Papai Smurf está feliz da vida. Em uma semana, viu quatro filmes legais e ouviu um disco inédito muito bom. Curiosamente, foram histórias de espionagem (um personagem clássico e um novo que, tenho certeza, entrará para a antologia do cinema de ação) e um CD de uma banda veterana. Nada mais justo que fazer recomendações aos amáveis leitores do Surfista. Espero que gostem.
NA TELONA: A avaliação sobre o novo 007 rendeu um texto lá no Caixa Preta, site no qual costumo mandar umas linhas, de vez em quando. Caso você não tenha lido, o resumo da ópera é que o James Bond encarnado pelo Daniel Craig reflete um desejo da mulher moderna pelo homem mais bruto, mais rústico. A mulherada está de saco cheio dos Beckhams da vida. Enfim, em "Quantum of Solace", os roteiristas continuam em busca da humanidade perdida do agente 007. Pela primeira vez, um filme da série continua a história anterior (exatamente do ponto em que parou "Casino Royale"). Isso já seria uma grande novidade, mas "Quantum" ainda tem três características próprias que valorizam sua cotação: Craig não diz "meu nome é Bond, James Bond", a bondgirl não vai para a cama dele e o termo "007" é usado apenas uma vez. Ao longo da história, o agente é chamado de Bond, ou, simplesmente, James. A trama segue os moldes de sempre, ou seja, 007-percorre-os-continentes-para-salvar-o-mundo-de-um-vilão-nefasto. Nada de mais. O que se sobressai é a forma insensível como ele se porta. James Bond encontra na sua nova missão uma forma de se punir e punir todos que o fizeram sofrer no passado. A "M" de Judi Dench está brilhante e confirma o ar maternal da comandante. Smurf Robusto afirma que vale o ingresso. Smurfette acha que é movimentado até demais.
NA TELINHA: Na onda do 007, não há como não falar do agente que realmente revolucionou o cinema de ação dos anos 2000. A trilogia de Jason Bourne (reparou nas iniciais?) ganhou uma caixa com os três filmes e uma cacetada de extras. Aliás, são títulos como estes que dão alguma dignidade ao cinema de correria. Bom, caso você não conheça a trama, os três longas contam a história do desmemoriado Jason Bourne, que é resgatado no meio do Mar Mediterrâneo e se vê perseguido por uma horda de assassinos profissionais. De rato sem lembranças, ele se torna o gato e passa a caçar os crápulas que querem vê-lo comendo grama pela raiz. Além de carismático, Matt Damon é um ator competente e dá credibilidade ao personagem. O roteiro é inteligente e amarradinho com a direção sempre coerente e sem presepadas. As cenas de perseguição são alucinantes e extremamente divertidas. Veja e depois me diga se você também não acha que o sucesso de Jason Bourne criaram a essência do novo James Bond. Smurf Gênio curte filmes de espionagem, mas prefere "O Falcão Maltês" ou o 007 dos tempos da Guerra Fria.
NA VITROLA: Sempre tenho medo dos novos discos das minhas bandas favoritas. Sinto uma apreensão danada, pois acho que podem jogar uma história de bons álbuns pela janela. O AC/DC não lançava um CD há anos e o tal do "Black Ice" chegou cercado de expectativas. Até aí, nada de surpreendente, pois até o Roupa Nova tem um séquito. Com um pé atrás, comprei o disco (sim, sou antiquado e ainda compro discos. Gosto da embalagem, da bolachinha original... essas babaquices, sabe?). Logo na primeira faixa, o alívio. "Rock'n'roll train" é sensacional. Brian Johson já não tem o vigor dos tempos de "Back in Black", mas manda bem. A guitarra incendiária de Angus Young não mudou absolutamente nada. O cara continua um monstro. "Black Ice" é um discaço!!! Rock sem firulas, sem nu-metals, sem tatuados de bonés, sem DJ, sem apelação... nada! Só cinco coroas descascando uma barulheira fenomenal. A aldeia toda curtiu e a só se ouve AC/DC na floresta. Smurf Poeta deixou de ouvir Chico Buarque e também entrou na onda!