
"Sometimes I feel like I don't have a partner. Sometimes I feel like my only friend"…
Em uma das suas músicas mais populares, o Red Hot Chili Peppers sintetiza a solidão que todo ser humano já sentiu em algum instante da sua vida. Mais explícito sobre a tristeza, Cazuza foi sintético: "eu ando tão down". Eu sinto invejinha deste pessoal que fica jururu e escreve versos memoráveis. Tem gente que chora. Tem gente que se isola. Tem gente que escreve. Gosto deste último grupo.
Ficar triste é fácil. Ficar triste e produtivo é respeitável. Admiro o cara que converte sua melancolia em algo inspirador, algo edificante – mesmo que involuntariamente. Mas antes, peraí: favor não confundir a doce amargura de um momento com a desgraça depressiva da Maysa-way-of-life.
Ops! Eu me refiro à falecida cantora Maysa e não à criança-prodígio-cachinhos-dourados Maysa. Aliás, esta segunda Maysa ainda existe? Ando muito por fora.
Ficar macambúzio é um direito pessoal e intransferível. Eu desconfio de pessoas que estão sempre felizes e sorridentes. Tenho receio de figuras saltitantes em tempo integral. Nada contra a alegria alheia, mas me sinto mais confortável perto de pessoas que são entusiasmadas, mas que também confessam suas próprias angústias. Sinto mais autenticidade neles. Ainda no campo musical, Frejat acertou na mosca: "E que você descubra / Que rir é bom /Mas que rir de tudo / É desespero".

Assim como todo sentimento, a tristeza é um combustível, uma energia. Você pode usá-la de duas formas: para seguir ainda mais para o fundo do poço ou para voltar à superfície e contemplar a luz do sol (mesmo que o seu dia ainda esteja nublado). Você escolhe, mas acredito que não há opção errada neste caso. Sinceramente.
Sim, escrevo estas linhas sorumbático. Não importa a razão, causa ou consequência. É assim que me sinto. Como eu disse lá no primeiro parágrafo, " tem gente que chora. Tem gente que se isola. Tem gente que escreve. Gosto deste último grupo". Vou te contar um segredo: quando fico macambúzio, eu me sinto mais inspirado a escrever. Estou longe da patota dos grandes poetas e compositores da melancolia, mas eu pergunto: "e daí?". Vai que você lê isso e gosta. Minha tristeza já valeu a pena.

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, tá tristinho, é? Ai, meu canário, lá vamos nós de novo. Vem cá e cola a sua cabecinha atribulada no ombro musculoso do Homem mais Poderoso do Universo. Aprenda uma lição. Já que você iniciou seu texto com música, lembre-se do título de uma canção do grande Dire Straits: "Why Worry?". Sacou? Para que se preocupar? Titio He-Man fica feliz com a forma que você expressa a sua amargura, mas peraí, né? "Malandragem, dá um tempo". "Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima". Curta esses seus momentos de deprê, mas muda logo este disco. Aproveita que o Carnaval se aproxima e vai escutar Ivete Sangalo. Tira o pé do chão! U-hu! Amiguinho, ser sincero é uma coisa. Ser grosso e inapropriado é outra. Tenha bom senso antes de dizer algo negativo. Até a próxima!!!