segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Dois mojitos e a conta.

- Quero conhecer Cuba – eu declarei.

- Desde quando você é comunista? – fui questionado imediatamente.

- E desde quando eu preciso ser judeu para ir a Israel?

Simpatizo com Cuba e isso não tem nada a ver com comunismo ou socialismo. Nunca fui um estudante reacionário com o desejo de mudar o mundo e derrubar o capitalismo selvagem. Tive um professor de geografia que era militante socialista de uma devoção comovente. Mas, quer saber? Eu até curto o capitalismo. Na verdade, sou de um tempo em que comunista era comedor de criancinha e/ou inimigo do Rocky Balboa. Lembra do Ivan Drago, aquele soviético parrudo que matou o Apollo Doutrinador? Essa era a minha visão dos vermelhos nos tempos do 1° Grau.

Cuba entrou no meu mapa-mundi pelo esporte. Nunca fui fã de vôlei, mas passei a acompanhar os encontros entre Brasil e Cuba como se fossem jogos de futebol. Um FlaxFlu ou um Gre-Nal da América Latina. E olha que o mais divertido era quando as meninas se encontravam. As duas seleções entravam em quadra com sangue nos olhos e o fair-play ia para o escambau. Bons tempos de Márcia Fu e Mireya Luis.

Lembro também daquela edição dos Jogos Pan-Americanos em Havana. Na final do basquete feminino, Hortência, Magic Paula, Janeth e companhia ganharam a competição contra as donas da casa. E o mais emblemático: receberam as medalhas de ouro do próprio Fidel Castro.

Cresci e entrei na faculdade. Estudei na PUC, onde a camisa do Che Guevara era quase um uniforme dos subversivos da Av. Viera Souto. Cuba continuava dando o ar da graça. Aprendi mais sobre o cinema local, o bloqueio econômico, os lendários charutos cubanos, a medicina e a música. Fiquei impressionado com os velhinhos do Buena Vista Social Club e encantado com as suas canções. Decidi que gostaria de conhecer Cuba, mas antes de El Comandante bater as botas, o que não parece muito longe.

Hoje compreendo mais o meu desejo pela simpática ilhazinha. Em pleno século XXI, com tantas tecnologias, iPads, iPhones e Facebooks, o tempo parece passar em câmera lenta em Cuba. Parece contraditório, mas o país agoniza com um certo glamour. Sua frota de carros dos anos 1960 e seus prédios com pinturas descascando ainda mantêm um charme de rebeldia, de verdadeira subversão. E bem pertinho de Miami, como um fantasma vermelho e barbudo assombrando o sonho do american way of life.

Havana é a nossa Atlântida, o nosso El Dorado (sem ouro), a nossa Fenícia. Enfim, você entendeu. É a nossa civilização perdida que pode ser encontrada e apreciada. Cuba é uma ponte para um passado quase imaculado, que pode ser visitado sem um DeLorean. Quando eu estiver lá, fumando um Cohiba e bebendo mojitos, vou lembrar das aulas de Geografia e do meu professor socialista, que lutava para fazer a garotada ter uma visão política.

- Os países socialistas não são do mal. Isso é propaganda capitalista, moçada!

- O Ivan Drago é mau.


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, então você entrou numa vibe de turismo mais aventureiro, mais alternativo, certo? Que tal provar a hospitalidade da Síria? Ouvi falar que o Egito está bombando nesta época do ano. Não, não. Você quer um turismo radical? Tente a Coreia do Norte. Ok, vamos a uma bela e enriquecedora lição. Cuba, a simpática ilha do tio Fidel, é um exemplo de envelhecer mantendo um ar de mistério e charme. É isso. Vai lá e depois me conta. Amiguinho, evite acumular pilhas de papel no seu quarto. Até a próxima!!!

2 comentários:

Jongleuse disse...

Eu passei o reveillon em Cuba. Se quiser dicas, pode escrever! Eu mais do que recomendo!

Lina Reis disse...

Eu quero ir à Cuba! Antes de ter a possibilidade de comer no Mc Donalds em plena Havana (e olha que viajar sem comer no Mc Donalds para mim é uma afronta. Cuba será uma exceção gratificante, eu acho). Então, quando vamos? Podemos convidar a Mari, o narigudo e os 3 cachorros para ir também. Fechô?