terça-feira, 22 de junho de 2010

Todos os corações do mundo

Eu adoro futebol. Basta uma bola rolar em algum gramado nacional ou estrangeiro para que eu fique hipnotizado. Já me peguei vendo um jogo do Votuporanguense na Rede Vida. Já briguei com uma namorada na Copa de 2006 por causa de uma partida do Brasil. E, além de acompanhar os jogos, eu leio sobre o assunto com curiosidade de arqueólogo. Em ano de Copa do Mundo, o país respira o velho e rude esporte bretão – ainda mais com a internet consolidada na vida do povão. Não há como fugir do assunto, então vejamos o lado pitoresco desta época do ano:

Futebol total
De quatro em quatro anos, a TV fica refém do futebol. Nem a novela escapa. Se bobear, o Gianecchini comenta a partida entre Argentina e Coreia do Sul entre uma maldade e outra. Na internet, somos milhões de comentaristas e pitaqueiros. No cabelereiro, a revista Caras mostra como foi Brasil x Coreia do Norte no Antiquariu's. No "Fala que Eu te Escuto", os pastores cornetam a escalação do Gilberto Silva.

Mulheres
Em muitos concursos de Miss Brasil, o entrevistador pergunta à candidata Miss Alagoas sobre o seu time e o seu livro preferido. Ela responde protocolarmente "Brasil e 'Pequeno Príncipe'". Mas em mês de Copa, a mulherada se rende aos jogos com mais afinco. É o único período em que os homens ganham habeas corpus para ver futebol loucamente. "Amorzinho, é só uma vez a cada quatro anos", eles argumentam. "Hmpf!", elas resmungam, mas aceitam. Como represália, elas ficam de olho nas pernas dos jogadores, no sorriso do Kaká e no topete ridículo do Cristiano Ronaldo. "Ah, amorzinho. Eu só vejo esses jogadores de quatro em quatro anos", elas argumentam. "Hmpf!", eles resmungam, mas aceitam.

Bolão da Copa
Papai do Céu disse que ao se reunirem dois ou mais em oração, lá ele estaria. Durante a Copa, ao se reunirem dois ou mais pessoas, tem um bolão. Na empresa, no clube ou no boteco, as apostas correm soltas. Curiosamente, as pessoas que costumam faturar a bolada são aquelas que menos entendem de futebol. O entendido que acompanha todos os campeonatos do planeta jamais conceberia uma derrota da Espanha para a Suiça. A secretária que mal conhece o Corinthians, acha que a Suiça tem chocolates mais legais e crava lá: 1x0.

Álbum de figurinhas
Em 2010, a Panini riu à toa. A febre das figurinhas foi mais intensa e preocupante que a H1N1. Vagabundo estava matando trabalho para correr atrás do escudo da Nigéria ou do maldito Wayne Rooney, que ninguém tem para trocar. O diferente foi como as redes sociais deram uma mãozinho especial para as trocas. A internet a serviço do povo!

Galvão Bueno
"Ééééééééééééééééééé, do Brasiiiiiiiiiiil! Rrrrrrrrrrronaldinho!". É mais uma Copa no gogó do Galvão, moçada! Odiado por muitos e detestado por poucos, Galvão segue firme e forte no comando dos jogos da Globo. Nesta copa, o twitter piou o que um país inteiro clama há anos: Cala Boca, Galvão. Mostramos que quando queremos sacanear alguém, somos altamente organizado. E os gringos se desesperaram: "esses brasileiros sanguinários querem matar a pobre ave em extinção". Mal sabem eles...

Patriotada
Que beleza! Varandas coloridas, bandeiras nos carros e ruas enfeitadas realçam o nosso patriotismo. Que povo consciente, inspirado e unido. Canta o hino com a mão no peito e vibra com a pátria de chuteiras. No Brasil, ser patriota tem prazo de validade: acabou a copa, acabou o amor pela nação. E tudo volta a ser como antes.

Vuvuzelas
Ok, ok, é um elemento da cultura africana, faz parte da sociedade bafana bafana e blábláblá, mas, PQP, como é chata. Imagina ver um jogo com um desgraçado soprando esse troço nas suas orelhas? Meu medo é que a moda está chegando ao nosso país. Ai, ai, ai...

Meu nome é Jabulani
Tenho pavor dos nomes da moda. Você já imaginou quantos pais joselitos vão batizar os seus pimpolhos recém-nascidos como Jabulani, Bafana, Tchabalala, Maicon, Kaká e Vuvuzela? O governo deveria se antecipar e enviar informativos aos cartórios com uma orientação bem clara: "está sumariamente proibido efetuar registros com nomes escrotos relacionados à Copa do Mundo da África do Sul".

Pelé, o visionário
O Atleta do Século é o oráculo. Quem ele aponta como favorito se ferra antes das oitavas. O Rei elogiou a Espanha e veja o que aconteceu...

Argentina
E pelo Manual de Etiqueta do Dunga, devemos respeitar os adversários e enaltecer a esportividade. Viva o espírito olímpico e que se f#$@#%$, os filhos da !@!#$#@$ dos argentinos do car"#!#$*! Que vença o melhor, menos eles.


QUAL MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, aqui em Etérnia não tem Copa do Mundo. A seleção eterniana empatou com um combinado do Tibet e não se classificou para a festa maior do futebol. Dane-se! He-Man detesta futebol e ocupa seu precioso tempo depenando a Feiticeira ou dando um rolé com o Gato Guerreiro. Meu único e pálido interesse pela Fifa World Cup se restringe às torcedoras da Dinamarca. Amiguinho, pedir licença não tira pedaço. Até a próxima!!!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Homens não são todos iguais

Mulher se queixa de que os homens são todos iguais. Discordo. Homens são diferentes entre si, mas tão previsíveis quanto um hamster na gaiola. Falo por conhecimento de causa. Sou homem, pô!

Mas, as moças não podem se queixar de que compram gato por lebre. Às mais inexperientes (sei, sei, conta outra), eu sugiro cinco filmes que apresentam detalhes importantes sobre o modus operandi dos marmanjos. Saca só:

Ele não Está Tão a Fim de Você
Tem exageros, tem um final piegas e noveleiro, tem situações bem gringas, mas vá lá, o contexto é interessante. Nesta comédia lotada de rostos conhecidos e clichês, a mulherada pode aprender uma lição de ouro: quando o cara se interessa, ele liga. Carajo, isso é tão óbvio que chega a ser genial. Se o malandro não te ligar, minha doce leitora, é porque ele está em outra. E todo homem (ou 99,5% do total) quer comer a Scarlett Johansson.


Um Grande Garoto
Filmão inglês baseado em um livro igualmente legal do Nick Hornby. Basicamente, é a história de um sujeito com 30 e poucos anos (o Hugh Grant, no caso) que vive exclusivamente para pegar o maior número de mulheres possíveis. Ele é rico sem trabalhar, não tem consciência e dirige um Audi TT – três sonhos de consumo de muito malandro por aí. Bom, a lição valiosa é que homens são crianças que cresceram. Mulheres precisam saber lidar com esse detalhe ou vão ser trocadas por "God of War 3", do Playstation.


Alta Fidelidade
O britânico Nick Hornby realmente sabe transmitir a essência do macho de verdade. Neste filme, a trama gira em torno da obsessão do John Cusack pelos cinco maiores foras da sua vida. Após terminar com a namorada, ele resgata os contatos das mulheres que o fizeram sofrer e tenta uma reaproximação. Anote na sua agendinha da Hello Kitty: homens sofrem horrores com rompimentos, mas são orgulhosos e não contam. Homens negam, mas se rasgam por dentro e raramente esquecem.


De Olhos bem Fechados
Em seu último filme, o psicótico (e magistral) Stanley Kubrick mergulha nas profundezas do ciúme masculino. De uma forma bem hardcore e tensa, ele apresenta Tom Cruise (em um raro bom papel) se contorcendo de ciúmes por conta de uma quase infidelidade da sua esposa Nicole Kidman. As mocinhas devem aprender que homens são maníacos ciumentos. Alguns têm solução, outros não. Shakespeare sabia disso há séculos e escreveu "Othello".


ABC do Amor
Quem diria que uma produção infantil poderia ser tão instrutiva. Pois esse simpático filminho gira em torno de um moleque de 10 anos que se descobre apaixonado pela coleguinha do karatê. Com várias sacadas bacanas, o roteiro mostra inseguranças, joguinhos, bobeiras e receios que os caras têm e não admitem. No final das contas, "ABC do Amor" mostra que os homens realmente são como o Leoni já cantou: "garotos como eu, sempre tão espertos, perto de uma mulher, são só garotos".



QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinho, quem te deu o título de porta-voz master da classe masculina? Tá se achando o He-Man, é? Vou já cortar as suas asinhas. Seguinte, homens são previsíveis, como você disse, mas são incoerentes. Cada caso merece atenção e reconhecimento antes de identificar o seu procedimento. Em todo caso, os filmes são legais. Amiguinho, ao encontrar uma pessoa que você não lembra o nome, evite chutar o nome da infeliz. Que papelão! Até a próxima!!!

Ah, aproveitando o embalo, o Homem Mais Poderoso do Universo manda um beijo para a leitora Ly Turano.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Dia dos namorados macabro

O Dia dos Namorados mexe tanto com os nervos de casais felizes e solteiros convictos quanto resultado de do vestibular, FlaxFlu ou véspera de casamento. Mal e porcamente comparando, é como um filme do David Lynch: você pode odiar ou amar, mas jamais ficará indiferente.

Seja para se jogar em alguma festança de solteiros rancorosos ou batalhar uma mesa à luz de velas naquele restaurante bacana, a meta é uma só: acertar a mão. Pesquisando aqui e ali, descobri os sete pecados capitais (sob o ponto de vista masculino, é claro) na execução de um Dia dos Namorados a dois. Jogo rápido:

1. O presente é para ela, e não para você.
Já vi malandro comprar uma caixa de "24 Horas" e oferecer como presente para a namorada. O lance é que a respectiva companheira nunca gostou das aventuras de Jack Bauer. Na verdade, odiava. Neste caso, o presente era para ele ou para ela? Tic, tac, tic, tac... moleza, né?

2. Quem entende de moda é ela, não você.
Moda é uma ciência inexata, complexa e sem o menor sentido. Veja o exemplo da calça boca de sino: era in, ficou out, voltou a ficar in e está out de novo. Amanhã pode ser a nova tendência de Milão. Então, não tente adivinhar se aquele vestido laranja está na moda. Vai no pretinho básico que tem maiores chances de acerto.

3. Na dúvida, pergunte às universitárias.
Putz, moda é fogo (ou que nem a rima). Em alguns casos, até o pretinho básico pode ter pequenos detalhes, ocultos aos nossos inadvertidos olhos masculinos, que tornam a peça 100% out. Eu costumo escolher uma vendedora com o perfil da presenteada e, na dúvida, peçouma consultoria. "Por favor, me indica uma peça que você usaria. Algo em torno de X reais", eu pergunto. Na maioria das vezes, dá certo. Mulher adora dar pitaco.

Observação crítica: nessa época, vale perguntar "o que você gostaria de ganhar do seu namorado?". Se a infeliz alegar que não tem ninguém para chamar de "amoreco", mude de vendedora, pois esta pode estar cheia de ódio no peito. Ah, e, na dúvida, não liga para a sua ex.

4. Criatividade tem limites na hora do presente
Eu tive uma namorada que fazia aulas de canto. Ela mandava bem, por sinal. Pegando o gancho na sua afinidade com a música, decidi comprar um presente musical: uma pandeirola. Acho que eu devia ter tomado açaí com chá de cogumelos. Ela nunca usou o raio da pandeirola. Desde então, eu penso: "será que ela vai usar este troço ou será um devaneio da minha mente desequilibrada?". Com esse leve exercício de consciência, você desistirá de comprar garrafas de whisky, camisas de futebol, jogos de Playstation e coisas do gênero.

5. Planeje a night com cuidado
Assim como o item 6 das 10 Dicas do Primeiro Encontro, pense financeiramente antes de sair reservando uma mesa no Fasano e uma suíte imperial no Sheraton. Você pode agradar sem esbodegar o seu limite do cartão de crédito. Pense em um lugar mimoso, mas seja sensato. Putz, pedir sensatez é um problemão.

6. Não fique bêbado
Pelamordedeus, não encha o pote de cana e perca a linha neste dia. Lembre-se que ela espera um programa romântico, e isso não inclui levar você para tomar glicose no hospital. Se seu organismo for fraco para a bebida, peça uma taça de vinho para ela e uma latinha de guaraná Dolly para você. Se ela questionar a sua macheza, a sua ogrice, bota a culpa na Lei Seca.

7. Seja genuíno
Não, não é para ser como o companheiro José Genoíno, do PT (vide foto ao lado). Eu quero dizer, seja autêntico. Seja você mesmo. Seja essa flor de pessoa que conquistou a sua namorada. Ela surtou e aceitou ser a sua Primeira Dama do jeito que você é, então não precisa fazer estripulias.

E Feliz Dia dos Namorados para solteiros, casados, enrolados e afins!!!


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, você anda muito Gloria Kalil ultimamente. Cheio de listinhas, regrinhas e blábláblás. Tá querendo ganhar uma coluninha na revista Gloss? Aliás, acho a Gloss genial: é uma Marie Claire wannabe que não tomou o seu prato de Cremogema e não cresceu. Sabe o MiniMe e o Dr. Evil? É a Gloss e a Marie Claire. Ah, voltando a você e seu momento guru... bom, agradeça ao Papai do Céu pela Internet ser esse espaço democrático e por você não morar na China. Escreva o que quiser. Vai que funciona, né? Amiguinho, ao usar o elevador é educado retorná-lo ao térreo. Até a próxima!!!

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Smirnoff é um bom camarada

Mulheres ficam mais divertidas quando bebem. Ao contrário dos homens, elas perdem a aura de elegância e viram gente como a gente. Henriqueta, por exemplo, me contou a bela história de um dos maiores porres dos seus 23 aninhos.

Liberta, DJ!

Henriqueta chegou à festa de formatura com certo atraso e resolveu recuperar o tempo perdido imediatamente. Sem qualquer rodeio, foi ao balcão da birita e olhou no fundo dos olhos do barman.

- Eu quero um drink, mas não quero que você faça essas bebidinhas aguadas para tapear. Capricha na vodka.

- Demorou!

Quinze minutos depois, Henriqueta já estava na garupa do Bozo. Daí para frente, ela deu um trabalho imenso para a amiga-anja-da-guarda.

Amiga-Anja-da-Guarda: utensílio essencial às mulheres que bebem. A Amiga-Anja é aquela que fica sóbria e toma conta da colega manguaçada. Entre as suas utilidade está evitar que ela exagere no vexame, segurar a cabeça da moribunda na hora de vomitar e salvá-la dos tarados. Homem não tem Amigo-Anjo. Quando o sujeito fica bêbado, o camarada filma e bota no Youtube para zoar depois.


Quase à 1 hora da manhã, Henriqueta teve uma epifania de que deveria ligar para o ex-namorado e dizer um montão de verdades. Com muita dificuldade, catou o nomezinho do infeliz na agenda do celular e ligou. Disse tudo aquilo que estava engasgado. Falou, falou, falou e falou.

- Não vai dizer nada, seu babaca? Responde, vai? Otário! Manézão!

A Amiga-Anja pegou o telefone e percebeu que a amiga tinha esquecido de apertar o botão de discagem. Ufa!

Já vendo o mundo no universo paralelo do rebolation, Henriqueta foi dançar. Na primeira música, quebrou o salto do sapato. Tirou os calçados e bailou que nem o Luis Caldas: com os pés no chão viscoso. Cansou de requebrar e foi rever o amigo do bar. Tomou mais um drink calibrado na vodka e teve uma ideia legal: "ora, por que não escalar a pilastra?".

Com vestido caro, maquiagem borrada e descalça, Henriqueta se atracou à pilastra e tentou chegar ao teto. A Amiga-Anja foi resgatá-la de novo.

Não satisfeita, Henriqueta subiu em uma cadeira para (sic) "ter uma visão melhor da festa". Só não caiu por intervenções da Amiga-Anja e do santo padroeiro dos pinguços.

Fula da vida, a Amiga-Anja decidiu que o caso estava perdido. Ela tinha que levar Henriqueta para casa, para o hospital ou para o AA – o que estivesse mais perto. Para fechar a noite, Henriqueta chamou o Raul no pé do manobrista.

No dia seguinte, Henriqueta acordou com os pés imundos, suando com aroma de Smirnoff, sentindo um gosto de vassoura na boca e com uma dúvida terrível:

- Onde foram parar os meus sapatos?

QUAL A MORA DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, reza uma lenda que mulher quando fica bêbada, tira o sapato, diz que ama alguém e chora. Henriqueta só seguiu a cartilha no quesito do sapato. Enfim, vamos aos recados rápidos e diretos: 1) um Engov antes e um Engov depois, 2) durante o porre, o bêbado deve se hidratar, e 3) para finalizar, se não sabe brincar, não desce para o play. Só isso! Estou sem muita inspiração hoje. Amiguinho, mesmo dentro da bagunça, tente organizar minimamente as suas coisas. Até a próxima!!!