No shopping center onde trabalho
há uma praça de alimentação no formato padrão. Tem Bob’s, McDonald’s, Burger
King, Giraffa’s e outros representantes da velha, sedutora e nociva junk food, além de
alguns poucos restaurantes que servem o feijão-com-arroz nosso de cada dia. Do
Big Mac ao filé com fritas, o indivíduo faminto acha de tudo - ou quase tudo.
Eis que há algumas semanas, uma
loja abriu com uma proposta diferente. No cardápio, poucas frituras,
ingredientes naturais, sucos variados e saladas coloridas. Minha primeira
reação foi uma certa desconfiança e uma boa dose descrédito.
Não levei fé na sobrevivência de
uma restaurante natureba entre os gigantes dos cheeseburgers. Sinceramente,
botei até prazo para que o simpático estabelecimento fechasse as suas portas.
Tolinho eu...
No dia de inauguração, uma fila
estava lá em frente ao caixa do restaurante. Contrariando minha alergia a
filas, fui conferir. Como toda estreia, falhas aconteceram, mas entre mortos e
feridos, salvaram-se todos. Os pratos estavam saborosos e o nível de calorias
bem baixinho. Nos dias seguintes, os ajustes melhoraram o serviço e o público
continuou lá. Até a moçada que tem orgasmos com o cheiro de um Big Mac aprovou o
sanduíche de peito de frango grelhado com suco de graviola.
Mas por que motivo eu estou
compartilhando essa historinha sem grandes pretensões com você? Simples,
pequeno gafanhoto. Este caso bobo é uma metáfora para uma porção de situações nas
quais questionamos se o povão é realmente aberto a opções de qualidade. Posso estar
esperançoso demais com a bárbara raça humana, mas a lojinha de alfaces e
brócolis me levou a uma conclusão otimista: se houver uma alternativa bacana
(por menor que seja), a massa funkeira corresponde. Se a TV oferecer um
programa legal, haverá audiência popular. Se as rádios tocarem músicas mais elaboradas,
haverá ouvintes também acostumados apenas com Michel Teló. Se a polícia usar menos
gás de pimenta, as confusões vão diminuir. Se políticos dignos conseguirem
espaço para apresentar boas propostas, os eleitores podem corresponder nas urnas.
Claro que são especulações
originadas apenas de um inocente restaurante de comida natural. Mas se o nosso
Gigante acordou por causa de 20 centavos, acho que qualquer fagulha de
esperança merece atenção.
HE-MAN?
Amiguinho, titio He-Man aqui vai
falar sério com você, pois o tema exige muita sensatez e ponderação.
Mentira, não vai, não. Bom, eu e minha galera estamos acostumados com as lutas por
melhores condições de vida. Em Etérnia, o povão vive em amplas campinas
verdejantes. Todo mundo tem bolsa-magia e tecnologia de ponta. É uma beleza!
Mas o malvado Esqueleto quer acabar com esse imenso clima de hotel-fazenda e
impor suas leis cruéis. Sabe qual é o paralelo entre Etérnia e o Brasil das
manifestações? Sabe? Sabe? Eu também não sei, quando eu descobrir, eu te falo. Amiguinho,
use o seu direito de consumidor e não aceite produtos ou serviços de baixa
qualidade. Até a próxima!!!
Um comentário:
Tobias, a esperança é uma gostosa cheia de celulite vestindo calça jeans.
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