sexta-feira, 28 de agosto de 2009

É logo ali...

Um dos encantos do Rio de Janeiro são certos programas bacanas que são quase ocultos. São eventos excelentes, mas propositalmente pouco divulgados. Essa aura cria um ar de "clube secreto" para os participantes. Quer um exemplo? A cada última quinta-feira do mês, o pessoal do meu trabalho organiza um samba pós-expediente no Clube Guanabara, em Botafogo. A qualidade do som e a beleza do cartão postal (com a baía e o Pão de Açúcar ao fundo) atrai cerca de 200 pessoas por noite, além de convidados ilustres, como a Beth Carvalho. Isso só na divulgação boca a boca.

Em um desses animados sambas, Jandira conheceu Gumercindo. Papo vem, papo vai, a natureza, a música, a cerveja e os hormônios fizeram o seu papel. Sem muito lenga-lenga, o casal já estava aos beijos.

Ao fim da noite, Jandira repetiu o ritual da troca de telefones e se despediu.

- Espera, eu te deixo em casa – gentilmente, Gumercindo se ofereceu.

Jandira morava longe. Alías, muito longe. Melhor: longe pra cacete! Na verdade, Jandira morava fora do Rio de Janeiro, na aprazível cidade de Duque de Caxias. Em sua cabecinha loira, irrigada por algumas Brahmas geladas, essa distância poderia afungentar imadiatamente o pretendente. Gumercindo era gatinho, tinha boa pegada e poderia render mais. Não seria o momento ideal para queimar o cartucho.

- Não se preocupa. Eu pego um táxi.

- De jeito nenhum. Eu te levo.

Glup!

- Eu moro na Tijuca. É longe e está tarde. Fica tranquilo.

- Que coincidência. Eu moro na Tijuca também. Vem, eu te levo. Faço questão.

Ai, ai, ai...

Sem muitos argumentos, Jandira topou. Orientou sobre uma rua conhecida e foi com o rapaz.

- Meu prédio fica aqui pertinho. Pode me deixar por aqui mesmo.

- Imagina. Eu te deixo na sua portaria.

- Errr... fica ali, ó.

- Ali é um prédio comercial.

- Eu quis dizer, ao lado do prédio comercial.

- Ah, tá. Pronto. Chegamos.

Depois de mais alguns amassos, Gumercindo sentiu os efeitos do excesso de cerveja.

- Linda, posso usar o seu banheiro?

Danou-se!

- Melhor, não. O prédio está com um problema de encanamento. Um horror!

- Eu uso o da portaria. Fala com o seu porteiro.

- Não, não... é um problema generalizado. Desculpa!

Alguns minutos depois.

- A vontade de ir ao banheiro passou, mas me bateu uma sede. Você me arruma um copo de água?

Ai, ai, ai... inventar o quê?

- Querido, minha geladeira pifou. É isso. Estou sem água. Me mudei há pouco tempo e está uma bagunça. Olha, é melhor eu ir. Beijo!

Jandira saiu do carro e aguardou o Gumercindo ir embora, o que não aconteceu.

- Vou esperar você entrar.

A situação só piorava...

Jandira interfonou e o porteiro abriu a porta. Ela entrou e o prestativo Gumercindo seguiu seu caminho.

- Pois não, senhora?

- O senhor não me conhece e eu não moro aqui. Estou perdida e preciso de um táxi. Onde fica o ponto mais próximo?

- Ihhhhh...

Quando você acha que a situação já está péssima e alguém fala "ihhhhhhhh", a impressão é que Murphy está perto de aprontar mais uma.

- Não tem ponto de táxi aqui perto. A senhora precisa andar três quarteirões até o shopping.

E lá foi Jandira, às três da madrugada, andando três quarteirões (que na verdade, eram quatro) até o shopping center.

E o Gumercindo? E a Jandira? Sinceramente, procurei nem saber.

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinha Jandira, sua presepeira, quer forma pior de começar um relacionamento com uma mentira? Francamente, hein? Além da cascata, você ainda correu um sério risco ao passear sozinha pela madrugada adentro. Putz, He-Man está parecendo um pai superprotetor. Enfim, a moral é moleza: não minta. Amiguinho, não ache que você é mais malandro que a Lei Seca. Evite biritar e dirigir. Até a próxima!


PS: O Surfista já saiu com uma menina de Duque de Caxias. Ela declarou logo que morava loooooooooonge.

domingo, 23 de agosto de 2009

A fantasia de Dorotéia e o ventilador inconveniente

Lembre-se: o Surfista aumenta, mas não inventa. Esta é uma história verídica.

Dorotéia cedeu à insistência das amigas. Em uma tarde ensolarada, ela venceu seus grilos e entrou na sex-shop do bairro. Pela sua timidez, a visita foi curta, mas rendeu algumas comprinhas interessantes para dar um upgrade no casamento. Com os embrulhos na mão, nossa heroína estava decidida a tirar o seu marido de si.

Dorotéia planejou toda a programação da noite: jantar à luz de velas, vinho tinto, música ambiente, velas aromáticas e a surpresa comprada na lojinha. Aderbal, o marido, estranhou a produção, mas entrou no clima.

De volta ao apartamento, o casal já estava fervilhando.

- Calma, amor. Tenho uma surpresa que você vai adorar. Vai para a cama e me espera só uns cinco minutos.

Aderbal obedeceu. Ele estava adorando.

Homens adoram esses tipo de brincadeiras. Fico impressionado como as mulheres perdem excelentes oportunidades para sacudir a relação com essas estripulias. Ah, essas meninas...

No banheiro, Dorotéia rasgou o pacote com a excitação de uma criança que acabou de ganhar o presente de Natal.

- Vem logo, amor.

- Calma, Aderbal. Só mais um pouquinho.

O maridão estava com a mesma energia dos tempos de namoro. Enquanto aguardava a sua surpresa, fechou as janelas e ligou o ventilador de teto do quarto.

- Você está na cama, Aderbal?

- Sim.

- Está pronto?

- Vem logo, amor.

- Você promete que não vai rir?

- Prometo.

Por que as mulheres têm esse receio? Homens só ririam se ela surgisse fantasiada de ganso ou coisa parecida. Fantasias são estimulantes e algumas são extremamente incendiárias.

Dorotéia entrou no quarto com a fantasia de colegial clássica: saia xadrez, meia ¾, blusinha branca com nó entre os seios e gravatinha. Transbordando sensualidade, Dorotéia se tacou nos braços do maridão.

- Olha bem a sua colegial, gatinho – e ficou de pé na cama.

- Dorotéia, cuidado com o ventila...

CATAPLAFT!

O avisou não chegou a tempo e uma das hélices do ventilador atingiu em cheio a nuca da colegial. Foi desmaio instantâneo.

1 hora depois...

Deitada, Dorotéia abriu os olhos em quarto branco com ar-condicionado quase glacial. A cabeça latejava e tudo parecia girar. Aos poucos, ela percebeu que não estava mais em casa.

- Aderbal?

- Aqui, amor. Você desmaiou e eu te carreguei para o hospital. Que susto! Eu fiquei fora de mim. Você só levou uns pontos na nuca.

Dorotéia foi recuperando a consciência e...

- Aderbal, você não trocou a minha roupa? Eu ainda estou fantasiada!!!

- Não tive tempo, amor. Fiquei apavorado.

Do corredor, ela ainda ouviu o diálogo entre as enfermeiras:

- Leva esses analgésicos para a paciente do leito 12.

- Quem? A colegial sapeca?

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, é impossível culpar a doce Dorotéia. No calor do momento, com a fantasia funcionando lindamente, a pessoa perde a noção do que está ao seu redor. Isso envolve o ventilador de teto. Bom, a lição básica vai para as mulheres: queridas, homem é uma criança grande e com pêlos demais. Ele adora um brincadeira, uma surpresinha. Quebre a rotina e você, cara leitora, terá sempre um escravo sexual. Ouçam aos ensinamentos do Todo-Poderoso He-Man e boas compras na sex-shop. Amiguinho, tome pelo menos um banho por dia. Até a próxima!!!

domingo, 16 de agosto de 2009

O novo dono da bola


Prólogo I

Personagens: Janice e eu.
Local: Casa de sucos na Barra da Tijuca, pois Janice não se aventura no álcool. No máximo, um vinhozinho bem isolado.

- Você ainda fala com o Demétrio? - toquei no assunto.

Demétrio é o ex-namorado da Janice. Ela não admite, mas ainda gosta dele.

- Só de vez em quando. Eu soube que ele está namorando.

- Sério? E você conhece a fulana?

- Não conheço. Também não quero, sabia?

- Ciúmes?

- Acho que vai ser estranho.

- Você vai se comparar?

- Não sei. Talvez.

Prólogo II

Personagens: Rocha e eu
Local: Bar no Parque das Rosas, Barra da Tijuca

- Sabe a Darlene? - começou o Rocha.

Opa! Darlene é uma ex-namorada minha. Não é a Inês. É a mais recente.

- O que tem ela?

- Tá namorando.

- Que bom. O cara é legal?

- Não tive muito contato, mas tenho que te contar um coisa. Rapaz, você me conhece e sabe que eu não sou de achar macho bonito e tals.

- Fala logo, Rocha.

- O cara é pintoso pra cacete.

Momento glossário: no Rio de Janeiro, macho que é macho não chama outro macho de bonitão. O termo politicamente correto é "pintoso". O problema é quando o substantivo vem com um advérbio de intensidade ("pra cacete").

- Espero que ele cuide bem dela.

Mudamos de assunto, mas o grau de boniteza do cidadão me deixou grilado.



Leitor gente fina, o que as duas historinhas de mesa de bar (ou casa de sucos) têm em comum? Não vale dizer que é recalce.

A desconfiança diante do atual administrador da(o) sua(eu) ex. É o cara ou garota que frequenta onde você já frequentou. Acredito que a comparação está diretamente ligada à natureza do ser humano.

Ora, o bicho homem é competitivo horrores.

Eu sou o primeiro a vestir a carapuça. Confesso que me comparo aos atuais das minhas ex-namoradas. Faço um scan no sujeito com olho clínico, com direito a uma análise instantânea do que ele tem melhor ou pior que eu. E vou além. Se por um acaso, eu descubro que vou estar no mesmo evento social que a ex e o atual, eu capricho no figurino.

Ah, é ruim do malandro me visualizar em trajes mundanos. Vou deixar o caboclo com a mesma pulga atrás da orelha que eu tenho. Esse tipo de atitude infantil não parece coisa de filme do Woody Allen? É engraçado, ?

E, por incrível que pareça, uma breve pesquisa com algumas amigas revelou este ponto em comum: por mais desencanadas que estejam, nenhuma delas gostaria de ser vista de calça de moleton, camiseta "Vote Collor 1989" e meia furada.

No final das contas, constatei que essa atitude mongol faz o mundo girar e a fila andar. Como? Bom, ficando tchutchuco para não fazer feio diante da ex e seu atual "primeiro-damo", você acaba despertando a atenção de outros bons partidos. Faz sentido para você?

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, à sua atitude infantil e mentecapta não cabem justificativas. Se quer evitar comparações com o atual gestor do ex-playground, conte para o titio He-Man: por que terminou? Já que perdeu ou passou a sua fase, assuma e deixe chover na grama alheia. Que coisa feia ficar agourando. Até acho tolerável ficar bem na foto para mostrar que você tem lá o seu valor, mas ficar se comparando? Faça-me o favor. Já para o canto da disciplina. Vai pensar no que você fez.

domingo, 9 de agosto de 2009

A menina que queria ser musa

Quando criei este blog, a intenção era básica: escrever. Simples assim. Eu queria ter um espaço para publicar casos e pensamentos despretensiosos. Esse papo de guardar textos no fundo da gaveta ou embaixo do colchão nunca foi a minha onda. A surpresa foi que comecei a conhecer pessoas interessantes, como leitores, outros blogueiros, curiosos etc. Pessoas que me escrevem para sugerir "pautas", para fazer elogios, para compartilhar pensamentos ou até para desabafar.

Sim, sim, o cafofo do Surfista Platinado também é divã.

Certo dia, recebi um e-mail da Dirce. Ela dizia que descobriu os meus escritos pela irmã e gostava muito.

E olha que eu nem assino com o nome de batismo ou coloco fotos. Se bobear, a magia está neste anonimato total.

Curiosa e articulada, Dirce mexeu seus pauzinhos e descobriu meu msn e logo brotou no meu orkut. O lado bom é que ela também deixou de ser uma assinatura fria para se revelar uma mocinha, digamos assim, muito interessante.

A guria conseguiu um feito raro: me fazer "tricotar" pelo msn. Confesso que conversar pelo computador não me apetece muito.

O que eu fiz? O que eu fiz? Dei o meu telefone.

Malandra, Dirce soube valorizar ainda mais o seu passe com torpedos carinhosos, recados oportunos e ligações matutinas para desejar um bom dia.

Caramba, que bonitinho! Esse gesto boboca me conquistou de vez. Se estivéssemos jogando War, Dirce havia dominado a América do Norte e começado a invadir a Ásia. Peguei pesado? Bom, se você conhece War, entendeu a metáfora.

Os contatos cresceram, mas ainda faltava o essencial: os olhos nos olhos. Tentamos agendar um dia, mas os desencontros atrapalhavam. Em uma manhã nublada, recebi um torpedo crucial: "Vou te ver nesta semana. Isto é uma afirmação". Combinamos um sábado. Ela iria ao open house de um amigo e depois me ligaria para passar o endereço. Até aí, tudo bem.

Sábado, 20h...

Fiz a barba, taquei o Polo Black matador no cangote, escolhi a camisa preta com caimento perfeito, botei o jeans transado e olhei para o cara no espelho:

- Mermão, você está deslumbrante.

Vamos combinar uma coisa: você só estará realmente maneiro se acreditar nisso. Tem que se olhar no espelho e se sentir diante da mais perfeita criação divina. Já escrevi sobre isso e continuo acreditando.

Esperei pela Dirce vendo um episódio da 4ª temporada de "24 Horas". O tempo passava...

21h... 21h30... 22h... Liguei para ela e nada. Dirce não atendeu. Caceta! Tomei um bolo da garota que me ligava para desejar um bom dia! Como assim?

Reuni uma porção de pensamentos: raiva, frustração, desprezo, lástima e até culpa. O maior de todos foi a decepção. Fiquei desapontado pelo bolo da guria carinhosa que escrevia bem. Algum tempo depois, ela me ligou.

- Você tem todo o direito de ficar chateado. Realmente, só posso te pedir desculpas sem esperar que você aceite. Você quer me xingar?

- Não.

- Você me xingou muito?

- Em nenhum momento.

Isso é verdade. Eu não dou chilique. Eu guardo as coisas.

- Mentira.

- Você não me conhece mesmo. Vai me dizer o que houve?

- Fiquei com medo de você.

Epa! Como assim??? Deixei de ser um bom partido para virar um psicopata em potencial.

- Explica isso.

- Nunca te vi. Fiquei paranóica.

- Não acredito nisso.

- Desculpa.

- Não.

- É um direito seu. Eu fui horrível.

- Eu sei.

- Desculpa.

- Hoje não. Amanhã, talvez.

Desligamos.

Certa vez, Dirce revelou que gostaria que eu escrevesse sobre ela. Queria ser uma musa do Surfista Platinado. Irônico, não?

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, neste misterioso mundo virtual, essas coisas podem acontecer. E já que estamos falando neste ambiente, eu sugiro uma comunidade orkutinana muito engraçada: " legal de mulher maluca". Entre e compartilhe a sua experiência. Quanto à Dirce, bom, ela não se tornou uma pessoa desprezível por causa do bolo. Ela pisou na bola e desperdiçou uma bela chance para ambos. Deixe a vida seguir e guarde a cicatriz, rapaz. Amiguinho, evite que o seu som alto perturbe os outros. Até a próxima!!!

PS. Frase de Dira Paes em "Os Dois Filhos de Francisco": "O senhor pode ter o meu perdão, seu Miranda, mas a minha confiança, essa o senhor não terá jamais".


terça-feira, 4 de agosto de 2009

Piu!

O Surfista Platinado é um sujeito antiquado, mas decidiu ampliar seus horizontes virtuais. Bom, senhoras e senhores, eis que nasce o Twitter Platinado: http://twitter.com/splatinado.