segunda-feira, 30 de junho de 2008

A aldeia global do Papai Smurf #8

NA TELONA: Para começo de conversa, Papai Smurf precisa levantar alguns pontos importantes: 1) esse não é um filme de ação com pancadarias frenéticas, 2) Rodrigo Santoro não é a estrela, como aparece no poster, e 3) nessa trama, os brasileiros não são índios. Então o que resta em "Cinturão Vermelho", do renomado David Mamet? Um filme quase oriental sobre a essência do jiu-jitsu e a honra de cada indivíduo diante dos apertos da vida. Rapidamente, a trama gira em torno de um norte-americano professor de jiu-jitsu casado com a irmã de dois profissionais da luta (um empresário inescrupuloso e um lutador famoso) - todos brasileiros. A partir de um incidente no seu tatame, as rotinas de todas as pessoas ao redor do tal professor são chacoalhadas e levadas a extremos. Cada um se vê diante de uma provação imensa e as soluções encontradas são as mais diferentes. O roteiro e os diálogos fluem bem até os últimos vinte minutos. Daí para frente, a história descamba para o maniqueísmo danado e, de uma hora para outra, muitos personagens legais ficam rasos como um pires. E ainda tem uma luta final, um mestre ancião que surge do nada, uma lição de moral e mais uma penca de clichês desnecessários. Smurf Gênio gostou do tratamento respeitoso dado ao Brasil no filme. Smurf Robusto ficou surpreso com a participação correta do Randy "Natural" Couture como comentarista de TV. Smurfette dormiu.


NA TELONA: Em poucas palavras: o filme mais mulherzinha de todos os tempos. E nem por isso é ruim. Ainda está rendendo papos em mesas de bar, então, se você não quiser ficar de fora, vá conferir as novas aventuras de Carrie, Samantha, Charlotte e Miranda.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Piadas espontâneas

Imagine uma conversa informal. Papo vem, papo vai, e de repente alguém se dirige a você com algum termo que ficou mal-entendido ou que realmente nunca passou por seus ouvidinhos. Se você for uma pessoa evoluída, superior e desencanada, imediatamente calçará as sandálias da humildade e informará que nunca ouviu tal coisa em sua vida.

- Perdoe minha ignorância, mas não tenho a menor idéia do que isso se trata.

Perceba a elegância da frase. Você não entendeu, mas quer enriquecer seus conhecimentos. Bravo! Mas, você pode também recusar-se a dar o braço a torcer e fingir que a tal coisa é corriqueira no seu vocabulário diário. Você sorri com naturalidade e deixa o barco correr. Sem dar muita bandeira, pode até perguntar a um amigo mais chegado do que diabos estavam falando. Em alguns casos mais legais, esses desentendimentos causam piadas espontâneas. Veja só...

Marlene é a fiel escudeira de Verônica, grande amiga minha. Enquanto Verônica está no batente, Marlene gerencia a casa e deixa tudo nos conformes. A residência funciona que nem um relógio suiço, graças à competência da funcionária e à confiança da patroa.

Um belo e mimoso dia, Verônica entregou uma lista de compras à fiel colaboradora com um nota de R$ 100,00.

- Marlene, taqui a lista e taqui a grana. Não tenho uma nota menor, então compra tudo que está anotado, pega o troco e completa com coisas para a casa.

- Sim, senhora. Mas, compro alguma coisa especial?

- Não sei. Pega o troco e compra algo para a casa.

- Algo?

- Sim. Manda ver.

Com Marlene era missão dada e missão cumprida. Saiu para o mercado e separou os produtos indicados. O troco (que não foi pouco) também seguiu as orientações da chefa.

Ao fim do dia, Verônica voltou para casa e entrou na cozinha. Havia alguns pacotes com os itens pedidos e dúzias de garrafas de álcool. Era álcool gel, álcool em embalagem grande, álcool em miniatura, álcool infantil, álcool diet, álcool sem cheiro... enfim, álcool em todas as suas concepções.

- Marlene, meu Deus do céu, que overdose de álcool é essa? Você vai tocar fogo na casa?

- Dona Verônica, fiz o que a senhora mandou.

- Como assim, mulher. Ficou louca?

- Mas, a senhora me disse para usar todo o troco e comprar "algo" para a casa. Foi o que eu fiz. Como a senhora não especificou, eu comprei "algo" de todo jeito.

Definitivamente, adoro piadas espontâneas.



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QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinho, essa está difícil. Estou tentando fugir o óbvio, porém não vejo para onde correr. Então, que seja. Sempre que você ouvir alguma palavra ou termo que não entendeu, faça um favor para si mesmo: pergunte. Peça uma explicação rápida. É melhor passar por ignorante interessado do que estúpido soberbo. Amiguinho, cuidado para não manchar suas roupas com bebidas. Se precisar, peça um babador. Até a próxima!
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segunda-feira, 23 de junho de 2008

O trauma das flores (ou Moulin Rouge e o fim do mundo)

Relutei muito em publicar essa história. Não pelo conteúdo, mas por ser loooonga pra cacete e não poder ser cortada. Daqui para frente, espero não abusar da sua paciência.

Chegou a hora de revelar um trauma danado relacionado a flores. Tudo aconteceu por causa de uma bela menina argentina chamada Alicia. Nós nos conhecemos, rolou a química e trocamos números de telefones. Tudo extremamente protocolar.

Dias depois, eu liguei sem ter absolutamente nada programado. Coisa de garoto, sabe? Coisa que eu faço até hoje.

– Queria te chamar para um cinema. Topa? - fui no óbvio do óbvio do óbvio.

– Esse fim de semana está complicado, pois tenho um casamento. Pode ser na terça, dia 11?

Topei e me despedi com a alegria de moleque que conseguiu a figurinha que faltava para completar o seu álbum da Copa. E não é que o Osama quase pôs tudo a perder no dia D?

Na manhã de 11 de Setembro, caiu o mundo. As torres gêmeas viraram pó ao vivo em todas as emissoras possíveis - menos no SBT, que seguiu transmitindo "Chaves" sem dar bola para o juízo final.

Que se dane o mundo. Meu cineminha com a Alicia caiu junto com o WCT!

Mas, não caiu. Ela manteve o programa e eu me considerei um egoísta miserável.

– Vamos ver "Moulin Rouge"? Eu ainda não assisti e você? - sugestão típica de menina.

Eu já. E não gostei.


– Não, não fui ainda, mas estou louco pra ir conferir.

Fui ver "Moulin Rouge" pela segunda vez em dez dias. Minha impressão mudou e fiquei achando bacana a historinha de amor entre o escritor e a vedete. Não é que era legal? Os olhinhos de Alicia brilhavam no escuro em cada seqüência musical. Ela sussurava as canções e me dizia: "Isso é Nirvana". "Isso é David Bowie". "Isso é Elton John".

Eu já sabia, mas achava muito doce ela me considerar um tapado musical e me guiar pelo universo pop. No fim do filme, ela agarrou meu braço enquanto Satine morria nos braços do Christian. Nunca tinha passado por isso. Foi a primeira vez que uma menina me deixou arrepiado por ficar quase soluçante ao meu lado.

Saímos caminhando pelo Leblon até um barzinho simpático que não me lembro o nome. Conversamos sobre o filme, sobre o amor e sobre música. De repente, o 11 de Setembro não existia mais... graças ao Moulin Rouge.

Corta para o carro. Começou a contagem regressiva.

Cinco
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– Que bom que você gostou do filme – eu disse.

– Adorei. Foi bom pra relaxar. Não dá para saber se ainda vai ter mundo amanhã.

Quatro.

– Que dia maluco, não?

– Pra você ver.

Três.

– Então eu te ligo?

– Pode ligar.

Dois.

– Então tá.

– Então tá.

Um.


– Alicia...

Ela não disse nada.

Gol.

Nos agarramos loucamente e Alicia mostrou que as portenhas têm sangue quente.

– Vem aqui - chamei com aquele sussurro lânguido quase entre os dentes.

– Como assim "vem aqui". Vem aqui você.

Opa! Como assim?

– O quê?

– Não é só me chamar que eu vou.

– Não estou chamando. É uma forma carinhosa de querer ter você juntinho.

– Tudo começa assim. Se uma mulher der um dedo, os homens querem logo o braço.

– Alicia... surtou? – peraí, cadê a magia? Cadê o romance? Cadê o amor de "Moulin Rouge"?

– Tá vendo? É só as coisas não rolarem como você imagina que tudo se torna difícil.

– Alicia, tá ficando tarde. A gente conversa outra hora.

Ela saiu do carro como se deixasse para trás o canalha mais canalha do mundo. Para piorar, amanheci com uma terrível sensação de culpa. Jurava para mim que eu tinha feito algo errado. Para me sentir melhor, fui até uma floricultura e escolhi um arranjo de fores do campo. Preenchi o cartão com um pedido de desculpas e mandei. O dia passou e nenhuma resposta dela.

Pelo item 7, parágrafo B do Código de Relações entre Meninos e Meninas, flores devem ser valorizadas como o mais sincero pedido de perdão. A argentina dos infernos não deu a mínima.

– Recebeu meu presente? – liguei para ela.

– Você não acha que exagerou? – Fim do mundo! Nada mais fazia sentido. Nova York desmoronou. Vi "Moulin Rouge" duas vezes (e gostei). Eu mandei flores para uma mocinha pela primeira vez na vida e ela disse que eu exagerei. Desliguei o telefone e prometi que nunca mais mandaria flores para uma mulher. Nunca.

EPÍLOGO

Nada de bairrismos: poderia ser argentina, boliviana, angolana ou inglesa. O trauma durou anos. Só mandei flores novamente há pouco tempo. Em 2006, eu comprei o DVD (duplo) de "Moulin Rouge". Fim.


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, como você resolveu escrever um texto do tamanho de "Irmãos Karamazov", He-Man precisa agradecer aos céus se alguém chegou até aqui. Primeiro, uma alfinetada: tadinho do Surfista e seu medinho de mandar flores. Aposto que você economizou um trocado durante os anos de trauma, hein? Bom, o lance é que a mulher é uma ciência completamente inexata, inexplicável e imprescindível. Algumas têm mecanismos de defesa esquisitíssimos. No mais, pense pelo lado positivo: você foi poupado de anos e anos de conflitos entre Brasil e Argentina. Amiguinha, não dê piti em público. Roupa suja se lava em casa.
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quinta-feira, 19 de junho de 2008

De repente 30...

Aconteceu. Era inevitável. Assim, sem mais nem menos, acordei com 30 anos.

30, 30, 30, 30, 30, 30...

Não doeu nada. A ficha está caindo aos poucos e ainda estou ponderando sobre a importância dessa marca. Em um rápido exercício de restrospectiva, puxei as últimas duas viradas de década.

Lembro vagamente dos meus 10 anos. Eu assistia a Xuxa, não perdia um episódio do He-Man, achava a Luciana Vendramini um espetáculo, esperava pelo último episódio de "Caverna do Dragão", queria ser dentista e devorava gibis da Turma da Mônica e do Homem-Aranha. Lembro bem do aniversádio de 20 anos. Já cursando faculdade de comunicação, os únicos pontos mantidos foram os gibis e a Luciana Vendramini.

Mas, a entrada na terceira década me fez refletir sobre tudo que já vi e vivi. E olha que não foi pouco. Pegando um ponto de vista macro, o cara que completa trintão em 2008 vive em velocidade máxima. O ritmo alucinado dos acontecimentos entre 1978 e 2008 são muito mais nítidos do que em períodos anteriores. Sem muita organização, veja quanta coisa:

1. Enquanto as mulheres usavam cabelos com o visual Sarah Connor, o Brasil afundava na inflação com cruzeiro, cruzado, URV e o escambau. Enquanto as moedas mudavam, o país viabilizava a abertura política. O fim da ditadura e o "Movimento Diretas Já" foram embalados por Milton Nascimento cantando "Coração de Estudante" e Fafá de Belém defendendo hino nacinal.

2. Aí, veio o Collor, o primeiro Presidente carateca do Brasil. Aí, foi-se o Collor, o primeiro Presidente deposto da nossa história. Quem entrou no lugar dele foi o Itamar Franco, o primeiro Presidente a ser fotografado ao lado de uma "modelo" sem calcinha e fazer juras de amor depois. No embalo dos "primeiros" veio o Lula, o primeiro Presidente sem o primeiro grau completo. Não é que tem dado certo?

3. Mundo afora, caiu o socialismo. Reagan e Gorbachev esconderam seus mísseis e adiaram o apocalipse. Com menos poder e mais atitude, um estudante coreano bloqueou um comboio de tanques (se é que o coletivo de tanque é comboio) em Seul. O Muro de Berlim desabou, a União Soviética acabou e Rocky Balboa derrotou Ivan Drago em Moscou.

4. Nas Olimpíadas de 1984, uma corredora suiça completou a maratona em último, toda torta, e se tornou símbolo de superação. Viva o espírito olímpico. Sem qualquer fair-play, mas jogando uma enormidade, Dieguito Maradona faturou a copa de 1986 com direito a gol de mão e tudo. O Brasil só deu o troco em 1994 com Romário e companhia. Foi vice em 1998 e voltou a ganhar em 2002, com baile de Ronaldo Cascão em cima da Alemanha. No Brasil, o Flamengo e São Paulo se sagraram pentacampeões nacionais. Nesse meio tempo, ainda teve o gol do Petkovic na final do Carioca de 2001, o mais emocionante da história.

5 .Ainda nos esportes, brilharam Ayrton Senna, Gustavo Kuerten, Michael Schumacher, Michael Jordan, Dream Team dos Estados Unidos na Olimpíada de 1992, Ronaldo, Hortência, Magic Paula, Marta (versão feminina e melhorada do Cabañas) e o vôlei brasileiro. Ah, o vôlei se consolidou como o segundo esporte nacional, graças às brigas com as cubanas e o fenômeno Bernardinho, que colocou o esquadrão nacional no topo da cadeia alimentar internacional. O treinador russo e psicopata que gritava com as jogadoras loirinhas ajudou na mística.

6. Voltando aos acontecimentos internacionais, Bill Clinton tocou sax na Casa Branca e depois passou o rodo na estagiária. Entre o sax e o sexo, Hillary, a primeira-dama e corna, superou. Anos depois, quase foi a primeira mulher a assumir a presidência dos EUA, em sequência ao George W. Bush. Aliás, o W. Bush foi um show a parte. Durante sua gestão, o mundo virou um pardieiro de arbitrariedades. Depois do famigerado 11 de Setembro, o Oriente Médio virou filial do McDonald's, Osama continuou entocado e Saddam Hussein morreu. Seu paradeiro só foi revelado no filme"South Park".

7. Finalizando, porque listas longas enchem o saco, ainda rolou o Bug do Milênio, a crise do apagão, orkut, sexo virtual, Dolly (a ovelha mutante cult clonada), células-tronco, Dan Brown, Paulo Coelho, colapso aéreo, blogs, "Central do Brasil", fim dos Trapalhões, "Sex and the City", "Arquivo X", "24 Horas", "Lost"...

Ufa, chega. Acho que me sinto um privilegiado por ter visto tanta coisa com a consciência da importância de cada um desses eventos. Mal posso esperar pelo próximo capítulo.



QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Feliz aniversário, amiguinho balzaquiano. Se liga nas palavras sábias do He-Man (que já passou dos trinta faz tempo): a melhor parte dessa idade é que você poderá "atender" meninas de 20 a 40 tranquilamente.

Presente de aniversário

Como presente de aniversário, uma amiga e leitora teve a audácia de criar uma comunidade no Orkut dedicada a esse blog. Ela perguntou se eu gostei. Imagina. Fiquei honradíssimo com o gesto e estou divulgando aqui, pois sou vaidoso e quero casa cheia por lá. O link é:

http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=57552317

Obrigado, ISO9002.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Vem cá, meu cuti-cuti!

Vamos direto ao que interessa: detesto apelidos engraçadinhos. Nem me refiro às sacanagens dos tempos de colégio. Estou mirando naqueles termos que meninas (e meninos) inventam para se dirigir à cara metade. Vou reproduzir um diálogo pimpão entre um casal de amigos muito queridos:

ELE: Oiiiiêêê, bebê.

ELA: Oiiiêêê, meu lindão.

ELE: Cadê o meu bebê?

ELA: Taqui o bebê.

ELE: Ebaaaaaaa!

Entendeu onde quero chegar, né? Então, vamos parar por aqui, antes que eu tenha um colapso por excesso de açúcar no sangue.

Eu até me considero um homem carinhoso, mas nunca me permiti falar que nem uma criança de três anos ou inventar nomezinhos fofuchos. O máximo que tolerei foi a primeira namorada me chamar de "gatinho". Mesmo assim, sem voz de Teletubbie. Na boa, acho constrangedor demais.

Fora os apelidinhos embaraçosos, outra coisa que me dá calafrios é abreviação de uma única sílaba. Peço desculpas aos meus amigos paulistas (pessoas que curto muito), mas limitar o nome a um monossílabo é brabo. E ainda mais no meu caso: "Dô".

Cara, se me chamar de Dô, eu nem respondo. E pior que tenho uma amiga que a-do-ra a sonoridade e me martela com esse apelido. Quer saber? Tirando os óbvios Chris, Bel, Liz ou Gil, o restante é ofensa: Si, Lê, Mi, Dé, Lu, Má, Fê... parece ou não parece um código do exército ou uma partitura musical?

Sou chato mesmo!

Lembrei de outro cenário aterrorizante. Se chamar o namorado por uma alcunha já soa desprezível, imagina quando a moça cisma em arrumar um nome para aquela parte específica do corpo do ser amado. Nada é mais medonho do que batizar o pênis do sujeito.

Já ouvi essa e não foi apenas uma vez. O caso mais crítico foi o de uma certa garota que conheci. Ela chamava o pinto do namorado de Gouveia. Pode uma coisa dessas? Gouveia! Como um pinto pode se impor e ter respeito próprio quando é chamado de Gouveia.

- Amor, hoje eu quero o Gouveia! Quero ele todinho.

- Quem?

Pronto! Acabou o clima.

Ah, o mesmo vale para o playground feminino. E o pior é quando a dona da região de lazer resolve botar nome na área. Já conheci uma menina que chama a sua própria de... Menininha.

- Sabe quem te quer hoje? A minha Menininha.

Se algum inadvertido ouve uma atrocidade dessas, pode chamar a polícia e denunciar crime de pedofilia. Que vexame! No mais, é preciso ter muita concentração para não gargalhar horrores.

Eu lembro dessas coisas e paro para pensar: serei um ogro insensível? Um Shrek que não admite o auge da intimidade verbal que é um apelidinho inofensivo pronunciado por lábios carinhosos e voz de inocência?

Não mesmo. Nem que a vaca tussa. Ser carinhoso (ou carinhosa) é mais que uma virtude, é um diferencial. Eles gostam de ganhar um cafuné. Elas adoram uma massagem e um elogio. Mas, no meu caso, a arte jedi do carinho passa longe de apelidinhos melados.


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinho, meu nome não é apenas um monossílabo. São dois! Conta comigo: "He" e "Man". Por isso, você deixa de me respeitar? Duvido. Então, larga de ser turrão e considere a hipótese de ter um apelidinho engraçadinho. Uma vez que a sua dignidade seja preservada (o que não é o caso do dono do "Gouveia"), não há problema. O uso do apelido íntimo deve ter o mesmo efeito das carícias: em público fica feio. E você, amiguinha, tenho um mínimo de noção e não arrume uma alcunha esdrúxula para o seu garotão. E faça uma pesquisa antes. Vai que você inventa o mesmo nomezinho que a ex dele usava. Olha que saia justa, hein? Amiguinho, evite que muito papel se acumule sobre sua mesa. Além de parecer uma zona, você acaba se perdendo.
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Surfista palhaço

Entrei na roda em um dos blogs mais divertidos da web: o Homem é Tudo Palhaço. Fiquei bolado? De jeito nenhum. Na verdade, estou achando excitante e mal posso esperar para ver os comentários. Procure o post do dia 12 de junho.

Ah, resumindo a história: uma amiga Joselita enviou um raio de corrente de Santo Antônio aos amigos solteiros (eu, inclusive). Sem muitas pretensões, disparei um torpedinho para o grupo todo. Para minha surpresa, uma das editoras do HTP estava no bolo e achou legal de publicar o gracejo.


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A aldeia global do Papai Smurf #7

NA TELINHA: Como bem colocou o camarada Dudu, certos filmes pecam por se levar a sério. Se algumas histórias de terror ficam muito mais legais quando não se dão ao luxo de ter um fundamento inteligente, o mesmo argumento vale para produções de ação. "Mandando Bala" é um exemplar de filme ultrajante e sensacional. Sem qualquer compromisso com a lógica, verossimilhança ou QI, a trama gira em torno de um homem misterioso que se vê obrigado a proteger um bebê da mira de um exército de assassinos liderados por um crápula. Para isso, sua única ajuda é uma prostituta que atende clientes com fetiches de amamentação. Seria tema para um daqueles corujões que passam na madrugada, mas o diretor (ilustre desconhecido) reuniu um elenco tarimbado para dar vida à sua criação. Paul Giamatti é um senhor ator. Clive Owen também é talentoso. Monica Belucci é gostosa e isso basta. Então, o que diabos eles fazem em "Mandando Bala"? Quem $abe. O resultado é um filme com sequências alucinantes de tiroteios, ação ininterrupta, bilhões de tiros, diálogos estúpidos e referências ao cinema violento de Hong Kong. Com um pouco de boa vontade, tem até uma lembrança a "Django", faroeste-espaguete em que o pistoleiro Franco Nero enfrenta uma quadrilha inteira com as duas mãos quebradas. Sassette ficou indignada, mas Papai Smurf se amarrou.





NA TELONA: Muito já se falou sobre "Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal", então Papai Smurf não vai ficar chovendo no molhado. O filme é legal? Sim, Papai Smurf até achou divertido, mas se você conhece os três outros filmes da série, vai perceber que, mesmo com a melhor das intenções, Spielberg e Lucas forçaram uma barra. Minha maior crítica é que a cafajestice de Indiana, um dos seus maiores charmes, foi limada. Mesmo com aquele ar cínico, o herói se mostra um apaixonado derretido. Pô, até tu, Indy?

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Mulheres possíveis

Eu já disse dúzias de vezes, mas não custa nada repetir: sou um profundo admirador da mulher - em todas as concepções do termo. Para meu deleite, recentemente, os assuntos feministas têm pipocado nos canais de comunicação. Maravilha! O Surfista Platinado jamais se esquivaria desse tema. Mas, antes de chegar ao ponto, vamos começar por uma noite de verão no Condado dos Cascais, boa área para beber e conversar na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Na mesma cercania há bares, restaurantes e um motel, ou seja, dá para fazer um programa norturno completo. Sobre a mesa, repousavam uma tulipa de chopp claro, uma caneca zero grau de chopp escuro e uma garrafa de Smirnoff Ice. Os personagens eram Lecy, Iolanda e eu (bendito fruto entre as mulheres).

A figura central era Lecy, 26 anos, evangélica de berço que curtia os primeiros dias morando sozinha, enfrentava seus grilos, comemorava várias conquistas profissionais e sentia o peso do mundo em suas costas ao lidar com uma inexplicável... virgindade. Sim, ainda existem virgens com mais de 20 anos.

Lá pelas tantas, o papo descambou para as óbvias sacanagens e, ainda sóbrio, eu cruzei a bola na área:

- Lecy, você precisa desencanar. Presta mais atenção nos seus hormônios, pois aposto que seu corpo deve estar tilintando - ela não era feia e tinha um corpo bacana, por sinal. O lance era 100% psicológico.

- Pois é, amiga, você já ouviu alguém reclamar do excesso de sexo? – Iolanda recebeu o cruzamento e bateu para o gol.

- Menina, você precisa de uma terapia intensiva de "Sex and the City". Todas as temporadas em um fim de semana - decretei.

Esse diálogo rolou há meses atrás, antes do tititi por causa do filme das quatro moças de Nova York e sua repercussão entre as feministas de plantão. Eu ainda não vi, mas já gostei. Como leitor de Marie Claire e pesquisador do âmago feminino, sempre fui um fã declarado das estripulias de Carrie, Samantha, Charlotte e Miranda. Aliás, esse seriado é muito esclarecedor quanto ao pensamento das fêmeas. A partir de situações apresentadas nos episódios criei uma penca de teorias e fiz várias experiências. Fiquei até triste quando ele acabou.

Eu adorava "Sex and the City" porque, mesmo dentro do seu universo ficcional regrado pela american way of life, suas protagonistas eram mulheres possíveis. Não eram deusas de beleza ou heroínas imbatíveis. Elas eram balzaquianas com vidas agitadas, urbanas, cosmopolitas (opa, lembre do Cosmopolitan, drinque favorito do seriado) e naturais, até certo ponto. Suas aventuras, iniciadas no fim da década de 1990, escancararam os perfils da mulher que se esbaldaria no século XXI. E tudo de uma forma encantadora a todas outras mortais. As quatro gurias não só abriram um caminho, mas pavimentaram, iluminaram e ainda permitiram motéis e lojas de sapatos ao longo da estrada rumo à independência.

Ouso dizer que a importância de Carrie e sua trupe teve cunho sociológico. Com competência, inteligência e tempero subversivo, um programa de TV (melhor amiga do americano) defendeu a liberdade da mulher em dar para quem quiser, discutir o assunto com as amigas e depois gastar seu dinheiro no shopping center ou em alguma boate da moda. Foi um pé-na-bunda nas Amélias, Wilmas Flintstones e outras submissas. E também foi um passa-fora nas Panteras, Mulheres Maravilhas, Mulheres Biônicas, Supergirls e outras garotas indestrutíveis. Esses extremos não cabem na Big Apple de "Sex an the City". A Nova York do seriado ampliou suas fronteiras e chegou a São Paulo, Buenos Aires, Lima, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Campinas e onde mais a libido feminina estivesse em chamas. Amém!


PS. Cabe ainda uma homenagem às feministas brasileiras que ao longo do século XX souberam fazer barulho sem perder o charme. Salve Leila Diniz, Tonia Carrero, Betty Faria, Nara Leão, Isabel (jogadora de vôlei) e Rose di Primo. Quem é Rose di Primo? A ninfeta "inventora" da tanga em Ipanema!

PPS. No apagar das luzes, cheguei a uma conclusão muito reveladora: Carrie Bradshaw é uma das maiores influências do Surfista Platinado. Nunca havia me dado conta disso e quando estava finalizando esse texto, percebi o quanto eu me identifico com sua visão irônica. Fora isso, ainda tenho um espaço para escrever aventuras e desventuras, amigos igualmente presepeiros, moro em uma cidade grande e também tenho uma interpretação esquizofrênica do universo ao redor. Eu pertenço ao mundo de "Sex and the City" e nem sabia.



QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinho Surfista, quanta devoção às mulheres. Estou até orgulhoso de você e isso não acontece com freqüência. No alto de sua sabedoria musculosa, He-Man também admira as fêmeas que sabem conquistar seu espaço sem perder o ar de menininha. Esse é o golpe de mestre delas, mas que ainda não foi descoberto pelas próprias. As fêmeas que valem a pena são aquelas com personalidade forte, mente decidida e inteligência emocional, mas que ainda choram em comédias românticas, pedem ajuda para abrir o pote de pepinos em conserva, gostam de cafunés antes de dormir e se derretem nos braços do homem amado. Ah, o Defensor de Etérnia foi contagiado por essa sua homenagem melosa. Vamos parando por aqui. Amiguinho, pesquise bem antes de gastar sua mesada na primeira loja. Com senso econômico, você pode comprar mais inutilidades. Até a próxima!



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quinta-feira, 5 de junho de 2008

A maldição do homem adesivo

Elis tem olhos assombrosamente azuis e bonitos, mas implica com os meus. Deixa a entender que tenho um olhar sacana, malicioso demais. Segundo ela, eu não preciso dizer nenhuma saliência ou safadeza para qualquer mocinha. Basta lançar uma olhadela assim de lado que ficam evidentes meus objetivos lascivos - mesmo quando não tenho qualquer segunda intenção. Não sei se é um crítica, mas tomo como um elogio.

Mas, não são os meus olhos castanhos que direcionam esse texto. Mais uma vez, são os dois topázios de Elis que protagonizaram um história bem curiosa. Sim, as mesmas pedras preciosas que já salvaram uma tarde no Maracanã. Só que dessa vez, o tiro saiu pela culatra.

- Quer namorar comigo? - devia ser o terceiro ou quarto programa a dois de Elis e um engenheiro escandinavo altão com jeito de bom moço, o qual vamos chamar de... Gruud. A menina ficou surpresa com a velocidade do cara em firmar um compromisso, mas topou. Não tinha nada melhor para fazer, estava sem nenhum alvo em particular e o tal norueguês preenchia alguns requisitos básicos.

- Vamos tentar - assinou o contrato.

No dia seguinte, Gruud ligou cedinho para dar bom dia. Depois ligou ao meio-dia para desejar um bom almoço. Ao fim da tarde, telefonou novamente para dizer que o pôr-do-sol estava lindo. Trinta minutos depois, voltou a entrar em contato para desejar uma boa noite.

- Muita cortesia, muita cortesia - pensava Elis com uma pitada de desconfiança sobre onde estava amarrando seu burro.

Fora as ligações, eram dúzias de torpedos amorosos. Recadinhos tão adocicados que o celular poderia sofrer de hiperglicemia. Elis começou a se preocupar, pois era o segundo dia de relacionamento.

Gruud não cansava. Eram convites para jantar, cinema, teatro, museu, festa, bar, raves, sambas, casmentos, batizados, passeios aqui e ali... ufa! Parecia que o cara tinha decorado a agenda do jornal. Elis sacou que estava numa arapuca dos infernos. Gruud era pouco. O loirão altão era um Super Gruud.

Decidida a encerrar a experiência bizarra, Elis buscou a melhor forma de mandar o cara para escanteio. Enquanto procurava a maneira mais delicada de pedir para Gruud sumir do mapa, decidiu não atender suas freqüentes ligações. Possuído por algum exú telefonista, o namorado surtou. Em algumas horas, ele ligou 76 vezes, deixou 24 mensagens e enviou 54 torpedos (dados registrados pelo DataFolha e publicados no Diário Oficial). Nossa heroína de belos olhos azulados trocou a irritação pelo medo.

- Vai que o cara é um tipo de Norman Bates ou Hannibal Lecter... sei lá - Elis me contou no auge do temor.

- Seja gentil com o desmiolado. Ele entenderá - aconselhei, como se fosse um expert no assunto.

Ela seguiu a dica e conversou com Gruud. Explicou que tudo estava seguindo um rumo estranho, que ela descobriu não estar preparada para um relacionamento, que ele era um cara excelente e todas essas colocações positivas que as mulheres bacanas dizem quando querem se livrar de um sujeito sem que ele fique (muito) na vala.

Adoro esses clichês. Eles me divertem...

Gruud entendeu? É ruim, hein? Diante de uma Elis estarrecida, o cara chorou copiosamente. Parecia estar perdendo a grande paixão de sua existência terrena. Por sorte, estavam em um lugar público e Elis ficou um pouco mais segura. Pediu licença, se desculpou por tudo e picou a mula sem olhar para trás.

Fim.

Mentira. Tem mais.

No dia seguinte, ou melhor, na madrugada seguinte, Gruud ligou para ela. Elis acordou e reconheceu o número no celular.

- Sem noção filho de uma....

Atendeu.

- Fala Gruud. Sabe que horas são? Eu digo pra você. São 4:15 da manhã de sexta-feira...

Buááááááaáááá!

Gruud parecia uma criança desmamada.

- Tô ferrada! Esse cara é um psicopata, um maníaco depressivo. Vai se matar e deixar uma carta botando a culpa em mim - antecipou a tragédia grega. Mas, Elis segurou a onda e foi tomada pelo instinto maternal. Ouviu as lamúrias do infeliz ex-namorado maluco até o dia clarear. Por incrível que pareça, deu certo. Gruud continuo ligando, mas foi diminuindo gradativamente. Ainda está vivo, o que indica que desistiu do suicídio.

Segundo a última informação de Elis, Super Gruud estava de namorada nova.

Fim (de verdade e com a trilha sonora de "Psicose").


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinha de olhos desconsertantes, uma mocinha do seu quilate não pode ficar catando papel na ventania. Saiba valorizar o seu passe e não permita que qualquer candidato ganhe a vaga assim fácil. Exija currículo, CPF, comprovante de residência, título de eleitor e referências bancárias com mais de seis meses. Aliás, onde você estava com a cabecinha? Você por acaso compra um carro sem fazer um test-drive? Garanto que para adquirir roupas seus critérios são mais rigorosos. Aliás, He-Man sabe que a maioria das mulheres acaba agindo assim. Ficam horas experimentando um vestido para descobrir se lhe engorda, mas é econômica na avaliação dos pretendetes. E você, leitor, vê se aprende essa: "mulher detesta cara grudento". O Homem mais Forte do Universos está puto hoje. Amiguinho, por mais pentelho que seja, use passe o fio dental nos seus dentes. Até a próxima!