quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Então, é Natal...

Ah,o Natal. Chega dezembro e as caixinhas de fim de ano se multiplicam geometricamente em todos os locais possíveis e imagináveis. Ao mesmo tempo, os corredores dos shoppings são tomados por multidões. E a Simone, hein? Ninguém ouve falar dela durante o ano, mas chegam as festas natalinas e a cantora baiana bomba nos supermercados pelo Brasil afora com aquela versão de "Happy Christmas", do John Lennon. "Então é Natal / E o que você fez?"

Só que eu fico melancólico no Natal. Rola um tristeza que vem "sei-lá-porque" e "sei-lá-de-onde". Já tentei, mas não consigo explicar. No fundo, acho que é a (argh!) idade, a maturidade. Talvez, o tempo traga à tiracolo uma consciência maior do que está ao redor e uma culpa cristã do tipo "poxa, eu tenho grana para comprar presentes e terei uma ceia legal em família, mas e todos aqueles que não têm?".

Acho que comecei a ficar jururu desde que assisti àquele especial do Mickey Mouse e do Tio Patinhas. Em quase todo Natal, passava a adaptação da Disney para "Christmas Carol", do Charles Dickens, em que o avarento Scrooge era visitado pelos fantasmas dos Natais passado, presente e futuro. Eu era pequeno e fiquei impressionado com a noite natalina do Mickey pobre e explorado pelo patrão.

Disney também é consciência. Tá pensando o quê?

Ainda hoje bate uma deprê nessa época do ano. Culpa do Tio Patinhas muquirana e do Mickey barbarizado. Aí entra um medo lascado de virar um velho que participa das ceias, tomas umas doses de vinho a mais e fica se lamuriando diante da família.

- Ah, este é o meu último Natal. Buáááááá!

No ano seguinte, o desgraçado faz a mesma coisa. Tenho pavor de parente que fica chorando milongas durante a ceia de Natal. Aposto que você tem alguém na sua família que faz isso.

No fundo, sinto falta do legítimo espírito de Natal. Aquele que a gente aprende quando é bem pequeno e esquece com o passar dos anos. Tenho saudades de quando era gurizinho e escrevia cartinhas para o Bom Velhinho pedindo uma bicicleta e paz para todos. Hoje em dia, a gente cresce e só lembra da bicicleta.

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinho, não fica tristinho com o Natal. Na aba da celebração ao nascimento do JC, o mês tem outras características bem particulares. Em que outro mês rolam os amigos ocultos? E em que outra época você ouve a palavra panetone? E além da Simone, sempre aparece aquele CD com o Jorge Aragão tirando "Ave Maria" no cavaquinho. E ainda tem o especial do Rei Roberto Carlos. Mais intimamente, em que outro período o seu pai liga para os irmãos e te obriga a conversar com primos que você mal conhece? "Vem cá, fala com o seu primo Juquinha". "Quem diabos é Juquinha, meu Deus?". E dezembro é o único mês do ano em que o Supermercado Guanabara não faz aniversário. Dá para ficar triste com tantos momentos especiais? Amiguinho, não banque o esperto nos amigos ocultos do seu trabalho. Presente de loja de R$1,99 não faz bem para a sua imagem. E Feliz Natal do He-Man!!! Ho, Ho, Ho!


OBS: O filme da foto é a produção francesa "Joyeux Noel", de 2005. Politicamente correta e bonitinha, a história narra uma inusitada trégua entre escoceses, franceses e alemães durante uma véspera de Natal no campo de batalha da I Guerra Mundial. Vale uma conferida!

domingo, 13 de dezembro de 2009

A vida em reprise

Assim como a Regina Duarte*, eu tenho medo. Na verdade, pavor. Pânico. Fobia. O alvo dos meus piores temores é a rotina a dois. A mesmice nossa de cada dia que afugenta as surpresas do casal.

Tenho uma penca de amigos casados. Entre alegrias, eles sempre deixam vazar uma pequena frustração pelo repeteco cotidiano. Parece que as suas vidas se tornaram um episódio do Chaves, daqueles que você já viu umas 358 vezes, mas acaba vendo novamente. Gosto do Chavo Del Ocho, mas a ideia da repetição infinita é de lascar.

Aliás, tem um filme baseado em uma obra do Stephen King que diz "o inferno é a repetição". Claro que não vou lembrar o título (talvez "A Tempestade do Século"), mas esta passagem ficou marcada em mim. Toc, toc, toc. Bate na madeira...

No fundo, sou um esperançoso. Gostaria de fazer como um dos personagens do Woody Allen, que rapta a namorada/esposa para uma tarde de paixão descontrolada em um hotel no centro da cidade.

Caceta, não pode ser tão complexo...

Tanto ele quanto ela pode fazer pequenas coisas que surtem um efeito bem positivo. Ações básicas, como sair para jantar mesmo com comida em casa, aprontar as malas para um fim de semana em Petrópolis, Campos do Jordão, Gramado ou no Guarujá, um presente bobinho ou uma rosa no painel do carro. Dá para ser criativo, não?

Sou um teórico. Nunca casei e o meu maior relacionamento durou um ano e sete meses. Talvez eu fuja da tal rotina e seus males. Fico pensando se ela não é inevitável e tals. Nem tudo é sexo, pizza e rock'n'roll e as pessoas têm uma tendência natural a sossegarem o facho. Eu penso em ficar calminho em alguma fase da vida, mas manso e passivo... isso não.

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, tenha mais medo da solidão do que a rotina. Saca só o pensamento estrondoso do Príncipe do Poder: o rame-rame diário tem remédio, só depende da dupla. Já a triste sina de ficar só (mesmo acompanhado) é muito mais infernal. Ah, o He-Man anda tão pensativo ultimamente. E você também. Por onde raios você andou, pô? Deixou a lojinha abandonada. O texto passado virou um chat. Amiguinho, gentileza gera gentileza. Até a próxima!!!



*A piada do medo e da Regina Duarte se refere a um vídeo gravado durante as eleições presidenciais de 2002. Na época, a Viúva Porcina declarou ter medo do Lula Presidente.