quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Top Chef Master

Hoje eu estava inspirado. Durante o banho, o Olivier Anquier me possuiu (no sentido figurado, não no sentido bíblico, é óbvio) e decidi fazer um jantar diferente.

Acho que esta foi a introdução de texto mais ousada da história desavergonhada deste blog. Dizer que o Olivier Anquier me possuiu foi de extrema coragem heterossexual.

Até faço uma massa digna e pouco apelo para o miojo, mas hoje eu quis fazer algo mais elaborado, mas sem abrir mão do toque caseiro – mesmo porque fazer algo sofisticado no estilo Fasano está muito além dos meus parcos conhecimentos culinários.

O menu seria tiras de filé ao alho com arroz branco e purê de batatas. Soa trivial, mas na minha vida de dono de casa inapto, isso é quase um banquete digno do Príncipe William e da Duquesa Kate Middleton.

Taquei a Amy para se esgoelar no ótimo "Back to Black" e botei a mão na massa. Bom, na carne, melhor dizendo.

Comecei pelo tempero, cortando alho e cebola em cubinhos homogêneos e milimétricos. Ficaram realmente bonitos. Ao mesmo tempo, botei o arroz e as batatas em suas respectivas panelas. Temperei duas tiras vermelhinhas de filé e vi que o negócio estava funcionando. Até então, tudo muito belo. Logo eu teria uma refeição respeitável para acompanhar mais um episódio de "Game of Thrones".

Eis que o jantar se rebelou e se voltou contra mim.

O filé cheirava bem, mas começou a fazer mais fumaça que o camarim do Marcelo D2. Liguei o exaustor, ao mesmo tempo que comecei a suar como se tivesse acabado de correr a São Silvestre vestindo um casaco de pele de raposa.

A água ferveu e as batatas pareciam no ponto. Lembrei do purê cremoso e consistente da mamãe. Fui tirar a primeira batata e ela escapuliu dentro da panela de novo. Voou água fervente para os quatro pontos cardeais, incluindo a minha mão e o meu pé descalço.

Olha, tive que ser muito Jack Bauer para não largar panela, batata, água quente e o cacete. Engoli o choro e despejei a batata assassina em uma vasilha.

Enquanto sofri com o purê, esqueci do filé na frigideira. Passou do ponto. Culpa da batata! Culpa da Amy Winehouse.

Diminui o fogo e fui preparar o purê. A batata estava de sacanagem comigo e não quis ficar cremosa e consistente como a da mamãe. Penei para amassar os legumes a ponto de quebrar um garfo. No final das contas, ficou parecendo um mingau com uns pedaços de coisas amarelas. E eu achando que fazer purê era moleza.

Tirei a tampa da frigideira e voou azeite quente na mesma mão queimada pela batata assassina. Engoli o palavrão porque vovó ensinou a não xingar o alimento. Para compensar, o arroz estava bonito e soltinho como uma periguete em festa do Imperador Adriano.

Fiz o prato com o bife duro carbonizado e o mingau de batata com cara de qualquer outra coisa menos purê. O arroz se salvou. Comi com raiva e decidi viver que nem índio: a base de frutas e peixe cru.

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
AMIGUINHO?
Amiguinho, hoje aprendemos uma importante lição. Aliás, uma não, várias. Aprendemos com este cronista como a cozinha pode ser um ambiente perigoso para idiotas. Fico feliz por ele não ter perdido um dedo cortando a carne ou suado em cima do arroz branco. Enfim, ao se aventurar pela cozinha, lembre-se do bom e velho miojo ou peça ajuda a um adulto. Amiguinho, fique de olho nas datas das suas contas para não pagar juros. Até a próxima!!!