Você lembra da primeira vez confessou amar alguém? Declarar-se não está diretamente ligado ao amor real. Às vezes, você ama, mas não revela. Em outros casos, não ama, mas tenta se enganar. Eu lembro da primeira vez que disse "eu te amo" para alguém. Foi inesquecível.
- Ei, chega aqui. Preciso falar com você. Jogo rápido. Olha só, acho que eu amo você.
Ela olhou para mim com a testa franzida.
- Dane-se, sapo murcho.
Cacete, que raio de insulto foi esse?
Criança é um bicho muito cruel. A gente ficou de mal, fez as pazes no dia seguinte e foi comemorar a reconciliação jogando vôlei. Aprendi naquele momento que esse verbo nunca pode ser conjugado sem mais nem menos. Nos anos que vieram, tomei umas bordoadas para fixar a lição. Fui instruído a ferro e fogo.
Quase aos vinte anos, voltei a amar alguém. Dessa vez eu sabia que era de verdade verdadeira. Ela era antropóloga e louca. Bom, ser louca deve ser pré-requisito para cursar antropologia. Com ela conheci o amor que maltrata. Sofri, perdi noites de sono, chorei litros sem ninguém ver, gravei dúzias de fitas (eu não tinha gravador de CD no fim dos anos 1990), escrevi centenas de poesias, sofri mais um pouco e superei. Eu a reencontrei quando já estávamos crescidinhos.
- Sabe, acho que eu sempre te amei. Na verdade, ainda amo - ela me disse. Mesmo com tantas recordações penosas, nunca cultivei o rancor. No entanto, eu já estava escaldado o suficiente para não cair no mesmo truque.
Bola pra frente!
Com a jornalista paulista de olhos ardósia, eu fui apresentado ao amor silencioso. Nunca disse que a amava, apesar de saber disso. Ela também nunca me disse. Apenas sabíamos dos sentimentos um do outro. Eu lamento muito, pois ela se foi sem ouvir isso dos meus lábios. Ela merecia mais do que um "eu te amo" nunca verbalizado. Fiquei devendo.
Eis que veio a primeira namorada. Sim, comecei a namorar tarde. Estávamos andando no calçadão de Ipanema e ventava forte. Ela me abraçou e eu disse "eu te amo" sem planejar nada. Simples assim.
- É a primeira vez que você me diz isso. Eu também te amo - ela compreendeu a importância daquilo para mim.
A segunda namorada ouviu minha confissão nas areias do Leblon em uma noite estrelada de verão. Estávamos sentados e...
- Eu te amo - ela não respondeu. Nunca respondeu. Ela me ensinou a amar sem esperar absolutamente nada em retorno.
- Ei, chega aqui. Preciso falar com você. Jogo rápido. Olha só, acho que eu amo você.
Ela olhou para mim com a testa franzida.
- Dane-se, sapo murcho.
Cacete, que raio de insulto foi esse?
Criança é um bicho muito cruel. A gente ficou de mal, fez as pazes no dia seguinte e foi comemorar a reconciliação jogando vôlei. Aprendi naquele momento que esse verbo nunca pode ser conjugado sem mais nem menos. Nos anos que vieram, tomei umas bordoadas para fixar a lição. Fui instruído a ferro e fogo.
Quase aos vinte anos, voltei a amar alguém. Dessa vez eu sabia que era de verdade verdadeira. Ela era antropóloga e louca. Bom, ser louca deve ser pré-requisito para cursar antropologia. Com ela conheci o amor que maltrata. Sofri, perdi noites de sono, chorei litros sem ninguém ver, gravei dúzias de fitas (eu não tinha gravador de CD no fim dos anos 1990), escrevi centenas de poesias, sofri mais um pouco e superei. Eu a reencontrei quando já estávamos crescidinhos.
- Sabe, acho que eu sempre te amei. Na verdade, ainda amo - ela me disse. Mesmo com tantas recordações penosas, nunca cultivei o rancor. No entanto, eu já estava escaldado o suficiente para não cair no mesmo truque.
Bola pra frente!
Com a jornalista paulista de olhos ardósia, eu fui apresentado ao amor silencioso. Nunca disse que a amava, apesar de saber disso. Ela também nunca me disse. Apenas sabíamos dos sentimentos um do outro. Eu lamento muito, pois ela se foi sem ouvir isso dos meus lábios. Ela merecia mais do que um "eu te amo" nunca verbalizado. Fiquei devendo.
Eis que veio a primeira namorada. Sim, comecei a namorar tarde. Estávamos andando no calçadão de Ipanema e ventava forte. Ela me abraçou e eu disse "eu te amo" sem planejar nada. Simples assim.
- É a primeira vez que você me diz isso. Eu também te amo - ela compreendeu a importância daquilo para mim.
A segunda namorada ouviu minha confissão nas areias do Leblon em uma noite estrelada de verão. Estávamos sentados e...
- Eu te amo - ela não respondeu. Nunca respondeu. Ela me ensinou a amar sem esperar absolutamente nada em retorno.
Segue o jogo.
Descobri que amava a terceira namorada no segundo dia da lua de mel. Na verdade, eu percebi que a amava antes mesmo de conhecê-la. Foi no carro, em frente ao portão da sua casa.
- Olha, não quero saber se estou adiantando as coisas, mas eu te amo muito. Mais do que eu posso entender. Não me importa se você ainda não me ama - nunca me declarei com tantas defesas..
- Eu também te amo muito e estou morrendo de medo - amor com medo é amor do mesmo jeito. Nunca amei com tanta intensidade, tanta força. Confirmei as palavras do poeta que imortalizou "quem não ama demais não ama o bastante".
Para a quarta namorada, eu confessei em Ilha Grande. Falei baixinho, voz tímida. Eu estava seguro, mas sussurrei pela primeira vez na vida. Ela não disse nada. Sorriu sem palavras. Meses depois, ela fez o Maracanã e o Police ficarem caladinhos.
- Eu te amo, meu lindo.
Tudo ficou sem som. Só ouvi a sua voz ecoando.
Passou. Ficou para trás. Agora, resta apenas essa estranha nostalgia e sentimento de saudade. Delas? Não necessariamente. Sinto falta desse sentimento diferenciado. Esse tipo de amor que inspira canções bregas.
PS. Sapo murcho. Taquelpariu! Cada uma que eu já ouvi.
Descobri que amava a terceira namorada no segundo dia da lua de mel. Na verdade, eu percebi que a amava antes mesmo de conhecê-la. Foi no carro, em frente ao portão da sua casa.
- Olha, não quero saber se estou adiantando as coisas, mas eu te amo muito. Mais do que eu posso entender. Não me importa se você ainda não me ama - nunca me declarei com tantas defesas..
- Eu também te amo muito e estou morrendo de medo - amor com medo é amor do mesmo jeito. Nunca amei com tanta intensidade, tanta força. Confirmei as palavras do poeta que imortalizou "quem não ama demais não ama o bastante".
Para a quarta namorada, eu confessei em Ilha Grande. Falei baixinho, voz tímida. Eu estava seguro, mas sussurrei pela primeira vez na vida. Ela não disse nada. Sorriu sem palavras. Meses depois, ela fez o Maracanã e o Police ficarem caladinhos.
- Eu te amo, meu lindo.
Tudo ficou sem som. Só ouvi a sua voz ecoando.
Passou. Ficou para trás. Agora, resta apenas essa estranha nostalgia e sentimento de saudade. Delas? Não necessariamente. Sinto falta desse sentimento diferenciado. Esse tipo de amor que inspira canções bregas.
PS. Sapo murcho. Taquelpariu! Cada uma que eu já ouvi.
QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, amiguinho, você anda tão esquisitão ultimamente. Se você fosse menina, diria que está com TPM. Mas eu lhe compreendo. He-Man é repleto de compreensão, sabedoria e palavras carinhosas para seus pupilos. Sendo assim, deixa de ser mané e vamos parar com essa idéia de ficar se remoendo pelos cantos. Todos passam por momentos de nostalgia afetiva, e isso é saudável. Mas, se você ficar com olhos de peixe morto e cara de Tonho da Lua, vou te dar um corretivo tal que o Esqueleto ficaria assustado. Vai caçar uma mulher, pô! Amiguinho, controle o tempo que você dedica ao videogame. Experimente fazer esportes ou brincadeiras ao ar livre. Até a próxima!
18 comentários:
Seu texto está absolutamente lindo. Mas a resposta do He-Man está perfeita! bj
Interessante a sua experiência com a prosaica frase que muitas vezes é o marco principal da demarcação de um relacionamento formal. Assim que eu sempre encarei-a, mas num passado não muito recente me deparei com a experiência de amar e ser amado em silêncio, no império dos sentidos (exceto fala).
Agora, a busca pelo sentir de novo me lembra o filme 'Vinicius', quando explicam o porque do grande poeta ter se casado 9 (nove) vezes. Mas melhor eu não me alongar nesse assunto, vai que tem algum diabético lendo esses comments. :)
...
...
*suspiros
:-)
Ah..o amor! Ouvir "eu te amo" é muito bom, muito bom mesmo. Engraçado que só me lembro da última, e foi tão inesperado que nem respondi. Agora espero uma oportunidade de diser "eu tb te amo".
Menino Surfista anda nostálgico...Siga os conselhos do sábio He-Man.
Sapinho, eu pensava sobre isso essa semana. Mas, devido a motivos alheios a minha vontade, não consegui - ainda - escrever a respeito. Qualquer hora falo do meu ponto de vista sobre o assunto.
Beijocas pra eu e pro He-Man
ano atrás estava sentindo falta disso. desse sentimento.
esses dias percebi que prefiro sentir sozinha a não sentir.
louco? sei lá.
mas adorei o texto.
beijos.
Aqui é oito ou oitenta. Sacanagens e temas sensíveis mobilizam os leitores. Engraçado, não?
DAMARIA, obrigado. Por essas e outras, eu escrevo e o He-Man explica o sentido de tudo.
DUDU, estamos todos açucarados ultimamente. Não esquenta a cabeça.
ISO9002, não é sempre que arranco suspiros seus.
MARCIA, eu sigo. Siga os meus conselhos agora: fale que você ama logo. Fale sem receio. Simplesmente fale.
DZINHA, "sapinho" foi genial!!! Escreva e eu lerei.
DRIKA, é bom sentir, mesmo que seja sem retorno. Já aprendi isso.
Ah, isso não é verdade Surfista. Aí que vc se engana. ;-)
Também concordo com a Drika. A ausência do amor me deixa mais perdida do que um amor não correspondido. :-)
Bjks.
Ps.: Vc viu a historinha do 'acabou o queijo!' que mandei pro e-mail do surfista?
oh senhor! de onde surgiu 'sapo murcho'?
crianças são realmente cruéis. experiencia própria. não, não fui chamada de 'sapa murcha', eu falava coisas desse tipo.
beijo !
Eu estou vivendo um amor (acho) platônico. E naqueles diálogos imaginários, ouvir Eu te amo dele é a melhor parte do dia...
Risos
Debaixo desta carcaça forte do Surfista Platinado habita um homem sensível. :)
O problema maior desta nostalgia é que, no meu caso, já aconteceu d'eu achar que estava sentido uma coisa que, na realidade, não estava. Antecipei o amor, talvez tenha sido isso. Me apeguei tanto à vontade de sentir aquilo que acabei sentindo mesmo. Ai, não fui clara. Mas não é fácil ser clara neste contexto...
Beijo!
Primeiro: Acho que testemunhei essa fase Réptil, meu bom. Bons tempos, muito bons tempos...
Segue o jogo: Segundos antes de falar "eu te amo", dá um frio na barriga inigualável. E acredito que quando somos crianças, e compromisso zero a ponto de no dia seguinte jogar vôlei com a algoz, amamos e desamamos com uma facilidade sensacional.
Enfim, ainda estou no afã de montar um blog direcionado, que alguém ficou de ajudar, não sei quando...
O Noivo
ISO9002, recebi sua história e já lhe respondi. Amor é um sentimento engraçado. Ele tem efeitos quando existe e quando não existe dentro de nós.
MARI, que coisa feia! Ficava inventando apelidos para seus pretendentes infantis. Seja bem-vinda, mocinha.
MOÇA OCULTA, você está vivendo uma experiência maravilhosa: a conquista.
BIBI, carcaça forte é gentileza sua. Amor contagia, encanta, domina...
NOIVO, você é uma testemunha constante das aventuras do Surfista Platinado. Quanto ao blog a ser criado, o interesse está de pé. Só está difícil recrutar os demais redatores-torcedores. Falando nisso, quarta-feira tem Maraca!
Mto bom esse post!
Descobri o blog por acaso e adorei a forma como escreve!
realmente, a primeira vez q se diz 'eu te amo' é inesquecível! ainda mais quando vc abre seu coração e a pessoa fica muda e com cara de tacho...o silencio constrangedor envolve os dois e o indívíduo vai embora e diz q vcs se vêem amanhã!
hauiHAiuhaIUHAiuahIUAhaIUHAiuahIU
bjo
Achei "sapo murcho" sensacional..huahuahauhauhaa...bjs Õ da Platina...
;)
a maioria dos "Eu te amo" tiveram cenário praiano... preferencia pelo cenário ou o fato de ele estar sempre presente em se tratando do balneário em que vivemos?
Amei 2 vezes. Nunca disse. Pelo menos não quando deveria, quando a bola ainda estava em jogo.
Ver o impedimento de 15cm no tira-teima é fácil... quero ver no calor da jogada...
Ouvi uma vez. Não disse nunca...
Acho que já amei em silêncio. No entanto, quem acha que amou, definitivamente, não o fez. E eu chego a essas conclusões sozinha...
Quem sabe, minha hora ainda chega?!
Ótimo texto. Como sempre.
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