segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Fogo amigo na testa dos outros é refresco

Traição rende pauta. Histórias envolvendo esse tema são interessantes para quem ouve, mas não costuma ser muito legal para quem participa – especialmente, se o envolvido (ou envolvida) for personagem principal da trama: o corno.

Na verdade, entre tantos causos de trairagem, só me ligo naqueles que têm um tchan de Nelson Rodrigues, algo de inesperado, de absurdo. Pois assim foi a aventura de Juvenal, protagonista de uma odisséia baiana narrada por amigos em uma clássica mesa de bar.

Bom, tudo começou com um balão. Aliás, namoro é que nem festa junina: balão é proibido, mas todo mundo sabe que rola. Fim dos parêntesis. Retomando a trama. Tudo começou com um balão colossal. Com uma desculpa esfarrapada qualquer, Juvenal deixou a primeira-dama no Rio e se mandou para a incendiária rota da Barra - Ondina, na bela Salvador.

Juvenal se embrenhou no bloco e tomou várias precauções. Deixou a barba por fazer, colocou bandana e manteve-se sempre longe de qualquer câmera ou fotógrafo. Fugia de repórter do Band Folia quem nem vampiro do alho. Tudo dava certo, mas titio Murphy também estava na folia. No meio do bloco, Juvenal foi reconhecido por uma amiga da sua namorada.

- Danou-se - pensou.

De nada adiantou o disfarce e a atuação discreta. A garota bateu o olho e o reconheceu no ato. Juvenal leu seus lábios:

- Você por aqui?

Com milhões de decibéis de Chiclete com Banana na cachola e litros de cerveja na veia, Juvenal precisava virar o jogo para sair ileso de um quase xeque-mate. Pensou um pouco e tomou uma medida drástica. Foi lá falar com a menina com a naturalidade de quem estava visitando um convento.

Dois beijinhos. Sorriso. Como vai? Tudo bem? Que coincidência, né?

Tudo protocolar. Juvenal foi sentindo o terreno. No meio da madrugada e com o bloco pegando fogo, era difícil que a mocinha estivesse em plenas faculdades mentais. Juvenal foi chegando como quem não quer nada e pimba! Tascou um beijo na menina e foi imediatamente correspondido.

Riu consigo mesmo e um breve pensamento refletiu o tamanho da virada de mesa.

- Agora quero ver contar que me encontrou aqui!

Vitória!


QUAL A MORA DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, não é preciso ter muito bom senso para sacar que foi um ataque suicida com 99,99% de chance de dar errado. Mas, como no carnaval a realidade se altera, Juvenal se deu bem. Como He-Man é um herói politicamente correto, a atitude foi duplamente condenável. Ele foi sacana com a namorada pela mentira e pelo assédio à amiga. Se bem que com amigas dessas, quem precisa de inimigas, né? Os dois poderiam ficar juntos logo. O casal combina. Amiguinho, tente atravessar a rua apenas na faixa de pedestre e tenha muita atenção.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

He-Man responde! #8

OSNI PEGUNTA:

Pergunta: Prezado He-man, após uma discussão teórica-empírica-conceitual, entre mim e Vulgo Dudu (outro freqüentador desse ambiente), não conseguimos chegar a um consentimento sobre outro dos grandes dilemas da humanidade. Afinal, tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais? Depois de suas considerações ponderarei sobre a discussão!

HE-MAN RESPONDE!
Caro Osni. Sua retórica pergunta é infinitamente discutida por marketeiros, filósofos, publicitários, nutricionistas e curiosos de plantão. Na vastidão da Internet, pipocam teorias sobre o assunto. Gente levando a questão a sério e discorrendo uma enormidade.

A resposta mais coerente é a da filósofa Marta, que parece não te mais nada o que fazer. Segundo a estudiosa, "Tostines vende mais porque é fresquinho. O resto é conseqüência. O raciocínio é simples: Vamos imaginar a primeira fornada de Tostines da história dessa marca de biscoitos. Eles estavam fresquinhos, como era de se supor para biscoitos que acabaram de ser produzidos. Com isso, venderam mais do que os demais biscoitos que estavam nas prateleiras. Por terem vendido mais, as prateleiras foram repostas com novos biscoitos, que por conseqüência estavam fresquinhos, o que nos leva a um círculo infinito. Mas para a resposta à dúvida basta levarmos em consideração o que houve primeiro, e o aconteceu primeiro foi vender mais por estar fresquinho."

Já o calejado He-Man, que não consome esse biscoito porque prefere o Chocolícia, acredita que a resposta é quântica. Tanto faz, pois as duas realidades coexistem e se interligam. Se o raio da bolacha vende mais, seu maldito estoque será reposto constantemente. Essa situação justifica a segunda afirmação, pois se não vendesse, a meleca do cookie se estragaria num daqueles armazéns desgraçados.

Putz, nessa o He-Man suou a sunga.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Eu, leitora

Há algum tempo, eu já confessei que sou um leitor fiel da Marie Claire. Só que meu interesse pela literatura de mulherzinha vai bem além da revista. Vez ou outra, me pego lendo um desses livros destinados ao público feminino. Geralmente, são esses livros de auto-ajuda, que, diga-se de passagem, só são auto-ajudas para as moças, porque para mim soam como humor involuntário.

Ultimamente, o que mais me chama a atenção é a multiplicação dos títulos voltados quase que exclusivamente ao interesse feminino. Antes eram poucas opções, mas de uns tempos pra cá, percebi uma enxurrada de novidades. Passeando por uma livraria, atividade que curto muito, exercitei a falta do que fazer folheando os livros com os títulos mais curiosos e criando minhas impressões sobre seus conteúdos. Claro que a partir do ponto de vista masculino da coisa. Entre best-sellers e worst-sellers (se é que isso existe), lançamentos e clássicos, pincei algumas obras e gostaria de compartilhar com vocês através de mini-resenhas (incluindo um merchandising dos autores e editora. Vai que alguém se interessa):

O Que As Mulheres Querem
Erica Jong (Record)
Quando olhei sse título, fiquei chocado com sua arrogância. Como pode esse dilema milenar ser resumido em duzentas-e-poucas páginas? Folhenando um pouco, descobri que se trata de uma comédia. Fui dominado pela frustração, mas também pelo alívio. Ufa, as mulheres continuam sem saber o que querem!

O que Toda Mulher Inteligente Deve Saber
Steven Carter e Julia Sokol (Sextante)
Esse eu li. A princípio, achei curioso um livro sobre os anseios da mulher moderna co-escrito por um homem. Deve ser para equilibrar e dar um pouco de sensatez na parada. Brincadeira, brincadeira. Curtinho e facinho de ler, a moral da história é que as meninas buscam meninos que as ouçam, que sejam gentis, que tenham ambições, que tenham raízes, que tenham pegada e, principalmente, que liguem quando assim prometerem. Pronto! Contei o final do livro e fiz você economizar R$ 19,90.

Por que os Homens Fazem Sexo e as Mulheres Fazem Amor?
Allan Pease (Sextante)
Mais uma obra da Sextante para as mulheres desesperadas e querendo se ajudar ou descobrir porque nós, homens insensíveis, prometemos ligar e não ligamos. No final das contas, não sei se pergunta do título é respondida. Particularmente, eu duvido. Ah, esse autor ainda escreveu Por que os Homens Mentem e as Mulheres Choram?. Quantos dilemas na vida desse rapaz. Deve ser solteiro ou estar no terceiro casamento.

Mulheres Ambiciosas Ganham Mais
Debra Condren (LSJ)
Adorei esse título. Imagino quantas moças com a estima na sarjeta devem ter desembolsado R$ 30,00 para canalizar sua ambição e aumentar suas contas bancárias. Sinceramente, é preciso de um livro para descobrir que tanto mulheres quanto homens que são ambiciosos buscam seus objetivos com mais tesão?

Mulheres Lideram Melhor que os Homens
Lois P. Frankel (Gente)
Lois Lane, quer dizer, Lois P. Frankel se tocou do potencial das mulheres de negócios e escreveu logo uma porrada de livros sobre business baseados na ótica feminina. Também assinou Mulheres Boazinhas Não Enriquecem e Mulheres Ousadas Chegam Mais Longe. Fiquei pensando no critério para a escritora criar seus títulos. Provavelmente, ela pega o substantivo "mulheres", um adjetivo de impacto ("duronas", "vibantes", "casca-grossas" etc) e um predicado marketeiro ("ficam milionárias", "vão além do horizonte", "mandam bem" etc) e, abracadabraca, surge um nome. Vamos lá, faça sua combinação e descubra qual será a próxima obra da Lois.

Mulheres Francesas Não Engordam
Mireille Guiliano (Campus)
Mentira! Brigitte Bardot é a prova. Depois de sua juventude gostosíssima e suas presepadas em Búzios, a atriz francesa tornou-se uma respeitável senhora rechonchuda. O mesmo vale para Catherine Deneuve. Aliás, isso não é vergonha nenhuma.

Mulheres Japonesas Não Envelhecem Nem Engordam
William Doyle e Naomi Moriyama (Rocco)
Será a segunda parte de uma trilogia? Na verdade, um livro com esse appeal só faria sentido se fosse Mulheres da Somália Não Engordam de Jeito Nenhum ou Paula Toller não Envelhece. Perdoem o humor negro, mas francesas e japonesas magérrimas são de lascar.

Por que a Mulher Gosta de Apanhar
Christina Autran (Nova Fronteira)
Quando bati o olho nesse tomo, pensei logo se tratar de uma manual sado-masô. Ledo engano. É bem mais interessante. Nada mais é do que a compilação de entrevistas da autora com personalidades da cena brasileira de 1967 a 1975, como Nelson Rodrigues, Fernanda Montenegro e Clarice Lispector, entre outros.

Uma Mulher Que Faz
Lucimara Parisi (Arx)
Peraí, a moça que aparece no Domingão do Faustão escreveu sua biografia? Longe de mim desconfiar da sua competência, mas será que os bastidores do programa dominical mais mala do mundo merecem essa pauta toda?

O Doce Veneno do Escorpião
Bruna Surfistinha (Panda Books)
Se me dissessem que o livro de memórias de uma garota de programa daria uma sacudida nos tabus de muita mulher bem resolvida, eu riria. Eis que Bruna surge para se tornar um fenômeno pop do século XXI e virar leitura escondida de muita gente. Eu li e me diverti horrores com as proezas da moçoila. Eu e mais uma cacetada de gente, pelo já que averigüei. Não por acaso, o livro virou audiobook, rendeu o blog mais famosos da Internet brasileira e já foi vendido para virar filme. Eu voto por uma cadeira na ABL para Raquel Pacheco, quer dizer, Brunete!





QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, deixa a mulherada ler! Você deveria agradecer aos céus porque elas não estão lendo Sabrina, Bianca ou Julia. Você lembra dessas novelinhas vagabundas impressas em papel de jornal? Pois é, ainda estão nas prateleiras das bancas. Enfim, He-Man está econômico com as palavras hoje. Pare de se preocupar com o que as mulheres estão lendo ou deixam de ler e vai procurar um livro bacana para ocupar o seu precioso tempo. Amiguinho, nunca entre no mar ou na piscina sem verificar se há um salva-vidas por perto. Até a próxima!

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

He-Man responde! #7

BABS PEGUNTA:

Mil vezes a She-ra. Nunca entendi porque ela não se chamava She-woman, o ultra-mega-sábio He-man saberia?

HE-MAN RESPONDE!
Meninas, meninas... por causa de vocês, a Mattel inventou uma heroína que atendesse o público feminino que estava querendo abandonar o perfil de vítimas indefesas. Eis que surge She-Ra, uma Barbie marombeira que é, na verdade, a irmã gêmea do poderoso He-man. O nome "He-man" é uma ironia dos criadores (talvez, uma private joke), que pegaram uma velha expressão americana que reforça a macheza do personagem. Em português, teria como correspondente (guardadas as devidas proporções) "cabra macho" ou "sujeito homem". Por essas e outras, She-Ra não poderia ser She-Woman. Finalizando, vou enriquecer o seu baú de cultura inútil: "SheRa" vem do aramaico e significa luz. Bonito, não?

Mais uma curiosidade: os desenhos da She-Ra só contaram com a moral da história a partir do quinto episódio. No caso, quem passava a lição era o Geninho, aquele bicho azul que parecia um boneco da série Moranguinho.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Surfista Platinado informa!

Agora é pra valer! Eu e a mais implacável Exterminadora de Hélios da face da Terra temos uma coluna no Caixa Preta. Procure por Discutindo a Relação. Minha talentosa sócia já começou o batente na semana passada. Eu começo na quinta-feira, dia do feriado. Então, se você descolar um computador na praia, na serra , na ilha, na fazenda ou numa casinha de sapê, ficarei feliz com sua leitura e sua visita para um cafezinho.

E segue a nossa programação normal. O texto principal é esse aqui debaixo.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Uma forma infalível de ser escroto

Uma vez ouvi falar que uma boa história tem que ter pelo menos uma morte. Eu concordo. Imagina se o Romeu e a Julieta não morressem no final ou se Édipo não matasse Laio. No campo mais pop, já pensou se o Tio Ben não morresse por causa da omissão do Peter Parker? Mas acredito que quando ninguém morre, um casal é fundamental para que a narrativa pelo menos seja interessante. Essa aventura que vou te contar não tem alguém batendo as botas, mas tem um casal: Marília, Clara e eu. O que foi? Três pessoas não valem como um casal?

Conheci Marília em um elevador. Estávamos indo a uma festinha de uma amiga em comum e, por coincidência, nos anunciamos ao mesmo tempo na portaria. Enquanto subíamos, ficamos naquele clima de "e agora, José?".

Elevador é um ambiente muito opressor quando você está com outra pessoa e sabe que vai conhecê-la dentro de alguns instantes. Fica aquela dúvida se vale a pena puxar logo assunto ou se é preferível ficar olhando para o marcador de andares e torcendo para que tudo acabe logo. Nessas horas, subir 18 pavimentos pode levar uma eternidade.

- Achei que eu seria a única pessoa a vir sozinha.

Ela quebrou o gelo. Ufa!

- Eu estava pensando a mesma coisa - menti.

Nos apresentamos, falamos algumas trivialidades e chegamos ao 18º andar com a pista livre para outros assuntos. Tudo funcionava às mil maravilhas e a perspectiva era boa. Perto do fim da festa, ela me deu o seu cartão e escreveu o número do celular no verso. Prometi ligar.

Não liguei.

Não me pergunte o porquê. Eu não sei também. Esse é um daqueles enigmas tão inexplicáveis quanto o Terceiro Mistério de Fátima. Voltei a encontrar Marília três semanas depois em um domingo no Baixo Gávea. Para variar, estava lotado como vários outros fins de semana de verão. Voltamos a conversar e para disfarçar o telefonema que nunca fiz, aleguei que perdi o cartão quando fui abduzido por alienígenas.

Ela riu. Dessa vez, Marília anotou o número no verso de um folder da Babilônia Feira Hype. Prometi ligar.

Não liguei.

O terceiro encontro (combinado por amigos que queriam ver o couro comer) aconteceu quase um mês depois na Casa da Matriz, lugar divertido da cena alternativa do Rio. Ela estava no balcão tomando Cuba Libre e me reconheceu. Sorriu e voltamos a conversar. Graças a Deus, o assunto do telefone não foi mencionado. A diferença é que dessa vez eu não deixaria para depois. Entre um sorriso aqui e outro acolá, eu parti para o ataque. No fundo, eu apostava que ela estava louca para dar o troco pelos furos. Seguindo a lógica, mulher é um bicho ilógico e ficamos nos agarrando a noite inteira. Ela anotou o telefone em um guardanapo e me deu antes que eu a deixasse em casa. Prometi ligar.

Não liguei.

Mas o que diabos estava acontecendo comigo? Marília era bonita, perspicaz, perfumada, tinha sardinhas bonitinhas no nariz e uma tatuagem charmosa na nuca. Tinha uma franja esquisitona, mas a perfeição é utopia. Eu devia estar querendo me sacanear.

Poucos dias depois, eu recebi um convite de um amigo e aceitei ir a um ensaio da Mangueira no Palácio do Samba. Topei dar carona a uma amiga e para minha surpresa ela estava com uma prima.

- Essa é a Clara. Não tem problema ela ir com a gente, né?

- Nenhum - descaradamente eu usei a parte mais indecente do homem: o olhar. Mantive um contato direto e sem pausa por longos cinco segundos. Nenhum dos dois piscou.

Essa está no papo

Ela pensou alguma coisa e sorriu também. Aposto que foi a mesma coisa.

Do alto dos seus 1,65m, ela sambava como se fosse uma rainha de bateria. A saia serpenteava, mas não revelava muito mais do que as pernas torneadas. As gringas que me perdoem, mas uma brasileira sambando com estilo é mais do que sensual: é arrebatador.

Fiquei cobiçando em silêncio. Nesse instante, eu entendi como o personagem do Kevin Spacey se sentiu em "Beleza Americana" quando observava a ninfeta loira dançando.

- Olha quem está aqui - saí do transe com um tapinha nas costas.

- Marília, que coincidência.

Ai, ai, ai...

- Não foi coincidência. Eu sou amiga do Juliano e ele me avisou que todos viriam pra cá. Deduzi que você estaria por aqui - o Juliano era o cara que fez o convite. Ele que queria me amarrar na Marília.

O papo rendeu por alguns minutos e fomos para a mesa onde estava o restante da turma. Clara estava lá também. Daí por diante se desenhou uma cena que eu não cogitaria nem em minhas vaidades e gabolices mais desvairadas. Sentei à cabeceira da mesa com Clara à esquerda e Marília à direita. Clara falava de um lado e Marília do outro.

Cara, eu sou bom.

De repente, Marília encostou seu joelho na minha perna.

Cara, eu sou muito bom.

Não sei se Clara percebeu a jogada da "rival", mas ela também tomou uma atitude mais agressiva. Sem qualquer cerimônia, meteu a mão na minha coxa.

Cara, eu sou bom pra cacete.

Eu gosto muito de mim e me acho legal, mas essa situação não poderia existir fora dos meus sonhos. Era ilógico porque eu não era jogador de futebol, cantor, pagodeiro, ex-Big Brother ou ator de novela da Globo. Essas mulheres poderiam ter qualquer homem do mundo, então, por quê eu?

Porque você é bom, uma voz bem suave veio lá do fundo da consciência e eu gostei da sugestão.

Lembra do Juliano, o cara que mobilizou todos os amigos para o samba? Pois ele ajudou na seleção natural. Clara me deu um beijo na bochecha e foi atender o chamado do amigo. Fiquei na mesa com a Marília. Acabaram-se os problemas e as dúvidas. Era só correr pro abraço.

- Olha, eu preciso dar um pulinho no banheiro. Volto já - antes que ela fosse, eu a agarrei pela cintura e a beijei no ombro.

Pronto, estava marcada.

Fiquei sozinho por pouquíssimo tempo. Clara voltou e me arrastou para a pista de dança. Ela sambava que nem gente grande, enquanto eu apenas dava pulinhos.

Eu vou ceder. Eu vou ceder. Sou fraco.

A gota d'água veio quando ela veio me falar algo ao pé do ouvido. Eu não ouvia nada, mas senti dos toques involuntários no canto da boca.

Ah, canto de boca é sacanageml.

Agarrei Clara com um puxão e quando abri os olhos percebi Marília se afastando.

Eu sou um crápula. Eu sou um crápula. Eu sou um crápula.

- Você é um fofo - Clara gritou no meu ouvido direito.

Puf! O peso na consciência sumiu.

Acordei no dia seguinte dolorido pelas horas de samba, mas com o cheio da Clara em mim. Lembro que não peguei o telefone dela, mas dei o meu cartão com o celular escrito no verso. Acho que deixei morrer um futuro promissor com a Marília.

Será que Clara me liga?

Não ligou.



QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, a moral da história é que você é um trouxa. Não demorou muito para sentir o gostinho do próprio veneno, né? Não sei bem a razão, mas tanto meninos quanto meninas têm a mania de subir em um salto alto do tamanho do Empire State sempre que estão em uma posição confortável no jogo do flerte. E não venham tentar convencer o bom e velho He-Man de que isso não é verdade. Aquela esnobadinha básica ou valorização do passe rola sempre - por mais sutil que seja. Isso me deixa indignado pelas oportunidades legais que são desperdiçadas. Então, amiguinhos e amiguinhas, prometam para o titio aqui: nunca mais serei fanfarrão com as gatinhas(os) que me derem mole. Repita comigo! Repetiu? Beleza. A lição está dada. Coleguinhas, só pratiquem esportes com a supervisão médica e um responsável por perto. Até a próxima!
.
Sim, esse foi um post imenso. O próximo será menor. Prometo!

He-Man responde! #6

ANÔNIMO MAROMBEIRO DO GOOGLE PERGUNTA:

Após tomar durateston, posso tomar cerveja?


HE-MAN RESPONDE!
Essa pegunta não chegou a mim diretamente. Trata-se de uma questão que chegou ao blog, mas foi levantada no Google por um amiguinho que está querendo ficar sarado como o He-Man da forma mais rápida e menos natural. Como o Príncipe de Etérnia também é saúde, vou respondê-la. Sim, amiguinho Bam-Bam, qualquer birita corta o efeito do anabolizante, além de propiciar um maior risco ao fígado, já que este está metabolizando um nível de hormônios acima do normal. Não tenho informações sobre problemas de fumar durante um ciclo... acho que o único problema seria a diminuição da resistência, fôlego na hora de puxar ferro. E, reza a lenda, que seu bilau vai encolher até sumir. Como minha forma física vem da Espada de Greyskull, desse mal eu não morro.
.
Próxima pergunta, por favor.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Mulher que se garante dá um medo danado

Acho que nunca conheci um ser tão apaixonado quanto Leila. Mas o amor irrestrito da minha amiga não era dedicado a um homem, mulher, animal, ou time de futebol. Sua devoção tinha como alvo o espelho. Pois é, Leila morria de amores por si mesma. O pior é que ela encasquetou que todo homem também sentia a mesma atração.

Eu mesmo já entrei no devaneio da Leila, que cismou que eu estava de quatro por ela. Eu poderia até ter me irritado, pois a moçoila não fazia o meu tipo, mas uma dessas ironias do cotidiano virou o vento a meu favor. Para que eu perdesse as esperanças e "abandonasse a minha ilusão", a loiríssima e silicoana moça decidiu encontrar o par perfeito pra mim.

Beleza! Leila tinha uma imã para mulher bonita. Cedo ou tarde, eu me dou bem por tabela.

E assim eu fui conhecendo as camaradas da Leila, todas apresentadas com a mesma referência:

- Ela é um amor. Você vai adorá-la. Pena que sente um ciúme de mim, menino. Imagina isso? Eu nem faço por onde. São os caras que andam com ela que me dão mole.

Eita! Pode uma coisa dessas?

Algumas eram realmente interessantes, mas nem todas tinham potencial para ser o meu "par perfeito". Todas eram bem "sem-sal" e não valiam uma campanha daquelas que me prendem. Desses passeios, o saldo positivo só veio em conhecer as histórias da heroína dessa história.

A primeira que fiquei sabendo foi a do Will, ex-namorado e fotógrafo requisitado por onze entre dez celebridades. Posso afirmar que está no mesmo caminho do J.R. Duran. Um dia, ele foi convocado para uma viagem de trabalho com uma missão duríssima: ir até Paris para ser assistente de um ensaio de Gisele Bündchen. Como se não fosse o bastante, ele ainda ficaria em um quarto no mesmo hotel e mesmíssimo andar da beldade.

É ou não é o emprego que você, meu leitor macho, pediu a Deus?

Will ficou meio preocupado com a reação da namorada. Leila, do alto do Olimpo, não só liberou como carimbou o passaporte do sujeito com uma ameaça:

- Se for e não comer é melhor nem voltar pro Rio.

Will foi e não comeu. Ficou perdido entre um misto de raiva, vergonha e desprezo. Terminou o namoro por DDI. Leila não se abateu.

- Tadinho, deve ter dado uns beijos nela e ficou com a consciência pesada por minha causa. Eu avisei que ele poderia pular a cerca. Homem não sabe lidar com a liberdade, não?

Eu concordei.

Ai, ai, ai...







QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Tremeu na base, amiguinho? Conheço vários sujeitos que tremeriam também. Imagina só ter a obrigação de pular a cerca com sucesso ou entrar na porrada quando chegar em casa. Parece o mundo Bizarro. Aliás, lembra do Bizarro? É aquele inimigo do Super-Homem que vive em um mundo paralelo onde tudo é inverso ao nosso. Parece que sua amiga veio de lá também. Bom, mais o que fica de lição é que certas mulheres acham que são muito mais do que elas são de verdade. Por outro lado, outras sofrem por pensarem que são pequenininhas, quando são maravilhosas. Não seria fabuloso se toda mulher tivesse a auto-estima lá na estratosfera? Bom, seria legal para elas, mas os meninos teriam que suar a camisa para descolar uma namorada. Amiguinho, as bibliotecas são lugares legais. Visite-as e perceba como há um mundo de aventuras ali. Até a próxima.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

He-Man responde! #5

OSNI PERGUNTA:

Prezado He-man, tenho uma dúvida que me assola há alguns anos e acredito que seja um dos enigmas da humanidade, afinal de contas, qual o significado da sigla O.B?


HE-MAN RESPONDE!
Osni, Osni... Nada escapa do onisciente He-Man. O oráculo do Príncipe de Etérnia enxerga tudo. Pela sua tentativa de me engabelar, eu poderia dizer que O.B significa "Osni Bobão". Mas sabemos que não é bem isso. O.B. é uma sigla para ohn e binden, isto é, as iniciais das palavras alemãs que significam "sem absorvente". Esse apetrecho foi criado em idos de 1950 pela ginecologista Judith Esser, na terra dos chucrutes, mas só aterrissou no Brasil em 1974, lançado pela Johnson & Johnson.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Lá vem o homem mau

Lembra do desenho do Papa-Léguas? Pois eu sempre torci pelo coiote. Chegou um momento que eu me sensibilizei com as frustrações do bicho em suas mil engenhocas. Nada dava certo para o coitado. E ainda tinha o ar debochado do pássaro com seu "beep-beep" constante.

- Estraçalha, coiote!

No fim das contas, ele nunca me lavou a alma, mas abriu minha concepção para um fato importante: eu simpatizava com os vilões. Aos poucos fui percebendo que eu não estava sozinho nessa perversão. Conheci gente que curtia o Frajola, o Esqueleto, o Hortelino Troca-Letras e até, pasme, a seleção da Argentina.

Isso me deixou encucado. Como os malvados podem exercer esse fascínio pelo público. Como não tinha mais nada de útil para fazer, fui divagar sobre o tema. Não demorou nadinha para constatar que os vilões, às vezes, são mais interessantes que os enfadonhos mocinhos. Ou será que você acha o Luke Skywalker mais legal que o Darth Vader? Embecado de preto, respiração arfante, voz trovejante e capacete malévolo, Vader sustentou no imaginário pop o título de maior salafrário de todos os tempos. Segundo uma lista norte-americana (como eles adoram listas), ele foi superado pelo Hannibal Lecter. Pô, convenhamos, perdeu para um bandido de primeira. Jodie Foster é uma escada para o desfile perfeito de Hannibal Cannibal e suas atrocidades, amoralidade e charme. Na minha humilde opinião, Sir Anthony Hopkins desempenhou uma das melhores performances da história da sétima arte.

Aliás, não lembro de ter visto Anthony Hopkins fazer o papel do capeta. Esse personagem já ganhou o rosto de vários atores de ponta. Só para começar, Al Pacino ("Advogado do Diabo"), Jack Nicholson ("As Bruxas de Eastwick") e Robert DeNiro ("Coração Satânico") emprestaram características diferentes ao tinhoso. Gosto muito da interpretação do Al Pacino: ar cafajeste, risadinha canalha e um tom de voz cheio de falsidade. Nem parece que o cara mede rasos 1,67m.

Vaidade, definitivamente o meu pecado favorito.

As mulheres também renderam boas perversidades. Em "Os Três Mosqueteiros", o Cardeal é o principal calhorda, mas Milady de Winter é tão escrota que acaba chamando a atenção. Morgana Le Fey também fez das suas. Coisa miúda, como enfeitiçar o próprio irmão, ninguém menos que o Rei Arthur, e conceber um filho com ele. E a Sharon, hein? "Instinto Selvagem" seria apenas um filme com boas cenas de sacanagem, mas a Catherine Tramell de La Stone criou um senhor rebuliço por causa de uma simples cruzada de pernas. Claro que não foi só isso, mas essa seqüência coroou um personagem único. Seria ela a melhor vilã? Pode até ser, mas o mal encarnado na figura feminina chama-se Rebecca de Mornay. Bicho, eu bato a vista nessa mulher e sinto calafrios. Deve ser por causa daqueles olhos azuis gelados ou o ar blasé embutido em sua beleza. Sei lá. Só sei que essa moça é do mal.

E também vale lembrar das histórias em que ninguém presta. Você consegue me apontar uma alma 100% nobre em "Pulp Fiction" ou "Cães de Aluguel"? E em "Tropa de Elite"?

O que me frustra é que faz tempo que não vejo um vilão realmente maneiro. Acho que desde o cruel Zé Pequeno. Talvez os sádicos Commodus ("Gladiador") e Rei Edward I ("Coração Valente") possam ser incluídos nessa relação. A maioria dos autores tenta agir corretamente e dar profundidade e ambigüidade aos bandidos. Até o Sawyer, de "LOST", nasceu como verme desprezível e hoje é um dos astros da série. Fica difícil não simpatizar com a causa do Magneto, ou os questionamentos do Coronel Kurtz. Putz, esse último merece um comentário. Acho que o Marlon Brando foi o pioneiro desse tipo de vilão com um bocado de coerência. Não só pelo Kurtz ("Horror, o horror!"), mas também pelo extraordinário Don Vito Corleone, mais conhecido como "O Poderoso Chefão".

Claro que o correto para qualquer boa história é aprofundar cada personagem, inclusive o vilão, mas sinto falta daqueles brucutus maniqueístas totalmente desmiolados. Mais exatamente como o Predador, o Jason, o Exterminador, o Chong Li ou a gang de motoqueiros que trucidou a família do Mad Max. Sinto falta da demência do Coringa ou do Lex Luthor (do Gene Hackman, de preferência). Por sinal, o Coringa será o próximo adversário do Batman em seu novo filme.

Acho que vou passar a torcer pela Argentina. Não, não. Preciso de um vilão de verdade. Hmmm... vou torcer pelo Vasco.

***

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,.
HE-MAN?
Amiguinho descerebrado, você está fazendo apologia ao mal? Que papo é esse de torcer pelos bandidos? Tsc, tsc, tsc... tu acha que é moleza encarar as presepadas do Esqueleto e sua mulambada? Vou relevar, porque sou o He-Man e minha tolerância é quase infinita. Na verdade, até compreendo as suas considerações. Bad-guys cativam porque, mesmo como referência negativa, são, psicologicamente, uma válvula de escape para a platéia. Mas, paremos por aqui, pois não quero tricotar sobre psicologia. He-Man resolve seus problemas na base da bordoada. Amiguinho, quando alguém lhe oferecer drogas, dia não. Até a próxima!