo ao delicioso desafio da minha querida Truculenta, vou listar o meu Top 5 - Dor-de-cotovelo. A seleção é reveladora e muitos amigos (e leitores) vão me sacanear por toda a eternidade, amém. Enfim, divirta-se!
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"She'll come back to me", do Cake.
Poucas canções de fossa me arrebatam tanto quanto esta do Cake. Na verdade, acredito que em poucas vezes um compositor conseguiu ser tão visceral em sua dor, em sua saudade. A parte em que o vocalista assume que "se ela quiser o outro mais do que a ele mesmo, tudo bem" é de uma sinceridade explícita. Saca um trechinho da música: "all day I wait and wait / to hear her footsteps on my walkway. / She never came. / She never even called. / She'll come back to me". Com licença, vou ali chorar e já volto.



"Love Hurts", do Nazareth.
Dá para levar a sério uma capa dessas? Pois, quem vê os sorrisos marotos e pimpões dos quatro integrantes do Nazareth não imagina a dor que está no disco. "Love hurts" tem todas as presepadas das boas canções de amor platônico: solos de guitarra, rimas pobres, clipe cafona, um vocalista sofrido e drama, muito drama. Duvida? Perceba a angústia do poeta: "love hurts, love scars, / love wounds, and marks, / any heart, not tough, / or strong, enough / to take a lot of pain".




"Still loving you", do Scorpions.
Ah, o amor corroído dos Scorpions... O título verdadeiro e direto já adianta o serviço. "Eu ainda te amo" é uma declaração mais dolorida que o próprio "eu te amo", pois é a confirmação de que o sentimento ainda vive. "Still loving you" é farinha do mesmo saco de "Love hurts". Um pedacinho para você entrar no clima de fossa da banda alemã: "try, baby try / to trust in my love again / I will be there, I will be there / love our love / just shouldn't be thrown away / I will be there, I will be there".




"Careless whisper", do Wham.
Essa envergonha qualquer ser humano, mas não poderia faltar na minha lista. Meus amigos dizem que esta música é a minha cara, e por incrível que pareça, eu tomo como elogio. Mas, vamos à música. Antes de soltar a franga, Sir George Michael usava cabeleira platinada, fazia o estilo comedor-de-menininhas e vestia ternos com ombreiras. Como todo galã, ele tinha que ter uma balada sofrida. "Careless whsiper" é isso tudo e muito mais: tem um solo clássico de sax na introdução, clipe tosco e um refrão grudento, triste e verdadeiro: "So i'm never gonna dance again, the way I danced with you". Eu te entendo, George.


"In my place", do Coldplay.
Nem só de velharias vive o meu repertório de fossa. O pianinho limpo e inebriante do Chris Martin brinda os ouvidos apaixonados com uma das canções de amor mais doces que já ouvi. Ele transpira culpa e solidão, mas torce para ser resgatado. Essa melodia é tão fascinante que nem a Gwyneth resistiu ao sofrimento do cantor. Manja: "In my place, in my place / were lines that I couldn't change / I was lost, oh yeah / I was lost, I was lost / crossed lines I shouldn't have crossed / I was lost, oh yeah".



E agora, a seleção brasileira:

"Mais uma de amor", do Lulu Santos.
Canções como "Mais uma de amor" me fazem acreditar ainda mais em Deus. Só a inspiração divina faria uma criatura compor uma declaração de amor tão bonita – para uma musa, digamos, tão exótica. Encantado por Scarlett Moon, Lulu escreveu e musicou uma declaração tímida e amedrontada. Quantas vezes já fomos cúmplices dos versos "se amanhã não for nada disso / caberá só a mim esquecer / o que eu ganho, o que eu perco / ninguém precisa saber". Assim como fiz com "She'll come back to me", vou ali padecer de amor e já volto.



"Por onde andei", do Nando Reis.
Assim como você, já tive um namoro que acabou repleto de culpa e saudade. No meu caso, "Por onde andei" me massacrou. Eu juro que tremia na base cada vez que eu ouvia o Nando Reis cantarolando "por onde andei? / enquanto você me procurava / será que eu sei? / que você é mesmo / tudo aquilo que me faltava". Sabe o que é mais engraçado? Ainda tremo.






"De tanto amor", do Roberto Carlos.
Como fazer uma lista de canções de mela-cueca sem uma única obra do Rei? Não dá, né? Pois entre "Detalhes", "Eu te amo" e tantas outras pérolas, eu escolho um lado B do Roberto, que faz parte do melhor disco de sua carreira. "De tanto amor" é a canção de despedida verdadeira, aquele adeus que não deixa margem para uma segunda chance. A poesia é curtinha e dá para citar tudo: "ah! eu vim aqui amor só pra me despedir / e as últimas palavras desse nosso amor, você vai ter que ouvir / me perdi de tanto amor, ah, eu enlouqueci / ninguém podia amar assim e eu amei / e devo confessar, aí foi que eu errei / vou te olhar mais uma vez, na hora de dizer adeus / vou chorar mais uma vez quando olhar nos olhos seus, nos olhos seus / a saudade vai chegar e por favor meu bem / me deixe pelo menos só te ver passar / eu nada vou dizer perdoa se eu chorar". Caramba, Rei! Que mulher é essa?


"Ainda gosto dela", do Skank.
"Ainda gosto dela" é uma parceria do Nando Reis e do Samuel Rosa. Nem gosto tanto desta música, mas há um trecho que a credencia a entrar nesta lista: "e eu ainda gosto dela / mas ela já não gosta tanto assim / a porta ainda está aberta / mas da janela já não entra luz / e eu ainda penso nela / mas ela já não pensa mais em mim / eu vou deixar a porta aberta (eu vou) / pra que ela entre e traga a sua luz".





"Você", do Tim Maia.
Meninos e meninas, o crème de la crème, uma cortesia de Sebastião Maia. Do começo sussurrado ao refrão explosivo, "Você" é de arrebentar o coração mais duro, mais insensível. Fico imaginando quantas menininhas rodaram na mão do Tim só de ouvir sua voz cafajeste suplicando "não, não vá embora / não, não vá embora / vou morrer de saudade".






Menção curiosa:
"Se te agarro com outro te mato", do Sidney Magal.

Corno manso é o cacete! Mestre Magal mete bala no clichê e escancara seu amor possessivo e homicida. "Se te agarro com outro / te mato! / te mando algumas flores / e depois escapo".





Menção honrosa
"Garçom", do Reginaldo Rossi.

Não me atrevo a dizer nada. Deixo a letra do Reginaldo representar a frustração e o amor perdido de vez: "e pra matar a tristeza / só mesa de bar / quero tomar todas / vou me embriagar / se eu pegar no sono / me deite no chão!".