domingo, 28 de setembro de 2008

Tropa Alfa

Segundo o Discovery Channel, toda manada tem a Fêmea-Alfa. Resumidamente, é aquele elemento que influencia as atitudes do grupo. No caso dos humanos, a Fêmea-Alfa é a mulher que costuma decidir qual será o programa da noite, qual pizza será pedida ou qual mesa será escolhida na boite, dentre outras pequenas soluções.

A Fêmea-Alfa é, naturalmente, a líder. Ela não faz força, não exige. Acontece, e pronto. Mas, se existe o equilíbrio (o tal do yin/yang), há um elemento contrário: a Fêmea-Empata. Essa figura é presente em quase todas as reuniões femininas e tem algumas características claras:

§ Reclama de tudo.
§ Quer voltar para casa cedo.
§ Tem sempre um conselho para dar.
§ Quer tomar conta de todos.
§ Bota defeito em todos os homens que se aproximam.
§ Se acha a pessoa mais antenada do mundo.
§ Não bebe, e quando bebe fica bêbada e ainda mais chata.

Enfim, a Fêmea-Empata é a Fêmea-Alfa do Mundo Bizarro. Ela anda com uma nuvem negra sobre sua cabecinha atribulada.

Estou explicando os perfis de uma e de outra para poder contar a história de Demóstenes, guerreiro calejado por muitas madrugadas na esbórnia. Sua estratégia de approach é observar o grupo (mulher está sempre em bando, reparou?), escolher o alvo e identificar a Alfa. Ao fazer contato com a manada, ele tenta ser simpático especialmente com a líder. Se ela o aprovar, ele poderá investir no seu alvo primário sem perigo de que o grupo torça o nariz e o afaste.

Parece estúpido, mas Demóstenes jura que funciona.

Numa dessas investidas, Demóstenes conquistou a aceitação da Alfa e passou a descascar sua lábia cafajeste no ouvidinho de uma morena de olhos verdes. Tudo ia bem, até que:

- Lucinha, vamos para casa? – uma garota se intrometeu no papo, que fluía lindamente entre Demóstenes e a Moreninha.

- Agora? – o casal respondeu ao mesmo tempo.

- Tá tarde.

- Morgana, nem deu três horas ainda – Moreninha sabia que a noite é uma criança. Demóstenes, por sua vez, reconheceu a Fêmea-Empata no ato.

- Tô cansada.

"Mulher chata dos infernos...", pensou Demóstenes, mas segurou a onda para ver que rumo a conversa seguiria.

- Olha, Morgana, pode ir. Eu vou de táxi. Não se preocupa.

- Não, não, eu levo você em casa – Demóstenes pegou a deixa. A Moreninha sorriu e concordou.

- Nãããããããão, você veio comigo e vai voltar comigo – Empata queria realmente atravancar a alegria alheia.

- Não precisa, Morgana. Deixa que eu volto com ele.

- Não concordo. Você acabou de conhecer o cara. Vai que ele é um psicopata.

Depois dessa, Demóstenes não se controlou...

- Qual é, gordinha? Vai ficar de empata?

Uma simples palavra fez o tempo fechar, e a Fêmea-Alfa não estava por perto para apaziguar:

GORDINHA!

A garota nem era gorda, mas Demóstenes tinha outra teoria:

"Se quiseres ofender uma mulher, não insulte sua mãe. Chame-a de... gordinha"

A Gordinha, quer fizer, Morgana foi possuída pelo Caboclo Xingador e recitou todos os palavrões conhecidos pela língua portuguesa – e alguns com origem tupi-guarani.

Fim da noite: Demóstenes terminou a festa sozinho, mas gargalhando horrores. Morgana (Fêmea-Empata) foi embora e arrastou a Moreninha de olhos verdes, que conseguiu deixar seu telefone com Demóstenes antes de ser abduzida.


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, todo grupo possui realmente um elemento Alfa, aquele que domina pelo carisma. Não é exclusivamente uma mulher, mas, por acaso, costuma ser. Sabe por quê? Sabe? Eu conto. Porque as mulheres exercem um domínio silencioso e eficaz. Sexo frágil é o cacete! Elas nos fazem de gato e sapato sem suar a camisa e desmanchar a maquiagem. Por causa delas, existe o gênero comédia-romântica. Por causa delas, os poetas se tornam imortais. Por causa única e total delas, os homens ficam bocós. Toda mulher tem um pouco de Leila Diniz e do talento Alfa. O lance é que algumas desvirtuam e viram Empatas. Ema, ema, ema, cada um com seus pobremas. Bom, mas a real sorte é que elas ainda não perceberam esse poder em sua plenitude. Se descobrissem, eu e você, amiguinho, estaríamos lascados. Amiguinhas, tenha discernimento na hora de aporrinhar uma outra coleguinha durante uma conversa com sexo oposto. Mulher chata é uma raça insuportável! He-Man está com a macaca hoje!!!

domingo, 21 de setembro de 2008

Horário comercial


O ambiente de trabalho pode ser um local engraçado. Por mais tenso, caótico, competitivo e agressivo, eu acho muito difícil que o lugar onde ficamos oito horas por dia (pelo menos) não tenha seus momentos assustadoramente pitorescos.

Ok, ok, ok, você já deve saber onde quero chegar.

Senhoras e senhores, curtas histórias coletadas no espaço onde se ganha o pão, mas não se come a carne – pelo menos, na teoria.

O fenômeno das cores

Noca era o responsável pela garagem em uma empresa onde trabalhei. Sempre que eu precisava ir de carro ao trabalho, ele acionava o portão eletrônico e liberava o meu acesso. Bastavam duas buzinadas curtas, e ele logo me identificava.

Um belo dia, eu mudei de carro. Na verdade, mudei apenas de cor e ano, pois a marca continuou a mesma.

Chegando ao trabalho, repeti o ritual diário das duas buzinadas ligeiras. Nada do portão abrir. Saí do carro e acenei para a câmera. O portão abriu.

De dentro da guarita, Noca berrou:

- Foi mal. Não percebi que você pintou o carro.

Inimigo oculto

Festa de fim de ano é sempre legal, mas desde que ninguém troque os presentes das pessoas por engano.

- E a minha amiga oculta... é a Giselda.

Aplausos de todos. Lindomar agachou-se para pegar o seu presente, mas percebeu que havia um outro embrulho com a mesma embalagem. Rapidamente, ele apalpou o conteúdo e reconheceu o frasco de perfume que comprou.

Sorrisinhos, "obrigados", dois beijinhos e toda aquela cerimônia.

- Abre, abre, abre... – todos fizeram coro.

Giselda resolve atender ao clamor popular e abriu o embrulho. Para a sua surpresa (e do Lindomar), era um aparelho de fazer a barba.

- Buáááááááá... seu filho de uma...

Lindomar ficou vermelho como um tomate. Giselda foi chorar no banheiro. Acabou a brincadeira do amigo oculto.

Assédio

Saí da reunião convicto de que minha cliente estava arrastando uma asinha para o meu lado. No táxi, decidi revelar minha constatação ao meu colega Josiel.

- Aracy está me dando mole.

- Não, Aracy não está te dando mole - ele me cortou.

- Como não? Você viu o abraço que ela me deu no final? Está na cara que ela está me dando mole.

- Não, Aracy não está de dando mole. Se eu te contar uma coisinha, você jura guardar segredo?

- Juro. Você está pegando?

- Não. Sabe a estagiária da Aracy?

- Sei, você está pegando a estagiária dela, seu danado?

- Não.

- Mas quer pegar?

- Quero, e a Aracy também.

Glup!

Sexo casual

E o grand finale...

Reunião agendada. Todos tomam seus lugares, inclusive uma das executivas, que já entrava em estágio avançado de gravidez. Enquanto eu ligava o laptop, Jurandir, meu colega de trabalho, resolveu ser simpático.

- Já está para nascer, né?

- Estou entrando no oitavo mês. Falta pouco.

- Que maravilha. E o sexo?

- Menino, continua uma maravilha. Eu nem imaginava que seria tão bom durante a gravidez.

Como assim???

- Errrr... não, não... veja bem... eu me referi ao sexo do bebê...



QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinho, He-Man está sem saco para dar lição hoje. Não vou nem me dar ao trabalho de me transformar. Então, vamos direto ao ponto: como você disse, o local de trabalho é aquele onde você passa 40 horas (no mínimo), por semana. Então, é natural que as pessoas fiquem à vontade e acabem fazendo algumas bobagens nesse período. Não tem jeito. Se você não pisou na bola ainda, irá pisar amanhã; E só! Amiguinho, evite ficar de conversinha no cinema. A pessoa na poltrona ao lado sentirá a vontade de arrancar os seus pulmões com uma colher. Até a próxima!

He-Man responde! #14


VIVI PERGUNTA:
Oi por acaso vim parar aqui. Tenho achado muita graça desses seus coments. Fala aí, são verdades, meias verdades ou invenções mesmo?!
Xau!



HE-MAN RESPONDE!
Querida amiguinha desconfiada dos causos do Surfista. Sua questão não chega a ser um enigma do outro mundo, mas deve ser a mesma de muita gente que costuma aparecer por aqui. Sendo assim, He-Man se vê na obrigação de elucidar o caso. Todas as presepadas, quero dizer, aventuras do Surfista são baseadas em histórias reais. Bom, o que rola é uma valorização dos casos, afinal existe a liberdade poética do autor. Quer um exemplo? "O Massacre da Serra Elétrica" é baseado em fatos verídicos, mas duvido que alguém tenha visto o Leatherface de verdade. Para garantir a veracidade do que foi narrado, sempre aparece uma testemunha ocular por aqui. Xau e beijo!
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domingo, 14 de setembro de 2008

O manual da tiete

Madonna!

Por onde quer que você ande, haverá alguém fazendo algum comentário sobre ela:

- E aí, já comprou o ingresso para algum dos shows?

Eu só consegui ingresso na segunda noite para o Maracanã!

Espero que vocês, cambistas do inferno, tomem um prejú abissal com seus ingressos superfaturados!

Mas, não será sobre a loira de cinqüenta anos que comentarei. Foi apenas uma justificatva para desabafar meu meu ódio por cambistas. Essa história de perrengues em shows me remeteu a um sufoco passado por duas garotas que queriam muito ver o Bon Jovi.

Para começo de conversa, eu já gostei do Bon Jovi, nos tempos em que ele era trilha de comercial de cigarro ou tocava "Blaze of Glory", "You Give Love a Bad Name", "Livin' on a Prayer", e "Wanted Dead or Alive". Era a época do rock poser, dos cabelos ruins, das calças de couro e das notas agudas. Depois disso, em minha opinião, Jon Bon Jovi virou a versão gringa do Paulo Ricardo. Enfim...

Quando souberam que Bon Jovi faria um show na Praça da Apoteose, Dora e Rita quase tiveram um infarto antes dos vinte anos de idade. Como boas fãs alucinadas, as amigas seguiram, item por item, o Manual da Tiete:

1. Enfrentar uma fila monstruosa sob um sol senegalês.
2. Pagar um ingresso caríssimo.
3. Correr o risco de furtos, agressões, bilhetes falsos, mãos bobas, e outras humilhações.
4. Dormir na fila para provar que é fã.
5. Cantar as músicas do artista ao longo da fila.
6. Vestir a camisa do artista ou banda (mesmo que seja preta, sob o sol senegalês).
7. Chorar diante das câmeras de TV.
8. Usar uma bandana ridícula.
9. Levar pôsteres, fotos e outros adereços inúteis.
10. Dar gritinhos agudos quando tiver os ingressos caríssimos nas mãos.


Na véspera do show do Bon Jovi, as amigas estavam beirando um colapso. Combinaram almoçar na casa de uma delas e depois seguir para a Praça da Apoteose de ônibus lotado ou táxi em bandeira dois.

- Amigannn, vai rolar um almoço aqui em casa. Será aniversário de um tio meu. Vamos comer aqui e depois ir ver o Bon Jovi.

- Beleza.

No dia seguinte, Dora e Rita estavam uniformizadas (incluindo um daqueles cartazes com alguma mensagem cafona) e ensaiando os refrões.

- Amigannn, qual é o almoço?

- Feijoada.

- Feijoada? Como assim? Ficou maluca?

- Relaxa, amigannn. A gente come só um pouquinho de couve, um arrozinho básico e só. Se bobear, rola até uma saladinha.

É ruim, hein?

Segundo narrativas, os pratos das meninas deixariam muitos estivadores envergonhados. Depois da orgia da feijoada e de umas boas rodadas de cerveja, as amigas seguiram para o evento de suas vidas.

Para não fugir do protocolo, encararam outra fila desumana sob o mesmo sol africano e com os mesmo gritos histéricos.

Faltando pouco para o show começar, Rita sentiu o óbvio: a feijoada com farofa e a cerveja começavam a criar caso com as enzimas digestivas.

- Rita, eu estou passando mal. Acho que vou vomitar.

- Dorinha querida, não brinca com isso. Respira fundo. Quer água?

- Quero.

- Não tem água. Respira fundo e concentra.

- Já estou melhor.

- Isso mesmo. Continua respirando.

Parêntesis: será que, nessas horas, a pessoa que se acha médica não raciocina? Será difícil lembrar que se parar de respirar, a criatura morre?

As luzes se apagam e a gritaria se intensifica. O palco se ilumina. Rich Sambora castiga a primeira nota da música de abertura. Todo mundo pula e se esmaga.

- Dorinha, você está melhor? – Rita gritou a plenos pulmões no ouvido da companheira.

- Sim, estou legal. Obrigada. Liiiiiiiindooooooooooo! Liiiiiiinnndoooooooooo!

- Então, vem comigo que eu estou quase vomitando – sem esperar a resposta, agarrou a amiga e puxou para longe do Jon Bon Jovi, do palco, das luzes e do escambau. Rita quase desmaiou, quase vomitou e quase perdeu a amiga para sempre. Ambas viram o show inteiro através do telão.


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinho, se você oferecer para um garoto ou garota com idade entre 16 e 23 anos um camarote com ar-condicionado, bebida gelada, espaço e conforto, a resposta mais provável será um não. A molecada gosta é de ficar no aperto, no empurra-empurra, com todo mundo suado, fedendo e berrando ao redor. Você mesmo sabe muito bem disso, pois te conheço muito bem. Do alto de minha infinita sabedoria, admito que certos shows são melhores quando vistos do meio da muvuca. Não imagino um show do Green Day visto de uma poltroninha careta. Enfim, né? Amiguinho, em dias de eventos que exijam grande esforço físico e desgaste, procure beber muita água (eu disse água) e alimentação leve. Nada de feijoada. Até a próxima!!!


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A aldeia global do Papai Smurf #9



NA TELONA: Papai Smurf tem uma característica até comum: ter vergonha por outras pessoas. Tipo assim: quando um ser humano paga mico em público, eu fico envergonhado. Por essas e outras, fiquei vermelho do começo ao fim de "Mamma Mia". Nesse filme, a Meryl Streep canta, o 007 canta, o namorado da Bridget Jones canta, todo mundo canta. Como se não fosse o suficiente, essa galera canta músicas do Abba. Quem teve a infeliz idéia de que o Abba é cult? Pelo que eu saiba, "Dancing Queen" é a música que entra nos finais de festas de casamento, quando as tias já estão bêbadas e a noiva já está sambando descalça. Sendo assim, evite essa cantoria toda e salve a imagem do Pierce Brosnan como um bom James Bond. Para não dizer que nada se salva, as locações mediterrâneas são lindas. Mas, e daí? Evite!


NA TELINHA:
Antes que digam que Papai Smurf não gosta de musicais, é bom que fique bem claro que não gosta mesmo. Portanto, seria molinho descascar "Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet". Johnny Depp canta, Helena Boham Carter canta, Alan Rickman canta, todo mundo canta. Mas, a história é excelente, a fotografia é fabulosa, os atores brilhantes e o clima gótico é a especialidade do Tim Burton. Além disso, "Sweeney Todd" é original. Ou você conhece outro filme de terror cheio de sangue e violência que tenha virado um musical?

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Um ano platinado!

Caramba, passou e eu nem percebi - e olha que não é força de expressão. Fui lembrado, por uma brilhante leitora, que o Surfista Platinado completou um aninho de existência, e eu não me toquei. Que absurdo!

Fico muito feliz pelo crescimento desse cafofo e pelos olhos atentos de todos. Esse blog existe por vocês e para vocês. Muito, muito obrigado!

E, como é de praxe, vou selecionar os oito textos que mais gostei, nesse ano de aventuras:

- Maldito Pato Donald

- Eu odeio casais felizes

- Um engov antes e outro depois...

- Coração de pai

- Aquele sentimento que inspira as canções bregas

- Quando vou comer a Angelina Jolie?

- Vem cá, meu cuti-cuti!

- Mulheres possíveis

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

O baile do diabo

Quando era moleque, cansei de ouvir minha mãe cortar minhas asinhas quando eu bem tentava cair na noite:

- Nem pensar. Quando crescer, você poderá sair quantas vezes quiser.

Sem muita escolha, o jeito foi esperar até os dezessete. Com "quase-dezoito" já rolava uma negociação mais aberta e o atestado de confiança veio no dia em que ganhei a chave de casa. Naquele momento, eu poderia exercer plenamente o meu direito de ir e vir.

Ê, mundão sem porteira, se segura que eu tô chegando!

Não lembro bem da minha primeira folia noturna, mas Evaldo nunca esqueceu da sua estréia em bailes de carnaval. Distante dos tempos de micaretas, abadás em Salvador, trios elétricos e outras modernidades, a obsessão era os bailes noturnos do Rio de Janeiro. Quando a gente, na flor da molequice, pensava nesses eventos, a primeira imagem que vinha à mente era das transmissões ao vivo da Rede Manchete.

Muitos do leitores nem sabem o que foi a Rede Manchete... Putz, estou virando um fóssil.

Nessas folias, Otávio Mesquita, Rogéria e outros aspirantes a repórteres de segunda percorriam os salões animadíssimos do Rio. Muitas mulheres peladas circulavam pelo ambiente com birita até o talo. Os marmanjos até podiam tirar uma casquinha, enquanto sorriam para a câmera da Manchete e mandavam um beijinho para a mamãe.

Evaldo, amigo meu, e mais três comparsas souberam que Otávio Mesquita e a TV iriam dar as caras no famigerado Baile do Diabo, no América F.C. Ao saberem desse notícia, a equação foi óbvia:

Evandro Mesquita e TV Manchete + Baile do Diabo = Mulherada soltinha.

Com 18 anos recém-completos, Evaldo e sues bluecaps compraram ingressos para o baile com as intenções sórdidas de passar a mão em, pelo menos, uns quinze peitinhos e doze bundas. No dia D, eles estavam indóceis e ávidos para cair na folia do simpático clube do América, lá na Tijuca. Chegaram até a avisar aos amigos e pedir que gravassem o programa noturno, pois eles iriam fazer história no Baile do Diabo.

Momento informativo cultural: O América é o segundo time de todo carioca. Talvez seja como o Juventus, em São Paulo.

Chegando lá, a impressão foi boa: movimento na porta e a bandinha castigando "Cidade Maravilhosa" lá dentro. Nem sinal da TV Manchete.

Entraram e subiram as escadarias aos atropelos, como se fossem gnus estabanados fugindo de algum leopardo. O alvo era o salão, de onde a banda arregaçava o refrão de "A Turma do Funil", um excelente presságio.

"Chegou a turma do funil
Todo mundo bebe
Mas ninguém dorme no ponto
Aí, aí, ninguém dorme no ponto
Nós é que bebemos e eles que ficam tontos"


A tropa arisca adentrou o salão e foi tomada por um misto de pânico e surpresa. Uma multidão de casais quarentões sambava e jogava nuvens de confete para o teto. Evaldo foi possuído pelo medo de esbarrar com seus pais brincando no trenzinho que cortava a massa de meia-idade.

- Evaldo, cadê a putaria? – perguntou o primeiro comparsa, já sentindo que a vaca estava rumando, lépida e carnavalesca, para o brejo.

- Calma, daqui a pouco melhora. A Manchete deve estar chegando e as gostosas sairão da toca - Evaldo tentou acalmar o pelotão.

Foram beber para relaxar e, de quebra, fazer valer a maioridade. O tempo passava e o cenário não mudava. Lá pelas tantas, Evaldo decidiu tentar a sorte com uma colombina que tinha menos de 40 primaveras (e 80 quilos). Chegou junto com uma latinha de Kaizer na mão e muito amor no coração. Como a moçoila também já estava para lá de Marrakesh, não foi preciso argumentar muito. Em sua estréia no carnaval noturno, o rapaz deu umas bitocas e ainda passou a mão em uns peitinhos. O approach foi considerado uma vitória. Em poucos minutos, abandonou a presa e partiu para a outra.

Em dado momento da madrugada, um dos amigos de Evaldo percebeu uma luz forte e uma movimentação estranha. Era a Rogéria e a comitiva da Rede Manchete. Atravessaram o salão com um índice olímpico inferior ao tempo do Usain Bolt. A entrevistada sorridente era justamente a colombina que caiu na lábia de Evaldo momentos antes. Cheio de si, ele fez questão que os camaradas vissem que a sua caça estava em rede nacional.

- Colombina, você é muito bonita - Rogéria berrou no microfone e no ouvido da mulher.

- Obrigada – a foliã berrou de volta. O diálogo seguiu aos gritos, mais ou menos, assim:

- Você está vindo de onde, gostosona?

- De Nova Iguaçu.

- E qual a sua graça?

- Sheila.

- Sheila?

- É.

- Bofe, diz a sua graça de verdade.

- É Xorxe - o nome era Jorge, mas a pronúncia da colombina foi essa. Assim, ela tratava-se de uma pioneira na língua do X.

EPÍLOGO:

Evaldo jurou que só deu um estalinho, mas foi sacaneado por anos a fio. Para a sorte dele, ninguém gravou o programa. O Baile do Diabo nunca mais foi visto com os mesmos olhos.
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QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinho, a moral será rápida e rasteira: não se deve acreditar nesses programas de carnaval. He-Man, macaco velho dos carnavais de Etérnia, sabe muito bem que aqueles peitos nus que balançam nos bailes dos Scalas são armações da produção. Depois que a criança descobre que Papai Noel, a queda do mito do baile de carnaval é a segunda grande revelação em sua vida. Vivendo e aprendendo. Amiguinho, quando torcer o seu pezinho, aplique uma bolsa de gelo na área dolorida. Se as dores persistirem, procure um médico imediatamente. Até a próxima!!!

Chá de sumiço com torradas

Não costumo falar dos meus momentos atuais, pois esse brinquedo não é um diário. Mas, meu recente sumiço merece uma explicação – até como consideração e respeito à galera que aparece por aqui e prestigia o Surfista Platinado.

Andei longe, eu confesso. Mas, a razão é das melhores: estou perdidamente apaixonado. Estou amando como nunca estive. Quem? Quem? O meu trabalho, ora bolas. Depois de um período (positivo) trabalhando com construção civil, eu voltei ao meu universo, ao meu quadrado. E, modéstia lá longe, voltei em grande estilo. Ando tão feliz que até concluí o projeto final do MBA, aquele que estava sendo empurrado com a barriga há meses.