quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

O bebê que eu sou

Mãe é mãe e filho é sempre aquele ser pequerrucho, indefeso (aos olhos da mesma). Não tente entender, apenas aceite.

- Filhão.

- Oi, mãe.

Sou mesmo um filho relapso. Cumprimentei sem nem tirar os olhos do computador.

- Comprei o que você pediu.

- Deixa aí em cima da mesa. Já vejo. Ah, obrigado.

- Taqui, ó.

Acompanhei com o rabo do olho.

Peraí, tem algo errado.

Peguei o "presente" e corri atrás da minha mãe.

- Mãe!

- Fala, filhão.

- O que significa isso?

- Isso o quê?

- Isso!

- Eu estava no supermercado e você não me ligou pedindo um estojinho para suas canetas?

- Sim, pedi, mas... que raio de estojo é esse?

- O que tem de errado?

- Como assim o que tem de errado? Esse estojo tem... tem... coelhinhos, coelhinhos amarelinhos.

- Tem, e daí?

- Mamãe querida, não percebeu nada de incompatível com a minha pessoa e o estojo de coelhinhos?

Coloquei a meleca do estojo em cima da mesa da cozinha.

- Não.

- Pô, mãe, tá me insultando.

- Deixa de ser bobo.

- Bobo, eu? Vamos voltar a fita. Pedi que você me quebrasse o galho e trouxesse do supermercado um estojo para guardar minhas canetas, certo?

- Certíssimo.

- E em que ponto do processo você associou esse delicado estojinho a mim?

- Ah, filhão, achei tão bonito.

- Ei, que estojo escroto é esse? - meu irmão entrou no papo.

- É do seu irmão.

- MÃE! PÔ! – me senti um garotinho de sete aninhos com a camisa do Pokemón.

- Tá de sacanagem? Perdeu a vergonha na cara? - meu irmão só queria uma brecha para me avacalhar.

- Isso não é idéia minha.

- Fica com o estojinho, rapaz. Está lindo. Aproveita e põe em cima da sua mesa do trabalho. Mostra para os amigos. Leva para o MBA. Ah, melhor, leva para o jiu-jitsu. Seus amigos do jiu-jitsu vão achar muito agradável. Duvido façam qualquer comentário maldoso - o caçula da família rolava de rir com o drama alheio.

Pra que serve o irmão? Essa praga!

- Cala boca que o papo não fez curva.

- Filhão, não entendo a sua revolta. Guarda o estojo do coelhinho. Depois você compra outro, seu ingrato.

Poxa, não sou ingrato.

- Me dá isso aqui.

Saí da discussão e guardei o raio do estojinho de coelhinhos.

No dia seguinte, liguei para minha mãe. Ela estava na rua, comprando alguma coisa.

- Oi, mãe. Sou eu. Vem cá, meu irmão pediu para você comprar um presente pra ele. Não sei. Qualquer coisa. Não, mãe, ele confia no seu gosto. Nada, nada. Boa sorte. Beijos.

Pra que serve o irmão? Os mais novos servem pra isso!



QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, não seja duro com sua mamuska. Ela teve a melhor das intenções. Acho que já disse isso antes, mas toda mãe vê o filho como o bebê de outrora. Mesmo que ele esteja barbado, calçando tênis 42 e com voz grossa. Fazer o quê? Guarda o estojo de coelhinho com carinho, mesmo que você não o use. Amiguinho, sempre ceda lugar a pessoas idosas.

4 comentários:

Anônimo disse...

Caramba, o seu ralto me lembrou como minha Mãe falava comigo. Ela sempre me dava coisas incompatíveis com minha pessoa, mas hj em dia é tudo relíquia.
Desde já te desejo Boas Festas!! Um feliz Natal!! Beijos

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Surfista disse...

MULEKA, mãe é mãe. Boas festas para ti também.

Fabi disse...

sei nao, mas eu acho q no fundo vc adorou o estojo, rs

Lilly Araújo disse...

Que legalzinho mesmo seu post!

To mexendo no meu layout, ta tudo de cabeça pra baixo, mas cai aki, e tive que ler.
Cativante!
Vou te seguir pra depois eu te ler mais.
Bjo.