sexta-feira, 8 de abril de 2011

O dilema da mulher comum

As pessoas me contam coisas. Sério mesmo. Por alguma razão inexplicável, muita gente se sente à vontade para me revelar segredos e aflições. Fico honrado, mas acho sempre engraçado quando isso se repete. Com Augusta, isso não foi diferente. Na verdade, com Augusta, isso aconteceu em tempo recorde.

Bom, conheci Augusta em uma noite de sábado. Ela era amiga de um amigo meu e estávamos na lendária Casa Rosa, em Laranjeiras. Loira, de olhos claros e com um copo de pinga com mel na mão (isso mesmo), ela chamava bem a atenção.

Aos leitores de fora do Rio, Casa Rosa não é a sede do governo argentino. Há anos, este simpático estabelecimento era um bordel. Com o tempo, o negócio foi desativado e o local virou um tipo de boate alternativa. O público varia dos hippies-de-havaianas até os playboys-Armani-Exchange.

No meio da madrugada, ela puxou assunto e assim como tantas outras, abriu o seu coraçãozinho amargurado.

AUGUSTA: Meu "peguete" está vindo aí.

EU: Legal.

Vou dizer o quê???

AUGUSTA: Não sei o que fazer.

EU: Como assim?

AUGUSTA: Queria parar.

EU: Então para, ué. É só falar com ele que já deu. Simples assim.

Sou adepto da objetividade. Dar toco é que nem arrancar esparadrapo de uma vez só: dói um pouco na hora, mas passa logo.

AUGUSTA: Ele não é má pessoa.

EU: Então qual é o problema?

AUGUSTA: Ele me trata que nem uma rainha.

EU: E desde quando isso é ruim?

AUGUSTA: Eu não sou uma rainha. Eu sou uma mulher comum. Ele me trata assim a todo instante. Fica cheio de dedos e firulas. Não sei o que fazer.
EU: Já falou com ele sobre isso?

AUGUSTA: Pior que não.

EU: Pois deveria. Se te incomoda, fala com ele. Aposto que o cara vai entender.

O lord britânico chegou pouco depois. Ele me olhou com ciúmes e ficou ao lado da Augusta, como quem marca o território. Mal sabe ele que se quisesse alguma coisa, eu já tinha informações suficientes para um ataque soviético com grandes chances de êxito. Sorte dele que estou fora da prateleira.

Fiquei pensando sobre o drama da Augusta e lembrei o conselho que ouvi há muito tempo.

Flashback...

- Tudo que é demais é ruim Até ser gente boa demais é ruim.

Concordo. Sabe, o cara tem que saber dosar o seu cavalheirismo e sua "ogrice". Nem tão Príncipe das Astúrias nem tão Sócio do Clube Irmão Caminhoneiro Shell. Já aprendi que mulher gosta de ser cortejada, paparicada, mas também a-do-ra demonstrações de poder. O malandro pode ser um fidalgo entregador de rosas, mas na hora de bater na mesa e engrossar a voz, sai da frente. É complexo achar o ponto certo? Claro. Mas quem disse que a vida é mole, compadre?


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, mais do que achar o equilíbrio entre a masculinidade e o fineza, o problema da sua história está na comunicação. Assim como o futebol, a relação a dois é um jogo falado. Cada jogador tem que falar com os companheiros para pedir bola, orientar o posicionamento, evitar o impedimento e acertar a marcação. Com isso, vem o entrosamento e o time se fortalece. He-Man, craque de bola e capitão da seleção eterniana, sabe bem disso. Então, acerte sempre os ponteiros com a sua cara metade e você vai perceber que estes babados se resolvem com muito mais facilidade. Amiguinho, fique de olho no lugar onde você estaciona o carro. Tenha atenção aos reboques. Pagar um estacionamento é muito melhor que a aporrinhação de ir buscar seu carro no depósito. Até a próxima!!!

He-Man e o Surfista Platinado estão chocados com a barbárie cometida na escola de Realengo.

5 comentários:

Sandro Ataliba disse...

Mais uma história impagável, com conselhos sábios e uma killer phrase : "Nem tão Príncipe das Astúrias nem tão Sócio do Clube Irmão Caminhoneiro Shell."
Ri muito por aqui.
Quanto ao crime de Realengo, já falei muito sobre isso no blog.
Abraço

Thaís Alves disse...

Acho que tão importante quanto o jogo ser falado, é que os dois estão jogando o mesmo jogo. rs Realmente, nada de delicadeza demais, mas claro que um pouco de rainha na vida da pessoa as vezes é legal. Equilíbrio? A gente vive caindo e buscando...rs Bjs!

Maria disse...

pode ser.

mas, eu acredito mais é na falta de fórmula mesmo, aquela que o léo jaime queria encontrar.

quando a pessoa não gosta, não gosta.

porque já teve muita gente por quem, tecnicamente falando, eu jamais me apaixonaria.

Daniel disse...

vivendo esse dilema...

Juliany Alencar disse...

Nossa, tô no mesmo dilema de Augusta! Na quarta-feira passada (22/06)conheci um cara no final de uma festa. Antes de rolar um beijo, ele chegou muito educadamente e conversou quase que umas duas horas comigo antes. Trocamos telefone. Na sexta seguinte nos encontramos de novo. Acontece que ele já pensa que é meu namorado e tem me ligado todos os dias! E até já me colocou para falar com a mãe dele no telefone!

Tipo, não gosto das coisas acontecerem tão rapidamente assim. Eu curto conquista, passo a passo. Porém, estou com receio de dispensar o cara e depois ver que ele era uma boa pessoa.