
Bom, vamos ao que interessa. Essa introdução retrospectiva é para conduzir você, amada leitora, ao lado branco da força e instruí-la sobre a forma mais legal de elogiar um homem sem diminuí-lo. "Como? Como?", pergunta você. "Simples!", eu lhe respondo. Entre diversos elogios, chama o cara de fofinho.
É, isso mesmo: fofinho. É diminutivo sem avacalhar o malandro ou diminuir sua moral com a galera. É carinhoso sem ser meloso. Agrada, mas não escancara qualquer segunda intenção. Chamar o indivíduo por esse título valoriza, enaltece e não alfineta sua masculinidade.
O sujeito fofo, a meu ver, é o aquele cara solícito, atencioso, simpático, mas que nunca perde os olhos de tigre. Ele pode ser o mais bacana do mundo, mas seu instinto caçador jamais descansa. Ele é um predador por natureza e concilia sua "fofura" com a pegada que toda garota gosta. Ele manda flores e te leva para ver comédias da Sandra Bullock, mas arrepia todos os seus cabelos quando sussurra ao seu ouvido e morde de levinho a sua orelha.
Agora, a pergunta-chave dessa discusssão: você, leitora tchutchuca, sabe identificar um homem fofinho?
Primeira avaliação: O teste do cabide.
Saia com ele no shopping e peça para o moço carregar sua bolsa. Educadamente, ele topará. Depois do pit-stop na primeira loja, peça para carregar o pacote. Repita a operação nas lojas subseqüentes. Se o cara não reclamar em momento algum, ele é um Bonzinho nato. Se ele torcer o nariz, anime-se. O cara é Fofinho, porque quis ser prestativo, mas não é um burro de carga para ficar carregando suas tralhas.
Segunda avaliação: O teste do encontro.
O cobaia lhe convida para sair. Muito justo, pois você é uma mulher bonita, interessante, livre e desempedida. Ele faz tudo como manda o figurino: faz boas piadas, ri com suas histórias, pergunta sobre suas experiências e tem todo o blábláblá protocolar. O tempo vai passando e nada do cara mandar um torpedo mais incisivo. Segue o blábláblá e necas. Dentro do carro, persiste o drama. Qual sua conclusão óbvia? É um Bonzinho e mané. O pretendente seria Fofinho se fizesse tudo isso e ainda demonstrasse perigo real e imediato à sua pessoa. Seria um cara fofo se arriscasse amassar seu vestidinho novo, borrar o seu batom, ou tentasse avançar o sinal pelo menos uma vez. Mulher adora se sentir desejada e ponto!
Terceira avaliação: O teste da festa dos aymorés.
Convide o rato branco de laboratório para chás de bebê, chás de panela, show da sua tia cantora de bolero, maratona de "Gilmore Girls" (todas as temporadas em uma só tarde), ou pior, chame-o para uma bateria com os melhores episódios de "O.C.". Se o cara topar todas sem qualquer resistência, ele é um Bonzinho. Homem que vale a pena tem personalidade (e faro) para sacar programas de índio a quilômetros. Se você insistir, além de inconveniente, você será uma víbora, ou... Boazinha demais. Vai encarar?
Uma vez submetido a esses três exames básicos, o cobaia (ou pretendente) já poderá ser diagnosticado como um (argh!) Bonzinho ou um Fofinho. Depois da análise, cabe ao seu paladar.
