quinta-feira, 8 de julho de 2010

Banho de povo

Conheci a expressão "banho de povo" em Recife e adorei. Resumindo, trata-se da entrada do indivíduo em um ambiente com uma cacetada de pessoas por metro quadrado. É a ocasião em que a multidão se torna um organismo único, fedido e suado. Conheça algumas situações em que você corre o risco de tomar um banho de povo:

Estádio
Lembre-se, não pode ser qualquer um. Tem que ser um estádio em dia de clássico regional com título em disputa e calor de quase 40 graus (à sombra). Tipo Fla x Flu, Corinthians x Palmeiras, Grêmio x Internacional ou Remo x Paysandu. Só tenha atenção por onde você pisa. Se você estiver vestindo a camisa do seu time e entrar na torcida errada, pode trocar o banho de povo pelo banho de sangue.

Show aberto
Seja um show na praia de Copacabana ou no Parque do Ibirapuera, a muvuca é a mesma. Pode ser uma apresentação dos Rolling Stones ou uma interpretação de uma peça do Rachmaninoff, mas lá estará o banho de povo. E sendo em ambiente praiano, a experiência é ainda mais completa. Além de esmagado, você sai besuntado com suores das mais diversificadas fontes e a marola de ervas queimadas. Um luxo só!

Micareta ou bloco de carnaval
Você não sente vontade de espancar o cara lá em cima do trio elétrico quando ele grita "vamos tirar o pé do chão, galera"? Enquanto o miserável está lá no alto, confortavelmente instalado, o folião descobre na prática que dois (ou até três) corpos podem ocupar o mesmo espaço. Neste caso, o abadá funciona como absorvente de líquidos variados: cerveja, suor, lança-perfume, vinho fuleiro, coca-cola sem gás, perfumes alheios e o champanhe que cai dos camarotes 5 estrelas.

Metrô
Ah, o meio de transporte urbano dos sonhos: ar-condicionado e nada de trânsito. Bom, na teoria é uma beleza, mas tente pegar um metrô no Rio de Janeiro ou São Paulo lá pelas 18h de um dia últil. A comparação surrada à lata de sardinha é mixuruca diante do perrengue. Acho que fica mais parecido a uma lata de palmitos: todo mundo apertadinho e na vertical. O banho de povo fica ainda mais gostoso quando se percebe que a maioria dos passageiros está no batente desde cedo e uma parcela significativa considera o desodorante um bem supérfluo e desnecessário. Hmmm, delícia!

Ônibus
Por último, o hors concours do banho de povo: o busão nosso de cada dia. O maior representante do banho de povo agrupa características de todas as aglomerações citadas. Ele é muvucado como o estádio, aromaticamente exótico como o show na praia, ritmado como a micareta e claustrofóbico como o metrô.

Para concepção do banho de povo em grau máximo, imagine sair de 8 horas de trabalho sem ar-condicionado, pegar um metrô às 18h01, passar na FIFA Fan Festival de Copacabana, curtir um show do Parangolé e voltar no mesmo ônibus que a Torcida Young Flu.

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, a muvuca é um patrimônio da humanidade desde tempos imemoriais. Desde que Adão e Eva começaram a povoar o planeta, as turbas já existiam. Mas não arranque seus cabelos, pois o cerebral He-Man tem um recadinho: com a maturidade, as pessoas começam a evitar as multidões. Perceba que as aglomerações são formadas em maioria pela molecada, que tem disposição, resistência ao suor alheio e pouco dinheiro. Vai na cola do He-Man, que tu se dá bem! Amiguinho, não entre em discussões acaloradas sobre futebol. Não vale a pena. Até a próxima!!!

5 comentários:

Bruna disse...

Esqueceu de comentar sobre a 25 de Março perto do Natal...

Fernanda disse...

nada como o cheirinho depois de um bom banho de povo.


cof cof.

Rui Santos disse...

Por isso que eu gosto desse cara; ele fala a linguagem do povão! Hehehehehe

Abraço, surfista!

Maria disse...

Esse post foi meio desnecessário... isso é o tipo de coisa pela qual a gente passa e não deve refletir muito a respeito. Nojinho. Mas carnaval do Rio, 2011, lá estarei eu, hahahahahaha

Juliany Alencar disse...

He-man sabe tudo mesmo! "Com a maturidade as pessoas começam a evitar as multidões". No meu caso isso se aplica perfeitamente.

Para mim o pior banho de povo que pode existir é do metrô. E o único tolerável é o das micaretas, mas ainda assim, nas últimas que eu fui procurei ficar bem distante do trio elétrico.