
Engraçado como adjetivos que denotam grandiosidade são quase sempre polissílabos. Se eu dissesse que o show do Radiohead foi bacana ou legal, você não levaria tão a sério.
Mas, não é sobre a apresentação monumental de Thom Yorke e sua trupe que falarei. Meu alvo é o público que compareceu para ver o Los Hermanos, o Kraftwerk e, especialmente, o Radiohead.
A fúria da fã do Kraftwerk
Cassandra, minha estagiária gata e cheia de histórias maneiras, foi minha acompanhante neste show. Ela não conhecia nada do Radiohead ou do Kraftwerk, mas resolveu me acompanhar por duas razões: ingresso de graça e Los Hermanos.
Após a performance de Marcelo Camelo e companhia, foi a vez do Kraftwerk subir ao palco.
Eu me senti extremamente inculto e alienado das vanguardas musicais, pois fiquei indignado com quatro caras paradões diante de laptops. Sim, eu sei que tem todo um conceito robótico, mas dane-se!
- Cassandra, que parada é essa? Aposto que o cara da ponta está jogando paciência.
- E o do meio está vendo o orkut.

Rimos. Eis que uma garota virou-se para nós e sem qualquer cerimônia nos deu uma pequena aula da importância do quarteto alemão para a música, o universo, o sentido da vida e o mistério de Tostines.
- Esta foi a única música inédita que entrou em uma coletânea do Kraftwerk de 1994. Eles não lançavam um disco desde 1989, e blá-blá-blá.
Caramba, me senti um fã da Banda Calypso no show do Pink Floyd! Achei que só o Jamari França, de O Globo, tivesse esse conhecimento enciclopédico..
- E se você souber um pouquinho só de alemão consegue entender tudo o que eles dizem.
Nãããão? Jura? Se eu soubesse um pouquinho de latim, eu conseguiria entender canto gregoriano. Se é que isso se canta em latim.
Depois do esporro e da aula, a garota sumiu. Eu e Cassandra continuamos achando que o cara da ponta estava jogando paciência.
Cassandra e o assédio

No meio de "No Surprises", uma garota postou-se ao lado da minha estagiária. Após alguns instantes, começou a se roçar, se "aprochegar" com muita volúpia. No ápice da sedução, pousou a cabecinha no ombro esquerdo da minha amiga estarrecida. Só não foi além porque fui convocado. Botei o braço entre elas, o que seria a mensagem universal do "tá comigo, porra". A pretendente afastou-se, olhou para Cassandra e... foi para o lado direito e novamente colocou sua cabeça no ombro alheio.
Putz, senti minha moral na sarjeta. Virei o arroz, aquele que só acompanha. A garota ignorou solenemente a minha intervenção. Se fosse um outro cara, o tempo poderia fechar, mas como lidar com esse tipo de approach?
Com viu que não iria se dar bem, a garota sapeca decidiu ir azucrinar outras gatinhas.
PS. Cassandra é uma moça comprometida e não se permite a certos desfrutes.

HE-MAN?
Amiguinho, fala para o titio He-Man: é bom ser arroz? Um lição importante para se aprender é que mocinhas bonitas sempre vão despertar o interesse alheio. Como você estava fazendo o papel de guarda-costas, nada poderia ser feito. Aliás, o cara que se propõe a este papel está condenado a passar por situações do gênero em algum momento. Mas, não se iluda. Tais acontecimentos surreais podem figurar o show do Radiohead, do Calcinha Preta ou até da Filarmônica de Berlim. Amiguinho, sempre que arrumar o seu armário, procure se desfazer dos itens que não são mais usados. Até a próxima!!!
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