segunda-feira, 15 de março de 2010

A história de Adélia e o folião duplo

O carnaval já passou. Até as incontáveis festinhas de pós-folia e ressacas já encerraram seus expedientes, mas as histórias momescas ainda têm fôlego. A aventura mineira de Adélia é um exemplo disso. Vem comigo!

Era uma vez...

Adélia, morena de entortar pescoços, foi passar carnaval em um recanto das Minas Gerais, acompanhada por uma numerosa turma. A casa alugada era praticamente um Big Brother em começo de temporada: quartos abarrotados de gente, festinhas ocasionais e aquele clima de ninguém-é-de-ninguém. Mas tudo com muita organização. Em meio ao caos, havia regras na casa. Por exemplo, só era permitido usar o banheiro do seu quarto e dormir no seu próprio cômodo - exceto se você quisesse "saliências" com algum dos outros enclausurados. A princípio, este não era o caso de Adélia.

Nossa heroína e Joaquina, amiga mineira, logo ocuparam a cama de casal do quarto mais sossegado e respeitável da casa. Isso porque a irmã de Joaquina estava gravidíssima de 8 meses e dormia logo ao lado, então era respeitar ou respeitar. Ainda no mesmo cômodo, havia uma terceira cama, na qual se instalou uma garota de Belo Horizonte. Completando o cafofo, um carioca e um mineirinho quieto dormiam no que sobrava do chão.

Já com a folia pegando fogo, Adélia conheceu um outro morador da casa: um garoto sorridente, amigo do mineirinho quieto. Embalados por um showzinho de axé, eles trocaram beijos sob o por do sol de Minas. Depois de várias cervejas, ela e o seu pierrô decidiram tirar um inocente cochilo pré-noite. Para que não houvesse maiores avanços de sinal, Joaquina recarregava as baterias na cama ao lado.

Verdade seja dita: foi um show de axé, mas poderia ser a Orquestra Tabajara. No calor do momento e com uns gorós a mais, a trilha sonora faria pouca diferença.

Chegada a hora da folia noturna, a preguiça falou mais alto e o casal decidiu alongar a soneca. Durante a madrugada, ela percebeu a ausência do moço e, meio grogue, viu que ele estava sentado à beira da cama. Ainda sob forte efeito da birita, Adélia o puxou de volta e o jogo foi reiniciado. No escurinho do quarto, nenhum dos dois ligou se o quarto estava vazio ou não.

Na manhã seguinte, as mulheres fizeram o seu ritual corriqueiro de falar dos seus respectivos príncipes encantados.

Ah, isso é fato. Assim como os machos, as fêmeas também se amarram em confabular sobre as suas aventuras. Umas usam mais predicados. Outras são mais econômicas nos detalhes, mas a sessão "banheiro feminino" é sagrada!

Papo vem, papo vai, a grávida pergunta:

- Adélia, querida, quem é que ficou dormindo lá na sua cama?

- Ué, o garoto sorridente. Esqueci o nome. Acho que ele é mineiro também.

- Ahhhh, não é ele, não!

Glup!

Adélia retornou a quarto com a cabeça reverberando: "o que foi que eu fiz? O que foi que eu fiz? O que foi que eu fiz?". Ao puxar o lençol, a confirmação dos seus receios: o mineirinho quieto (que de quieto não tinha nada) dormia o sono dos nobres.

Indignada com a situação (e bastante envergonhada), Adélia ligou a metralhadora de esporros. Após reunir os pivôs da crise, descobriu o que aconteceu na noite anterior.

- Pô, assim que você apagou, eu fiquei com medo das meninas voltarem para as suas camas e fui para o meu quarto. Desculpe por não ter te avisado – contou o garoto sorridente.

- Uai, enchi a cara durante a noite e voltei bebum. Sentei na cama para tirar os tênis, e, de repente, você me puxou e me beijou. Eu achei bom demais da conta e fiquei por ali messsssmo – explicou o mineiro.


QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinha Adélia e demais amiguinhos, veja como a manguaça também é fonte de lições para a vida toda. O sujeito risonho e simpático pensou no bem comum e foi se recolher no seu próprio canto. Moral para ele: ser gentil tem a sua hora certa. O fã de pão de queijo voltou lotado de cana nas ideias e estava na hora certa e no local certo. Moral para ele: ter sorte acontece, mas aproveitar as oportunidades requer talento. Cheia de amor para dar, Adélia dormiu com o Zé e acordou com o José. Moral para ela: bico calado não entra mosquito. Em vez de sair distribuindo esporros, o ideal seria deixar o caso na encolha e aproveitar o restante do carnaval. Sendo otimista, He-Man observa que nossa heroína levou dois pelo preço de um. Tá reclamando do quê? Amiguinho,depois de usar o fogão, verifique se o gás está desligado. Até a próxima!!!



PS. Obrigado pelo causo, Adélia.

9 comentários:

Damine disse...

Essa foi uma das melhores histórias.
Adorei!

Rui Santos disse...

"QUAL A MORA DA HISTÓRIA,
HE-MAN?" (sic)

A moral da moçoila, enquanto bêbada, foi pro brejo! Hehehehehe

Abraço!

Surfista disse...

Valeu, RUINALDINHO! Corrigido.

Adélia disse...

puxa, Ruinaldinho, eu nem bebi naquele carnaval...

não sei se esta informação piora ou agrava a minha situação. hahahaha

Surfista disse...

A protagonista nos faz uma visita ilustre!

Vanessa disse...

Hahahahaa...adorei

Maria disse...

Povinho animado, hein?

Bons tempos de carnaval big brother em Escarpas do Lago, lugar lindo...

Alguém andou esquecendo o gás ligado???

Juliany Alencar disse...

Gente, que bizarro!

Mas pergunta que não quer calar: Adélia chegou a consumar o fato com o mineirinho ou só deu uns amassos?

Se fosse comigo, acho que iria embora no dia seguinte da casa de tanta vergonha.

Surfista disse...

VANESSA, obrigado!

MARIA, esse pessoalzinho é fogo. Nãao esqueci o gás ligado, mas sou megapreocupado com isso.

MULHERZINHA, até onde sei, o casal ficou nos amassos.