segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Caixinha de surpresas

Ah, o que seria de nosso presente sem os carnavais negros do passado? Cada um de nós tem pelo menos uma lembrança sórdida de uma folia em Salvador, Ouro Preto, Diamantina, Búzios, Cabo Frio, Rio de Janeiro, Maresias ou qualquer outro foco das festividades momescas.

Em uma animada rodada de chopp no Cervantes, Felisberto me presenteou com uma história que não pude deixar passar assim gratuitamente. Que venha o flashback:

OURO PRETO, ANOS ATRÁS...


Era madrugada de carnaval e nessa altura do campeonato, Felisberto estava facinho, facinho.

Um detalhe óbvio, porém engraçado, da natureza caçadora masculina é que quanto maior o nível de álcool no organismo, menor será o critério na seleção da caça. Depois de sete horas de blocos com Skol liberada e provas da lendária cachaça mineira, qualquer moça bem mais-ou-menos estava no nível da Michelle Pfeiffer.

Eu usei a Michelle Pfeiffer como exemplo? Putz, eu estou ficando velho.

Felisberto fez a avaliação do terreno e definiu seu alvo. Assim de longe, ela até parecia bonitinha. Tinha um corpinho legal e preenchia os requisitos básicos da presa ideal. Quando sorriu de volta e mostrou que tinha pelo menos 90% da arcada dentária, Felisberto não titubeou.

- É tu mesmo! - e se aproximou da mocinha.

Assim de pertinho, ele percebeu que ela não era tão bonitinha assim. O corpinho seria legal se não fosse por alguns bons quilogramas extras. O sorriso ainda estava salvando a pátria.

Enquanto ia passando a lábia carioca na mineirinha, a sobriedade ia retornando e a consciência aumentava assustadoramente. O pior inimigo do caçador é a consciência.

Diante de dilemas morais e estéticos, Felisberto precisava tomar uma medida drástica: arrastar a tchutchuca para a pousada ou abortar a missão.

- Gatinha, vamos conversar ali no meu quarto. Aqui está a maior barulheira.

Impressionante como o argumento pouco varia. Desde quanto alguém topa ir conversar no quarto de outra pessoa em pleno carnaval? Se ele dissesse "Gatinha, vamos jogar pôquer ali no meu quarto" o efeito embromatório seria o mesmo. O pior é que as meninas se fazem de bobas e respondem:

- Claro!

E lá foram os dois em busca do amasso perfeito. Daqui para frente, a história de Felisberto toma ares de tragédia. Quer dizer, tragédia para ele, porque para mim e todos os demais seres sem escrúpulos, será uma comédia sensacional.

O amasso começou nas escadarias da pousada e foi esquentando. Já entre quatro paredes, sabe-se lá o porquê, Felisberto lembrou-se de que não perguntara o nome da sua vítima.

- Meu amorzinho, qual é mesmo o seu nome?

- Glaulycione.

E eis que a desgraçada da sobriedade atacou. Lá das profundezas do seu ser, veio a dúvida:

"Isso é nome de taveco? Sim, isso é nome de traveco"

Felisberto parou. Ela não.

- O que foi, gostosão?

- Nada.

O folião resolveu ir adiante para checar até que ponto devia acreditar na sua mente. Fez o teste manual e tudo parecia original de fábrica.

"Sei não, esses travecos fazem mágica com sua anatomia"

Enquanto despia a moça, Felisberto avaliava os sinais e fazia um checklist mental:

Tem gogó? Negativo.

Tem perna cabeluda? Negativo.

Tem voz grossa? Negativo.

Tem barba? Negativo.

Tem peitos de silicone? Aparentemente, negativo.

Tem celulite? Positivo.

Tem estrias? Positivo.


A análise indicava que a criatura era fêmea, mas ainda faltava a prova definitiva: a calcinha.

- Espera um minutinho, gostosão. Preciso te contar uma coisa.

A temperatura do sangue de Felisberto foi lá no 0ºC. Que papo era aquele de revelação na hora do pênalti?

- O que tu tem pra me revelar, Glau... Glau... como é mesmo?

- Glaulycione.

- Isso mesmo. Que conversa é essa?

Na cabeça de Felisberto, só vinha a imagem de uma imeeeensa descoberta sob aquela calcinha.

- É que eu sou...

Felisberto levantou já vestindo a bermuda. Era tanta adrenalina que sentiu-se tão sóbrio quanto o dia em que nasceu.

- Sou quase virgem.

"Eita! O que seria 'quase virgem'? Nunca vi um quase aposentado ou um quase gay. Certas situações dispensam o quase", pensou.

- Então você é mulher?

- Claro que sou? Que pergunta idiota - Glaulycione sentiu-se ofendida (com razão). Pegou suas roupas e foi embora.

Os primeiros raios do sol de Ouro Preto já despontavam na janela e Felisberto continuava sentado na cama. Sua mente era um dilema só:

- O que seria uma quase virgem?


***

QUAL A MORAL DA HISTÓRIA,
HE-MAN?

Amiguinho folião, sua história deixou o He-Man encabulado. E olha que isso é incomum. Vou tentar aliviar a sua barra com uma analogia de futebol: dizem que não existe gol feio. Feio é não fazer gol. Mas, lembre-se: certos gols podem ser feitos longe de tudo e de todos, especialmente, da sua consciência. Você nunca sabe quando poderá ser filmado pelo Band Folia e ser um barangueiro reconhecido nacionalmente. Seja prudente e vai fundo. Amiguinho, não coma doces antes das refeições, pois estraga seu apetite. Reserve as guloseimas para a sobremesa. Até a próxima!

9 comentários:

Biessa disse...

'Quase virgem'? Seeeeeeei... A baranguinha queria ver é se ele abortava a missão. O negócio de perguntar se ela era mulher foi a desculpa perfeita pra ela vazar!!
Quem é que vai pro quarto de alguém no Carnaval??? Esse povo é doido pra ser morto por um serial killer, diz que não?!

Pô nem me fala de Carnaval em OP que me bate uma saudade... hehehe Mas até que nem fiquei mto na caça, logo na 6a feira me enamorei de um mineirinho loirinho tchutchuco e fiquei praticamente 'casada' na folia inteira. Mas tb tivemos tempo de pular a cerca, pq Carnaval, sabe como é... Minha prima arrumou um capixaba e não ficou com mais niguém! hahaha Só a gente mesmo. E depois cheguei a ter um namorico com o mineiro, até pra Juiz de Fora eu fui depois.

Bob disse...

Pegar Michelle Pfeiffer como exemplo não é sinal de que tá velho, e sim que tem bom gosto. Ela e a Monica Belucci são meu sonho de consumo. Não trocaria nenhuma delas (a loira com 49 e a morena com 42 se não me engano) por uma musculosa de 20 e poucos.

Unknown disse...

Carnaval de Ouro Preto me lembra alguém, sabe?, com uma loira também, sabe?, tipo Letícia Spiller, sabe? Hahahaha!

Volta e meia escuto uma história de Carnaval em Ouro Preto. Outro dia um amigo meu tava contando que ele foi pra lá e, do nada, resolveu pegar só mulheres feias. Não apostou nada de quem pegava a mais feia, e nem queria provar nada para ninguém. Simplesmente achou que seria divertido. E foi, né? Tanto que os ouvintes na mesa do bar morreram de rir!

Abs!

Surfista disse...

BIBI, Ouro Preto é um canto do planeta repleto de lembranças para todos. Tive uma história parecida com a sua e até com a mesma cidade: Juiz de Fora. Olha que coincidência?!?
BOB, boas referências. Da nova geração, acho que só a Angelina Jolie sobra na turma.
VULGO, pois é. Letícia Spiller está no meu currículo. Ah, Ouro Preto...

Anônimo disse...

Tenho uma pergunta para o He-man:

No ano de 2005 o Clube de Regatas do Flamengo contratou dois uspostos reforços, Fabiano para a zaga e Marcos Denner para o ataque.

Depois de alguns jogos se tornou publico e notório que Marcos Denner, apesar do nome lembrar o famoso jogador ja falecido, era incapaz de acertar um drible se quer! Ao passo que Fabiano era incapaz de roubar uma unica bola do adversário.

Então se faz a pergunta: No treino a tarde a bola sobre livre para marcos denner, que corre sozinho em direção ao gol, entre ele e o goleiro apenas ele.. Fabiano.

Nessa hora o que acontece? Fabiano rouba a bola, ou Marcos Denner acerta o drible?


talvez a resposta dessa pergunta nos remeta ao paradoxo do Gato com a Torrada com manteiga presa as costas!


Espero um luz para desvendar esse enigma do universo, talvez He-man tenha que consultar a Feiticeira!

Anônimo disse...

Graças a esse seu post, viajei no tempo e me lembrei de várias histórias semelhantes naquela mesma "santa" cidade. Uma delas remete à FINESSE de um amigo meu: estava ele dando uns amassos numa mineirinha, que já estava ficando assustada com o atacante que surgia na grande área. Em determinado momento, ele quis levá-la para a pousada, e ela chutando a bola nas arquibancadas. Depois de um lero-lero, segue o diálogo:

"- Voce me desculpe, mas eu nao posso...
- Por que nao?
- Estou menstruada
- Bom, se o campo está encharcado, vamos bater bola atrás do gol!"
*pano rápido!*

Surfista disse...

PIERKASKY, pergunta recebida. Pergunta respondida.
DUDU, não tenho palavras. Ou melhor, tenho sim: espetacular. São momentos compartilhados como esse que me dão a sensação de dever cumprido com esse blog. Santo Surfista Platinado, meu alter ego.

Por um breve momento, achei que Ouro Preto só trazia recordações para mim. Como estou feliz em saber que aquele amontoado de ladeiras foi cenário para as estripulias de tanta gente.

Anônimo disse...

kkk... nada melhor do q largar um ser humano na vontade com algo pra pensar hauhauhauha

e n se preocupe. eh q a Michelle tem efeitos inconscientes sobre vc, posto q nos teus 15 anos, ela tava no auge. vai falar q n teve sonhos com akela mulher gato???

Surfista disse...

DU, Mulher-Gato causa efeitos colaterais até hoje!