quinta-feira, 9 de maio de 2013

Baixaria

“Senão é como amar uma mulher só linda
E daí? Uma mulher tem que ter
Qualquer coisa além de beleza
Qualquer coisa de triste
Qualquer coisa que chora
Qualquer coisa que sente saudade
Um molejo de amor machucado
Uma beleza que vem da tristeza
De se saber mulher
Feita apenas para amar
Para sofrer pelo seu amor
E pra ser só perdão”

Comecei pegando pesado, hein? Nesse trechinho do memorável “Samba da Benção”, o grande mestre Vinicius de Moraes mostrou que é tipo um Wolverine: o melhor naquilo que faz. E o que Vinicius faz de melhor é transformar o sublime em poesia (e vice-versa).

Sempre me derreti pela mulher charmosa, quase arrogante. É aquela empáfia de plena segurança de quem sabe que é bela, inteligente e maliciosa. Mas essa brincadeira tem um limite muito tênue. Por mais que tenha consciência da sua própria beleza, a moça precisa ter a sagacidade de se fingir comum, trivial. Pelo menos para mim, mulher bonita que se vê bonita, se assume bonita e faz imensa questão de vender uma imagem de perfeição dá preguiça. Simplesmente, cansa logo. Angelina Jolie continua deslumbrante na fila da padaria. Para ela, não há necessidade de forçar a barra.

Já esbarrei com várias meninas desse estilo. A magia dura 30 segundos. Com boa vontade, 45 segundos. A beleza se dissipa e sobra apenas aquele ar antipático, meio pedante. Quando acaba o encantamento, eu me afasto e procuro algo melhor para fazer da vida. Diógenes, amigo menos ético, prefere aplicar uma lição de humildade nas falsas princesas.

Certa vez, uma dessas gurias entrou no bar onde estávamos. Ela parecia se mover em câmera lenta Full HD. Cada passo parecia ter um trilha sonora. Os cabelos serpenteavam. Tudo conspirava a favor dela, mas... mas não rolou. A menina tinha aquele olhar de nojo e a expressão de repulsa, como quem pensa “que infortúnio! Alguém soltou gases ao meu redor”.

Sabe a Kristen Stewart? Pois é.

A moça veio até ao balcão e parou ao nosso lado. Diógenes se virou para ela, inclinou o corpo e disparou com tom de voz cafajeste:

- Gordinha, gordinha... ah, se eu te pego.

A gordinha, quer dizer, a menina enumerou todos os palavrões conhecidos pelas culturas ocidentais desde que Jesus Cristo jogava bolinha de gude na Galileia. Cara, foi poético!


QUAL A MORA DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, a vida é a melhor professora de humildade. Às vezes, as lições chegam na forma de salafrários geniais como o bom Diógenes. Mire-se no exemplo de He-Man, que é belo, musculoso, loiro, usa franjinha e é adorado por milhões de fãs. É muito amor, amiguinho. Ah, a lição final! Amiguinho, fique atendo às agendas de vacinações da sua cidade. Visite um posto médico e evite uma moléstia qualquer. Até a próxima!!!

Nenhum comentário: