domingo, 24 de agosto de 2008

A musa espontânea

O mundo seria um lugar bem mais legal se cada homem tivesse uma musa para embalar seus pensamentos. Analisa comigo: enquanto está babando pela mulher desejada, não sobra tempo para ficar irritado, o engarrafamento das seis horas passa batido e até as segundas-feiras ficam menos assustadoras. Pois é, quem precisa de Maracujina? O bom mesmo é ter alguém para dedicar suspiros.

A musa pode ser qualquer uma. Ela tanto pode ser a vizinha, a gatinha da academia, ou até mesmo a Angelina Jolie.

Eu rodo, rodo, rodo e sempre caio na minha fixação pela Angelina. Será que preciso de ajuda psiquiátrica?

Aliás, falando dela lembrei de um detalhe importantíssimo: a beleza (ou a falta dela). A musa não precisa ser um arraso. Seu encanto atinge qualquer um que tenha olhos para ver e coração para sentir. Ao contrário do óbvio, ela transcende até o conceito da formosura. Antes que você duvide, eu tenho um exemplo conhecido há décadas. Lulu Santos escreveu a belíssima "Mais uma de amor" para a Scarlet Moon de Chevalier. Agora, vai me dizer que ela é um blockbuster de saias? Não, né? Mas aos olhos do compositor, ela é a Brigitte Bardot (em seus tempos de Búzios), a Ana Hickman. Acho que Miss Moon não fez macumba para trazer a pessoa amada em três dias. Foi pura admiração do compositor. Além de seus efeitos terapêuticos, a mulher enaltecida inspira uma enormidade.
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Não sabe quem é Scarlett Moon? O google está aí para isso.

Entre as representantes óbvias e discretas, um exemplar de musa me encanta muito: a espontânea.

Ah, a musa espontânea...

Esse é uma espécie rara do gênero. É aquela que assume seu posto no pedestal sem qualquer cerimônia, sem pedir licença. Você bate o olho e fica completamente rendido. Se ela sorrir, então é covardia. Se ela tiver senso de humor inteligente, é melhor jogar a toalha. Esses atributos complementam o encanto da primeira impressão, por mais que você já sinta logo no primeiro instante que está diante de um colosso, uma força da natureza.

O mais legal é que essa categoria de mulher está fora de qualquer manual. Pelo menos, eu desconheço um perfil unânime para ela. A mulher que deslumbra um pode ter um efeito completamente nulo em outro. Não é fantástico? A musa espontânea é uma decisão íntima, particular e irrevogável de cada homem.

E olha que isso nem tem tanto a ver com amor. Não para mim. Eu não acredito em amor à primeira vista. Eu acredito em musas espontâneas.


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinho, me vejo obrigado a concordar com sua definição de musa espontânea. Cada homem tem o seu próprio ponto de vista quanto a uma mulher. Sabe, as mulheres especiais são detectadas em milésimos de segundo. Você descobre que está entregue antes mesmo de arrumar uma forma de se defender. E olha que nessas situações, a última coisa que você irá desejar é defesa. E outro ponto importante ao seu raciocínio mela-cueca: a musa exige maturidade extra. Sim, pois ela continuará sendo maravilhosa, mesmo que não retribua sua admiração. Na verdade, é até comum que isso ocorra. E outra parada (hoje estou fértil em conselhos): tal classificação não se encaixa em meu perfil. O He-Man é um fenômeno que desperta fiu-fius unânimes em qualquer ser que tenha olhos para ver ou libido para queimar. Amiguinho, cuidado com pratos quentes. Você pode queimar a língua. Até a próxima!!!

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Faça a sua parte

Sempre tive a impressão de que os gregos e os chineses da antigüidade não tinham muito o que fazer. Aí, sobrava tempo para filosofarem sobre a vida. Nem todas as "filosofadas" me comovem, mas tem uma que gosto muito. Algum oriental disse que "quanto o homem trabalha com o que ama, ele não trabalha nunca". Concordo plenamente com o pensador de olhos puxados. Atuar com aquilo que lhe dá prazer é certeza de bom rendimento e paz de espírito, seja como médico, advogado, jogador de futebol ou até padre. Sim, padre.

Venhamos e convenhamos, o cidadão precisa estar muito convicto para decidir ser padre. O cara abre mão de uma vida normal (folias e prazeres da carne) para usar um vestido preto e passar o resto de sua existência rezando. Mas, vá lá. Depois de feita a escolha, ele pode se tornar um grande conselheiro espiritual ou um monstro molestador de coroinhas. Pena que os exemplos negativos sempre ganham mais destaque. Entre as boas referências, Bertoldo foi um exemplo de homem com vocação e talento para a batina.

Conheci o Padre Bertoldo em uma fase carola. Com seus trinta-quase-quarenta anos, ele era capelão da marinha e mudava-se constantemente. Por isso, estava tão longe do Rio Grande do Sul, sua terra natal. Com humor excelente e lições disfarçadas de piadas, o gaúcho sabia transmitir sua mensagem e encher as pessoas de otimismo. Eu achava isso admirável.

Um dia, ele me contou sua história de vida.

- Olha, eu sempre fui gremista, mas nem sempre fui padre.

- É mesmo?

- Bah, guri. Eu cheguei a me formar como advogado, mas estava pouco à vontade. Sentia que seria mais útil como padre. Tomei a decisão de entrar para o seminário e fui contar aos meus pais.

- Eles acharam bacana?

- Recomendaram que eu conversasse com um psicólogo. Meus pais e meus três irmãos ficaram estarrecidos.

- Você conversou?

- Nada. Eu estava decidido. Alguns anos depois, eu me ordenei e passei a trabalhar lá em uma paróquia na minha cidade, antes de entrar para a marinha. Durante um ano eu me senti plenamente íntimo de Deus. Achava que depois de virar padre, minha vida seria um mar de rosas.

- E não foi?

- Pouco depois de um ano de batina, minha irmã caçula morreu em um acidente de carro. Ela tinha 18 anos. Tu tens noção do que é perder uma irmã tão novinha?

- Putz, Bertoldo...

- Alguns meses depois, meu irmão mais velho morreu também.

Caceta, bicho! A história do Padre Bertoldo parece uma tragédia grega.

- Minha fé foi para a balança. Imagina, rapaz, eu virei padre e em pouco tempo vi meus entes queridos falecerem. Sabe qual foi a minha conclusão? O que me fez continuar?

- Não.

- Eu descobri que não se faz negócio com Deus. Tu não podes fazer algo esperando uma recompensa em troca. Tu deves fazer o bem, mas com a consciência de que isso não lhe garantirá nenhum tesouro. Pelo menos, não da forma que você quiser ou no tempo que você quiser. Deus sabe o que faz.

Ouvi as palavras do Padre Bertoldo e percebi que ele seria um péssimo advogado mesmo. Ainda bem que decidiu seguir o sacerdócio. Além de um bom mentor espiritual, tinha a inteligência e a sensibilidade de perceber as coisas e transmiti-las com a serenidade que lhe era peculiar.

Sua lição me tornou uma pessoa mais atenta aos falsos beatos. E, de quebra, me ajudou a dar um passo rumo ao ideal inatingível do ser humano melhor. Mérito de um capelão gaúcho com boas piadas, grande fé e um tragédia na biografia.



QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinho, bela lição a do Padre. Espero que ele continue bem, seja lá em que porto estiver. Mesmo sem a infinita sabedoria do Homem Mais Forte do Universo, seu amigo de batina demonstrou talento e discernimento com os conselhos. Muita gente acha que pode "comprar" favores divinos. Isso não faz muito sentido para mim, pois a maioria das religiões tem como principal alicerce o amor e a solidariedade. Como se pode comprar amor e solidariedade? Eu, hein! Seja lá qual for o credo, é preciso ter responsabilidade e sensibilidade para levar um recado positivo aos seguidores. Isso envolve coragem e confiança em suas palavras, dois atributos que não se aprendem em seminários ou mosteiros. Amiguinho, atravesse ruas movimentadas apenas na faixa de pedestre ou nas passarelas. Até a próxima!


domingo, 17 de agosto de 2008

Dúvidas que surgem de quatro em quatro anos

Por que Olimpíada após Olimpíada os atletas brasileiros chegam como favoritos e não conseguem repetir o mesmo desempenho?

Por que a maioria esmagadora dos atletas brasileiros (até mesmo os favoritos) repete o mesmo discurso humilde de "vou entrar e fazer o meu melhor" e não faz?

No estranhíssimo episódio João Derly, quem pagou mais mico: o que apanhou do suposto corno ou o que admitiu ser o suposto corno?

Por que todo mundo pergunta ao César Cielo se ele já pode namorar agora? Ele estava tão no osso assim?

Se a justificativa mais comum é a falta de estrutura interna, como o Brasil pode chegar ao meio da competição e figurar o quadro de medalhas abaixo da Jamaica, Etiópia, Zimbábue e Mongólia?

Por que adestramento, cama elástica, baseball, softbol e ping-pong (tênis de mesa é o cacete!) são esportes olímpicos?

Por que futebol de areia, futebol de salão, surf e jiu-jitsu não são esportes olímpicos?


PS. Daiane, pela milésima vez, cada um no seu quadrado!

PPS: Parabéns, Cielo! Não disse que iria fazer o seu melhor, mas fez melhor que todo mundo.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Incidente na garagem

Nossa heroína é Carlota, motorista audaciosa, amante de carros grandes e minha chefa (olha que perigo! Mas foi ela mesma que me relatou o ocorrido). Um belo dia, Genésio, seu preocupado marido, instalou um novo sistema de alarmes no carro. Algo tão potente que poderia explodir os tímpanos de um possível ladrão. Atenciosamente, ele passou à esposa todas as instruções.

- Para ativar, você aperta aqui. Para desativar, faz isso aqui, ó. Entendeu? – explicou Genésio.

- Claro. Moleza.

Na manhã seguinte, Carlota desceu à garagem do prédio e foi pegar o carro para ir ao trabalho. Seria o mesmo ritual de todo santo dia. Ao abrir a porta e jogar a bolsa, aconteceu...

Uóóóóóómmmm, vóóóóóómmmm, uóóóóóómmmm...

A desgraça do alarme parecia as trombetas do apocalipse. E com a acústica da garagem, o som se amplificava e reverberava mundo afora.

Uóóóóóómmmm, vóóóóóómmmm, uóóóóóómmmm...

Em questão de segundos apareceram seguranças, porteiros, curiosos, outros moradores e um sem-número de desocupados.

Uóóóóóómmmm, vóóóóóómmmm, uóóóóóómmmm...

Carlota sorria e informava que tudo estava bem. Era só um bug no alarme novo. Apertou o botão do chaveiro uma vez, duas vezes, três vezes... nada. Quase quebrou o apetrecho, mas conteve-se. O alarme continuou firme e valente:

Uóóóóómmmm, uóóóóómmmm, uóóóóómmmm, uóóóóómmmm...

Nesse momento, materializou-se mais uma pitoresca característica do brasileiro: assumir o perfil de mecânico. Dizem que todo indivíduo nascido sob a bandeira verde, amarela, azul e branca tem espasmos de técnico de futebol. Eu discordo. O brasileiro tem rompantes de técnico, clínico geral e mecânico. Já experimentou se queixar de alguma doença perto de um amigo? O cara vai te receitar dois remédios de 12 em 12 horas e repouso. Se precisar, assina até o atestado médico.

Enfim, Carlota estava em pânico com o carro berrante e um senhor calvo resolveu ajudar.

- A senhora vai ter que cortar o cabo da bateria. Ou esperar que ela acabe – o careca tinha até um alicate no bolso. O que leva um cidadão a passear com um alicate no bolso?

Hmmm, hoje posso encontrar um carro com o alarme disparado. É melhor sair com um alicate.

- Como assim, meu senhor? Ninguém vai cortar o cabo da bateria do meu carro.

Uóóóóómmmm, uóóóóómmmm, uóóóóómmmm, uóóóóómmmm...

Todo mundo tinha idéias espetaculares:

- Aperta a rebimboca da parafuseta.

- Corta o cabo da bateria.

- Chama o Bope.

- Toca fogo!

E Carlota se desesperava com a multidão. A sirene parecia atrair mais e mais gente. Genésio não atendia o celular e o pânico crescia.

Uóóóóómmmm, uóóóóómmmm, uóóóóómmmm, uóóóóómmmm...

Carlota suou frio, mas começou a cogitar a idéia de cortar o cabo da bateria. Entrou no carro para buscar alguma salvação. Puxou a bolsa para procurar o telefone do seguro, da empresa de alarmes ou até do Bope.

Uóóóóómmmm, uóóó.

Silêncio.

- Acabou a bateria! – alguém gritou.

O carro ligou e tudo funcionou como se nada houvesse acontecido.

Milagre? Intervenção divina?

Carlota ficou encasquetada com o alarme. Lembrou vagamente das orientações de Genésio sobre o on/off do alarme. Era algo sobre um botão... um botãozinho que ficava entre os bancos... exatamente onde a bolsa foi largada.

Vergoooooooonha!

- Tudo resolvido, minha gente. Muito obrigado e desculpem pelo transtorno – Carlota estava vermelha como um turista sueco depois de três horas tostando ao sol tropical.

A turba olhou com reprovação e, desapontada, foi se afastando aos poucos. A expectativa era que o carro explodisse e fosse enviada uma equipe do RJ TV. Não rolou.

Durante alguns dias, Carlota permaneceu com um zumbido estranho nos ouvidos.

Por essas e outras que acredito que as mulheres até podem se virar bem como motoristas, mas elas e os possantes estão longe da amizade pura e sincera.


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinho, espero que você não seja linchado por esse pensamento chauvinista. Lembre-se que a Danica Patrick é gata e pilota da Formula Indy. Bom, tirando ela, não lembro de outra. Enfim, o problema relatado foi mais de atenção do que incompatibilidade entre carro e motorista. Pelo menos, você mudou o tom e parou de babar o ovo da mulherada. Isso aqui andava muito meloso ultimamente. Enfim, sempre que alguém lhe passar orientações sobre o que quer que seja, fique atento. Se precisar, anote. Isso lhe poupará de muitos perrengues. Amiguinho, tenha espírito esportivo. Saiba perder e saiba ganhar. Até a próxima!!!




segunda-feira, 4 de agosto de 2008

José Mayer passa o rodo

Tudo começou na faculdade. Eu estava interessado em uma garota mais velha e a campanha rolava a todo vapor. Entre um suco e outro no restaurante da PUC, ficamos papeando horas sobre diferentes assuntos. Essa foi uma lição que aprendi:

"Se uma mulher fica de conversa com você por horas, e horas, no mínimo, ela te acha um cara com bom papo. O passo seguinte será convencê-la que você tem outros atributos."

Enfim, voltando à Operação Cerca Lourenço, estávamos falando sobre símbolos sexuais. Nesse instante, ela fez uma declaração intrigante.

- Olha, um homem que acho interessantíssimo é o José Mayer.

Mantive a fachada de naturalidade, mas, no fundo, fiquei estarrecido.

Caceta! O Zé Mayer?

Os anos passaram e nunca mais esqueci do efeito José Mayer na mulherada. Fui brincar de Ibope e pesquisei entre outras fêmeas de diferentes idades, formações, raças e credos. Para minha surpresa, e a maioria confirmou que o ator grisalho tem algo que mexe com elas.

Nunca fui de ver novelas, mas sempre que o Zé Mayer estava no elenco, eu procurava saber um pouco mais sobre o seu personagem. Uma certeza é que seu personagem iria comer pelo menos três mulheres da trama. Se bem me lembro, em "Mulheres Apaixonadas", ele passou o carro em todo o elenco feminino do núcleo pobre, núcleo rico, núcleo classe média e, se bobear, até no núcleo Bolsa Família. Em seu portfólio constam Mel Lisboa, Adriana Esteves, Helena Ranaldi, Daniela Winits, Maitê Proença, Suzana Vieira e a Betty Faria, entre outras. Bom, a Suzana Vieira forçou um pouco a barra, mas isso demonstra que nem só de vitórias vive um garanhão.

A fama de predador ficou folclórica. Mas, o que diabos ele tem que a maioria dos homens até mais atraentes não têm?

Opção A: José Mayer paga propina para todos os roteiristas o escalarem como pegador do horário nobre.

Opção B: José Mayer desperta os instintos mais primitivos da mulherada.

Opção C: As donas-de-casa foram convencidas que ele é o bam-bam-bam assim como a Regina Duarte é a boazinha.

Opção D: O contrato do José Mayer tem uma cláusula que exige que ele coma pelo menos duas personagens por trama.

Opção E: José Mayer é um Arquivo X.

O efeito Mayer permanece nebuloso e ele continua trucidando sem dar satisfação aos incrédulos mortais do sexo masculino. No mesmo campo do inexplicável, ainda estão os improváveis galãs Gene Simmons, Wagner Moura, Tobey Maguire, Selton Mello e Lázaro Ramos, entre outros. E não me venha dizer que o Wagner Moura é gatão. Ele é talentosíssimo, inteligente, charmoso, mas gatão, não!

Bom, pelo que vi, Zé Mayer já está no elenco da nova novela das oito. Claro que não dedicarei meu tempo precioso ao folhetim, mas sempre que eu passar em frente a uma banca de revistas, a Contigo me informará sobre o score Mayer. Fico imaginando se o cara tivesse participado de "Pantanal"...


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinho, tá a fim do Zé Mayer? Atente à sabedoria milenar do Homem mais Forte do Universo e aprenda que certas pessoas (homens e mulheres) possuem um tchan que vai além da beleza. E olha que eu nem me refiro ao tchan da Carla Perez - favor não confundir. Enfim, deve haver algum fenômeno bioquímico que aflora nessas pessoas e desperta olhos de cobiça e desejo. Eu falo por experiência própria, pois ser o He-Man com esse shape saradíssimo, cabelos loiros e sobrancelhas pretas, é causar tumulto onde quer que eu passe. Tirando isso, o Zé Mayer ainda conta com uma vantagem: a mágica da televisão. A telinha cria um estranho encantamento às pessoas e elas acabam criando seus ídolos. Não esquente sua cabeça com ele. Amiguinho, tenha cuidado com seus CDs, pois discos riscados prejudicam a audição. Até a próxima!!!

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

A infinita lista dos oito sonhos

Particularmente, adoro listas. Por isso, me identifiquei tanto com o Rob Gordon, o melancólico e nostálgico personagem de John Cusack em "Alta Fidelidade". Claro que o interesse por música, os discos e a fossa pós-pé-nos-fundilhos também ajudaram, mas as listas foram essenciais. Considero muito divertido enumerar informações com ou sem uma ordem de importância. Por gostar tanto, procuro ficar ligado antes de topar entrar em qualquer brincadeira que envolva essas paradas. Ora, bolas, se eu aceitar todo convite para fazer listinhas, esse blog viraria um ranking pessoal.

Mas eis que a sagaz corinthiana Contorcionista me aparece com um convite tentador: elaborar uma relação com as oito coisas que quero fazer antes de morrer. Nem dez nem cinco. Oito objetivos para esta vida. Tão clichêzinho, tão bobinho e ao mesmo tempo tão encantador. Óbvio que não resisti.

1. Jogar futebol com meu filho.

Um ato banal, mas muito simbólico. Seria o sublime momento de juntar duas paixões: o futebol e um rebento. Tudo no mesmo contexto e em perfeita harmonia. Só não terá muita graça se algum tio desnaturado seduzir o moleque e eu tiver que bater bola com um (toc, toc, toc... bate na madeira) pequeno vascaíno. Não, eu não permitiria essa atrocidade com um filho meu.

2. Escrever um livro.

É dito aos quatro ventos que um homem será lembrado por geraçãos futuras ao plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. O lance da árvore não me excita tanto, e o filho é um desejo claro, então o tal do livro é uma meta interessante. O primeiro passo é pegar prática nesse troço de escrevinhar. Para isso, o blog do Surfista Platinado é o meu centro de treinamento jedi.

3. Conquistar uma medalha.

Esse desejo é fruto de um trauma de moleque. Na escola, eu participava das competições internas e sempre ficava no banco. Isso me frustrava tanto que eu mandava todo mundo ir plantar batatas na hora do pódio. Resultado: nunca ganhei uma medalha merecida, mas ficou o objetivo. Não precisa ser olímpica e muito menos de ouro. Só de faturar uma, já estarei feliz.

4. Saltar de pára-quedas.

Esse item tem que ficar por último na lista, pois pode ser que seja realmente o último. Vai que o raio do pára-quedas não abre, né? Vale o risco, pois quem tem medo não deve nem atravessar a rua.

5. Dizer "eu te amo" depois dos sessenta.

Tão bobinho esse desejo, não? Mas, acho um senhor desafio. Depois de anos e anos de relação, deve ser glorioso olhar para a mulher ao lado e poder encher os pulmões (sem engasgar e sem infartar) para dizer que ama. Falar depois dos setenta não vale, pois podem dizer que é esclerose. Esse é um objetivo bem "menininha".

6. Aprender a falar italiano.

Uma pessoa querida uma vez me disse que italiano é uma língua inútil. Fora da Itália, não rola em nenhum outro lugar. E eu com isso? Quero ter o prazer de falar gesticulando que nem um ventilador e praguejar na língua do Pepino Di Capri.

7. Comprar uma jóia da Cartier para a minha filha.

Não seria apenas dar um presente. Teria um contexto: quero levar minha filha gatíssima para Paris, comprar a referida jóia e presenteá-la em um café perto da Torre Eiffel. Mal posso esperar para ser bombardeado por olhares de reprovação e curiosidade. Tipo: "olha esse velho tarado querendo se dar bem com a menininha gostosinha". Esse objetivo requer o acúmulo de uma considerável quantia de euros.

8. Ter um conversível.

Outro sonho de garoto que nunca foi esquecido. A única e simples justificativa para esse item é o desejo de dirigir com o vento nos cabelos. Nem precisa ser um Porsche. Qualquer Scort XR3 1987 prateado serve. Mas, eu prefiro o Porsche.

Seguindo os ensinamenos dO Segredo, estou mentalizando cada item desde já. Se tudo der certo, eu cumprirei todos.

Ah, não convidarei nenhum outro blogueiro em particular. Aquele que se sentir fisgado pela proposta dessa lista, faça o favor de publicar seus oito sonhos. Só me chama para ir lá ver.


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinho, o mérito dessa sua humilde listinha é que você não se propõe a descobrir a cura do câncer ou escalar o Everest. Aliás, como já foi dito na peça "Nós na Fita", que graça tem escalar o Everest? O cara passa um sufoco dos diabos para subir aquela joça e quando chega lá em cima... ele desce. Bom, voltando a você, mais que escrever uma lista, o ideal é sonhar. É fechar os olhos e imaginar como será saltar de pára-quedas, dirigir com o vento nos cabelos ou jogar bola com o seu moleque. Sonhe alto, pois sonhar baixinho não vale a pena. E outra parada: por que você não revelou o seu desejo de levar duas mulheres para a cama (sem pagar por isso)? He-Man te conhece de outros carnavais e conta mesmo. Amiguinho, seja sempre honesto e assuma os seus erros. Até a próxima!!!