quarta-feira, 25 de maio de 2011

No meu tempo...

Sabe aqueles emails nostálgicos com breguetes dos anos 80? Tipo "você se lembra da Supermáquina?", "você brincou com o Falcon?", "você viu a Playboy da Luciana Vendramini" e similares. Pois este spam não tem o impacto de um churrasco com os amigos nos dias de hoje. Não captou? Vou fazer um breve comparativo.

Vem comigo, pequeno jedi.

Há 10 anos atrás, churrasco era uma metáfora para encher a cara. O evento era marcado para o meio da tarde, mas só começava para valer quando o sol começava a se por. Os convidados chegavam tarde, mas traziam bem-vindas caixas de cerveja. Às vezes, das marcas mais mulambas. Alguns aventureiros mais ousados apareciam com vodka e suquinhos Tang para experimentos químico-etílicos para botar o fígado para trabalhar. O churrasco em si era revezado por um ou outro presente menos bêbado, o que tornava a qualidade da carne deveras duvidosa. Bem, quando havia carne, pois a linguiça e o franguinho imperavam pela praticidade e pelo preço. O acompanhamento era um pacote de farofa industrializada (geralmente, com gosto de areia e sal) e tá bom demais. Na vitrola, um pagodão, axé ou funk do terror para libertar a cachorra que existia dentro de cada convidada. Engovs eram obrigatórios.

Hoje em dia, os churrascos são marcados para a hora do almoço e são de uma pontualidade londrina. Os convidados idem. A birita é farta e de boa procedência. Em alguns casos, já rolam Heinekens, Stellas e até outras marcas importadas. A vodka é comum e serve de base para caipirinhas bem feitas e até com adoçante. Para evitar o pileque, a carne é farta e tem um churrasqueiro profissional para garantir a suculência do filé. E o que mais me espanta é que tem guarnições e... salada. Caramba! Os churrascos têm saladinhas caprichadas e coloridas. Me explica onde uma saladinha teria vez há dez anos? E o público mudou. As vagabundas habituais cedem lugar às namoradas e esposas. Os pais e sogros não são mais estranhos no ninho e uma nova categoria de convidado surge: crianças. Bebês ou pimpolhos com até 3 anos estão na parada. Ninguém dança na boquinha da garrafa ou vai até o chão, chão, chão. O iPod toca rock e até Maria Gadú.

Quando vou aos churrascos da galera, eu me sinto como... meus pais. Cruzes!!!

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, confesso que eu não conhecia esta faceta do seu complexo de Peter Pan. Pois é, o churrasco é um exemplo muito claro da maturidade. Os amigos crescem. Você cresce. As vadias somem. As mulheres bacanas ficam. Porém, as piadas de duplo sentido e cacófatos quando os amigos se reúnem continuam os mesmos: "se eu compro 1 quilo de picanha, dá para 20 comer?". Amiguinho, respeite a faixa de pedestre. Até a próxima!!!

8 comentários:

Sandro Ataliba disse...

Falou tudo! É exatamente essa a medição da passagem do tempo. Eu nunca entendi por que existe "arrozinho", "saladinho", "maionese" ou "farofinha" em churrasco. O momento é para CARNE.

Acertou em cheio também na sobrevivência heroica dos trocadilhos. No meu caso, o preferido quando estou servindo é "quer um pedaço da minha linguiça?"

Abraço

Surfista disse...

Tenho a teoria de que as saladas no churrasco são exigências femininas, para amenizar os efeitos engordativos da alcatra.

Lina disse...

Futura Sra Pellon concorda e assina embaixo. Um brinde com Stella pra você! Rs.

Maria disse...

relooooo-ou, você cresceu!

hahahaha

o pior é ler seu texto e ver que com seus bons amigos próximos e íntimos a coisa anda mais ou menos assim:

"é, a duas semanas atrás me convidaram pro churrasco do kiko. eu fui. fim do mundo (brejal, posse. conhece?), levei uma meia dúzia de cerveja já gelada. passei no bobs antes e comi um cheeseburger (me dei bem). não comprei cigarro (menina obstinada). esqueci de comprar chocolate (cara, é questão de sobrevivência levar chocolate pra qualquer evento de duração incerta na serra). a churrasqueira tava lá e se vc quisesse churrasco era só fazer (a carne, pelo menos, muito boa). não tinha nem farofa pronta. ah, tinha pão. cerveja tinha de sobra. refrigerante, quase nada. água, só da bica. onze e meia da noite eu só pensava no cigarro, no chocolate e no meu professor de economia da faculdade, o machadão, que foi pra guerra, e dizia que no frio da trincheira, só cigarro e chocolate salva. contrariando meus princípios de não encarar fogueira em dias frios pra não resfriar depois, fui pra perto do fogo. pelo menos, arrumei alguém pra me esquentar mais de perto. aliás, tá esquentando até hoje. só sei que nunca mais, nunca mais mesmo, vou a um evento desses sem cigarros e sem chocolates."

Maria disse...

*salvam

Maria disse...

ah, e esqueci de dizer, mas acho que ficou implícito aí... dia bonito de serra, né? solzinho e tals, depois das 18h... FRIO DO CÃO.

Surfista disse...

MARIA, sensacional! A conclusão é fantástica: "só sei que nunca mais, nunca mais mesmo, vou a um evento desses sem cigarros e sem chocolates."

Maria disse...

btw, he-man, as vadias NUNCA somem. no máximo, se disfarçam de boas esposas.