Certos dias eu acordava de mal comigo mesmo. Olhava para o cara no espelho e não sentia a menor compaixão.
- Trouxa.
Escovava os dentes e torcia para fazer as pazes logo.
- Mané.
Pô, como eu posso ficar me avacalhando assim?
Sei lá. Acho que acontece com todo mundo, pelo menos uma vez na vida. As pessoas normais, saudáveis e mentalmente equilibradas periodicamente se sentem um lixo (como bem descreveu a Ruiva Infinita em um dos seus inspirados textos). Enfim, nessas horas minha auto-estima seguia direto para a sarjeta.
Só que, sem querer, descobri um antídoto: a vizinha do prédio ao lado. Ah, tenho certeza que você já está imaginando a Juliana Paes vindo me pedir uma xícara de açúcar vestindo um baby-doll rosa transparente.
Quem dera...
Minha vizinha do prédio ao lado é uma senhora que nunca vi. Só ouço sua voz e deduzo sua idade avançada. O elemento que ela tem para levantar a moral é um papagaio galanteador. Em um desses dias de briga aberta comigo mesmo, eu desci e passei pelo edifício da tal moça.
Fiuuuu-fiuuuu!
Hein? Como assim?
Alguém fez "fiu-fiu" para a minha pessoa. Olhei para as varandas e não encontrei um sinal de movimento.
Fiuuuu-fiuuuu!
De novo. E não tinha ninguém na calçada. Era para mim mesmo.
Quem seria?
Procurei pelas varandas e não tinha viv'alma. Olhando atentamente, reparei uma gaiola imensa com o louro empoleirado no segundo andar.
E tome fiuuuu-fiuuuu!
Enquanto tanta gente ensina seus papagaios a falar palavrões ou cantar hinos de times, a minha misteriosa vizinha adestrou seu bicho como o maior levantador de moral do quarteirão.
Tornou-se terapêutico. Se estou me sentindo como o cocô do cavalo do bandido da novela mexicana de 1972, já sei o que fazer. Dou uma olhada e vejo se o bicho está de sentinela. Se tudo der certo, não tem mistério. Basta dar uma passadinha pela calçada e...
Fiuuuu-fiuuuu!
Tchau, moral baixa.
Recomendo a todos presentear seus vizinhos com um papagaio inteligente e treinado para galantear os transeuntes.
QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?
Amiguinho, para que o papagaio sapeca da vizinha seja o principal elemento para alçar sua moral é que a coisa está feia. Mas, acho que pode ser adequado ao seu caso. Minhas companheiras de Etérnia dizem que para afugentar os dias de deprê basta passar de shortinho em frente a uma construção ou ir ao shopping experimentar roupas. Em questão de minutos elas se tornam gostosas e as vendedoras são só elogios. Acho que nem um nem outro funcionaria no seu caso. Fica com o papagaio mesmo. Amiguinho, saiba pedir desculpas quando estiver errado. A humildade é um sinal de caráter.
- Trouxa.
Escovava os dentes e torcia para fazer as pazes logo.
- Mané.
Pô, como eu posso ficar me avacalhando assim?
Sei lá. Acho que acontece com todo mundo, pelo menos uma vez na vida. As pessoas normais, saudáveis e mentalmente equilibradas periodicamente se sentem um lixo (como bem descreveu a Ruiva Infinita em um dos seus inspirados textos). Enfim, nessas horas minha auto-estima seguia direto para a sarjeta.
Só que, sem querer, descobri um antídoto: a vizinha do prédio ao lado. Ah, tenho certeza que você já está imaginando a Juliana Paes vindo me pedir uma xícara de açúcar vestindo um baby-doll rosa transparente.

Minha vizinha do prédio ao lado é uma senhora que nunca vi. Só ouço sua voz e deduzo sua idade avançada. O elemento que ela tem para levantar a moral é um papagaio galanteador. Em um desses dias de briga aberta comigo mesmo, eu desci e passei pelo edifício da tal moça.
Fiuuuu-fiuuuu!
Hein? Como assim?
Alguém fez "fiu-fiu" para a minha pessoa. Olhei para as varandas e não encontrei um sinal de movimento.
Fiuuuu-fiuuuu!
De novo. E não tinha ninguém na calçada. Era para mim mesmo.
Quem seria?
Procurei pelas varandas e não tinha viv'alma. Olhando atentamente, reparei uma gaiola imensa com o louro empoleirado no segundo andar.
E tome fiuuuu-fiuuuu!
Enquanto tanta gente ensina seus papagaios a falar palavrões ou cantar hinos de times, a minha misteriosa vizinha adestrou seu bicho como o maior levantador de moral do quarteirão.
Tornou-se terapêutico. Se estou me sentindo como o cocô do cavalo do bandido da novela mexicana de 1972, já sei o que fazer. Dou uma olhada e vejo se o bicho está de sentinela. Se tudo der certo, não tem mistério. Basta dar uma passadinha pela calçada e...
Fiuuuu-fiuuuu!
Tchau, moral baixa.
Recomendo a todos presentear seus vizinhos com um papagaio inteligente e treinado para galantear os transeuntes.

HE-MAN?
Amiguinho, para que o papagaio sapeca da vizinha seja o principal elemento para alçar sua moral é que a coisa está feia. Mas, acho que pode ser adequado ao seu caso. Minhas companheiras de Etérnia dizem que para afugentar os dias de deprê basta passar de shortinho em frente a uma construção ou ir ao shopping experimentar roupas. Em questão de minutos elas se tornam gostosas e as vendedoras são só elogios. Acho que nem um nem outro funcionaria no seu caso. Fica com o papagaio mesmo. Amiguinho, saiba pedir desculpas quando estiver errado. A humildade é um sinal de caráter.