terça-feira, 15 de setembro de 2009

O cavalheiro exagerado e a mulher desafiada

Sou um defensor ferrenho do cavalheirismo. Assim como o Roberto já cantou, "eu sou (quase) aquele amante à moda antiga, do tipo que ainda manda flores". Desde pequeno, eu descobri a importância de certas gentilezas, como abrir a porta do carro, puxar a cadeira, ficar de pé diante de uma mulher e essas coisas. E sabe o mais engraçado? Sempre funcionou.

É um tipo de diferencial competitivo.

Mas há uma tênue linha que divide o cavalheiro do pastel.

Quando eu tinha 14 anos, as meninas chamavam os garotos mais bobocas de pastéis. Fiquei com esse troço na cabeça e morro de medo. Pastel é um insulto desclassificante.

O homem gentil deve conhecer a fronteira entre a doçura e o instinto predador. Aquele olhar furioso do Dirty Harry que traduz um pensamento singular:

Se eu te pego agora, você vai ficar sem fôlego, guria.

Nesse ponto, começamos a história de Bernardete. Nossa heróina conheceu Agripino em uma festa estranha com gente esquisita. O garoto era bonitinho e despertou sem interesse. Depois de um punhado de charme, ele mordeu a isca e foi cair nos braços da moçoila.

É sempre assim. Por mais velozes e furiosos que sejamos, por mais que tenhamos o olhar facínora do Dirty Harry, são elas que decidem. São as regras do jogo.

Seguindo o protocolo, eles trocaram telefones e se reencontraram. Agripino era tudo que ela queria: gatinho, divertido, levemente alternativo, inteligente etc etc. Além disso, ele era gentil como poucos. Fazia todas aquelas coisas que descrevi no primeiro parágrafo. O problema é que o sujeito era fofo demais da conta. Sendo bem transparente, Agripino não tentava bolinar o corpinho da Bernardete.

Em um primeiro momento, foi simpático, mas essa simpatia toda passou logo. Eles iam ao cinema, se atracavam no carro e... só. O infeliz não tentava qualquer sarrinho. Nada de apertos nos peitinhos ou mão boba na coxa. Nada, nada, nada. Obviamente, Bernardete ficou grilada.

Será que ele não se interessa por mim? Será que estou... gorda? Argghhhhh!

Várias dúvidas percorreram sua cabecinha morena. Em uma tarde de sábado, Bernadete resolveu testar os hormônios do bom Agripino com um convite para um DVDzinho em seu apartamento. Claro que ele topou, mas seria melhor que ele tivesse furado. Durante duas horas e sete minutos, o cara se limitou a ficar de mãos dadas. Não houve qualquer movimento brusco ou intimidante. Absolutamente nada!

O namorico do Chico Bento e da Rosinha era mais picante que a experiência de Bernardete.

Nos dias seguintes, a batalha se intensificou. Bernardete usava saias curtas, blusas decotadas, batom vermelho, unhas postiças e o escambau. Porém, o rapaz continuava sem esboçar nada. Naturalmente, sua masculinidade foi questionada.

Após algumas semanas de insistência, Bernardete tinha duas escolhas: partir para o ataque soviético ou tirar o seu time de campo. Ela lembrou de suas ancestrais caçadoras e as recentes incendiárias de lingeries e partiu para o ataque desesperado. Quando o rapaz menos esperava, ela voou no seu pescoço e colocou um ponto final em seu drama. No fim das contas, Agripino não era gay. Era apenas gentil demais.

E como cantou o Rei: "apesar do velho tênis e da calça desbotada, ainda chamo de querida a namorada".

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, a doce história de Bernardete e Agripino é bastante reveladora. Por mais que sejam senhoras da situação, as mulheres entram em cuto-circuito se o modus operandi de um cara vai contra a lógica. Se o mimoso Agripino tivesse voado no sutiã da nossa heroína logo no segundo encontro, ele seria mais um e só. Sua resistência colocou a em xeque o orgulho feminino. Ah, as mulheres desafiadas são implacáveis. A lição, amiguinho, é simples: seja gentil, mas seja agressivo também. Nem todas têm a perseverança da Bernadete. Na verdade, a maioria vai optar por te mandar para escanteio e partir para outro jogo. Amiguinho, respeite as filas. Até a próxima!!!

31 comentários:

Anônimo disse...

Surfista, isso já ocorreu comigo, mas fui mandado pra escanteio. Acho que aprendi a lição...
Um abração
HAN

Jongleuse disse...

Adoro os levemente alternativos [suspiros]

Túlio disse...

Surfista, sua sabedoria a cada dia me ensina mais coisas.

Obrigado, grande oráculo.

Surfista disse...

Que surpresa! Os leitores abrem seus corações cavalheiros. Esse texto mal estreou e já mostrou a que veio.

Contem mais!

Surfista disse...

TÚLIO, poxa, falta muito para que eu alcance a sabedoria. Obrigado!

Lívia disse...

Também aconteceu comigo, e tenho uma outra teoria: os caras fazem de propósito. Dá um poder de conquista forte à mulher, de ter que correr atrás, de curar o orgulho ferida com um "ah, não, nem que eu te obrigue, mas vai rolar!". E o cara sai como o fofo, a mulher se sente super por cima e dona da relação. Jogada de mestre, meu caro. Que o diga o meu "marido": foi o único que conseguiu me amarrar! :)

Bjs

A Maquinista disse...

Aconteceu isso comigo recentemente.
Saímos várias vezes e nada. Nem me beijar o rapaz tinha coragem.
O rapaz era tímido... tão tímido... tão tão tão... que cheguei a ficar com medo.
Acabei agarrando o menino, mas não deu muito certo.
Vida que segue, fila que anda.

Surfista disse...

Impressionante! Este caso é mais frequente que imaginei. Agripino é figurinha fácil na vida das pessoas.

maria disse...

É porque nós gostamos de dizer: não, não e não! hehehe

Se não tentarem nada, como vamos ter esse prazer? E outros???

maria disse...

sei lá, mas me deu a impressão de que não deveria ter dito isso.

Alfa disse...

Já tive um estilo Agripino na vida.
Surfista, concordo com vc! O cara tem que ser cavalheiro, mas só isso não basta.
E vamos combinar uma coisa: homem sempre faz suas tentativas. Se ele não fizer, nós vamos achar que tem algo de errado com a gente.

bjs,
Alfa

Contorcionista disse...

Gentileza é uma coisa. Broxa é outra...
De qualquer forma, existe cura para as coisas: vinho ou viagra.

www.balzacsemprozac.blogspot.com

Navegante disse...

Acho que todo homem já foi um pouco Agripino em alguma parte da vida. O problema são os que aprendem tarde demais ou nunca aprendem. Mas a gente tem q passar por um perrengue desses pra aprender, já que nem todo mundo é Dirty Harry desde pequeno hehehehe

Digo que te amo... Mas só depois de um mojito! disse...

É verdade, Agripinos são mais comuns do que se imagina. Alguns por pura gentileza, outros por uma pitada a mais de romantismo e, por fim, os que assim o são por falta de jeito e inexperiência...
Jogo no time da Bernadete (mulheres desafiadas são, realmente, implacáveis), mas, as vezes, a conquista do objetivo nem sempre compensa o esforço!

Sra. F disse...

Nunca encontrei um Agripino na minha vida, muito pelo contrário! Acredito que o homem ideal é aquele que respeita a mulher, mas que também deixa bem claro o quanto a deseja. Será que estou querendo muito?

Raphaela disse...

Nããããããão!!!!!!!!!!! Eu achei o Agripino T-U-D-O de bom!!!! Será que ele veio do mesmo planeta que eu?????

Aaaaahhhhhh, me apresenta a ele!!!! rrsrsrsr Ele é um SU-CES-SO!!!!!

Bjoooo

Amanda Hora disse...

Sou fã do Agripino,tbm achei tudo de bom! Pelo jeito, totalmente do contra a minha opinião por aqui... hehe

Rui Santos disse...

Kkkkkkkkk... já fui um Agripino, mas também não tinha Bernadete que me quisesse =P

PS.: Parabéns pelos 2 anos, um abraço!

Daniela disse...

O He-Man é um grande sábio! Nós, mulheres, gostamos de gentileza mas excesso de vagarosidade é demais quando o próximo passo é mto melhor q o atual!
E Maria, seu comentário foi perfeito! Disse tudo q gostaria...
=*

Lu disse...

Vou fazer uma observação, que vai soar bem horrorosa, ainda mais porque o blog é de menino, mas serve como alerta: muitas vezes, as fofurinhas em excesso dos “Agripinos” de plantão estão ali para camuflar algumas pendências – e não se trata de ser gay. Já saí mais de uma vez com “Agripinos” e a real era que os caras tinham probleminhas na hora H...

A Maquinista disse...

Lu,

Assino embaixo... e foi justamente o que aconteceu comigo recentemente. Na hora H, foi um fracasso.
O cara não precisa ir com muita sede ao pote. Agora, ficar ao lado do pote e só ficar olhando não dá!

PS: parece que tem medo de mulher!

Anônimo disse...

Eu já tive um Agripino na minha vida... Mas não fui tão perseverante quanto Bernardete e mandei o moço passear... Agora lendo essa história, estou pensando em ligar pra ele de novo, hehe.

Camille disse...

Ai que saudades daqui!
Ando sem tempo de "alimentar" minhas páginas, mas não consegui deixar de vir aqui dar um "oi", rs...
Bom início de semana!

Surfista disse...

HAN (SOLO?), tudo que é demais é ruim. Até ser gente boa demais é ruim.

JONGLEUSE, você é charmosa demais para os alternativos?

LÍVIA, seu marido é um cara de sorte!


Depois respondo os demais.

Surfista disse...

MARIA, que prazer sádico é esse???

ALFA, você é uma mulher sensata. Se o sujeito for doce demais, a moça desconfia.

CONTORCIONISTA, não seja tão radical.

DUDU, concordo. Mas felizes são os que percebem que doçura demais pode causar diabetes.

MOJITO, o esforço na tarefa não é garantia de que o prêmio será fabuloso. Mas vai que dá certo?

SRA. F, você exige o essencial, o feijão com a arroz. O que vier além é lucro. Está certa!

RAPAHELA e AMANDA, quem diria, hein? Há gosto para tudo!

RUINALDINHO, obrigado, rapaz!

DANIELA, boa observação.

LU e MAQUINISTA, excesso de fofura ainda dá margens para este tipo de suspeita.

ANÔNIMO, nem todas têm a paciência da Bernardete.

CAMILLE, beijo para ti!

maria disse...

é apenas um dos prazeres sádicos!

de repente eu reli o post, e LI isso (acho que não tinha prestado atençãoa antes): "Bernardete usava saias curtas, blusas decotadas, batom vermelho, unhas postiças e o escambau."

cara, na boa, EU amarelaria.

Dudu disse...

Sei nao, maria... Não duvide da atração que um decote estratégico exerce sobre a testosterona...

maria disse...

Hoje lembrei disso aqui quando me lembrei também de uma coisa que uma turminha terrivel que conheço vive falando: "Tem gente que gosta, tem gente que ama. A gente AMA!" Resume tudo, não?

E deixa eu responder ao Dudu: querido, eu só não duvido como sei disso. Mas o desespero da Bernardete me fez visualizar uma figura vulgar. Pensa tudojunto e diga se vc também não correria?

Surfista disse...

MARIA, até onde sei, Bernardete não usou tudo junto-ao-mesmo-tempo-agora.

Juliany Alencar disse...

Me identifiquei muito com esse post! Fiquei seis meses saindo com um carinha que não achava necessário ultrapassar a linha entre o cavalheirismo e a agressividade. Só resisti a todo este tempo porque, na verdade, eu gostava mesmo era mais da companhia dele. Não sentia um mega tesão.

O pior é que a mulher pensa milhões de coisas mesmo. Se o cara é gay, se ele não sente atração por ela, se fica com ela só por ficar e transa com outra... No meu caso, eu ainda fiquei com medo de partir com tudo para cima dele e ele me achar uma oferecida. Mas seis meses foi demais, né?!

O pior é que está muito difícil encontrar um homem que seja amante à moda antiga e que saiba ser caliente nas horas certas.

Juliany Alencar disse...

Ah, esqueci de dizer que morri de rir ao imaginar o quão picante poderia ser o namoro de Chico bento e Rosinha.

"Juliany no Fantástico mundo de Bob"

Ah, pena que esqueço de voltar nos comentários para ver se você se pronunciou a respeito.