quarta-feira, 10 de julho de 2013

A parábola do restaurante natureba

No shopping center onde trabalho há uma praça de alimentação no formato padrão. Tem Bob’s, McDonald’s, Burger King, Giraffa’s e outros representantes da velha, sedutora e nociva junk food, além de alguns poucos restaurantes que servem o feijão-com-arroz nosso de cada dia. Do Big Mac ao filé com fritas, o indivíduo faminto acha de tudo - ou quase tudo. 

Eis que há algumas semanas, uma loja abriu com uma proposta diferente. No cardápio, poucas frituras, ingredientes naturais, sucos variados e saladas coloridas. Minha primeira reação foi uma certa desconfiança e uma boa dose descrédito.

Não levei fé na sobrevivência de uma restaurante natureba entre os gigantes dos cheeseburgers. Sinceramente, botei até prazo para que o simpático estabelecimento fechasse as suas portas.

Tolinho eu...

No dia de inauguração, uma fila estava lá em frente ao caixa do restaurante. Contrariando minha alergia a filas, fui conferir. Como toda estreia, falhas aconteceram, mas entre mortos e feridos, salvaram-se todos. Os pratos estavam saborosos e o nível de calorias bem baixinho. Nos dias seguintes, os ajustes melhoraram o serviço e o público continuou lá. Até a moçada que tem orgasmos com o cheiro de um Big Mac aprovou o sanduíche de peito de frango grelhado com suco de graviola.

Mas por que motivo eu estou compartilhando essa historinha sem grandes pretensões com você? Simples, pequeno gafanhoto. Este caso bobo é uma metáfora para uma porção de situações nas quais questionamos se o povão é realmente aberto a opções de qualidade. Posso estar esperançoso demais com a bárbara raça humana, mas a lojinha de alfaces e brócolis me levou a uma conclusão otimista: se houver uma alternativa bacana (por menor que seja), a massa funkeira corresponde. Se a TV oferecer um programa legal, haverá audiência popular. Se as rádios tocarem músicas mais elaboradas, haverá ouvintes também acostumados apenas com Michel Teló. Se a polícia usar menos gás de pimenta, as confusões vão diminuir. Se políticos dignos conseguirem espaço para apresentar boas propostas, os eleitores podem corresponder nas urnas.

Claro que são especulações originadas apenas de um inocente restaurante de comida natural. Mas se o nosso Gigante acordou por causa de 20 centavos, acho que qualquer fagulha de esperança merece atenção.


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinho, titio He-Man aqui vai falar sério com você, pois o tema exige muita sensatez e ponderação. Mentira, não vai, não. Bom, eu e minha galera estamos acostumados com as lutas por melhores condições de vida. Em Etérnia, o povão vive em amplas campinas verdejantes. Todo mundo tem bolsa-magia e tecnologia de ponta. É uma beleza! Mas o malvado Esqueleto quer acabar com esse imenso clima de hotel-fazenda e impor suas leis cruéis. Sabe qual é o paralelo entre Etérnia e o Brasil das manifestações? Sabe? Sabe? Eu também não sei, quando eu descobrir, eu te falo. Amiguinho, use o seu direito de consumidor e não aceite produtos ou serviços de baixa qualidade. Até a próxima!!! 

Um comentário:

Anônimo disse...

Tobias, a esperança é uma gostosa cheia de celulite vestindo calça jeans.