sexta-feira, 29 de julho de 2011

A mulher que sempre diz sim

Era uma vez, um padre recém-chegado...

Padre Firmino era novo na paróquia (literalmente) e ainda não conhecia bem os fiéis. Na primeira missa, seguiu uma das dicas de ouro dos comunicadores: “o público é o termômetro do seu discurso. Escolha alguém da platéia e acompanhe as reações”. O sacerdote escolheu uma senhorinha na terceira fila e começou o seu sermão.

Firmino pregava e a velhinha concordava com a cabeça balançando. Ele ia falando, falando e a beata concordava acenando com a cabeça. O padre se empolgou e alongou o sermão, pois seu “termômetro” estava fervendo.

Ao fim da missa, o padre foi conversar com os assistentes;

- Vem cá, quem era aquela senhora na terceira fila? Ela é muito simpática.

- Quem? A dona Angelita?

- Deve ser. Era aquela que balançava a cabeça durante o meu sermão. Ela me deu muita confiança. Até me empolguei e falei mais do que o previsto.

- Ah, é ela mesmo. Que mulher dedicada a dona Angelita. Não perde uma missa nem mesmo sofrendo com o Parkinson.


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, hoje aprendemos uma importante lição. Quando uma mulher concorda com tudo o que você fala e não questiona absolutamente nada, desconfie. Ela deve ter algum problema. Amiguinho, no trânsito, respeite as filas e não tente espertamente furar as filas pegando a contramão. Até a próxima!!!







terça-feira, 19 de julho de 2011

Retrato do blogueiro em pequenas frases

Tomado por um súbito exibicionismo e egocentrismo, decidi escrever sobre mim. Pequenos detalhes, cacoetes e peculiaridades do meu personagem. Nada com sentido ou lógica. Apenas eu. Comecemos.

À noite, quando chego em casa, a primeira coisa que faço é ligar o som e deixar a música invadir o ambiente. Durmo sempre do lado esquerdo da cama. Tenho uma coleção de camisas de futebol. Meus CDs são organizados em ordem alfabética. Tenho TV no quarto, mas prefiro assistir aos programas na sala. Raramente uso o telefone fixo que tenho. Leio mais de um livro ao mesmo tempo e os assuntos são quase sempre diferentes. Só vi "O Poderoso Chefão" depois dos 30. Por mais quente que esteja, sempre saio para trabalhar com uma camiseta por baixo da camisa social, polo ou jaqueta. Não guardo fotos de família ou namorada na carteira. Meus tênis duram uma eternidade. Tenho uma estranha paranoia que me faz evitar sentar de costas para a porta de entrada em restaurantes. Mando postais para os amigos que moram longe. Detesto dar presentes óbvios. Tenho uma pequena pinta sobre o lado esquerdo da boca e cultivo a ilusão de que é sexy como a da Cindy Crawford. As pessoas sentem uma compulsão esquisita de me contar as coisas. Eu já vi fantasmas ou coisa parecida – três vezes. Não tenho intimidade ou vínculo com o meu irmão. Minha mãe adora arrumar as minhas coisas ao seu bel-prazer. Tenho um amigo que é padre. Nunca li uma página sequer de qualquer livro do Harry Potter. Eu me divirto tanto em filmes do Michael Bay quanto nos do Woody Allen. Cancelei o meu Orkut, mas sinto uma falta danada de visitar a comunidade gentilmente criada para este blog. Acho José Saramago muito chato. Eu não entendi "2001 – Uma Odisseia no Espaço". Adoro esportes de luta, tanto para assistir quanto para praticar. Lamento muito nunca ter aprendido a tocar violão. Eu só disse "eu te amo" para sete mulheres em toda a vida (exceto mamãe). Eu canto enquanto dirijo. Sonho em ter filhos e ouvir música com eles. Às vezes, sou meio piegas. Em 1998, eu ganhei uma medalhinha do meu padrinho e raríssimas vezes eu a tirei desde então. Tenho uma vontade de fazer uma tatuagem em homenagem à Irlanda. Eu entendo muito pouco de carros. Eu sou um poço de sensibilidade. Eu gosto muito de parágrafos que acabam com reticências...

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,HE-MAN?Amiguinho, (???). Olha o seu Twitter. DM para você. Mesmo com minha ultrajante sabedoria cósmica, ainda não entendi o texto. Sem mais por hoje. Sem moral também.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Que time é teu?

Daqui a pouco tem jogo da seleção brasileira, a pátria de chuteiras. É o ópio do povo em seu grau máximo. É o momento em que todas as torcidas esquecem as rivalidades e vestem a mesma camisa amarela. Houve um tempo em que eu largava tudo para assistir um jogo do Brasil. Hoje em dia, eu não dou a mínima.

Nem sempre foi assim. Minha história com a seleção começou com a desclassificação para a França em 1986 e se consolidou em 1993, naquele antológico Brasil x Uruguai. Lembra desse jogo? Foi aquele em que o Romário foi convocado sob o clamor popular e fez dois gols diante de mais de 100 mil pessoas no Maracanã. Eu estava naquela partida e foi a minha primeira vez no Maior do Mundo. Foi amor à primeira vista.

No ano seguinte, eu comecei a colecionar figurinhas da Copa e assisti a todos os jogos do Mundial. Lembro até hoje da sequência de partidas que culminou naquele pênalti isolado pelo Roberto Baggio. Eu estava em Salvador naquele dia e me senti o torcedor mais pé-quente do mundo.

Em 1998, comprei a minha primeira camisa do Brasil e a Copa da França foi pano de fundo para uma das minhas maiores aventuras amorosas. Cada jogo da seleção era um encontro com uma vascaína linda e maluca. Quando Zidane e Petit enterraram o sonho do pentacampeonato, eu tomei um pé-na-bunda mítico e chorei em dobro: pela derrota em Paris e pela minha cacetada no Recreio dos Bandeirantes. Superei.

Assim como todo o país, eu acompanhei desconfiado o Brasil se classificar aos trancos e barrancos para a Copa do Japão e Coreia. Enquanto Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho surpreendiam a nação e atropelavam os adversários, minha mãe foi hospitalizada e passou por uma cirurgia muito delicada. Lembro que o dia da operação foi no mesmo daquele clássico Brasil x Inglaterra, no qual o Ronaldinho Gaúcho fez um gol de falta extraordinário e mandou o British Team de volta para casa. Eram jogos na madrugada, mas muito divertidos. Assisti à final contra a Alemanha na casa de um amigo e foi um porre antes das 9h.

Curiosamente, depois daquele jogo, a seleção perdeu o encantamento. Os craques não jogavam mais no Brasil, não havia mais o comprometimento dos jogadores com a torcida. Era um clima estranho. Por mais que o Brasil fosse ganhando as competições internacionais, eu não me sentia mais tão íntimo dos caras. Em 2006, com a eliminação diante da França (de novo), percebi que aquele time de amarelo não me representava mais. Depois, com o início da Era Dunga, aí que é peguei nojo mesmo.

Para você ter uma noção, assisti a Copa da África como se fosse um espectador de ópera: caladinho e sem reação. Em 2010, eu saquei que eu não era mais torcedor. Na verdade, eu torcia para o Brasil prosseguir na competição apenas para garantir os "feriados" e recessos. Sabe como é, né? Dia de jogo da seleção na Copa é ponto facultativo. Quando a Holanda eliminou o timeco do Dunga, minha reação foi de desprezo. Sabe aquela sensação de "dane-se"? Pois é, era eu.

Pois bem, hoje tem jogo do Brasil pela Copa América e vou ver a pelada sem qualquer comoção. Pouco importa. Na real, nada importa. Salvando dois ou três gatos pingados, não sinto qualquer identificação com aqueles caras em campo. Que se explodam o Neymar, o Ganso, o Pato, o Marreco e o Garnizé. Que se arrebente a CBF corrupta e maquiavélica. Para o inferno com os empresários e pseudo-craques-popstars. Que se lasque o ufanismo mentecapto do Galvão Bueno. Triste isso, né? Acho que o garoto que sentiu o coração acelerar vendo o Romário vestir a 11 do Brasil não imaginaria que um dia ficaria apático diante de um jogo da seleção.

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, se tem uma coisa que o Homem mais Poderoso do Universo detesta é espírito de porco. No entanto, eu até te entendo. Seja no Brasil ou em qualquer outra seleção de primeiro escalão, os caras que entram em campo representam mais os seus próprios interesses do que a paixão de milhões de torcedores. Mas, quer uma dica? Veja os jogos das seleções feminina, sub-20 ou fraldinha. Os atletas que vestem a amarelinha são muito mais comprometidos. Eles e elas ainda têm algo a provar e ainda não pagaram todas as prestações do Minha Casa Minha Vida. Eles jogam pelo orgulho e honra. Como diria James Hetfield, "its sad but true". Amiguinho, não misture as roupas coloridas e as brancas antes de botar tudo na máquina. Até a próxima!!!

domingo, 3 de julho de 2011

O mito do melhor amigo

Não acredito nesta história de “melhor amigo”, pois acho que isso é apenas uma invenção estadunidense para temperar filmes adolescentes. Acredito mais na lógica dos “grandes amigos”, aqueles que surgem em momentos importantes e se tornam especiais por alguma bela razão. Como exemplo, vou citar o caso de Nuno, camarada dos tempos do 3º ano.

Bom, naquele tempo, bullying era uma palavra que eu nunca tinha ouvido, mas já conhecia muito bem. Assim como hoje em dia, era difícil tirar notas boas, usar óculos e ser magrinho – o CDF clássico. Além de não pegar ninguém, minha moral estava mais baixa que barriga de cobra. Na maioria das vezes, eu não levava desaforo e acaba revidando as afrontas. Quase sempre, eu apanhava. Eu era todo errado e estava fadado a sair do colégio com a faixa de panaca atravessada no peito. Só que o destino, sempre muito brincalhão, botou o “cara popular” no meu caminho – heterossexualmente falando.

Nuno era um ano mais velho que a garotada da turma, era boa pinta e mandava bem nos esportes. Se fosse uma high school, ele seria um daqueles caras que usam uma jaqueta com número e iniciais da escola. Só que o sujeito era um brutamontes especialmente bacana e calhou de sentar na carteira ao lado da minha. Achei que seria mais um a me enfiar uns tabefes na nuca, esconder a minha mochila e botar as digitais nos meus óculos.

Olha, saiba de uma coisa. Para um indivíduo que usa óculos, poucas
coisas na vida são mais odiosas que alguém enfiar os polegares nas lentes. Da vontade de cometer um homicídio doloso no miserável que faz isso.

Nuno virou meu amigo e fez o meu popularômetro subir consideravelmente. Mais do que isso, foi ele foi o cidadão que me apresentou ao jiu-jitsu. Comprei um quimono Atama e entrei na rotina de treinos. Não é que eu peguei gosto pela coisa?

Em poucos dias, já estava atropelando os outros novatos. Em algumas semanas, eu já dava um calor nos garotos mais graduados. Desenvolvi até um corpo maneiro com rapidez. Para ficar mais adequado ao “brucutu-way-of-life”, raspei a cabeça e comecei a usar camisas de artes marciais. Sim, eu fiz isso. E quando eu ia para as aulas com hematomas no rosto, era a glória.

Bullying? Nunca mais passei por qualquer perrengue. Conquistei o respeito da tropa e consegui até pegar uma ou outra menina da escola. Papai do Céu me botou no sufoco durante todo o período escolar, mas reservou uma vaga em um hotel 5 estrelas no meu último ano.

Nuno foi como um Senhor Miyagi na minha fase pré-vestibular. Depois do colégio, a gente perdeu o contato. Nos reencontramos em poucos eventos da velha turma da escola. Ele parou com o jiu-jitsu e se formou em odontologia. Eu continuei e ainda é o meu esporte favorito, o que me deixa mais feliz. Não raspo mais a cabeça e se tiver que usar uma camisa de lutas, eu visto uma da luta contra o câncer de mama.

Há uns quatro anos, a galera do colégio me contou que Nuno estava com câncer e o caso era sério. Trocamos alguns e-mails, nos quais ele dizia que tudo estava bem, que ele iria passar por tudo numa boa. Em março de 2011, me deram a notícia que ele não tinha resistido. Morreu novo, aos 33 anos, sem filhos ou casamento. Demorei para escrever sobre este assunto, pois não queria contar uma história triste. Nuno não era um cara que combine com memórias melancólicas. Ele foi o melhor amigo em um tempono qual os jiu-jiteiros e os roqueiros Iron Maiden matavam aulas juntos para beber vodka às 9 horas da manhã.


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, muito já se disse ou escreveu sobre o "amigo". De Shakespeare a Didi Mocó, falar sobre os camaradas sempre rendeu pauta. Dentre todas as citações, fico com uma do filósofo Humberto Gessinger, o Engenheiro do Havaí. Segundo ele, "amigo é aquele que você pode abrir a porta de casa vestindo pijamas". Faz sentido. Amiguinho, não seja trapaceiro quando jogar cartas. Até a próxima!!!